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  • Crítica | Cobra Kai – 4ª temporada

    Crítica | Cobra Kai – 4ª temporada

    Surpreendendo nos detalhes nostálgicos e pecando em alguns quesitos, a quarta temporada de Cobra Kai consegue se manter pela parceria entre Daniel e Johnny e a volta de um dos maiores vilões da franquia Karatê Kid.

    I can feel it coming in the air tonight… E foi ao som de Phil Collins que a terceira temporada de Cobra Kai, série que continua a saga de Karate Kid dos anos 80’s, teve o seu fim. Logo no último episódio, no ápice da temporada, temos -finalmente- a união de Johnny Lawrence e Daniel Larusso contra o grande vilão e fundador do Cobra Kai, Kreese e os seus alunos. Toda essa construção da parceria entre os personagens principais e a trilha sonora incrível aumentaram de forma exponencial a expectativa dos fãs da série.

    Não é novidade para quem acompanha a série  que, no decorrer da terceira temporada, foi sendo anunciado aos poucos e que uma figura conhecida pelos fãs nostálgicos estaria prestes a voltar, e isso acontece logo no primeiro episódio da quarta temporada. Logo nos primeiros minutos, Terry Silver, o vilão grã-fino do terceiro filme, aparece ainda mais mesquinho, mas longe das suas atividades como sensei.  Procurado por Kreese para, juntos, acabarem de vez com os trabalhos de Daniel e Johnny e toda a sua turma no grande campeonato, o vilão emblemático não se vê tão convencido num primeiro momento, o que é claro, acaba mudando com o passar do tempo. 

    Cobra Kai - 4ª temporada
    Cobra Kai – 4ª temporada / Netflix

    Além de Terry, outros personagens ganham destaque na quarta temporada, e esse é o caso do Anthony Larusso, filho caçula do protagonista de Karate Kid, que se mostra completamente diferente de seu pai, abrindo uma discussão sobre o bullying. Kenny, o novato da escola e também novo personagem, é quem sofre nas mãos do jovem Larusso, e que por mim já pode ganhar o título de personagem mais carismático da quarta temporada.

    Falando nos personagens, Daniel, Falcão, Tory, Sam e Robby estão ainda melhores nesta temporada. Não é de hoje que o elenco adolescente chama a atenção tanto pela ótima atuação, quanto pelas cenas que exigem o mínimo de “entendimento” sobre o Karate. Apesar de seus personagens não se desenvolverem tanto quanto nas demais temporadas, eles ainda conseguem um bom tempo de tela, mantendo suas  histórias completamente coerentes ao que foi apresentado até agora. 

    Cobra Kai - 4ª temporada
    Cobra Kai – 4ª temporada / Netflix

    Falcão (ou Hawke) foi o grande destaque do elenco principal. Seu desenvolvimento é o que, de longe, chama mais atenção. Ele conseguiu passar de um dos personagens mais odiados da série, pra um dos mais amados. Sua trajetória é incrível, e faz com que o público queira entrar ainda mais na cabeça dele, pra antecipar cada ação desse personagem que só sabe surpreender.

    Apesar de ser um ótimo fã service desde o começo, talvez a quarta temporada tenha sido a menos nostálgica. Claro, uma série nova não deve ser baseada e escorar-se 100% em sua história original, mas talvez, no caso de Cobra Kai, esse tenha sido o ponto chave para o sucesso da série. Mas vale lembrar que isso não tira nenhum ponto de sua nova temporada, a série continua sendo consagrada com suas tramas que cativam demais, e que prendem facilmente o telespectador.

    Cobra Kai - 4ª temporada
    Cobra Kai – 4ª temporada / Netflix

    Algo que chamou a minha atenção foi que, diferente da terceira temporada, as lutas estão muito bem coreografadas, o que dá mais intensidade às cenas de combate e no gran finale. Outro fato interessante foi a quantidade de gatilhos a serem explorados para a criação de uma quinta temporada, e quem sabe até sexta. Existem muitos ganchos que podem sim virar grandes histórias, e que merecem um aprofundamento e atenção, sem deixar a série chata, cansativa ou até mesmo rala.

    A quarta temporada de Cobra Kai pode até ter sido um pouco mais “parada” comparada às anteriores, mas isso não tira o crédito de uma das maiores séries da Netflix, que em cada lançamento se consagra como um dos maiores fãs services já feito, responsável por uma explosão nostálgica. Com seus altos e baixos como toda produção, Cobra Kai surpreendeu mais uma vez, deixando, como sempre, aquele gostinho de quero mais.

    A quarta temporada de Cobra Kai estreia dia 31 de dezembro na Netflix.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao trailer:

    https://www.youtube.com/watch?v=z4CchejljKs&ab_channel=NetflixBrasil
  • Crítica | Não Olhe Para Cima – Uma divertida crítica social em um filme tipicamente hollywoodiano

    Crítica | Não Olhe Para Cima – Uma divertida crítica social em um filme tipicamente hollywoodiano

    O longa de Adam McKay trabalha com o absurdo para argumentar sobre como o pensamento negacionista pode levar uma sociedade à destruição. 

    O lançamento da Netflix “Não Olhe Para Cima” chegou à plataforma em dezembro e já ocupa as primeiras posições no ranking dos títulos mais assistidos. O filme ainda divide opiniões do público e da crítica especializada por tratar de temas polêmicos. Como o próprio slogan já diz, o longa é “baseado em possíveis fatos reais”, já que o diretor Adam McKay faz uso da sátira para abordar o negacionismo científico presente na sociedade. 

    A história gira em torno de dois astrônomos, Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) e Randall Mindy (Leonardo DiCaprio), que descobrem um meteoro prestes a colidir com a Terra e colocar a humanidade em extinção. Com a descoberta bombástica, os cientistas vão em busca de ajuda para tentar impedir a catástrofe apocalíptica. Mas ao chegar na casa branca, a dupla descobre o maior entrave para salvar a humanidade: o negacionismo, que misturado à ambição humana, pode levar o mundo a nada além da destruição total. Após entenderem que não haveria compaixão na política, Randall e Kate apelam para a mídia, como tentativa de comover a população. Com os veículos midiáticos, eles enfrentam, além do velho negacionismo, também o sensacionalismo jornalístico. Ou seja, o filme relata uma batalha não apenas para salvar o mundo, mas uma luta para convencer as pessoas que o mundo precisa de salvação. 

    crítica não olhe para cima
    Foto: Netflix

    Qualquer semelhança não é mera coincidência nesse caso, “Não Olhe Para Cima” traz uma verossimilhança certeira com o momento atual no qual o mundo se encontra. Não é difícil enxergar semelhanças entre personagens da ficção e os poderosos da vida real. Ainda mais quando passamos por uma pandemia, em que movimentos anti-ciência ganham palco, a crítica do filme consegue fazer total sentido e é simples entender do que se trata e para quais grupos políticos ela aponta os dedos. 

    Para chegar ao resultado crítico, Adam Mckay, que também dirigiu “Vice” e “A Grande Aposta”, trabalha bem com o sarcasmo e ironia. O cineasta deixa bem claro seu ponto de vista e faz duras críticas à política moderna, à mídia sensacionalista e, principalmente, ao sistema capitalista que coloca o lucro em cima de vidas. O longa é recheado de ironias e absurdos, que tornam a situação trágica em uma comédia, em alguns momentos. “Não Olhe Para Cima” tem muitos  exageros, mas é possível afirmar que o cinema tem liberdade poética para trabalhar com a ludicidade na intenção de afirmar um ponto de vista. Como é uma sátira, não há problema em distorcer a realidade para fazer uma analogia. Então, os absurdos, que poderiam colocar o filme como uma obra bizarra, são bem justificáveis para se atingir o objetivo final do filme. Portanto, sem motivos para crucificar as bizarrices que vemos nos mais de 120 minutos de tela. 

    crítica não olhe para cima
    Foto: Netflix

    “Não Olhe Para Cima”

    A grande mensagem do filme é que o negacionismo não pode levar a nada além da destruição e caos. Contudo, quem pode ser convencido com essa obra? Talvez a narrativa não consiga fazer com que as massas entendam o real significado do longa. Claro que os progressistas que assistirem ao filme, vão ter um objeto de consumo satisfatório, mas não é como se eles já não acreditassem nisso. Não faz sentido reafirmar as mesmas coisas para aqueles que já tem suas crenças feitas. A maior crítica que pode ser feita a “Não Olhe Para Cima” é que o longa não parece mudar a mentalidade de quem ainda duvida da ciência. 

    Ademais, embora duras críticas sejam feitas e seja possível direcioná-las bem, o filme não se desprende de uma estética clássica de Hollywood, com nomes como Cate Blanchett, Timothée Chalamet, Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence e, até mesmo, Ariana Grande presentes na obra. Além disso, a trama é bem focada nos Estados Unidos, sem se aprofundar muito nas questões de classe ou geopolíticas, que uma catástrofe mundial poderia causar. O diretor tangencia pontos importantes na obra, mas não foca o suficiente neles para embasar mais ainda sua crítica ao sistema. Por isso, “Não Olhe Para Cima” ainda tem uma estética fortemente norte-americana e deixa a desejar neste quesito. Os efeitos especiais também são praticamente impecáveis, como em qualquer filme feito em um grande estúdio americano, com um bom orçamento. 

    crítica não olhe para cima
    Foto: Netflix

    Mas no geral, McKay consegue fazer uma boa crítica social em um filme tipicamente hollywoodiano, com elenco de peso e uma CGI espetacular. Além disso, “Não Olhe Para Cima” é uma obra divertida, prende a atenção do telespectador e conta com uma tecnologia sensacional para fazer os efeitos especiais, que transforma até mesmo uma catástrofe em algo belo, esteticamente falando. 

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer de “Não Olhe Para Cima”:
  • Crítica | Matrix Resurrections – Embala pela nostalgia, mas se prende demais ao passado

    Crítica | Matrix Resurrections – Embala pela nostalgia, mas se prende demais ao passado

    Matrix Resurrections aposta em expandir sua mitologia cyberpunk apostando no fan service para agradar os fãs de longa data, mas pode deixar a desejar para quem gostaria de entrar nesse universo a partir de agora.

    Sinopse: Da visionária cineasta Lana Wachowski, o tão esperado quarto filme da franquia inovadora que redefiniu todo um gênero reúne as estrelas originais Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss como Neo e Trinity, nos papéis icônicos que os tornaram famosos em ‘Matrix”.

    Crítica | Matrix Resurrections - Embala pelo nostalgia, mas se prende demais ao passado
    Matrix Resurrections | Warner Bros. Pictures

    Para alguns Hollywood está passando por uma grande crise criativa se aproveitando dos remakes, reboots e sequências de clássicos da década passada, outros acham que isso é um grande bom proveito para apresentar essas produções aclamadas e cults para a nova geração que necessita de algo além dos filmes de heróis.

    Assim como O Exterminador do Futuro, Blade Runner, Bill e Ted (estrelado também por Keanu Reeves) e muitos outros, Matrix não escapou e foi retirado do limbo por Lana Wachowski e a Warner Bros. para surpreender os fãs da famosa trilogia cyberpunk que achavam que o ‘Revolutions’ tinha encerrado a história de seus personagens. ‘Resurrections’ traz uma história concisa e que abrange a mitologia de Matrix, mas não embala por se prender demais à personagens do passado e não dar tanta abertura para novos rostos.

