Crítica | Power
Com direção da dupla Henry Joost e Ariel Schulman, o novo original Netflix brinca com as possibilidades que super-poderes poderiam alcançar no mundo contemporâneo, em uma Nova Orleans violenta e esquecida.
“Power” é o momento quando “The Wire” se encontra com uma espécie de mistura entre Vingadores/Máquina Mortífera e o resultado não é tão bom quanto eu esperava, mas entretém por um par de horas. Acho que o problema principal é se levar a sério demais, sendo que o filme trata de elementos fantasiosos e uma ação desenfreada. Os clichês estão todos lá para você escolher (não que seja algo de todo negativo), indo dos policiais que não seguem as regras aos traficantes sul-americanos que precisam ser impedidos.
O modo como a direção e o roteiro mexe com esses clichês é o que dificulta tudo, trazendo uma trama cansada e enjoativa após algum tempo, que não se sustenta apenas no carisma da dupla principal: Jamie Foxx (Art) e Dominique Fishback (Robin), parte de um outro clichê: a dupla improvável que aprende a se amar. Assim, nada é muito original e as escolhas ao redor da história não ajudam muito.
Histórias com pílulas, drogas e super-poderes já foram exploradas antes, também não de uma forma tão coesa, como no longa “Sem Limites” (2011), com Bradley Cooper e Robert De Niro. Algumas coisas funcionam, como os momentos de alívio cômico, determinadas cenas de ação e a jornada de Robin. Quanto ao segundo tópico, a ação, o resultado parece mais um daqueles vídeo clipes, com cenas não tão empolgantes no geral, e uma dificuldade em captar boas sequências de tirar o fôlego.
Os efeitos especiais também não ajudam muito, com uma estética que chega a ser bizarra em alguns momentos e muita dependência em cortes rápidos e a boa e velha câmera lenta (alô Zack Snyder!). A trilha sonora é marcante, mas não emplaca tanto, sendo esquecível depois de alguns minutos após você desligar a televisão. A única exceção são os momentos de Rap emplacados por Robin, com sempre muito bom humor.
Penso que as piadas e os momentos em que a própria história tira sarro de si mesma são os pontos chave do roteiro, podendo ser muito mais explorados. Infelizmente, a trama parece querer entregar um drama coeso, quando ela mesma não se vê desse jeito. Prefiro muito mais as piadas em torno de Clint Eastwood e sua persona policial, do que a jornada heroica de Art e seus não tão legais arcos dramáticos.
Abraçar a galhofa e a falta de seriedade, muitas vezes, funciona em filmes de ação e uma ideia mal executada (como essa) é muito mais triste do que apenas um filme ruim. Tinha potencial, mas ao tentar ser uma crítica social misturada com altas doses de adrenalina, o filme parece não ter um rumo definido, tendo que ter resolvido no último momento, em uma boa e velha batalha final em uma navio cargueiro prestes a zarpar.
Os comentários sobre o sistema e o descaso de um poder público não são tão aproveitáveis, pois o todo parece falar em tom maior, ressaltando os tão fortes aspectos negativos da trama. A mistura, mencionada aqui no começo, não apresenta um equilíbrio e pode cansar até mesmo os fãs do gênero.
Ao final, o resultado parece uma espécie de videogame e não no bom sentido, tendo-se em vista obras-primas como “The Last of Us” ou “Red Dead Redemption“, mas um daqueles jogos que você aproveita por um mês e depois larga para sempre. Não é a partir de bons momentos e ideias que poderiam ser que se faz um filme, com “Power” provando isso ao telespectador à todo momento.
Nota: 2/5
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