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CRÍTICA | A CW sonhava em fazer algo do nível de Superman e Lois (3º Temporada)

Superman e Lois entrega uma temporada madura sobre um tema difícil que poderia ter sido trabalhado de modo superficial, mas recebeu o drama necessário para se destacar no gênero de super heróis.

Depois de já ter vencido um irmão de Krypton e enfrentado o Mundo Bizarro trazido pela Parasita, o que poderia ser uma luta maior do que essas para Clark Kent? A descoberta de sua esposa estar com câncer e de que o grande vilão da temporada, mesmo cometendo atrocidades, apenas está buscando a cura para essa doença.

Partindo disso, a temporada avança com o assunto de um jeito totalmente melodramático, deixando de lado a pegada mais super heroica, com vilões da semana, que vale dizer, esse seriado já não tinha muito disso, mas que por 11 episódios fica inteiramente focada nesse problema sem se perder, fazendo a trama do inimigo Bruno Manhenheim ganhar cada vez mais foco e interesse com o decorrer da temporada, já que no inicio aparentava ser apenas mais um na vasta coleção de antagonistas esquecíveis. Com isso, é um vilão que ganha força não por ter poderes, mas por mexer com máfia, com dinheiro, onde o Superman não vai poder agir muito com a capa e sim com seu lado jornalístico. Ainda que não seja tão aproveitado como poderia, é bem legal jogarem para um caminho tão diferenciado assim.

Superman e Lois

Superman e Lois | Hbo Max


Gosto bastante de como todas as tramas parecerem convergir mais, seja por geral saber a identidade do Clark ou pelas ações de Bruno alcançarem Smallville, ainda que algumas coisas mais fúteis como o novo par romântico do Kyle ou a discussão interminável entre Sarah e Jordan existam, nunca acho que atrapalham ou incomodem o suficiente para tirar a graça de ver a série. Basicamente é a vida de cada um acontecendo ali e a produção busca não deixar ninguém de lado. Agora ver todo o lado do John Henry e a Natalie se focarem para com o que Bruno fez, torna mais interessante e viável suas presenças.

A única pena que sinto é por alguns temas ficarem apenas para um episódio, seja a raiva de John a ponto de quase virar um assassino ou do Jordan querer a atenção de ser herói. São temáticas tão humanas, que poderiam levar a um limite, a serem mais bem trabalhadas, e acabam não passando muito daquilo que foi visto, por vezes soando aleatório. Ainda que não tenha sido e isso é um ponto a se destacar, a temporada como um todo trabalha por episódio certas coisinhas tão simples, mas que vão ganhando um entorno forte no futuro e faz completo sentido ao final, porque já havia tido uma citação antes. Como por exemplo, a Sarah no final da temporada se sentindo vazia, o que preocupa seus pais e leva a falar sobre um tema pesado. A construção para isso foi vindo bem fluida durante a temporada, de um jeito que ao encostar no limite levou a esta reação.

Agora, nada chega aos pés do modo como Superman e Lois trabalhou o câncer, o medo de perder alguém e o processo para lutar contra a doença. Absolutamente por episódio, todos os temas são abordados, indo do Clark entrar num grupo de apoio para falar como se sente para a Lois demonstrar os receios de perder sua feminilidade e o possível interesse do marido por ela. É tão dramático e tão bom, que o ponto alto da série se direciona para os episódios 2, 7 e 9. O 2 é quando revela o problema, o cuidado para esse momento, já indicando com o inicio focado no que Lois está sentindo, mas guardando pra si. O 7 é provavelmente o melhor, porque mostra toda a família sentindo a dor e o receio para com o que sua mãe tem, onde o novo ator do Jonathan (Michael Bishop) mostra que não só se encaixou no papel, mas praticamente fez valer a troca de atores. E o 9 é um maravilhoso foco na relação Lois e Clark, onde um certo vestido é abordado e o final desse capítulo trabalha com tanta sensibilidade o futuro do casal, que fica difícil não se emocionar.

Sério, como foi bom ver não apenas o Superman com medo, enfrentando uma batalha que não é dele e ele não pode vencer com seus poderes, mas como foi maneiro ver um casal clássico dos quadrinhos ser aprofundado do modo que foi, a ponto de ser fácil a melhor versão do casal que já tivemos no audiovisual, com a química tão clara de um marido e sua esposa. Difícil pensar que na vida real Tyler Hoechlin e Bitsie Tulloch não são casados. E nessa temporada, ambos dão o seu melhor em atuação, não precisando de choros e reações exacerbadas para transmitir todos os pesares que uma doença provoca em uma família e num relacionamento.

Superman e Lois

Superman e Lois | Hbo Max


O maior incômodo sentido vem próximo ao final, ao buscar introduzir o clássico antagonista Lex Luthor, a série apresenta flashbacks para deixar bem claro que tipo de homem ele é, muito mais ameaçador pela força e medo que causa, do que pelo seu modo egocêntrico pela inteligência que normalmente tem nas adaptações, e mesmo que se trate de uma série de super heróis, principalmente olhando em retrospecto uma temporada que se colocou mais ao chão para trabalhar bem os seus temas, acaba destoando demais, de modo quase vergonhoso, ver o homem ir andando da prisão até a casa dos Kent apenas para mostrar o quão assombroso ele é, além da forte presença de uma trilha de rock para engrossar a ideia. A sensação final foi de que dava pra passar a mesma sensação sem ficar tão galhofa.


Todavia, pelo menos e felizmente, o final da temporada de Superman e Lois bruscamente se joga para um caminho, conectando determinadas tramas, deixando diversos personagens resolvidos, para todos se prepararem pelo grande acontecimento que aguarda o mundo, pois um novo vilão está chegando graças às mãos de Lex e ainda que os efeitos visuais de uma produção televisiva não dêem conta do recado, o confronto final consegue ser bom o suficiente para deixar qualquer espectador na ponta da cadeira querendo mais.

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