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Crítica | The Boys – 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!

Se a 1ª Temporada uniu fãs e haters do gênero de super-heróis, o novo ciclo de The Boys leva para as telas uma adaptação audaciosa e meticulosamente engenhosa. E mais uma vez, o criador Eric Kripke prova por A + B que sua criatividade é o maior e o melhor superpoder desse show.

Em 2019 os olhos mais atentos da Cultura Pop concentraram total atenção ao novo show que estreava no catálogo da Amazon Prime: The Boys. O projeto baseado nos quadrinhos que levam o mesmo nome sacudiu o mundo dos super-heróis, indo na contramão das séries atuais da Marvel e DC. Muito além do sangue, das vísceras, das piadas ácidas e da pancadaria, a 2ª temporada é um maremoto dentro do gênero. Claro que a maioria da audiência anseia pelo entretenimento (feito com muita qualidade), mas é o dedo na ferida e o soco na cara da hipocrisia social que tornam a série um hit de 2020.

Sobre a 2ª Temporada de “The Boys”:

Billy Bruto, Hughie e a equipe se recuperam de suas perdas na primeira temporada. Fugindo da lei, eles sofrem para lutar contra os Super-heróis. Enquanto a Vought, a empresa que gerencia os heróis, entra em pânico com a ameaça dos Supervilões, e uma nova heroína, Tempesta, agita a empresa e desafia um Capitão Pátria já instável.

The Boys - 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!
The Boys / Amazon Prime Video

É impossível falar sobre a Amazon Prime e não citar The Boys, projeto mais popular que existe no catálogo. O show não está apenas na ponta da língua do público. Também está na mente, e nas milhares de publicações feitas nas redes sociais e no coração dos “marqueteiros” da Amazon, que sabem o potencial que a série possui e sempre a utilizam para atrair novos assinantes. Não seguindo os moldes tradicionais dos streamings, a empresa optou em lançar episódios semanais, o que gerou um maior “tempo de vida” para as discussões e teorias do público.

Com um primeiro episódio capaz de colocar as expectativas lá no topo, o 2º ano imediatamente mostra que é mais potente que a temporada anterior. Aqui, mais uma vez, nada é previsível! Flertando com o mistério acerca dos personagens e suas verdadeiras intenções, a audiência é posta dentro de um confronto que vai muito além dos superpoderes e capas esvoaçantes, estamos falando, é claro, das tramas políticas e dos interesses que envolvem os negócios da Vought (empresa responsável pelo trabalho dos heróis). Somado a isso estão as manipulações midiáticas e como a informação (ou desinformação) são capazes de construir ou destruir a imagem de qualquer coisa, seja uma corporação, seja uma pessoa, seja uma ideia.

The Boys - 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!
The Boys / Amazon Prime Video

A equipe formada para derrubar a supremacia dos “supers” precisa lidar com a ausência de seu líder, Billy Bruto, enquanto mantém de pé a missão de derrubar, de uma vez por todas, a Vought. É a partir desse ponto que a narrativa situa os primeiros conflitos, dando abertura para o desenvolvimento de outros personagens que passaram a primeira temporada sem grandes avanços. Isso vale tanto para os Boys, quanto para os membros dos Sete.

O bom humor e as piadas internas e externas são uma marca desde a season 1. Ao melhor estilo “eu entendi a referência” (obrigado, Capitão América), o roteiro alfineta os grandes nomes da indústria: DC e Marvel. Em vários momentos o enredo flerta, da forma mais irônica possível, com as superficialidades ou até mesmo os deslizes que aconteceram nos filmes e nos bastidores do universo audiovisual dos heróis. A sátira ainda é um dos principais recursos presentes no texto e os roteiristas compreendem muito bem onde estão pisando, transformando cada cena em uma “cutucada” aos fatos reais ou ficcionais.

The Boys - 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!
The Boys / Amazon Prime Video

Distribuindo bem o tempo de tela para todos os personagens, as subtramas são trabalhadas de forma orgânica. Algumas até são independentes e distintas, mas a genialidade do texto consegue amarrar todas em um emaranhado de causa e efeito.

