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Crítica | Velozes e Furiosos 9 – Quando o passado volta a mil por hora!

Existe um ponto em comum, marcando o encontro de todas as franquias cinematográficas: o Legado. Quando um filme estreia na sala de cinema, ninguém é capaz de prever a longevidade daquela história; pode ser uma trilogia, quadrilogia ou, num passe de mágica, a trama se torna uma saga. Com Velozes e Furiosos 9, o diretor Justin Lin retorna à família, dando continuidade ao Legado iniciado nos anos 2000. Seu comando, entretanto, oscila entre a ação e a fantasia, o que torna perceptível a escassez de ideias.

Lançado em 2001, o primeiro filme moldou o desenvolvimento dos personagens no ambiente urbano, focando nas corridas clandestinas e explorando o elo emocional nascido da amizade. Ao longo dos anos, a amizade se transformou em família, logo Toretto e companhia estavam conectados, mesmo por baixo da fachada de equipe. Chegando no nono filme da franquia, a história é sacudida quando o passado bate à porta de Dominic, mais uma vez. O roteiro, reciclando ingredientes utilizados nos títulos anteriores, se escora em flashbacks, destrinchando a origem do personagem de Vin Diesel. Parece novo (às vezes, inconsistente), contudo é o filme que mais apresenta exaustão.

Velozes e Furiosos 9 - Quando o passado volta a mil por hora!
Velozes e Furiosos 9 / Universal Pictures

Sobre Velozes e Furiosos 9:

Na trama, Dominic Toretto e Letty vivem uma vida pacata ao lado de seu filho Brian. Mas eles logo são ameaçados pelo passado de Dom: seu irmão desaparecido Jakob. Trata-se de um assassino habilidoso e motorista excelente, que está trabalhando ao lado de Cipher, vilã do filme anterior. Para enfrentá-los, Toretto vai precisar reunir sua equipe novamente, inclusive Han, que todos acreditavam estar morto.

Quando analisado separadamente, cada peça desse filme possui seus altos e baixos. Carisma é uma força que paira em Velozes e Furiosos 9, do começo ao fim, pois os personagens são construídos a partir disso, de fato. Protagonistas, coadjuvantes e antagonistas, todos têm seus quinze minutos de “conflitos e resoluções”, alguns apressados, movidos na alta velocidade? Sim! No entanto, há o suficiente para se lembrar de cada um quando os créditos sobem.

O conjunto da obra, quando olhada de cima, apresenta fragilidade. Fã ou não, qualquer um pode visualizar isso, em pequena ou grande escala. E por mais que essa franquia construa seu legado filme após filme, alguns roteiros podem não colaborar muito com isso.

Não, esse filme não mancha a trajetória de Velozes e Furiosos, longe disso. Mas, é possível ver que a trama perdeu o fôlego. Aqui e ali, em cenas de pura adrenalina e nos momentos de calmaria, o texto está ofegante, cansado. Talvez, seja um sinal, um pedido corporal para a saga avistar uma placa de “PARE”.

Velozes e Furiosos 9 - Quando o passado volta a mil por hora!
Velozes e Furiosos 9 / Universal Pictures

Sentado no banco do motorista, Justin Lin sabe dirigir as cenas de ação, extraindo a combinação perfeita entre velocidade e caos. Seu olhar passeia pelos cenários urbanos, captando tudo o que tem a sua volta, com o objetivo de buscar elementos que sirvam à narrativa. Carros, objetos, construções, nada escapa dessa captura ocular, qualquer ambiente é um potencial campo de batalha, sejas nas corridas frenéticas, nas perseguições insanas ou nas lutas “mano a mano”. Dizem que o céu é o limite, não para Justin, ele olhou além, mirando o “espaço”, e por mais que pareça uma expressão clichê, o cineasta alcançou “outro patamar”, mas isso não é um ponto positivo, infelizmente.

A história anda, anda e anda, mas nunca sai do lugar. Mesmo que extasiados por altas doses de adrenalina, a sensação final é que estamos diante de uma linha reta, pois o “status quo” permanece intocável. Boa parte disso está intrinsecamente ligado aos antagonistas. John Cena aqui é o irmão, o vilão e outros amontados de adjetivos. Mesmo que os trailers tenham vendido uma fachada de rival, ele veste esse manto, vez ou outra, mas a sensação passada é morna.

Há até uma sequência de diálogos direcionados totalmente ao público, questionando a “sorte” dos personagens, afinal, eles sempre saem das missões suicidas sem nenhum arranhão. Soa como uma piada interna, talvez, mas a tese é verdadeira. De todos os ingredientes usados, um foi esquecido na bancada: a ameaça. Por mais ousada [e insana] que sejam as sequências de ação e reação, Velozes e Furiosos 9 não consegue o mesmo feitio que seus antecessores: passar o senso de perigo.

Velozes e Furiosos 9 - Quando o passado volta a mil por hora!
Velozes e Furiosos 9 / Universal Pictures

Enfim, o impossível é possível, vai de cada um ligar ou não o modo “verossimilhança”. Funcionará para alguns, para outro, não! Quem viu o trailer, pôde avistar a façanha de Dominic, transformando seu carro numa espécie de “Homem-Aranha”, saltando o abismo numa corda, como se o automóvel fosse o herói Cabeça de Teia. Isso se repete diversas vezes, e ver os personagens fazerem “malabarismo” com carros entretém, mas no final sempre fica aquele riso nervoso no rosto.

Tudo o que é bom, tem um final. Na TV e no cinema, filmes e séries, muitas vezes, são esticados ao máximo, ultrapassando o tempo de vida de uma história. Alguns se saem bem, outros, porém, se perdem. Velozes e Furiosos 9 mostra que a franquia já passou da linha de chegada, que já conquistou seu pódio quando se olha para trás, e tudo o que está vindo agora é “hora extra”.

É preciso concluir. Ter coragem de encerrar, usar o famoso ponto final. Porém, Velozes e Furiosos 9, mais uma vez, opta pelas reticências…

Nota: 2,5/5

Assista ao trailer:

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