Crítica | Querido Evan Hansen – Exaustivo e irregular
A adaptação do musical não encontrou um bom espaço nas telas de cinema, se confirmando como uma produção previsível.
Tratar de temas como ansiedade, depressão, fobia social, é algo importante, e pouco executado, no cinema, principalmente nas produções de Hollywood. “Querido Evan Hansen” traz essa discussão à tona tanto no musical original, quanto na adaptação para as telas. Mas ainda mais importante que debater sobre saúde mental, é fazer o debate de maneira correta e eficiente.
“Querido Evan Hansen” toca em alguns pontos relevantes, mas não se aprofunda, além de deixar uma imagem um tanto duvidosa sobre pessoas que lutam contra a ansiedade.
O filme acompanha a história do garoto Evan Hansen (Ben Patt), que sofre com ansiedade e depressão. O jovem não tem muitos amigos, nem uma vida social agitada. Ele é aconselhado por seu terapeuta a escrever cartas direcionadas a si mesmo como forma de se motivar a viver melhor a cada dia. Contudo, umas de suas cartas vai parar nas mãos de Connor (Colton Ryan), o adolescente problemático, que acaba por se matar logo no começo do longa. Os pais do jovem, então, encontram a carta de Evan e acreditam ser um bilhete de despedida de Connor para seu amigo secreto. Os garotos mal se falavam e não se conheciam direito, mas Evan acaba indo na onda da história e consegue vantagens com isto. Após se declarar grande amigo do falecido rapaz, ele consegue se tornar popular e ainda conquista a irmã de Connor, Zoe (Kaitlyn Dever), menina que já tinha interesse desde o começo da história.
Mas o desenrolar do longa, dirigido por Stephen Chbosky, se torna algo monótono e previsível, não é difícil entender o que está por vir. Por isso, a história fica um tanto exaustiva, muito pelos longos 137 minutos que se arrastam na tela. O filme seria menos maçante se fosse menor, pois a história que é contada não precisa de muito tempo para ser explicada ou desenvolvida.
Os personagens não são explorados, por isso, não conseguimos entender quais problemas e lutas internas eles realmente têm. Grande parte da trama está focada na morte de Connor, mas não sabemos o que se passava com ele, não temos quase nenhuma informação sobre os motivos de ele agir da maneira que agia ou o por quê ele tirou a própria vida. É quase impossível sentir empatia ou carisma por qualquer um no filme, pois não nenhum deles é bem construído ou elaborado. Evan é o que mais conta sua vida, suas crises, mas ainda assim não se desenvolve inteiramente bem. Ainda existe o fato de uma escolha infeliz do ator Ben Platt, que não esconde que não é mais um garoto de 17 anos e sim um adulto feito. Embora o artista tenha ido muito no musical no teatro, e tenha uma voz espetacular, pode não ter sido uma boa opção para o cinema. Amy Adams e Juliane Moore engrossam o elenco, mas também não conseguem trazer brilho à trama. Adams, pelo contrário, ficou apagada durante o enredo, com um papel maçante.
No fim, “Querido Evan Hansen” se mostrou previsível e exaustivo, com uma trama e personagens pouco trabalhados. O telespectador dificilmente vai se sentir envolvido pelo filme.
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