    Matrix Resurrections acerta no nível de nostalgia máximo, bem aos moldes do que está na moda nesses revivals que fazem sequência de clássicos. O retorno dos personagens são bem explicados, assim como a inserção dos novos personagens e suas motivações. Ter Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss de volta é um deleite para os olhos, aqui existe mais química do que os fãs poderiam imaginar e uma história de amor que transborda superando até os filmes que são exclusivamente pensados para isso no gênero de romance.

    Mas isso não é o suficiente para dar à sequência uma razão consistente para sua existência. O longa poderia facilmente ser um derivado da trilogia original sem precisar trazer antigos rostos de volta e iniciar uma nova franquia no mesmo universo, expandindo a história e dando lugar para novas mitologias da Matrix e holofotes para personagens que realmente chamam atenção, como Bugs, interpretada por Jessica Henwick, que leva o filme tão bem quanto Reeves levou em sua participação de 1999 à 2003.

    Crítica | Matrix Resurrections - Embala pelo nostalgia, mas se prende demais ao passado
    Matrix Resurrections | Warner Bros. Pictures

    Um dos pontos altos é que Lana aproveita para reparar alguns erros do passado e trazer uma nova perspectiva para sua obra com uma metalinguagem que pode parecer sem pé nem cabeça, mas que em Matrix Resurrections funciona de forma coerente, brincando com acontecimentos do passado como se fosse uma ficção dentro da ficção. Isso possibilitou a diretora a deixar a trama da franquia mais leve, mas ao mesmo tempo contemplativa e ainda sim com a seriedade do estopim de uma nova guerra cibernética.

    A diretora também brinca com os retornos de personagens antigos, agora repaginados com outros atores interpretando essas personas, algumas com destaque no passado e outras nem tanto, mas que em ‘Resurrections’ ganha seu espaço. Yahya Abdul-Mateen II interpreta um Morpheus diferente mas que ainda tem a essência daquele interpretado por Laurence Fishburne. Alguns trejeitos e interpretações pode até desagradar fãs mais assíduos, mas para o momento tudo faz muito sentido.

    O personagens de Neil Patrick Harris traz uma reviravolta impressionante. Harris traz um de seus melhores trabalhos incorporando uma personagem muito diferente do que está acostumado e o faz tão bem, deixando o anseio por mais dele em novos filme da franquia.

    Crítica | Matrix Resurrections - Embala pelo nostalgia, mas se prende demais ao passado
    Matrix Resurrections | Warner Bros. Pictures

    No fim, Matrix Resurrections é um presente e uma carta aberta de Lana Wachowski para os fãs da saga, abrindo novos parênteses, sem intenção de fechá-los brevemente, deixando um bom sentimento de nostalgia mas ao mesmo tempo com uma sensação de cansaço. Diferente de outros filmes da franquia, onde ou é bom ou é ruim, o quarto capítulo vai dividir opiniões e deixar muitos se perguntando: “Quem foi que pediu por isso?”.

    Nota: 2,5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | King’s Man: A Origem

    Crítica | King’s Man: A Origem

    King’s Man: A Origem poderia ser um novo respiro para a franquia dos agentes secretos britânicos, mas em vez disso, entrega um filme longo, e muitas vezes maçante.

    Sinopse: Quando os criminosos mais cruéis da história se reúnem para roubar milhões, um homem deve correr contra o tempo para detê-los. Descubra as raízes da primeira agência de inteligência independente em `The King´s Man´.

    Crítica | King's Man: A Origem
    King’s Man: A Origem | 20th Century Studios

    Apesar da direção de Matthew Vaughn ainda ser inspirada, parece que o diretor não entendeu muito o que fez o primeiro longa ter tanto sucesso. Dito isso, parece que existem dois filmes dentro de um, como se dois roteiros fossem escritos e mesclados de maneira abrupta. Um acaba não conversando com o outro, parece que o roteiro não sabe qual caminho quer seguir.

    Apesar disso, King’s Man: A Origem tem reviravoltas interessantes e alguns momentos divertidos, principalmente quando ocorre a ação, que é um dos pontos fortes do diretor, mas o filme se perde muito por ser um prólogo imenso, de algo que se resolve apenas nos minutos finais. Sendo uma clara tentativa de iniciar uma nova franquia dentro de outra, que ainda nem se finalizou.

    O ponto alto do filme fica para atuação de Ralph Fiennes, eu poderia assistir mais alguns filmes de espionagem com o ator no papel principal. Harris Dickinson também entrega tudo que seu papel exige, porém, os outros atores no elenco servem mais como coadjuvantes de luxo do que realmente personagens importantes para a trama. A intenção da presença deles é realmente uma sequência onde eles serão mais bem trabalhados

    Crítica | King's Man: A Origem
    King’s Man: A Origem | 20th Century Studios

    Por fim, o longa acaba entregando uma história desconexa e cansativa, que não agrega em nada da mitologia já apresentada. Um humor que não funciona muitas vezes, e cenas de ação que já vimos nos longas anteriores. Mesmo que tenha um pouco da acidez, e muitas referências ao filme original, o principal fator que deixa a desejar em King’s Man: A Origem é o tom de sátira e o elemento surpresa. Algo que foi muito bem vindo no Serviço Secreto.

    Nota: 3/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Turma da Mônica – Lições

    Crítica | Turma da Mônica – Lições

    Segundo live-action da turminha, Turma da Mônica – Lições  expande o universo Maurício de Sousa e brilha ao abordar assuntos sérios sem deixar a nostalgia e a emoção de lado 

    Um ícone da cultura pop brasileira, Maurício de Sousa sempre esteve presente na vida de milhares de pessoas. Desde a década de 60, suas obras fazem parte do cotidiano de crianças e adultos, tornando a tarefa de encontrar alguém que talvez não tenha aprendido a ler e escrever com os gibis da Turma da Mônica e todo o universo da MSP praticamente impossível.

    Suas recentes apostas para o mundo das HQs ( histórias em quadrinhos) são as Graphic Novels, que trazem uma história um tanto quanto mais madura para seus personagens, sem fazer com que eles percam a essência que os fizeram ser o sucesso que são desde seus lançamentos. A partir das graphics, a turma mais amada do Brasil se tornou real, ganhando seu primeiro live-action em 2017 com Turma da Mônica – Laços, que foi baseada na Graphic Novel de Victor e Lu Cafaggi, que fizeram parte do projeto Graphic MSP, que convida artistas brasileiros para dar uma nova “cara” aos personagens já conhecidos.

    Turma da Mônica - Lições
    Turma da Mônica – Laços

    Turma da Mônica – Laços foi dirigido por Daniel Rezende (Bingo: O Rei das Manhãs) com o roteiro de Thiago Dottori. A história segue os quatro amigos: Mônica (Giulia Benite), Magali (Laura Rauseo), Cebolinha (Kevin Vecchiatto) e Cascão (Gabriel Moreira) que embarcam em uma aventura para salvar o Floquinho, em um tom completamente nostálgico, dando a impressão de que o filme se passa nos anos 80. Assim como tudo que sai da MSP, o filme se tornou um grande sucesso.

    Não demorou muito para que o projeto para o segundo filme começasse. Turma da Mônica – Lições é a segunda Graphic da turminha que, apesar de ser uma história infantil, carrega uma carga emocional gigantesca, que faz qualquer valentão chorar.

    Turma da Mônica – Lições começa com os quatro amigos tentando fugir da escola por não terem feito o dever de casa, o que resulta em um acidente onde a Mônica, eterna dona da rua, acaba quebrando o braço.  O acidente, junto com o flagra da fuga, faz com que a diretora chame os respetivos pais, que já estão cansados de todas as confusões que os amigos se metem e decidem separar de vez a turminha, ocupando eles com atividades depois da escola e, no caso da líder do grupinho, mudando ela de escola.

    Turma da Mônica - Lições
    Turma da Mônica – Lições

    Nessas novas atividades, Magali tenta controlar sua ansiedade e compulsão alimentar indo em aulas de culinária. Cebolinha acaba indo parar no fonoaudióloga, para ver se resolve de vez seu problema de trocar o “R” pelo “L”. Cascão é colocado para fazer natação e Mônica vai para uma escola de período integral e longe do Bairro do Limoeiro. Toda essa distância dos amigos acaba arruinando os planos para a peça de Romeu e Julieta que o grupo estava preparando para o Festival do Bairro do Limoeiro.

    Com dificuldades de se enturmar na nova escola, e sofrendo bullying por carregar o Sansão para todos os cantos, Mônica acaba caindo no dilema do crescimento, sendo -de algum modo- obrigada a amadurecer, deixando pontos da sua infância de lado, e até mesmo o seu fiel companheiro.  Mas nem só de péssimos momentos se faz uma mudança drástica no dia-a-dia da turminha. Frequentando lugares diferentes, os amigos acabam conhecendo outras pessoas, o que é o gatilho para apresentar outros personagens do Universo Maurício de Sousa, como: Marina (Laís Villela), Milena (Emilly Nayara),Humberto (Lucas Infante), Do Contra (Vinícius Higo), Tina (Isabelle Drummond), Rolo (Gustavo Merighi), Zecão (Fernando Mais) e Pipa (Camila Brandão). 

    Ao longo da trama, a discussão sobre o amadurecimento vai se aprofundando e trazendo pensamentos de que você não precisa mudar para amadurecer. Essa é uma das muitas lições deixadas pelo filme.

    Turma da Mônica - Lições
    Turma da Mônica – Lições

    A trama, diferente do primeiro filme, carrega uma carga emocional gigantesca, os diálogos não são fáceis, e os assuntos abordados também não. Falar sobre a dependência emocional, sendo de amigos ou de um coelho  de pelúcia, em uma produção para o público infantil não é para qualquer um, assim como abordar a ansiedade em crianças. Mas, Daniel Rezende, que continua assinando a direção dos live-actions da Turma da Mônica, conseguiu trazer esses assuntos de uma maneira leve, mas dando aquela cutucada para chamar a atenção, fazendo todos no cinema se emocionarem.

    Turma da Mônica – Lições tem absolutamente de tudo: ação, superação, comédia e emoção, além de ser absurdamente nostálgico, o que chama atenção de todas as gerações. O trabalho do elenco, assim como no primeiro filme, foi impecável. Os atores souberam muito bem carregar toda a energia necessária pra desenvolver seus personagens e a carga da história que cada um carrega, fazendo com que brilhassem tanto juntos, quanto individualmente. 

    Turma da Mônica - Lições
    Turma da Mônica – Lições

    Como um bom Stan Lee brasileiro, Maurício de Sousa não deixou faltar referências de seus trabalhos no longa. Existem algumas que são bem óbvias, e outras que você precisa ser um fã de carteirinha para descobrir, mas nada disso faz você deixar de se emocionar com essa história. E claro, não podia faltar uma cena pós crédito. Então, nada de sair do cinema antes da hora. 

    Impecável e emocionante, e mais um monte de adjetivos que poderiam explicar a sensação que é assistir toda essa história criar vida e ir para os cinemas. Impossível não terminar o filme querendo mais, com o desejo de acompanhar diversas histórias dessa turma e de todos que, de alguma forma, fizeram parte da nossa infância. Turma da Mônica – Lições faz jus ao título, trazendo lições como: “a gente nunca para de crescer”.

    Turma da Mônica – Lições estreia dia 30 de dezembro nos cinemas.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica| Um Crush Para O Natal

    Crítica| Um Crush Para O Natal

    Representatividade é clichê natalino são os pontos fortes da nova produção da Netflix, Um Crush Para o Natal

    Natal, época de juntar as famílias e apresentar os namorados, sendo assim, o terror dos solteiros. A Netflix já mostrou que adora juntar casais em épocas de Natal, principalmente se for para fingir que está namorando ou pra criar um novo relacionamento. Mas e quando o amor é antigo e só precisa de uma ajudinha pra florescer ? E essa é a história de Um Crush Para O Natal, nova comédia romântica natalina ( e a primeira LGBTQI+ com o tema)da plataforma.

