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CRÍTICA | Na competição de Rivais, Zendaya e seu triângulo amoroso é o match point perfeito

Luca Guadagnino dirige Rivais com energia sem igual.

As vezes é difícil ver um filme ou série sobre esportes que seja envolvente. Por exemplo, “O Gambito da Rainha”, da Netflix, vem à mente. Quando feito certo, essas obras podem ser fascinantes, seja pelo uso dos personagens ou por uma história intrigante. E “Rivais”, do diretor Luca Guadagnino, oferece exatamente isso.

Em uma acirrada competição de tênis, Taishi, uma veterana aposentada do esporte devido a um acidente, vê seu marido, Art, ir contra seu ex-namorado, Patrick, em uma tensa partida, em que todos tem algo a perder. E o mais trágico é que no passado, todos eram mais que amigos.

O que inicialmente parece um simples confronto, logo se revela uma complicada rede de sentimentos e compulsões esportivas. Como uma bola de tênis navegando rapidamente entre os dois lados de uma quadra, o espectador observa o passado e presente dessas pessoas. Cada cena adiciona uma camada aos personagens e contextualiza eventos no presente, fazendo com quem assiste, tenha uma visão cada vez mais completa desse quebra cabeça picante e engraçado.

Rivais

Rivais | Warner Bros | MGM

E para trazer essa história a vida, não erraram a mão no quesito de elenco. Porquê os atores que compõem o trio principal são simplesmente irresistíveis. Cada um cria seu próprio personagem com nuances únicas. Zendaya nos entrega em “Rivais” algo muito especial, que pode ser sua melhor atuação até agora. Em toda cena ela exalta profissionalismo, presença e controle. Isso é conquistado não só por como é escrita, mas pelos seus olhares profundos e sutis expressões faciais. Além disso, por ser sobre tênis, vemos a fisicalidade muito bem construída, presente nas cenas das competições, que é compartilhada por outros personagens.

Sobre os outros membros do elenco, eles compartilham dessa presença. Josh O’Connor e Mike Faist tem uma química eletrizante. Eles fazem um bom trabalho em demonstrar a mudança no comportamento, aparência e na relação deles de uma maneira coerente. Assim como faz isso ser apresentado de uma maneira dinâmica.

Por mais que esse ritmo tenha dinamismo e energia, fazendo com que o esporte se torne atrativo até para aqueles que não acompanham o assunto, fica um pouco repetitivo em certas partes. Isso se torna mais perceptível no final, quando a partida de tênis no presente está no ápice de tensão, porém o filme mostra algo no passado. Isso causa uma leve quebra de foco e estranhamento.

Rivais

Rivais | Warner Bros | MGM

Mas a cena final é muito bem executada, e utiliza as informações dadas nos flashbacks de uma maneira emocionante, devido a um roteiro inteligente em um dos primeiros trabalhos do roteirista Jason Kuritzkes, a direção de Luca Guadagnino, e uma excelente trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross, criando algo incrivelmente memorável. Por exemplo, nessa mesma cena, o personagem de O’Connor passa uma informação importante para o personagem de Faist, utilizando apenas um gesto com a sua raquete e a bola de tênis. O diretor utiliza close-ups extremos durante as cenas na quadra, os rostos suados e olhares focados dizem mais do que qualquer diálogo.

A história faz um bom trabalho em demonstrar o tipo de relação desse trisal, ao mesmo tempo frisa como esses relacionamentos são complicados. Além disso, há diversos momentos íntimos compartilhados entre os personagens, que é feito de maneira respeitosa e crível, mas é igualmente divertido. Por exemplo, em uma cena filmada em uma tomada, os três personagens principais compartilham um beijo, e o modo como é executado diz tudo sobre suas personalidades, além de criar questionamentos intrigantes para o resto da trama.

Rivais” é extremamente bem dirigido, com ótimas atuações de todo o elenco. Além disso, uma história fascinante sobre amor, esporte e obsessões, contada através de uma competição acirrada de tênis, tornam esse longa uma surpresa bem vinda, mesmo que o ritmo se afogue um pouco antes dos momentos finais.

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