CRITICA | Os Fantasmas Se Divertem fica mais divertido a cada vez que assiste
Lançado em 1988, Os Fantasmas Se Divertem continua um dos melhores trabalhos de Tim Burton.
É assustador pensar que Os Fantasmas Se Divertem foi um dos primeiros longas metragem de Tim Burton pro cinema. Uma produção que não apresenta aprofundamento dramático nenhum, porém, apresenta um trabalho exemplar de construção de mundo, uma história simples e o principal: uma forma de entretenimento para as massas que é somente isto, diversão.
O filme se tornou um clássico, entre diversos motivos, por conta de sua história despretensiosa, um casal falece e para conseguir um pouco de paz, deve achar uma maneira de expulsar os novos moradores de sua casa, sem sucesso, tentam contratar um bio exorcista para auxiliar, com consequências desastrosas.
Michael Keaton e Winona Ryder em Beetlejuice- Warner Bros
A premissa é banal, na mão de qualquer pessoa o filme poderia ser facilmente esquecível, porém, é a mão forte da direção de Burton, algo perdido em seus últimos trabalhos como Dumbo (2019) e O Lar das Crianças Peculiares (2016), que o jogou para clássico. Aos 30 anos de idade, Burton sabia exatamente o que gostaria de alcançar na produção, ao mesmo tempo que estava construindo a figura pública que iria se tornar, um homem deslocado, apaixonado pela estética gótica, pelo grotesco, pelo sobrenatural, pelo fantástico e pelos desajustados sociais.
Beetlejuice não é a exceção à regra, possivelmente trilhando o caminho que Burton seguiria no futuro. O filme é composto por personagens amáveis e cenas marcantes, além de uma das representações mais divertidas sobre a vida após a morte que já foi filmada, e continua sendo 36 anos depois, no ano que será lançado sua sequência.
A época em que foi produzido auxiliou o sucesso do filme, uma produção que transborda paixão e amor pelo trabalho de todos os envolvidos a todo momento, desde a direção de arte até as escolhas pontuais das músicas, somado a um roteiro rápido e simples, uma trilha sonora de Danny Elfman, músicas de Harry Belafonte e o próprio Beetlejuice sendo um dos personagens mais memoráveis do cinema.
Os Fantasmas Se Divertem – Warner Bros. Pictures
Tim Burton e Michael Keaton não estavam preocupados em fazer um clássico, eles queriam fazer um filme em que ambos se divertissem, assim, transmitindo este sentimento para a audiência. A direção é cuidadosa para transmitir um sentimento do bizarro, sem escapar do senso de realidade. Mesmo no além, os fantasmas apresentam traços humanos e cada vez que se assiste o filme, percebe-se algo novo, no meu caso foi a divisão final da casa entre metade para os Deetz e metade para os Maitland, exemplificado pelo papel de parede.
Beetlejuice não é um filme perfeito, mas, gerou uma legião de produtos, fãs, e até mesmo um musical na Broadway com uma história semi original , porém, respeitando os traços e o cuidado que Burton apresentou na construção de um mundo com fortes referências ao movimento expressionista alemão.
Burton falou em uma entrevista no 81º Festival de Veneza, que apresentou a estreia mundial de Beetlejuice Beetlejuice, a sequência do filme original, que nunca entendeu o sucesso do filme. Talvez seu sucesso tenha sido a soma do contexto da época, de uma produção bem cuidada, uma história simples e fácil de acompanhar, atores marcantes e um senso de diversão que traz risos à jovens e adultos há 36 anos, afinal, quem não abre pelo menos um sorriso até hoje ao escutar “Day-O”?
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