    A história gira em torno da vida amorosa de Peter (Michael Urie), um homem gay que trabalha como social media e mora em Los Angeles, e que, assim como toda nós meros mortais, vive sob constante pressão dos familiares para arrumar um namorado. Voltando para a sua cidade natal para passar as festas com a família, Peter decide levar o seu melhor amigo, Nick (Philemon Chambers), seu amigo há nove anos, com quem divide o apartamento. Além de Nick, Peter também carrega a mentira de que está com um namorado, ele só não pode ir às festas.

    Um Crush Para  Natal
    Um Crush Para Natal / Netflix

    Apesar da mentira, ele não consegue convencer a todos sobre a sua história, e acaba indo em um encontro arranjado pela sua mãe, que não aguenta mais ver o filho solteiro. No meio desses encontros, Peter vai descobrir o que realmente sente por Nick, e vice-versa, gerando muitas dúvidas como: voltar para Los Angeles ou ficar aqui? Continuar com esse relacionamento arranjado ou ir para os braços do Nick?

    Dirigido por Michael Mayer e escrito por Chad Hodge, a trama não tem nada demais, não é algo absurdamente incrível e diferente, mas é muito bom! A simplicidade da história faz com que queiramos acompanhá-la até o final, torcendo pelo casal principal entender sobre os seus sentimentos, e é isso que prende o telespectador.

    Um Crush Para  Natal
    Um Crush Para Natal / Netflix

    O ponto alto fica por conta do roteiro, que aborda questões que ainda são tratadas como tabus, e o roteirista soube desmistificar aquele conceito de que pessoas LGBTQI+ não podem ter uma família, e que além de terem uma família que super apoia o protagonista, eles são mega amorosos.  

    Com tradições familiares acontecendo durante o filme inteiro, e diversas situações clichês, típicas de filmes natalinos, o Um Crush Para O Natal  se mostra uma grande produção, em quesitos de pensar naquilo que o espectador espera ver de um filme de final de ano, sem viajar com histórias que são profundas de mais e que no final só servem para ficarem mais cansativas.

    Um Crush Para  Natal
    Um Crush Para Natal / Netflix

    Um Crush Para o Natal consegue, do seu jeito simplista, ser um ótimo filme natalino, com o elenco entregando tudo quando se trata de momentos emocionantes, conversas profundas e ainda conseguem tirar uma risada. É um filme que realmente vale a pena a assistir com a família.

    Um Crush Para Natal já está disponível na Netflix.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Casa Gucci surpreende em todos os quesitos

    Crítica | Casa Gucci surpreende em todos os quesitos

    Filme estrelado por Lady Gaga e Adam Driver, “Casa Gucci“, tem todo o necessário para concorrer em diversas categorias das mais variadas premiações do cinema

    Em 1995, Maurício Gucci era assassinado a mando de sua ex-mulher, Patrizia Reggiane, dando fim ao legado da família Gucci, transformando uma empresa familiar em ações vendidas pelo mundo todo. O caso chegou nas livrarias através da autora Sara Gay Forden, em uma crônica espetacular sobre a ascensão e queda da marca e nome Gucci. A história de um dos maiores escândalos do mundo dos negócios chega agora nas telonas, sendo considerado uma grande promessa de Hollywood.

    Casa Gucci mostra o início, meio e fim trágico do relacionamento entre Patrizia Reggiane (Lady Gaga), uma jovem que trabalha na empresa da família, mas que é otimista quando o assunto é crescer financeiramente, mesmo que esse não seja o seu ponto de partida, afinal, ela também quer um grande amor. Em uma das grandes festas que costuma frequentar, ela conhece Maurizio Gucci, herdeiro de uma grande empresa no ramo da moda, mas que está mais preocupado em manter o seu futuro longe dos negócios da família. Após passarem a noite dançando e trocando elogios, começa a história de um dos casais mais conhecidos do reinado “Gucci”.

    Casa Gucci
    Casa Gucci | Universal Pictures Brasil

    Patrizia, apesar dos seus bons modos e roupas extravagantes, exalava a aparência de alguém interessada em algo, o que gerou um atrito entre Maurizio e seu pai, fazendo com que o jovem fuja de casa para casar com a amada. Longe do dinheiro da família é casado com o grande amor da sua vida, Maurizio é convencido por sua esposa a dar mais uma chance para seus familiares, entrando de vez nos negócios da família, e é aí que a história começa.

    Patrizia se demonstra extremamente interessada no legado Gucci, entrando ainda mais nos assuntos da empresa e fazendo a cabeça do marido, que sem perceber, acaba passando por cima de seus princípios e da sua família para que a Gucci fique completamente aos seus cuidados. Assim como a fama sobe a cabeça de algumas pessoas, o dinheiro também faz esse papel ordinário, causando intrigas, afastando pessoas e é capaz de contratar um assassino de aluguel afim de se vingar de alguém.

    Casa Gucci
    Casa Gucci | Universal Pictures Brasil

    Quem conhece o escândalo envolvendo a família Gucci, sabe que a morte de Maurizio vem com grandes pontos de interrogação a sua volta. O real motivo, apesar do passar dos anos, nunca foi descoberto, abrindo diversas interpretações para o que teria causado a ira da ex-mulher do herdeiro da Gucci, a ponto dela deixar o seu grande amor de lado e planejar uma vingança que custou 25 anos da sua vida.

    Já o filme, Casa Gucci, passa bem a imagem do “baseado em fatos”, já que conta em detalhes os acontecimentos que rondaram o relacionamento do casal e o crime. Existem diversos pontos positivos no longa, que vai desde a maravilhosa caracterização de Jared Letto, que aparece irreconhecível interpretando Paolo Gucci, e Al Paccino com o Aldo, além de claro, o casal principal Lady Gaga e Adam Driver que deram um show na tela, esbanjando química e entregando uma atuação impecável.

    Casa Gucci
    Casa Gucci | Universal Pictures Brasil

    Em algumas cenas, o tragicômico tomou conta da tela aliviando momentos de tensão e até mesmo tediosos do longa, o que deixa tudo ainda mais interessante e “assistível”. O filme não é uma superprodução, mas é rico em detalhes que faz com que certos defeitos sejam colocados de lado, não servindo para desvalorizar a obra no total.

    Em nome do Pai, do Filho e da Casa Gucci. O filme já pode ser considerado um dos maiores lançamentos do ano, e já podemos esperar que ocupe diversas categorias nas mais variadas premiações do mundo do cinema. 

    Casa Gucci estreia dia 25 de novembro nos cinemas.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | A Princesa e a Plebeia : As Vilãs Também Amam

    Crítica | A Princesa e a Plebeia : As Vilãs Também Amam

    Terceiro filme com a história da Princesa e a Plebeia de Vanessa Hudgens não foge de ser um filme natalino, assim como não mantém o Natal como seu principal foco

    A Princesa e a Plebeia já está praticamente virando uma tradição de Natal da Netflix. Já são três filmes que mostram as aventuras das três “gêmeas” vividas por Vanessa Hudgens, e a história da vez é um roubo gigantesco que acaba colocando as duas mocinhas junto com a grande vilã do segundo filme.

    Em A Princesa e a Plebeia: As Vilãs Também Amam, o foco é total na personagem Fiona, uma dos clones que apareceu no segundo filme. A vilã é convocada pela Princesa Stacy Wyndham de Belgravia (Vanessa Hudgens) e Lady Margaret Delacourt (a Vanessa também ) para ajudar a encontrar um dos tesouros mais preciosos do Vaticano, a Estrela da Paz, que foi roubada antes do final do tradicional festival de Natal de Montenegro, paralisando todas as comemorações. 

    A vilã vê então uma oportunidade de contatas seus braços direito para o trabalho, além de um velho conhecido, Peter (Remy Hii), que assim como a criminosa, sabe tudo sobre grandes roubos e tem toda a tecnologia necessária para encontrar a Estrela. E é aí que a história vai de “pegar o tesouro de volta” para “duas almas gêmeas se reencontrando”. 

    A Princesa e a Plebeia
    A Princesa e a Plebeia : As Vilãs Também Amam | Netflix

    É que, no processo de encontrar a Estrela da Paz, Fiona acaba desenvolvendo sentimentos pelo velho amigo, e para sua surpresa, é tudo muito recíproco. Nisso, ela acaba se tornando uma pessoa melhor, a fim de resolver de vez a sua vida tanto pessoal quanto amorosa.

    A Princesa e a Plebeia, desde o começo, sempre foi um prato cheio de clichês natalinos que servem para tapar buracos na grade de fim de ano da Netflix, mas talvez seja essa a graça dos filmes de Natal. Apesar de não trazer nada de tão novo para o terceiro filme, fica impossível dizer que a produção não acertou em cheio em mostrar exatamente aquilo que o público quer ver.

    Os filmes natalinos já fazem parte da tradição de fim de ano de milhares de pessoas, e são as coisas clichês e previsíveis que tornam tudo ainda mais agradável. Não é justo exigir uma grande produção com um roteiro excelente de um filme que tá na cara que é pra ser um “confort filme”. Roteiros complexos e cheios de detalhes foram toda a magia do filme clichê e cheio de romance e leveza, que é o que todos precisamos.

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    A Princesa e a Plebeia : As Vilãs Também Amam | Netflix

    Apesar de não ser tão ruim, o filme infelizmente deixa uma abertura para que um quarto seja produzido. Acredito que insistir numa história que, aparentemente, já teve o seu fim e onde não há a mínima necessidade de criação de uma continuação, é um péssimo erro. Fica aqui a minha torcida para que “As Vilãs Também Amam” seja de fato o fim.

    Por fim, A Princesa e a Plebeia: As Vilãs Também Amam cumpre – e muito bem- o seu papel de clichezão natalino. É divertido, colorido, fácil de ser assistido é interpretado, tudo o que queremos para um filme de fim de ano, vale a pena juntar a galera e se divertir.

    A Princesa e a Plebeia: As Vilãs Também Amam já está disponível na Netflix.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Ghostbusters: Mais Além – Uma mistura diversão e nostalgia

    Crítica | Ghostbusters: Mais Além – Uma mistura diversão e nostalgia

    A sequência do filme de 1984 traz elementos que relembram o longa original, sem perder seu brilho. 

    “Ghostbusters: Mais Além” é capaz de deixar os corações dos fãs do filme original quentinhos. A quantidade de easter eggs e referências ao longa da década de 80 trouxeram a nostalgia necessária para a sequência feita quase 40 anos depois. Mas não apenas os elementos saudosos fizeram parte do filme, o elenco jovem soube se portar muito bem diante das câmeras, criando personagens bem humorados e carismáticos. Por isso, não é difícil se apegar às crianças, e até mesmo aos adultos, que estão presentes na nova obra. 

