CRÍTICA | 2° ano de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder se desdobra entre a sombra de Sauron e o brilho de um potencial perdido
O Senhor dos anéis: Os anéis de poder ainda se mostra tímida em explorar o pleno potencial da Terra média.
A segunda temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder traz um mergulho mais profundo na escuridão que permeia a Terra Média, destacando a jornada de Sauron e sua transformação em Annatar, o Senhor dos Presentes. Com a direção de Charlotte Brändström, ao lado de Sanaa Hamri e Louise Hooper, demonstra uma ambição em expandir o universo da série e deixar nas mãos de quem já possui experiência no assunto, trazendo mais sombras, traições e manipulações.
A introdução da temporada, ao explorar o passado de Sauron pouco antes de se tornar Halbrand (Charlie Vickers), é uma escolha acertada para aprofundar a complexidade do personagem e fazer com que fosse matada a nossa dúvida referente ao que Halbrand estava fazendo naquela embarcação momentos antes de encontrar Galadriel. Vê-lo se tornar Annatar, seduzindo Celebrimbor (Charles Edwards) com palavras encantadoras, traz uma camada fascinante à narrativa. O tom sombrio da temporada, com mortes brutais e a violência dos orcs sob o comando de Adar, ajuda a criar uma atmosfera mais densa e madura.
A presença do idioma Sindarin nesta temporada corrige uma das falhas da primeira onde não foi tão bem explorado, trazendo mais autenticidade e fluidez ao mundo dos elfos. Ouvir Elrond (Robert Aramayo) e Galadriel (Morfydd Clark) se comunicando na língua de seus ancestrais é um toque sutil, mas poderoso, que aprofunda a imersão na Terra Média e agrada aos fãs que sentiram falta desse elemento estar mais natural na temporada anterior.
Senhor dos Anéis | Prime Vídeo
No entanto, Essa série possui diversos problemas. O desenvolvimento entre o Estranho (Daniel Weyman) e Nori Brandyfoot (Markella Kavenagh), apesar de ser uma tentativa de trazer alívio à narrativa, acaba quebrando o ritmo sombrio e denso da série no momento errado. Esse núcleo narrativo, infelizmente, peca por ser maçante e por não trazer algo original para a trama, apesar do Estranho ser um personagem interessante, mas totalmente mal explorado.
Por outro lado, a introdução de Tom Bombadil, apesar do pouco tempo de tela, é um sopro de ar fresco no momento certo. O mago carismático e enigmático, que nunca havia sido visto em live action, traz mistério e carisma para a trama. Seu envolvimento na jornada do Estranho é um dos pontos altos, mostrando que a série ainda tem a capacidade de surpreender e inovar.
O envolvimento dos “anãos” de Khazad-dûm com os anéis de poder feitos por Sauron adiciona uma nova camada de tensão e tragédia à narrativa. A série retrata como os anéis corrompem suas mentes, levando-os a uma busca insaciável por poder e fazendo-os perder completamente o senso de razão, principalmente na mente de Durin III. Essa trama é crucial para mostrar o alcance da manipulação de Sauron, ampliando o impacto do vilão não apenas entre os elfos, mas também entre os habitantes de Khazad-dûm, uma raça conhecida por sua resistência e orgulho.
Infelizmente, Galadriel, que na primeira temporada já demonstrava certa falta de propósito, continua a parecer uma personagem perdida, correndo em círculos em sua busca incessante por Sauron. Sua relação com Elrond ganha mais profundidade devido aos anéis de poder dos elfos, mas sua trajetória ainda carece de direção clara, o que enfraquece seu impacto na história.
Um dos momentos mais aguardados, a batalha do cerco de Eregion, infelizmente, não consegue entregar o épico que se espera de uma produção com o nome Senhor dos Anéis. A batalha entre orcs e elfos carece de grandiosidade, deixando uma sensação de frustração em um momento que deveria ser de pura emoção e clímax.
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Entretanto, a trilha sonora de Bear McCreary continua impecável, captando a essência da Terra Média de forma magistral. A música, mais uma vez, eleva a narrativa e conecta o espectador ao universo da série de maneira brilhante, principalmente na música “Old Tom Bombadil” na voz do cantor Rufus Wainwright.
Resumindo, a segunda temporada de Os Anéis de Poder tem um potencial imenso, especialmente com o foco em Sauron como Annatar e sua interação com Celebrimbor. Esses momentos sombrios e tensos são o que realmente fazem a temporada brilhar. No entanto, algumas escolhas narrativas, como o desenvolvimento de personagens secundários e a execução de cenas épicas, acabam tornando a experiência menos empolgante do que poderia ser. Ao final, vemos Sauron saindo de seu isolamento em relação ao final da primeira temporada e começando a formar seu exército, o que promete um futuro ainda mais sombrio para a série.
Essa temporada solidifica o caminho para algo maior, mas ainda sim precisa de ajustes para alcançar todo o potencial que o universo de Tolkien oferece.
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