CRÍTICA | Vovó Ninja marca por ter elenco estrelado, mas com trama que não corresponde a altura
Vovó Ninja é um filme que, apesar de seu elenco conhecido e talentoso, acaba entregando uma experiência mediana e, em muitos aspectos, pouco memorável.
Com a direção de Bruno Barreto, Vovó Ninja traz Glória Pires em um papel que parece ser um alívio para sua carreira de atriz de renome, oferecendo uma atuação que, embora confortável, não é particularmente desafiadora para a mesma. O enredo, que gira em torno de uma avó zen com habilidades surpreendentes em kung fu e a tentativa de seus netos de descobrir seus segredos, promete um misto de comédia, drama e aventura, mas acaba sendo mais uma fórmula conhecida do que uma inovação cinematográfica.
O roteiro se esforça para trazer uma sensação de nostalgia e explorar dinâmicas familiares, mas frequentemente recorre a clichês que não conseguem evoluir para algo mais profundo. A ideia de uma avó reclusa que revela habilidades especiais após um evento inesperado é intrigante na teoria, mas na prática, o filme parece se arrastar por uma trama previsível e totalmente jogada na tela. A tentativa de roubo dos vizinhos ao sítio da vovó e a subsequente descoberta das habilidades de kung fu de Arlete (Gloria Pires) introduzem um elemento de mistério, mas esse aspecto é rapidamente resolvido de maneira simplista e sem grandes surpresas.
A dinâmica entre Arlete e seus netos — João, Elis e Davi — é um dos pontos que poderia ter sido mais explorado. A avó, que não tem muita afinidade com as crianças e é retratada com uma indiferença inicial, acaba se envolvendo com elas de uma maneira que parece forçada. O desenvolvimento dos personagens é superficial e não oferece uma conexão tão profunda com o público quanto deveria. O filme não consegue criar uma empatia genuína pelos personagens, o que é uma grande perda, especialmente quando se tem atores talentosos como Glória Pires e Cleo Pires em cena.
Vovó Ninja | Galeria Distribuidora
Glória Pires, apesar de sua vasta experiência, está claramente em um papel que não desafia suas habilidades. Sua atuação como Arlete é descontraída, mas falta a ela a profundidade necessária para tornar o personagem verdadeiramente cativante. Cleo Pires, como Marina, também contribui com uma atuação que, embora sincera, não consegue resgatar o filme do marasmo narrativo.
O uso de kung fu, embora seja uma tentativa de adicionar dinamismo ao enredo, se torna um elemento mais pitoresco do que uma parte integral da narrativa. As cenas de ação são divertidas e engraçadas, mas não são suficientes para compensar a falta de profundidade na história e nos personagens.
O clímax do filme, que aborda a reconciliação entre Arlete e Marina, é previsível e clichê. A revelação de que Arlete teve que abandonar Marina para aprender kung fu na China é uma reviravolta que, embora tente trazer uma camada de complexidade à relação mãe e filha, se revela mais como um recurso dramático superficial do que uma exploração real dos conflitos emocionais. A resolução é rápida e pouco satisfatória, fazendo com que a jornada emocional pareça apressada e rasa.
Vovó Ninja | Galeria Distribuidora
“Vovó Ninja” é um filme que não consegue ir além do básico. Apesar das boas intenções de capturar a essência da nostalgia e explorar temas familiares, a execução deixa a desejar. Com um enredo previsível e um desenvolvimento de personagens que não consegue criar uma conexão real com o público, o filme se torna uma experiência que rapidamente se dissolve na memória de quem o assistiu.
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