    Mas não é à toa que o filme é tão nostálgico, a direção ficou a cargo de Jason Reitman, filho de Ivan Reitman, diretor do primeiro longa, que também esteve presente como produtor na sequência. Jason ainda afirma que seu pai o ajudou em, praticamente, todas as decisões tomadas na nova produção.

    ghostbusters: mais além
    Foto: Divulgação

    Ghostbusters: Mais Além | Nova história 

    A sequência acompanha uma nova família, com uma mãe solteira, Callie (Carrie Coon) e seus dois filhos, Trevor e Phoebe (Finn Wolfhard e McKenna Grace), que estão enfrentando vários problemas financeiros. Após a morte do pai de Callie, todos se mudam para Summerville, pequena cidade no interior dos Estados Unidos, para arcar com as despesas deixadas pelo falecido. Os garotos, então, descobrem que têm um vínculo com os Caça-Fantasmas originais, já que seu avô era Egon Spengler (Harold Ramis). Nesse meio tempo, a cidade começa a sofrer com abalos sísmicos misteriosos. Os jovens, então, se juntam para desvendar esses mistérios. 

    ghostbusters afterlife nova foto
    Imagem de Ghosbusters: Mais Além divulgada pela revista Empire

    A atenção especial vai para a dupla de irmãos formada por Finn Wolfhard e McKenna Grace, que se destacam na atuação e conseguem cativar o público de forma divertida e inteligente. Mas vale ressaltar também que todos atuam bem e tem seu carisma. Outro personagem que cativa o público é Podcast, feito pelo jovem Logan Kim. Muito divertido, ele foi uma boa surpresa na trama.

    Sem correr o risco de qualquer spoiler, é possível dizer que “Ghostbusters: Mais Além” é uma sequência que, em momento algum, desrespeitou o clássico. Pelo contrário, o filme faz uma série de referências bem planejadas e agrada os fãs dos primeiros caça-fantasmas, levando um ótimo gosto de nostalgia e diversão. O longa também pode ser ainda uma novidade muito agradável para o público mais jovem que não pegou a época dos primeiros caça-fantasmas. 

    Dica: fique até o final da sessão para garantir a experiência completa. 

    Nota: 4/5

    Confira o trailer:

  • Crítica | O Bom Velhinho Voltou

    Crítica | O Bom Velhinho Voltou

    Continuando as estreias natalinas da Netflix, O Bom Velhinho Voltou é uma grande decepção pra quem espera filmes com o espírito de Natal

    Os filmes natalinos da Netflix, até agora, estavam indo super bem, mas O Bom Velhinho Voltou decepciona ao ser creditado como um filme de Natal. A fotografia familiar não é nem um pouco reconfortante, já que seus conflitos são superficiais, assim como a sua história. 

    O Bom Velhinho Voltou conta a história de quatro irmãs (Nathalie Cox, Elizabeth Hurley, Talulah Riley e  Naomi Frederick) que se reúnem para passar o Natal em uma mansão na Inglaterra. E são pegar de surpresa quando seu pai (Kelsey Grammer)reaparece após anos sem dar notícias. Juntas, elas devem aprender a lidar com as diferenças, trazendo harmonia para as reuniões familiares e as datas comemorativas.

    Apesar de estar na lista de filmes de Natal, a produção não tem nada de espírito natalino. A comédia tem cenas extremamente forçadas, assim como seus times de humor fora de hora, com cenas que quase nos fazem desistir de assistir o filme por completo. Além da comédia, o filme força um drama em cima da figura paterna, que não funciona em nenhum momento. Só serve pra deixar a história ainda mais longa e cansativa de acompanhar, o que surpreende se levarmos em conta o elenco escalado. 

    O Bom Velhinho Voltou
    O Bom Velhinho Voltou | Netflix

    O Bom Velhinho Voltou, apesar do nome, não tem absolutamente nada a ver com o Papai Noel, e isso é algo importante para comentar, já que depois de uma hora de filme, a dúvida sobre a aparição do pai e a principal figura do Natal é persistente. 

    O filme é superficial em todos os sentidos, difícil de assistir e insuportável de acompanhar. A única coisa que salva são os raros momentos em que sentimos o Natal, tirando isso, não vale a pena perder quase duas horas para acompanhar a história desta família.

    Por fim, O Bom Velhinho Voltou é uma grande decepção, não deveria ser listado como filme natalino, e serve como um ótimo exemplo de como fazer com que atores renomados fiquem tão pequenos em uma obra tão insignificante.

    O Bom Velhinho já está disponível na Netflix.

    Nota: 1,5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Querido Evan Hansen – Exaustivo e irregular

    Crítica | Querido Evan Hansen – Exaustivo e irregular

    A adaptação do musical não encontrou um bom espaço nas telas de cinema, se confirmando como uma produção previsível.

    Tratar de temas como ansiedade, depressão, fobia social, é algo importante, e pouco executado, no cinema, principalmente nas produções de Hollywood. “Querido Evan Hansen” traz essa discussão à tona tanto no musical original, quanto na adaptação para as telas. Mas ainda mais importante que debater sobre saúde mental, é fazer o debate de maneira correta e eficiente. 

    “Querido Evan Hansen” toca em alguns pontos relevantes, mas não se aprofunda, além de deixar uma imagem um tanto duvidosa sobre pessoas que lutam contra a ansiedade. 

    querido Evan Hansen
    Querido Evan Hansen | Universal Pictures

    O filme acompanha a história do garoto Evan Hansen (Ben Patt), que sofre com ansiedade e depressão. O jovem não tem muitos amigos, nem uma vida social agitada. Ele é aconselhado por seu terapeuta a escrever cartas direcionadas a si mesmo como forma de se motivar a viver melhor a cada dia. Contudo, umas de suas cartas vai parar nas mãos de Connor (Colton Ryan), o adolescente problemático, que acaba por se matar logo no começo do longa. Os pais do jovem, então, encontram a carta de Evan e acreditam ser um bilhete de despedida de Connor para seu amigo secreto. Os garotos mal se falavam e não se conheciam direito, mas Evan acaba indo na onda da história e consegue vantagens com isto. Após se declarar grande amigo do falecido rapaz, ele consegue se tornar popular e ainda conquista a irmã de Connor, Zoe (Kaitlyn Dever), menina que já tinha interesse desde o começo da história.

    Mas o desenrolar do longa, dirigido por Stephen Chbosky, se torna algo monótono e previsível, não é difícil entender o que está por vir. Por isso, a história fica um tanto exaustiva, muito pelos longos 137 minutos que se arrastam na tela. O filme seria menos maçante se fosse menor, pois a história que é contada não precisa de muito tempo para ser explicada ou desenvolvida.

    querido Evan Hansen
    Querido Evan Hansen | Universal Pictures

    Os personagens não são explorados, por isso, não conseguimos entender quais problemas e lutas internas eles realmente têm. Grande parte da trama está focada na morte de Connor, mas não sabemos o que se passava com ele, não temos quase nenhuma informação sobre os motivos de ele agir da maneira que agia ou o por quê ele tirou a própria vida. É quase impossível sentir empatia ou carisma por qualquer um no filme, pois não nenhum deles é bem construído ou elaborado. Evan é o que mais conta sua vida, suas crises, mas ainda assim não se desenvolve inteiramente bem. Ainda existe o fato de uma escolha infeliz do ator Ben Platt, que não esconde que não é mais um garoto de 17 anos e sim um adulto feito. Embora o artista tenha ido muito no musical no teatro, e tenha uma voz espetacular, pode não ter sido uma boa opção para o cinema. Amy Adams e Juliane Moore engrossam o elenco, mas também não conseguem trazer brilho à trama. Adams, pelo contrário, ficou apagada durante o enredo, com um papel maçante.

    No fim, “Querido Evan Hansen” se mostrou previsível e exaustivo, com uma trama e personagens pouco trabalhados. O telespectador dificilmente vai se sentir envolvido pelo filme.

    Nota 2/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Um Match Surpresa

    Crítica | Um Match Surpresa

    Um Match Surpresa chega no catálogo da Netflix para ingressar na lista de lançamentos natalinos da plataforma, com uma boa comédia romântica

    Romances na época de Natal, quem é que não gosta? É fato que os filmes natalinos deixam a gente ainda mais sensível, dependendo do tema que é abordado, mas as comédias românticas natalinas são o que realmente ganham o coração do público, mesmo que tenha uma história que está sendo repetida (pela milésima vez). E é assim também com Um Match Surpresa que, apesar de dar aquela sensação de deja vu, também é uma ótima forma de terminar a noite.

    Um Match Surpresa apresenta a história de Natalie (Nina Dobrev), uma jovem que mora em Los Angeles e usa as histórias dos seus encontros mal sucedidos para escrever uma coluna em um site. Cansada de não encontrar a sua cara metade, ela decide dar uma última chance para o aplicativo de relacionamentos, e acaba conhecendo o Josh, um jovem que mora basicamente do outro lado do país e acaba se apaixonando. Decidida a surpreendê-lo no Natal, Natalie acaba indo ao encontro do homem perfeito, o que ela não esperava é que tudo aquilo não passava de um Catfish (nome dado para pessoas fakes).

    Um Match Surpresa

    Josh (Jimmy O. Yang) na verdade era uma pessoa completamente diferente daquela mostrada no aplicativo, ele na verdade vivia no porão de seus pais e era conhecido como o “fracassado da turma”. Mas o que Natalie não desconfiava era que a sua paixão verdadeira também morava na cidade, então Natalie e Josh fazem um acordo : ela finge ser a namorada dele até o Natal e em troca, Josh ajuda Natalia a conquistar Tag (Darren Barnet), o verdadeiro dono das fotos.

    Num primeiro momento, é extremamente justificável a raiva da Natalie ao descobrir que seu verdadeiro amor na verdade é uma pessoa completamente diferente, mas conforme ela vai vendo que a diferença na verdade é só na questão física, tudo começa a se organizar e a história vai tomando um rumo completamente diferente.

    Apesar da ideia de Catfish ser equivocada e extremamente perigosa quando tratada na vida real, acredito que não seja um ponto que vá influenciar na produção, já que o filme é sim bastante divertido, o típico que precisamos assistir nas festas de final de ano. É aquele tipo de filme que não devemos cobrar extrema qualidade na história, se ela te deixa confortável de alguma maneira.

    Um Match Surpresa

    Pra mim, talvez seja esse o intuito dessas comédias românticas natalinas, fazer uma história clichê virar algo fácil de assistir, só por ter o Natal como tema, e é isso que Um Match Supresa é, um filme confortável, que dá pra assistir com a família e que vale a pena separar pra sessão de final de noite.

    Claro que existem alguns furos no roteiro, o filme não é nenhuma obra cinematográfica de Hollywood mas, novamente, não dá pra cobrar muito e nem devemos fazer isso. Por fim, Um Match Surpresa entra gloriosamente para a lista de filmes clichês natalinos da Netflix, que é confortável, divertido e que vale a pena deixar o senso crítico de lado.

    Um Match Surpresa já está disponível na Netflix.

    Nota: 3,5/5

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  • Crítica | A Família Noel

    Crítica | A Família Noel

    A Família Noel abre o catálogo de filmes natalinos deste ano da Netflix com uma história clichê e ao mesmo tempo cheia de espírito de Natal.

    Quem aqui também adora um clichêzão Natalino ? Filmes com este tema e voltados para a família são sempre a melhor opção para fechar o ano de um jeito bem leve. E nesta segunda-feira feira (1) estreou A Família Noel, filme holandês que promete trazer conforto na já conhecida história do Natal.

    A Família Noel conta a história de Jules (Mo Bakker), um jovem que odeia o Natal e tudo relacionado a época pelo fato de ter perdido o seu pai em um acidente, na véspera do Natal. Por conta do acidente, sua mãe(Bracha van Doesburgh) decide se mudar para a Bélgica com ele e sua irmã, Nora, para ficar perto de seu sogro e cuidar dele, já que ele já está bem velhinho.

