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Crítica | Regra 34 é um discurso multifacetado, mal executado

A obra de Júlia Murat, Regra 34, tenta falar de alguns assuntos delicados, sendo eles focados em pautas sexuais ou raciais, para o espectador da forma mais crua e direta possível. O problema, que envolve principalmente a direção e a equipe de roteiro, é que o filme se afoga em cenas com os diálogos menos orgânicos e mais apelativos possíveis.

Os diálogos nas aulas de direito, no bar, entre os amigos, tudo parece uma cena dirigida de forma rasa e infantil. Lembrando até cenas de novela em alguns momentos. Fazendo com que o espectador, que esperava um discurso potente, fique tediado depois de 40 minutos de filme.

Além do problema da direção, que é o mais chamativo, as partes técnicas funcionam em modo funcional, para não dizer básico, ou fraco. O som fica bastante baixo em certas ocasiões, fazendo a gente não entender oque certos personagens estão falando. O filme consegue errar até na construção de planos básicos. Além de que não tem nada muito chamativo além, para poder substituir pelo menos esse vácuo.

Regra 34 é um filme dirigido pela diretora Júlia Murat, sobre uma estudante de direito, Simone(interpretada pela atriz Sol Miranda) que quer se aventurar no universo das práticas BDSM. Testando a prática na internet, ou com amigos próximos.
Regra 34 | Imovision

Voltando para o roteiro: Regra 34 tenta discursar sobre Racismo, BDSM e Machismo, mas não consegue se aprofundar, e nem finalizar, nenhum deles de forma pelo menos rápida. Os discursos sobre os tópicos raciais e sexistas parecem que foram escritos por alguém com pouquíssima maturidade. A ponto de alguns espectadores terem se retirado da sessão em que eu estava presente.

O tema BDSM no filme, é abordado, mas trabalhado de uma forma infantil e mal dosado. A trajetória da protagonista junto ao tema, e sua jornada pessoal dentro do curso que estuda(além do caso de agressão a mulher que ela acompanha ao longo de parte da narrativa), é algo que não se encaixa e nem se embate. Um filme que acaba juntando temas profundos e jogando em uma piscina rasa.

Nem mesmo as atuações conseguem dar algo de positivo para obra, já que, em sua maioria, os atores parecem engessados ou limitados pela produção. As vezes tentam entregar uma boa atuação em cenas sexuais mais fortes, mas só entregam algo mais apelativo para falar do que se trata o BDSM ou causar desconforto de forma fácil ao espectador.

Regra 34 é um filme dirigido pela diretora Júlia Murat, sobre uma estudante de direito, Simone(interpretada pela atriz Sol Miranda) que quer se aventurar no universo das práticas BDSM. Testando a prática na internet, ou com amigos próximos.
Regra 34 | Imovision

O trabalho das atrizes Lorena Comparato e Isabela Mariotto(que interpretam as personagens: Lucia e Nat) fazem as amigas conselheiras de Simone, mas que aparecem por pouco tempo(e o tempo que aparecem, acrescentam pouco, ou nada, para a narrativa).

O ator Lucas Andrade(interpreta o personagem Coyote) é oque mais aparece em cena, contando as cenas sexuais com a personagem Simone, mas que tem pouquíssima profundidade. Fazendo com que o espectador não se conecte tanto com o personagem, a ponto de criar empatia por ele. Problema igual é presente na própria protagonista.

Regra 34 é uma tentativa de grito político, que tenta agrupar tudo e todos. Porém, a sua execução é feita de forma rasa e infantil; o trabalho técnico é feito de forma simples e com pouca criatividade; as atuações são mal desenvolvidas, assim como os personagens; tenta causar um desconforto e criar uma sensualidade, mas não consegue chegar perto do que diretores como Nagisa Oshima(Império da Paixão e Império dos Sentidos), Ingmar Bergman(Gritos e Sussurros, Persona e Monika e o Desejo), Lars Von Trier(Anticristo e Ondas do Destino), Agnes Vardá(As Duas Faces da Felicidade), entre outros(as), que já fizeram(minimamente, de forma madura) e entediante.

Nota: 0,5/5

Assista ao Trailer:

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