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CRÍTICAS (FESTIVAL RIO) | Manga D’ Terra peca em sua premissa

Apesar do brilho de Eliana Rosa, Manga D’Terra é somente uma contemplação rasa de sua história

Dirigido por Basil Da Cunha, Manga D’Terra é o seu primeiro musical, um gênero que ele mesmo não gosta muito, porém, suas sequências musicais acabam sendo o ponto alto do filme, sendo muito bem coreografadas e cantadas de modo belo por Eliana Rosa, em seu primeiro longa metragem.

Manga D’Terra conta a história de Rosinha, uma mulher negra, da periferia de Portugal que canta para conseguir dinheiro e mandar para seus dois filhos, que não aparecem fisicamente ao longo da produção. Este acaba sendo um dos problemas do filme, em diversos momentos é explicado o que deveria ser mostrado, e isto não ocorre somente nas performances musicais, mas, também nos diálogos.

Manga D’Terra poderia funcionar melhor como um curta metragem, ao se encaixar no gênero musical, dentro de um cinema contemporâneo português, a produção avança de modo repetitivo, vemos Rosinha sofrer, vemos Rosinha cantar, vemos Rosinha sofrer, vemos Rosinha cantar. Após um tempo este ciclo se torna cansativo, mesmo com uma linda iluminação e uma construção de cenário que poderia ter sido melhor explorada.

Manga D'Terra

Eliana Rosa em cena de “Manga D’Terra”- Foto Divulgada pelo Festival do Rio

Sendo um favela movie, da mesma forma que Cidade de Deus (2002), Fernando Meirelles, e Tropa de Elite (2007), José Padilha. Manga D’Terra perde a chance de explorar a estrutura da favela portuguesa e reforçar uma crítica presente na produção, porém, explorada de modo amador.

Fernando Meirelles tornou uma caçada à galinha interessante, justamente por conta do modo como ela foi construída, fazendo diversas analogias com a favela como um todo, porém, Basil da Cunha não apresenta este tato, não explorando profundamente nenhum destes temas, a sua cena de perseguição policial é editada de modo que não transmite a tensão desejada para o momento.

A produção apresenta diversos erros narrativos, o que aparentava ser uma história direta sobre uma mulher em necessidade, fica em segundo plano, ao invés disso somos apresentados à cenas de comédia que duram um pouco demais, como a discussão sobre demorar 5 horas para comprar cigarro, e a clichês que não se seguram como antes, como o produtor musical abusador.

Eliana Rosa carrega o filme nas costas, após a sessão do filme, ela conversou com a audiência e cantou músicas do filme, até mesmo dando uma palhinha de Alcione, mas, tristemente ela sozinha não consegue levantar o filme acima de uma produção mediana, que ao final parece que se encontra no mesmo lugar que no começo, muito por conta de decisões equivocadas do roteiro, focando em coisas que não deveria, ao invés de enfatizar o drama cotidiano de Rosinha como uma mãe que faria de tudo por seus filhos.

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