    A Família Noel
    A Família Noel | Netflix

    O que Jules não esperava é que seu avô é ninguém menos do que o próprio Papai Noel (Jan Decleir), e que em breve o cargo de bom velhinho será dele. Durante a história, a má postura de Jules vem se desfazendo, e toda a sua adolescência carrancuda acaba dando lugar para um jovem que acaba conhecendo o verdadeiro significado do Natal e o quão importante ele é para a sua família.

    Apesar de todo o clichê da história que já foi contata em Hollywood diversas vezes, A Família Noel, produção da Netflix, trouxe algo a mais para a versão. É impossível não se emocionar nenhuma vez durante o filme, principalmente pela forma como certas situações são abordadas.

    A Família Noel
    A Família Noel | Netflix

    A superação da perda de um ente querido e considerado essencial para o “bom funcionamento de uma casa” é de fato o toque mais importante desta produção, que foi dirigida por Matthias Temmermans, que também buscou acrescentar a força feminina da figura materna.

    A Família Noel não foge nem um pouco dos já lançados filmes natalinos, mas o que o torna especial para quem assiste é a delicadeza de sua produção e a boa atuação de todos os atores. É emocionante, e vale super a pena.

    A Família Noel já está disponível na Netflix.

    Nota : 3/5

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  • Crítica | Eternos – A fórmula Marvel em segundo plano

    Crítica | Eternos – A fórmula Marvel em segundo plano

    Eternos chega aos cinemas no próximo dia 4 (de novembro) trazendo uma ótima apresentação de seus personagens em um filme que desenvolve a equipe tão bem quanto o trabalho feito com os Vingadores lá em 2012.

    Sinopse: ETERNOS da Marvel Studios acompanham um grupo de heróis de alienígenas que protegem a Terra desde o início da humanidade. Quando criaturas monstruosas chamadas de Deviantes, que pensavam há muito ter sumido da história, retornam misteriosamente, os Eternos são forçados a se reunir para defender, novamente, a humanidade.

    Crítica | Eternos - A fórmula Marvel em segundo plano
    Eternos | Marvel Studios

    A produção dirigida pela diretora vencedora do Oscar, Chloé Zhao, traz uma das mais belas fotografias de todo o Universo Cinematográfico da Marvel. Além de uma filmagem espetacular que exalta as belezas visuais do longa, a cineasta também consegue captar bem a essência de seus personagens em shots que adentram no mais íntimo de cada um gerando um sentimento de empatia com o público, e grande parte disso vem das ótimas atuações e do entrosamento do elenco que é pura química.

    Clhoé Zhao não se desprende de seu estilo para dirigir mesmo em um longa de super-heróis e faz um trabalho honesto no comando da produção. A forma como ela consegue passear com sua câmera em filmagens limpas e intimistas dão sentimentos múltiplos às cenas e transformam tudo em uma coisa mais orgânico. A cenografia que se aproveita bastante de fundos reais colaboram em perfeita sintonia com o trabalho de Zhao na naturalidade do que se passa em tela.

    Crítica | Eternos - A fórmula Marvel em segundo plano
    Richard Madden e Clhoé Zhao nos bastidores de Eternos | Marvel Studios

    O elenco também não deixa a desejar. Apesar de alguns personagens serem mais aproveitados do que outros – o que é normal pela quantidade de protagonistas – a química entre eles transpassam a tela e dão mais camadas à história. Os destaques ficam para Ikaris, Sersi, Kingo e Sprite que geralmente fazem parte dos momentos mais marcantes do filme. Já os outros, apesar de não serem destaques também tem seus momentos e cativam o público com suas tramas paralelas e ótimas interpretações; dois casos são a Thena, personagem de Angelina Jolie, que embarca em uma subtrama interessante e Druig, personagem de Barry Keoghan, que entrega ótimos conflitos.

    A trama de Eternos traz um estilo de narrativa que pode não agradar tanto o público, mas de forma geral é bem montada para apresentar todos os seus personagens – que são muitos. A escolha em contar a história da forma como está no filme traz ao espectador o máximo de empatia pelos heróis e um misto de sensações que mudam constantemente com os plots incorporados durante cada flashback que se ligam aos acontecimentos dos dias atuais.

    A forma como os Eternos são humanizados com o passar dos anos em que estiveram na terra faz parte de uma evolução muito bem desenvolvida.

    Crítica | Eternos - A fórmula Marvel em segundo plano
    Eternos | Marvel Studios

    O Longa tem seus pontos negativos, como algumas cenas dispensáveis como flashbacks desnecessários que compõem cenas específicas onde apenas o momento atual basta pra explicar todo o contexto do que está acontecendo, assim como alguns outros pequenos problemas no roteiro que trabalha algumas relações de maneira não tão bem assim como a relação de Ikaris e Sprite – que não vou adentrar para não dar spoilers.

    As reviravoltas de Eternos são bem aplicadas e desenvolvidas, e muitas delas despertam algum sentimento no espectador, seja de amor e ódio, ou simplesmente os dois. O desenvolvimentos dos conflitos e das descobertas despertam dúvidas em quem assiste o filme e diversas incertezas sobre gostar os não de certos personagens.

    Eternos não é perfeito, mas pelo menos traz novos ares para o Universo Cinematográfico Marvel ao deixar a sua famosa “fórmula” em segundo plano – apesar dela ainda estar lá – para ser muito mais além do que só um filme de super-heróis e transmitir sua mensagem. Depois de 13 anos vendo mais do mesmo, para o bom ou para o mau, Eternos sai da curva e entrega seu máximo.

    Nota: 4/5

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  • Crítica | A Família Addams 2: Pé na Estrada

    Crítica | A Família Addams 2: Pé na Estrada

    A Família Addams 2: Pé na Estrada entrega um filme intimista e que se aprofunda ainda mais na história de seus personagens.

    Sinopse: Neste filme totalmente novo, encontramos Morticia e Gomez perturbados porque seus filhos estão crescendo, faltando em jantares de família e totalmente consumidos pela “hora dos gritos”. Para recuperar o vínculo, eles decidem enfiar Wandinha, Feioso, Tio Chico e a equipe em seu trailer mal-assombrado e pegar a estrada para as últimas férias familiares miseráveis. Sua aventura pela América os tira de sua zona de conforto e os colocam em confrontos hilariantes com seu primo icônico, It, bem como muitos novos personagens excêntricos. O que poderia dar errado?

    Crítica | A Família Addams 2: Pé na Estrada
    A Família Addams 2: Pé na Estrada | Universal Pictures

    A Família Addams 2: Pé na Estrada expande ainda mais a história da família mais bizarra do cinema. O longa decide apostar em uma narrativa da personagem mais carismática dentre todos os Addams, a Wandinha. Se no primeiro filme temos um foco bem distribuído para apresentar os personagens, “Pé na Estrada” decide direcionar sua trama e isso traz uma infinidade de possibilidades, podendo garantir a longevidade da franquia.

    Apesar do foco em Wandinha, o tempo dos personagens são bem distribuídos na medida do possível e personagens secundários como Tio Chico, Tropeço e Primo Coisa também tem seus momentos de destaque.

    Crítica | A Família Addams 2: Pé na Estrada
    A Família Addams 2: Pé na Estrada | Universal Pictures

    O longa consegue entregar muita diversão, risadas e momentos de ternura que tornam a experiência do espectador muito satisfatória. A utilização de recursos de animação tornam A Família Addams 2: Pé na Estrada muito mais dinâmica, já deixando claro desde o primeiro filme que a história dessa família funciona tão bem nesse tipo de produção que pode suprir a falta de uma adaptação live action.

    A Família Addams sempre foi uma obra que rende muitas histórias, tanto dentro de seu núcleo quando no mundo exterior, e ao tratar cada membro da árvore genealógica pode garantir que cada produção possa focar em um personagem diferente, obviamente que mantendo a mesma qualidade dos dois primeiros filmes.

    O trabalho feito na animação do longa é de primeira. Nesse segundo filme há uma notável melhoria nos recursos utilizados para dar vida e movimento aos personagens, assim como a fotografia, que consegue trazer algumas cenas de paisagens bem bonitas.

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    A Família Addams 2: Pé na Estrada | Universal Pictures

    O tom cômico de “Pé na Estrada” é certeiro, trazendo uma mistura perfeita de piadas irônicas, com duplo sentido e tiradas inteligentes e maliciosas, principalmente as que saem da Wandinha, que domina o filme com seus diálogos. A trama é batida e o espectador já consegue prever facilmente o final do filme logo nos primeiros 15 minutos de exibição, mas o “andar” do filme compensa ao se mostrar como algo para apenas descontrair.

    A Família Addams 2: Pé na Estrada se mostra eficiente em tudo que se propõe, trazendo leveza para a história dos Addams, mas também abrindo as novas possibilidades sem perder sua essência e deixar de lado seu humor sombrio.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Ron Bugado – Uma mensagem necessária no momento certo

    Crítica | Ron Bugado – Uma mensagem necessária no momento certo

    Sinopse: Ron Bugado conta a história do jovem Barney, um menino de onze anos que tem dificuldade de fazer novos amigos, e seu companheiro Ron, uma inteligência artificial de alta tecnologia que anda, fala e é o “melhor amigo fora da caixa” de Barney. Mas quando Ron começa a ter seu funcionamento comprometido, os dois saem em uma aventura repleta de ação, onde a amizade entre os dois se mostra verdadeira.

    Crítica | Ron Bugado - Uma mensagem necessária no momento certo
    Ron Bugado | 20th Century Studios

    Com o aumento crescente da cultura pop os grandes estúdios repensaram o modo como produzir seus filmes e séries. A maioria deles estão dispostos a fazer coisas que fogem de um único gênero ou algo que se destine a apenas um público específico. Há muito tempo que as animações já deixaram de ser algo exclusivo do público infantil e muitas atraem o público adulto que consome esse tipo de conteúdo e adentram as salas de cinema sem acompanhar nenhuma criança.

    Animações como Toy Stoy e diversas outras animações da Disney, assim como de outros estúdios como Minions e Meu Malvado Favorito, passam mensagens que dificilmente uma criança vai entender, além de easter eggs e piadinhas com duplo sentido. Ron Bugado é uma dessas animações que se apropria de ambas as linguagem para conversar com todos os públicos, passando uma mensagem para os mais novos e os mais velhos e uma crítica central pra lá de necessária em plena era tecnológica.

    Crítica | Ron Bugado - Uma mensagem necessária no momento certo
    Ron Bugado | 20th Century Studios

    Ron Bugado aproveita o momento certo para abordar como as nossas crianças lidam com o contato humano mediante a crescente demanda dos aparelhos ultra tecnológicos que determinam o grau de sociabilidade e a sua aceitação em meio aos seus “semelhantes”. No longa Barney se vê deslocado por ser o único jovem de sua escola, de seu bairro e quase do mundo, que não tem o aparelho do momento, o B-Bot, um sistema androide criado para ser o novo amigo de seu usuário.

    Ainda com costumes quase que pré-tecnológicos, Barney não consegue se socializar porque não consegue achar pessoas que tenham os mesmos hobbies que os seus, como por exemplo colecionar pedras, e quando acha não consegue construir uma relação porque isso não foi oficializado por um algoritmo dos robôs, já que ele não tem um (uma espécie de match). Durante o aniversário do jovem, o pai de Barney percebe a tristeza do filho pela exclusão social e decide lhe dar seu próprio androide amigo, porém com defeito.

    A partir daí a trama se desenrola e podemos notar que Ron Bugado vai muito mais além de um filme simplório.

