Crítica | O Esquadrão Suicida – Tiro, porrada, bomba, ratos e bolinhas
Mesmo tendo sido um fiasco nas avaliações da crítica especializada, o Esquadrão Suicida de David Ayer surpreendeu ao arrecadar uma grande quantia em arrecadação mundial, fazendo a Warner perceber que a produção tinha potencial mas foi executado da maneira errada. Com isso, o longa acabou ganhando uma sequência que também serve como reboot, sob o comando de ninguém menos que James Gunn, o mesmo diretor de Guardiões da Galáxia Vol. 1 e Vol. 2.
Sinopse: O roteirista e diretor James Gunn está de volta à aventura de ação de super-heróis, agora com a trupe de delinquentes mais degenerados da DC, em “O Esquadrão Suicida”, da Warner Bros. Pictures.
Bem-vindo ao inferno, também conhecido como Belle Reve, a penitenciária com a maior taxa de mortalidade nos Estados Unidos, onde são mantidos os piores supervilões, dispostos a fazer qualquer coisa para escapar – até mesmo integrar a supersecreta e supersombria Força Tarefa X. Qual é a missão de vida e morte para hoje? Reunir um grupo de prisioneiros de alta periculosidade como Sanguinário, Pacificador, Capitão Bumerangue, Caça-Ratos 2, Sábio, Tubarão-Rei, Blackguard, Dardo, e a psicopata favorita de todos, Arlequina. Em seguida, armar todos até os dentes e jogá-los (literalmente) na remota ilha Corto Maltese. Na selva povoada de militantes adversários e forças de guerrilha que aparecem do nada a cada momento, os integrantes do Esquadrão estão em uma missão de busca e destruição, e o Coronel Rick Flag é o único homem em terra responsável por fazê-los se comportar… além dos técnicos do governo da equipe de Amanda Waller, falando em seus ouvidos e rastreando cada movimento deles. Como sempre, basta um movimento errado e eles vão acabar mortos (seja nas mãos dos inimigos da ilha, de um companheiro de equipe ou da própria agente Amanda Waller). Se alguém estivesse disposto a fazer uma aposta em dinheiro, a escolha mais inteligente seria contra eles, todos eles.
Ainda sobre as polêmicas que envolvem a Warner Bros. Pictures e David Ayer, diretor do primeiro filme, para a liberação do seu corte do filme, o novo Esquadrão Suicida estreia de maneira que nos faz questionar, se de fato, o corte de Ayer poderia ter tido o mesmo êxito em execução. Após uma polêmica envolvendo tweets de mais de 10 anos, o cineasta James Gunn, se viu retirado de um abismo pela Warner Bros. após sua demissão da Marvel Studios. Dentre todos os projetos oferecidos para Gunn, o escolhido pela figura, foi justamente a sequência intitulada “O Esquadrão Suicida”, filme que prometeria redimir a equipe de vilões com os fãs e críticos.
Já no anúncio de James Gunn no comando do longa, muitos viram que ali haveria um futuro brilhante para a sequência, diferente de seu antecessor. O Histórico de Gunn ajudou (e muito!), afinal o diretor conseguiu transformar uma equipe B da Marvel em um fênomemo ao moldar o projeto de uma perspectiva única, que poderia ter saído apenas da “horrivelmente brilhante mente” do cineasta; e esse é justamente o termo utilizado no marketing de O Esquadrão Suicida, quando se referem ao diretor.
As expectativas e confiança dos fãs se consagram em algo real, com esse filme. Gunn mais uma vez conseguiu tirar leite de pedra e entregar uma produção com a sua fórmula única de enxergar o potencial e entregar tudo que um fã gostaria de ver em tela. O respeito do diretor pela origem dos personagens e o seu gosto para o gênero ajudam bastante nesse momento criativo e isso transborda diante de nossos olhos. A escolha de elenco e personagens é certeira, mais uma vez apostando no brega moderno, com caracterização e figurino que remetem aos personagens fielmente aos seus materiais de origem; e de alguma forma o próprio James Gunn sabe que isso vai funcionar (e funciona!).
Dentre todos os personagens do primeiro longa, os únicos que voltaram foram os personagens de Margot Robbie, Joel Kinnaman, Jai Courtney e Viola Davis (Arlequina, Rick Flag, Capitão Bumerangue e Amanda Waller, respectivamente). Ambos conseguem fazer um trabalho inacreditável ao desenvolver as novas camadas de seus personagens, principalmente Robbie como Arlequina, que ainda consegue surpreender sob a pele da personagem. Mas na verdade, quem brilha mesmo, e brilha muito são as novas adições, Idris Elba no papel de Sanguinário, John Cena dá um show de carisma interpretando o Pacificador, Daniela Melchior como a Caça-Ratos 2, David Dastmalchian como Bolinha e, por incrível que pareça, Sylvester Stallone dando voz ao fofo e voraz Tubarão-Rei, esse que por sinal é uma das marcas registradas de James Gunn, que adora trazer um personagem que é fofo, mas na hora da briga cai pra dentro.
As “origens” dos novos vilões são feitas de forma muito bem trabalhada e desenvolvida. Aqui Gunn consegue fazer algo que Ayer não conseguiu, que é dar ao espectador o sentimento de empatia pelos personagens e a preocupação constante, nos levando para uma imersão sentimental, e isso com certeza é um dos pontos altos do filme. A trilha sonora embala e potencializa cada cena rodada, fazendo o espectador se energizar sem perder o foco do que está ocorrendo na tela.
Apesar das grandes qualidades, O Esquadrão Suicida não é impecável. O roteiro não consegue dar conta de tantas subtramas presentes no filme, como por exemplo o núcleo da brasileira Alice Braga e o de Peter Capaldi, que ficam destacados e não tem a chance de mostrar seus potenciais. Há também a falta de interesse em desenvolver certos conflitos presentes na trama central. Com isso, o longa acaba pecando pelos excessos, até mesmo no número de personagens apresentados, quebrando um pouco algumas expectativas dos fãs sobre alguns deles.
E por falar em expectativas, o longa faz jus a sua classificação +18 (classificada no Brasil como +16), contendo muito sangue, violência gráfica, muita linguagem imprópria para menores e até nu frontal (sim, é isso mesmo). Outra expectativa superada, com certeza, é a trama de Starro, O Conquistador no longa. Pode até parecer que a gigante estrela do mar alienígena não funciona na teoria, mas na prática a situação é o oposto. Os poderes e motivações do vilão casa perfeitamente com a trama e o estilo brutal.
O Esquadrão Suicida de James Gunn redime a ideia original do primeiro longa e acrescenta coisas positivas para a reformulação da DC nos cinemas. Apesar de não ser impecável, o longa supera todas as expectativas pela coragem em arriscar na adaptação fiel e por provar que personagens subestimados nas HQs rendem um bom filme se estiverem nas mãos certas e principalmente sem a interferência exagerada do estúdio, coisa que poucos cineastas da Warner conseguem, o que é o caso de Gunn.
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.