Sabe aqueles momentos que dois ou mais personagens, completamente diferentes, se encontram e a química acontece na hora? As interações inesperadas e os “encontros e desencontros” roubam todos os holofotes nesta temporada. E, é notório que as personagens femininas seguram as rédeas dos principais arcos. Do começo ao fim, todo o controle e as principais viradas de roteiro partem das escolhas e ações de cada uma delas.

De um lado temos a personagem Kimiko, incrivelmente interpretada pela atriz Karen Fukuhar, que mesmo sem falar um “a“, consegue passar toda a avalanche de sentimentos que fervem dentro da personagem. Diferente da temporada inaugural, dessa vez observamos um lado mais fragilizado da personagem e sua luta contra um novo medo. Do outro, temos a Rainha Maeve (vivida por Dominique McElligott) que também trilha sua própria jornada contra seus fantasmas. Entre a coragem e a covardia, sua imagem é manipulada e utilizada para erguer bandeiras que visam apenas os cifrões.

The Boys - 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!
The Boys / Amazon Prime Video

Também temos Luz Estrela, um dos destaques da 2ª temporada. Finalmente ela decide “dançar conforme a música“, entende? Mergulhada em reviravoltas, a atriz Erin Moriarty vai da ação para a emoção em poucos segundos, convencendo aqueles que estão dentro da tela e nós que estamos desse lado. Servindo como “agente dupla”, a heroína que se desencantou com a vida dos heróis está mais furiosa, sagaz e um pouco manipuladora.

Mas, quem de fato rouba a cena e domina tudo e todos é a nova adição aos Sete. A super chamada Tempesta (Aya Cash) é como uma força da natureza incontrolável, ora destrutiva, ora imprevisível. Percebe-se alusões do nosso dia a dia na caracterização da personagem; não é preciso ter olhos de águia para ver além da heroína e enxergar suas nuances. A “militância” virtual, o poder das redes sociais e a manipulação proveniente das fakes news são elementos que orbitam ao redor dela. Afinal, Tempesta é uma heroína? Uma vilã? Um meio termo? A resposta, é claro, vai abalar certezas e incertezas. Como diz o memecrítica social f*da!“.

The Boys - 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!
The Boys / Amazon Prime Video

Com um primeiro ano que nos deixou ansiosos por mais, a 2ª temporada mexe com nossa capacidade de deduzir as coisas. Quando pensamos que nada mais pode acontecer e que as surpresas foram todas utilizadas em uma cena, vem um novo conflito catapultando nossa atenção para outro desafio. O que pode incomodar são as repetições de “impasses” que muitas vezes se resolvem da mesma forma, mas nada que atrapalhe o andar da carruagem, visto que cada episódio sabe construir um começo, um meio, um clímax e um fim.

O cenário atual nunca foi tão bem representando pela perspectiva ficcional. The Boys é, do começo ao fim, um desfile de alegorias que servem muito bem ao seu propósito. O sarcasmo é uma ferramenta tão bem utilizada que nada escapa das mãos dos roteiristas. Está tudo lá, ao longo dos 8 episódios: a vertente social, política, religiosa e midiática. Você pode até passar a temporada inteira desejando que alguns personagens tomem uma boa surra, mas quem realmente apanha do começo ao fim é a Hipocrisia. Ah, e como apanha!

The Boys - 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!
The Boys / Amazon Prime Video

Brincando com nossas expectativas e arremessando o público em uma zona de perigo e altas doses de insanidade, a série é um marco, não há como negar! Excelente ritmo, roteiro incrível e personagens que transformam cada minuto em um espetáculo. Com um final de explodir as cabeças, The Boys prova, mais uma vez, que é o suprassumo do catálogo da Amazon Prime.

Você pode amar filmes de heróis, pode odiá-los, ou ser indiferente, no entanto, uma coisa é certa: The Boys mudará o modo como você vê esse universo de capas esvoaçantes e uniformes coloridos.

Nota: 5/5

Assista ao trailer:

Veja também: Crítica | O Halloween do Hubie.

Créditos ao autor:

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