    Crítica | Ron Bugado - Uma mensagem necessária no momento certo
    Ron Bugado | 20th Century Studios

    A crítica central de Ron Bugado mostra como a tecnologia está afetando a socialização de nossas crianças. Em pleno século 21 onde as crianças sentem a necessidade de estarem conectadas à internet o contato humano tem ficado cada vez mais raro. A ideia de brincar na rua e conhecer pessoas novas de forma natural já está quase extinta. Obviamente, uma pandemia também ajuda muito em manter essa nova realidade. Um período onde as pessoas devem manter distância umas das outras só incentiva ainda mais o vício pela tecnologia, nos obrigando a passar o dia arrastando o dedo indicador para cima e para os lados em uma pequena tela.

    O longa também aborda a verdade sobre as vidas de usuários das tão famosas redes sociais, que já se tornou algo tão obrigatório quando ter uma certidão de nascimento, RG ou CPF. Ron Bugado também reflete muito do público adulto, que usa a internet para mostrar apenas um lado da moeda, na qual só existe a perfeição e felicidade, inspirando muitas pessoas a serem o que realmente não são, apenas para agradar a sociedade.

    Crítica | Ron Bugado - Uma mensagem necessária no momento certo
    Ron Bugado | 20th Century Studios

    As emoções de Barney transpassam a tela e fazem com que o espectador, de certo modo, se identifique com ao menos um de seus problemas, assim como os outros personagens secundários do filme. Mas, de fato, quem traz os momentos mais incisivos para o toque de realidade e como as coisas saíram do controle é o pequeno androide Ron, que se destaca com suas piadas fofas mas que no fundo trazem as respostas que muitos precisam. A relação de Ron com Barney proporciona ao espectador momentos emocionantes de uma amizade verdadeira nada convencional que inspira os outros personagens a uma revolução ao final do filme, que parece clichê (e de fato é), mas que ainda sim, não deixa de ser necessária.

    Mas nem tudo são flores nessa conclusão, falando da parte técnica, o roteiro leva a trama para um encerramento que foge da lógica proposta. Mesmo que seja uma animação e nem tudo precise fazer sentido, os roteiristas decidem levar o fim da narrativa para o lado mais fácil deixando os erros muito mais evidentes.

    No fim, Ron Bugado se faz valer muito mais pela mensagem do que pela técnica, porém está longe de ser um filme ruim nesse quesito. É um ótimo divertimento visual, que promete agradar as crianças, mas também vai agradar o público adulto pela escolha de tema abordado na produção.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Duna – Um grande épico em um ano razoável

    Crítica | Duna – Um grande épico em um ano razoável

    Com a retomada dos cinemas em meio a uma pandemia, estreias sem muito peso e outras decepcionantes, Duna se consagra como o grande épico de 2021, com grandes chances de deixar filmes com maior apelo popular para trás nas bilheterias.

    Sinopse: O cineasta indicado ao Oscar, Denis Villeneuve (“A Chegada”, “Blade Runner 2049”), dirige Duna, adaptação para o cinema do best-seller seminal de Frank Herbert, uma produção da Warner Bros. Pictures e Legendary Pictures.

    Uma jornada do herói mítica e emocional, Duna conta a história de Paul Atreides, jovem talentoso e brilhante que nasceu com um destino grandioso, para além até da sua própria compreensão, e precisa viajar ao planeta mais perigoso do universo para garantir o futuro de sua família e de seu povo. Enquanto forças malévolas levam à acirrada disputa pelo controle exclusivo do fornecimento do recurso mais precioso existente no planeta – capaz de liberar o maior potencial da humanidade, apenas aqueles que conseguem vencer seu medo vão sobreviver.

    Crítica | Duna - Um grande épico em um ano morno
    Duna | Warner Bros. Pictures

    Já de antemão gostaria de deixar avisado aos leitores dessa crítica que a opinião a respeito desse filme é de um espectador que não teve nenhum contato com qualquer material de Duna em outras mídias, tanto os livros, quanto o filme de 1984 dirigido pelo cineasta David Lynch, com entendimento apenas da premissa básica da obra. A intenção dessa crítica é apenas direcionar a opinião ao filme como uma produção isolada.

    Sem mais delongas, Duna se mostra a produção mais épica e grandiosa do ano prometendo agradar o grande público (que assim como eu) não teve qualquer contato com qualquer outro material, seja livro ou filme. A escolha de Denis Villeneuve em transformar o longa em algo “mais pop” (de acordo com palavras do próprio diretor) abrange a obra para um nicho que nunca se ‘preocupou em buscar outras fontes de Duna, e a partir dessa produção correr atrás. É simplesmente genial. A própria escalação de elenco já era um indício disso, exatamente pelas preferências por atores que estão em alta no cenário da cultura pop.

    A ideia de abranger a produção também para um público mais juvenil pode ter sido uma pressão dos próprios estúdios que co-produzem o longa (Warner Bros. e Legendary), mas todo o mérito, com certeza, é de Villeneuve e os co-redatores Jon Spaihts e Eric Roth pela belíssima execução de metamorfosear Duna sem tirar sua identidade.

    Crítica | Duna - Um grande épico em um ano morno
    Denis Villeneuve e Timothée Chalamet nos bastidores de Duna | Warner Bros. Pictures

    Sobre a escolha de elenco, “impecável” seria uma palavra um tanto quanto simplória para expressar o trabalho magnífico feito pela equipe artística; cada um teve seu momento, mas ainda sim todos souberam aproveitar muito bem. O destaque fica para os membros da casa Atreides. com foco óbvio em Timothée Chalamet quem brilha levando o filme em suas costas, o que não poderia ser diferente. Apesar do jovem ator se sobressair, ele não ofusca aqueles que estão a sua volta. Oscar Isaac consegue transpor toda a imponência de seu personagem, enquanto Rebecca Ferguson consegue destrinchar cada camada de sua personagem atraindo a empatia do público.

    Do outro lado da trama, temos o impecável Stellan Skarsgård que traz um dos melhores papéis de sua carreira, com um vilão que lhe cai super bem, apesar do pouco tempo de tela. Ainda nos destaques está Zendaya que mesmo com pouco tempo de tela consegue gerar uma grande expectativa para o futuro de sua personagem. O papel da atriz nessa primeira parte de Duna pode gerar uma grande controvérsia por parte do público por conta da sua pequena (minúscula) participação.

    O único ponto que deixa a desejar nesse quesito, mas que também não chega a ser nada negativo, são alguns personagens esquecidos no churrasco e alguns que não se diferenciam muito de outros trabalhos dos seus interpretes. Jason Momoa continua interpretando praticamente o mesmo personagem, assim como Josh Brolin. Já o personagem de Dave Bautista chama mais atenção por ter sido deixado de lado, mas seus poucos momentos deixam um gosto de quero mais.

    Crítica | Duna - Um grande épico em um ano morno
    Duna | Warner Bros. Pictures

    A construção de mundo de Villeneuve e seus roteiristas transformam Duna em uma produção atrativa pelos inúmeros detalhes minuciosamente trabalhados, que vão desde seus personagens até as linguagens. As partes técnicas da produção também não deixa nada a desejar e refinam a produção para algo muito além do visual, mas também dá sentimento.

    Com uma equipe de dar inveja a qualquer produção, o longa conta com grandes nomes vencedores de Oscar e indicados. A equipe de fotografia e efeitos visuais dão grandeza aos cenários que compõem Duna, enquanto o trabalho de figurino e cenografia detalham e nos situam do que poderia facilmente ser confuso, como por exemplo dar identidade a cada casa e família.

    Porém, o maior destaque fica por conta da grandiosa trilha sonora composta pelo veterano Hans Zimmer, que entrega em Duna um de seus trabalhos mais memoráveis. Visceral e penetrante, a trilha de Zimmer causa um misto de sentimentos ao espectador por potencializar e dar mais intensidade a tudo que está acontecendo em tela.

    Crítica | Duna - Um grande épico em um ano morno
    Duna | Warner Bros. Pictures

    Duna ganha com folga o título de filme mais épico de 2021 e tem tudo para ser uma das estreias desse ano que mais será lembrado nas premiações que compõem a temporada 2021/22. A paciência de Villeneuve em contar sua própria história sem pressa é alo extremamente positiva. Duna tem uma trama muito detalhista que requer calma para ser contada para que tudo seja devidamente explicado e que sua obra chegue à perfeição ou o mais próximo disso futuramente.

    Cativante, emotivo e muito bem executado, Duna se consagra como uma das melhores estreias dessa retomada dos cinemas e merece muito reconhecimento. A “popularização” do longa não afeta a sua origem, mas abre as portas para a nova geração expandindo a grandiosidade e instigando todos a entrar nesse universo fantástico, sem nenhum tipo de “exclusão intelectual”.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Amarração do Amor – Diferentes na religião, iguais na confusão!

    Crítica | Amarração do Amor – Diferentes na religião, iguais na confusão!

    O investimento do cinema brasileiro no gênero comédia tem gerado títulos marcantes, que conquistaram admiradores com o passar dos anos. Uma espiada no ontem e podemos ver exemplos como O Auto da Compadecida, Minha Mãe é Uma Peça, Se eu Fosse Você; entre outros. O novo integrante dessa safra é o longa-metragem Amarração do Amor, com estreia marcada para 14 de outubro de 2021. Reunindo um elenco carismático, o roteiro explora o humor catalisado pelas divergências religiosas de duas famílias apegadas aos costumes. Dessa premissa, cria-se a história de amor através do par de protagonistas, e cabe aos coadjuvantes a missão de gerar gargalhadas.

    Existem diversos caminhos para se abordar um tema. Há diretores que botam o dedo na ferida, escancarando a temática de forma visceral, ou aqueles que preferem a abordagem mais leve. Claro que por se tratar de uma comédia, a diretora Caroline Fioratti se enquadra no segundo grupo; visto que sua mensagem sobre intolerância religiosa em Amarração do Amor é discreta, mas efetiva. A cineasta entrega sue recado (dentro da proposta fílmica), apropriando-se do carisma dos atores para discursar sobre o bom e velho respeito às diferenças.

    Crítica | Amarração do Amor - Diferentes na religião, iguais na confusão!
    Amarração do Amor / Paris Filmes / Migdal Filmes

    Sobre Amarração do Amor:

    Bebel e Lucas só querem um casamento simples, mas as diferenças entre suas famílias faz tudo parecer difícil. Os pais de Lucas são mãe e pai de santo de um terreiro de umbanda, enquanto os pais de Bebel são de uma tradicional família judaica.

    O clichê mais famoso, que blinda as histórias românticas, se resume a quatro palavras: “Estava escrito nas estrelas”. Não é de hoje que os casais da Sétima Arte se conhecem devido a uma estranha coincidência. Logo, aqueles que creem nisso atribuem tais “encontros e desencontros” as engrenagens do acaso. Na primeira cena de Amarração do Amor presenciamos o Sr. Destino trabalhando ou será a Sra. Casualidade? A resposta ficará por conta do espectador.

    O objetivo de Caroline Fioratti é claro! Ela visa mostrar as semelhanças a partir das diferenças. Sondando o comportamento religioso, sua direção utiliza cenas paralelas que criam conexões entre os personagens. A fé, os ritos, os sonhos e os anseios; todos esses aspectos mostram pontos em comum que existem entre a família do noivo e da noiva.

    Crítica | Amarração do Amor - Diferentes na religião, iguais na confusão!
    Amarração do Amor / Paris Filmes / Migdal Filmes

    Em alguns momentos, Fioratti trilha caminhos desgastados. São estradas que o público já viu inúmeras vezes, em diversas histórias, mas apesar disso, a narrativa serve ao público boas homenagens, piadas e um toque de conscientização (de modo a desfazer as cegueiras causadas pela intolerância religiosa). Com isso, fica claro que os responsáveis por criarem empecilhos no casamento são seres abstratos: a Ignorância e a Falta de Comunicação. Por mais que um ou outro coadjuvante sirva de canal para esses dois seres, nota-se que os dois lados da moeda carecem de compreensão. Cabe ao amor familiar, a tarefa de consertar os desentendimentos.

    A dupla Samya Pascotto (Bebel) e Bruno Suzano (Lucas) mostram química na primeira troca de olhares, convencendo como os pombinhos apaixonados. Pascotto cria uma protagonista que se equilibra com maestria nas extremidades do roteiro, ora entregando um lado mais dramático, ora abraçando o lado cômico. Já Suzano é o carisma em pessoa, usando a melhor definição de “caras e bocas” nos momentos desconfortáveis atrelados ao seu personagem.

    Crítica | Amarração do Amor - Diferentes na religião, iguais na confusão!
    Amarração do Amor / Paris Filmes / Migdal Filmes

    O grande destaque em Amarração do Amor, contudo, está na tríade Ary França, Cacau Protásio e Malu Valle. Protásio e França são os intérpretes de Regina e Samuel, mãe do noivo e pai da noiva, respectivamente. Em pé de guerra, eles injetam humor no filme, protagonizando as melhores cenas. Já Malu Valle se diverte numa personagem que brinca com os diálogos para subverter as expectativas.

    O elenco de apoio, Carla Daniel, Lorena Comparato, Bel Kutner e a veterana Berta Loran estão ótimos; mesmo que a duração em tela seja pequena, o roteiro mira os holofotes para que todos tenha um momento sob as luzes. Aqui abro parênteses para elogiar o ator Vinicius Wester; intérprete de Ilan, o irmão da noiva. Sua performance demostra sinceridade [e comicidade], entregando uma breve jornada sobre “quem sou eu?“.

    Em suma, Amarração do Amor segue a linha das comédias nacionais que divertem, usando um pano de fundo que toca em assuntos necessários. Abraçando a lente do bom-humor, a narrativa serve como um discurso brando, que endossa a coexistência de diferentes religiões em um âmbito familiar.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Seus Olhos Dizem.

  • Crítica | O Último Duelo

    Crítica | O Último Duelo

    Produção americana original da 20th Century Studios, “O Último Duelo” reúne Matt Damon, Adam Driver, Jodie Comer e Ben Affleck em um épico instigante ambientado durante a Guerra dos Cem Anos. Dirigido com maestria por Ridley Scott, o longa explora a misoginia do período medieval, enquanto critica o poder sistêmico dos homens e a fragilidade da justiça.

    O Último Duelo“, a emocionante história de traição e vingança sobre a brutalidade da França do século XIV, investe em uma narrativa dividida em três partes, que contam a versão de cada personagem do triângulo protagonista sobre o estupro de Marguerite de Carrouges. Com uma atmosfera inquietante e visceral, o drama cinematográfico explora a força e a coragem de uma mulher disposta a permanecer sozinha no serviço da verdade, à medida que mergulha o espectador em uma realidade caótica que desmantela a “honra” cavaleiresca e denuncia a perpetuação dos crimes contra mulheres.

    Baseado em eventos reais, o filme desvenda suposições antigas sobre o último duelo sancionado pela França entre Jean de Carrouges (Matt Damon) e Jacques Le Gris (Adam Driver), dois amigos que se tornaram rivais. Carrouges é um cavaleiro respeitado conhecido por sua bravura e habilidade no campo de batalha. Le Gris, por sua vez, é um escudeiro normando cuja inteligência e eloquência o tornaram um dos nobres mais admirados da corte. Quando a esposa de Carrouges, Marguerite (Jodie Comer), é violentamente atacada por Le Gris, ela se recusa a ficar em silêncio e avança para acusar seu agressor – um ato de bravura e desafio que coloca sua vida em perigo. No entanto, após Le Gris negar o testemunho de Marguerite, a Justiça da Corte decide por um julgamento em combate, colocando Jean e Jacques frente a frente em um duelo extenuante até a morte, que revelará a verdade de Deus sobre os fatos.

    O Último Duelo
    O Último Duelo/20th Century Studios

    O Último Duelo“, que surgiu de uma colaboração entre Ben Affleck e Matt Damon (co-roteiristas), é inicialmente empolgante e não demonstra medo em capturar a brutalidade e a barbárie do período. Nesse sentido, o visual do filme (desde a caracterização dos personagens até a construção dos cenários e os efeitos especiais) contribui para transportar o espectador até a França Medieval, fazendo com que o público sinta na pele o horror e a crueldade da história. Em meio ao caos, nada nos resta a não ser cultivar grande apreço por Marguerite, a personagem mais importante do filme e interpretada de forma brilhante por Jodie Comer, que entrega uma atuação densa e corajosa de uma mulher que sofre com abusos e injustiças. Por conseguinte, Matt Damon e Adam Driver completam a trinca competente de protagonistas, interpretando cavaleiros com nenhuma honra ou dignidade – apesar de os seus personagens agirem como se as tivessem.

    Até a metade do filme, o ritmo é muito bom e se desenvolve de forma natural. O caminho é bem pavimentado e a iminência do duelo entre Jean de Carrouges e Jacques Le Gris, que decidirá o futuro de Marguerite, é empolgante. No entanto, a narrativa trata de cansar o espectador. Ao ser dividido em três partes (cada parte relatando a versão dos fatos de Jean, Jacques e Marguerite, respectivamente), o filme torna-se repetitivo e bastante desordenado, oferecendo um ciclo exaustivo de diálogos e batalhas que já haviam sido mostradas. Até certo momento, a exaustão se torna um desejo árduo de que o filme chegue logo ao seu fim. Porém, é necessário pontuar que, quando Jean de Carrouges e Jacques Le Gris finalmente pisam na arena, a atmosfera do longa se transforma e presenciamos uma cena de batalha épica digna de Ridley Scott. A espera de 2 horas e 30 minutos vale a pena e somos presenteados com uma sequência que dificilmente será esquecida.

    O Último Duelo
    O Último Duelo/20th Century Studios

    Por fim, entre tantas qualidades e defeitos, “O Último Duelo” não é completamente eficiente em sua crítica à misoginia. Ao retratar um mundo no qual as mulheres são marginalizadas e destituídas de poder, o longa deveria dar mais espaço e voz à Marguerite, interpretada por Jodie Comer. Apesar da atuação brilhante, e de uma trama que depende inteiramente dela, a personagem fica “refém” de Matt e Adam, que batalham o filme inteiro pela própria dignidade. Além disso, o filme não apenas utiliza o estupro como um artifício para a trama, mas também faz com que o público tenha que assistir em looping o sofrimento de Marguerite, por diversas perspectivas. No final, a sensação que fica é de que a narrativa de Jodie serve apenas como um simples pano de fundo para um duelo machista entre dois cavaleiros indecentes.

    O Último Duelo já está em exibição nos cinemas.

    Nota: 3/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | A Lenda de Candyman

  • Crítica | Halloween Kills: O Terror Continua

    Crítica | Halloween Kills: O Terror Continua

    Halloween Kills: O Terror Continua expande seus horizontes mas acaba pecando em coisas bobas, dando os sinais de cansaço da franquia e a necessidade da sua finalização urgente.

    Sinopse: Minutos depois de Laurie Strode (Curtis), sua filha Karen (Judy Greer) e sua neta Allyson (Andi Matichak) deixarem o monstro mascarado Michael Myers enjaulado e queimando no porão de Laurie, Laurie é levada às pressas para o hospital com ferimentos graves, acreditando que ela finalmente matou seu torturador ao longo da vida.

    Mas quando Michael consegue se livrar da armadilha de Laurie, seu ritual de banho de sangue recomeça. Enquanto Laurie luta contra sua dor e se prepara para se defender dele, ela inspira todos em Haddonfield a se levantarem contra seu monstro imparável.

    As mulheres Strode se juntam a um grupo de outras sobreviventes da primeira violência de Michael, que decidem fazer justiça com as próprias mãos, formando uma multidão de vigilantes que começa a caçar Michael de uma vez por todas.

    O mal morre hoje

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    Halloween Kills: O Terror Continua | Universal Pictures

    Em 2018 tivemos o retorno de uma das maiores franquias do terror, se não a maior. Para comemorar os 40 anos do clássico Halloween: A Noite do Terror, a universal Pictures trouxe de volta os personagens criados por John Carpenter para os tempos atuais, dando uma nova ambientação para a história de Laurie e seu nêmesis, Michael Myers. O longa arrecadou um total de US$ 250 milhões em bilheteria mundial e se tornou um grande sucesso de critica e público. Logos após a boa recepção, foi confirmado que o longa abriria uma trama que seria seguida de mais dois filmes, sendo assim uma nova trilogia; Halloween Kills: O Terror Continua é o segundo e penúltimo filme.

    Halloween Kills tenta ao máximo explorar seus personagens, de uma forma nunca vista antes na franquia e consegue atingir tal objetivo, mas com grandes ressalvas. A trama que gira em torno de toda a cidade em busca do implacável assassino mascarado após uma sequência de assassinatos cometido por ele no longa anterior. O que chama mais chama atenção é que a trama mostra ainda mais o poder que o vilão tem, dando bem mais imponência ao clássico personagem.

    Os minutos iniciais do longa nos leva de volta a Haddonfield de 78, trazendo uma sensação de nostalgia ao mesmo tempo que atiça o espectador a montar alguns quebra-cabeças logo nos primeiros minutos. Não muito satisfeitos com o retorno à cidade nos primórdios da franquia, os roteiristas ainda trazem uma leva de personagens não muito relevantes na época, mas que aqui tem seu espaço de destaque e um bom desenvolvimento.

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    Halloween Kills: O Terror Continua | Universal Pictures

    Ao trazer esses velhos personagens, Halloween Kills abre margem para explorar mais os outros cidadãos de Haddonfield que também foram afetados pela onda de terror causada por Michael Myers, para muito além de Laurie e sua família. Porém a ressalva que fica, apesar da boa exploração dos personagens, é o modo como tais personagens foram usados, levando para um momento mais longo que o necessário, deixando claro que o corte do filme poderia ser bem menor do que o oficial. Mas apesar dos males, ainda consegue-se tirar algo de bom disso, exatamente por conta dessa abertura e os novos caminhos que o longa abriu.

    Apesar de expandir a trama para toda a cidade, o longa ainda se mantém muito firme em Laurie e toda a sua perturbação pela volta de seu velho inimigo, assim como sua família que vai pela mesma onda da matriarca. Jamie Lee Curtis retorna ainda mais insana e perfeita no seu papel pelo qual sempre demonstrou apreço, mas quem realmente rouba a cena é Judy Greer, que traz uma atuação primorosa, ao explorar todas as camadas de sua personagem aproveitando muito bem a relevância da mesma nesse segundo filme.

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    Halloween Kills: O Terror Continua | Universal Pictures

    Apesar de muitos e muitos momentos clichês, a falta de atenção aos detalhes, como ambientação e linha temporal, e coerência narrativa, Halloween Kills se consagra pela ação constante, violência gráfica bem produzidas e uma trilha sonora poderosa, se tornando uma ótima pedida aos fãs do gênero de terror slasher. O longa expande ainda mais seus horizontes e finalmente toma a coragem para explorar mais o lado sanguinário de Michael Myers ao entrar fundo nas intenções do vilão.

    Mas mesmo com todo elogio feito, essa sequência já demonstra o cansaço da franquia, que poderia ter sido encerrada no longa de 2018, o qual poderia ter sido apenas um revival comemorativo. No fim das contas, Halloween Kills: O Terror Continua deixa um gosto agridoce e quase nenhuma expectativa para o terceiro longa (e espero que último), muito diferente de seu antecessor.

    Nota: 2,5/5

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  • Crítica | Seus Olhos Dizem

    Crítica | Seus Olhos Dizem

    O romance japonês Seus Olhos Dizem que inspirou Jungkook do BTS a escrever a música tema “Your Eyes Tell” é dramático, sensível e inspirador.

    Para quem não acompanha os doramas, ver filmes asiáticos que não tenham como finalidade lutar marciais ou que não sejam animes é um tanto fora do comum. A verdade é que os asiáticos sabem -e muito bem- fazer uma boa produção quando o assunto é amor, a prova disso são os diversos doramas que fazem sucesso com a temática. Seus Olhos Dizem é o mais novo filme japonês a estrear nos cinemas, e sua história é comovente.

    Seus Olhos Dizem conta a história de Akari (Yuriko Yoshitaka), uma jovem cujo a vida é transformada após um acidente, em que seus pais morrem e ela acaba perdendo a visão. Enquanto tenta se adaptar a vida nova e procurando viver de uma maneira mais comum possível, ela acaba se deparando com Rui (Ryûsei Yokohama), um grande ex-lutador que viu sua vida virar de cabeça pra baixo após manter relações com pessoas perigosas e que agora, longe do mundo do crime, tenta levar uma vida honesta trabalhando em um estacionamento, que é onde os protagonistas acabam se conhecendo.

    Seus Olhos Dizem | Sato Company
    Seus Olhos Dizem | Sato Company

    As visitas constantes de Akari ao estacionamento faz com que Rui se apaixone não só pela protagonista, mas pela forma como ela “enxerga” o mundo e todos os seus esforços para focar sempre no lado bom das coisas. Toda essa positividade faz com que Rui queira mudar também a sua vida, se tornar uma pessoa melhor e fazer de tudo para que seu relacionamento dê certo, e seja o mais puro possível. 

    Dirigido por Takahiro Miki, Seus Olhos Dizem é livremente baseado em Always (2011), um filme coreano que faz sucesso por ter uma história simples e ao mesmo tempo comovente. A inspiração foi certeira, já que Seus Olhos Dizem cumpre bem o papel de ir além do romance, e apostar em questões como “passar por cima das dificuldades e se tornar alguém melhor para o próximo”, tornando a história ainda mais interessante e gostosa de acompanhar.

    Seus Olhos Dizem | Sato Company
    Seus Olhos Dizem | Sato Company

    Mesmo sendo um bom filme, é impossível deixar de lado a rapidez com que as coisas acontecem, e o tanto de informação que é jogada na nossa frente em apenas 20 min, mas nada disso impediu a boa experiência que eu tive ao assistir, só me fez querer que o filme tivesse pelo menos 40 min a mais.

    Vale ressaltar a excelente atuação do casal protagonista, um tapa na cara dos xenofóbicos que adoram estereotipar produções asiáticas, usando termos como “forçados” ou algo do tipo. É visível o esforço da atriz Yuriko em tentar trazer o máximo de realismo para a sua personagem que é deficiente visual, seus gestos e trejeitos delicados trazem ainda mais emoção para as suas cenas, além de ser extremamente carismática.

    Seus Olhos Dizem | Sato Company
    Seus Olhos Dizem | Sato Company

    O grande destaque do filme fica por conta da trilha sonora, que conta com a música Your Eyes Tell, música composta pelo JungKook do BTS logo após o astro ter acesso ao roteiro, e gravada por todos os membros do grupo. A música fez muito sucesso antes mesmo do lançamento do primeiro trailer do filme, o que deixou o público ainda mais ansioso para acompanhar a história ao som das vozes mais bonitas da atualidade.

    Por fim, Seus Olhos Dizem aparenta não passar de mais um romance bobo, mas acaba surpreendendo bastante, e acredito que é disso que precisamos quando se trata de romance, sair um pouco da casinha e ir além da história do casal. E é por isso que esse filme vale super a pena.

    Seus Olhos Dizem estreia dia 14 de outubro nos cinemas.

    Nota: 4/5

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  • Crítica | Venom: Tempo de Carnificina – Uma comédia romântica!

    Crítica | Venom: Tempo de Carnificina – Uma comédia romântica!

    Venom: Tempo de Carnificina transita entre erros e acertos trazendo um novo olhar para a relação entre Eddie Brock e Venom, apostando mais na galhofa, no absurdo e na comédia escrachada.

    Sinopse: Em Venom: Tempo de Carnificina, Tom Hardy retorna às telonas como o protetor letal Venom, um dos maiores e mais complexos personagens do universo Marvel. Dirigido por Andy Serkis, o filme também traz no elenco Michelle Williams, Naomie Harris e Woody Harrelson no papel do vilão Cletus Kassady / Carnificina.

    Crítica | Venom: Tempo de Carnificina - Uma comédia romântica raiz
    Venom: Tempo de Carnificina | Sony Pictures

    Mais um blockbuster estreando, e de forma surpreendente. Venom: Tempo de Carnificina vem arrecadando uma bolada nas bilheterias norte americana e batendo recordes de arrecadação durante a pandemia. O longa conseguiu superar o filme da Marvel Studios, Viúva Negra, e até mesmo o primeiro longa mesmo em período frágil de lançamento. Mas será que a arrecadação e o sucesso de público garantem que o filme é de fato bom?

    Na sequência temos mais aprofundamento na relação de Venom e Eddie Brock. O longa segue um roteiro que traz uma narrativa bem parecida com uma comédia romântica que desenvolve o bromance entre o homem e o simbionte. Essa escolha de narrativa nos transporta para um filme quase que único no gênero, e de certa forma bem corajoso. Mas toda a coragem em fazer o diferente acaba prejudicando em certos momentos.

    Os vilões do longa são os mais prejudicados com a escolha de narrativa. Sem dizer muito para não entregar spoilers, Carnificina e Shriek não tem muito a oferecer por conta do curto tempo de duração que Venom: Tempo de Carnificina tem, culpa do roteiro que traz o básico do básico sem nenhuma elaboração. Cletus Kasady e Frances Barrison parecem seguir em uma subtrama que não encaixa muito bem com a trama central de Venom e Brock, sem contar que suas motivações são rasas e as mais clichês possíveis. Pra completar parece que a sequência traz um show de abertura de parênteses que deixam o espectador confuso sobre algumas coisas a respeito da história contada e o desfecho de algumas personagens.

    Crítica | Venom: Tempo de Carnificina - Uma comédia romântica raiz
    Venom: Tempo de Carnificina | Sony Pictures

    Em contrapartida o principal foi feito e muito bem. A relação entre Venom e Brock, apesar de ser contada em uma narrativa de extremo tom cômico, foi aborda de maneira que nos faz entender como tudo se encaminha desde o início, onde vemos que ambos tem que lidar com as consequências dos eventos do filme anterior até a sua “conclusão” ao final do longa.

    Tom Hardy mais uma vez conseguiu trazer uma boa atuação, se mostrando um ator muito versátil em comparação com os papéis que costuma interpretar. Em ‘Tempo de Carnificina’ Hardy demonstra todo o seu apreço pelo papel e entrega o melhor de si, e muito mais ainda por ter feito parte da criação da história para essa sequência. Outro grande destaque é, sem sombra de dúvidas, Michelle Williams que se beneficia de um desenvolvimento bem melhor aqui que no primeiro filme, aproveitando cada momento de destaque.

    Crítica | Venom: Tempo de Carnificina - Uma comédia romântica raiz
    Venom: Tempo de Carnificina | Sony Pictures

    Apesar dos pesares Venom: Tempo de Carnificina vai direto ao ponto sem muito lenga-lenga. A falta de elaboração do roteiro pesa bastante, mas no fim das contas se mostra mais eficiente do que daria se houvesse mais que o necessário aplicado de maneira errada. O fato da sequência se manter da mesma forma que começou também é um grande acerto, mantendo a sua identidade sem precisar se reinventar para contar sua história. O longa diverte e traz boas risadas mesmo com os erros.

    Vale mencionar (sem entregar nada) que o longa tem uma cena pós-créditos que traz um grande acontecimento que promete expandir ainda mais o universo cinematográfico criado pela Sony.

    Nota: 3/5

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  • Crítica | 007 – Sem Tempo Para Morrer – Sincero, sedutor e emocional

    Crítica | 007 – Sem Tempo Para Morrer – Sincero, sedutor e emocional

    007 – Sem Tempo Para Morrer é último filme da franquia 007 protagonizado por Daniel Craig e traz momentos que aquecem o coração dos fãs ao prestar homenagens ao passado e abraçar o futuro mesmo sem o retorno do ator. Isso tudo de forma sedutora, sincera e emocional.

    Sinopse: Em 007 – Sem Tempo Para Morrer, Bond deixou o serviço ativo e está desfrutando de uma vida tranquila na Jamaica. Sua paz não dura muito quando seu velho amigo Felix Leiter, da CIA, aparece pedindo ajuda. A missão de resgatar um cientista sequestrado acaba sendo muito mais traiçoeira do que o esperado, levando Bond à trilha de um vilão misterioso armado com nova tecnologia perigosa.

    Crítica | 007: Sem Tempo Para Morrer - Sincero, sedutor e emocional
    007 – Sem Tempo Para Morrer | Universal Pictures

    007 – Sem Tempo Para Morrer finalmente está chegando às telonas em território nacional. O Longa que foi um dos muitos afetados pelas ondas de adiamentos devido a pandemia de covid-19 traz o ator Daniel Craig de volta para sua última interpretação do personagem. Há muito se especula qual seria o futuro da franquia sem Craig, inclusive alguns afirmam que o futuro da franquia será mais inclusivo com uma mulher sobre o codinome de Agente 007. Mas calma, fica relax, porque esse texto não conterá spoilers.

    A nível de antagonismo, 007 – Sem Tempo Para Morrer traz o pior vilão da franquia. Interpretado pelo talentoso Rami Malek, vencedor do Oscar de Melhor Ator por Bohemian Rhapsody, Lyutsifer Safin não consegue sustentar o antagonismo e acaba se tornando um vilão que tenta inovar na vilania, mas no fim acaba sendo um elemento de controvérsia; nem o roteiro e muito menos a direção conseguiram extrair o máximo de Malek (ou o mínimo) e dar o devido destaque que o premiado ator merece. Suas cenas são repletas de falas genéricas e confusão quanto a sua história dentro do longa, tornando-o cansativo e decepcionante.

    Crítica | 007: Sem Tempo Para Morrer - Sincero, sedutor e emocional
    007 – Sem Tempo Para Morrer | Universal Pictures

    O roteiro ultra colaborativo, que conta com a talentosíssima Phoebe Waller-Bridge, traz uma delicadeza na história de James Bond, e segue para um rumo bem diferente de qualquer outro filme que acompanha a vida do agente britânico. Sem Tempo Para Morrer é um longa corajoso que leva todos os seus personagens ao seu ápice (exceto pelo vilão) e finaliza o que tem que finalizar de forma satisfatória e deixa em aberto o que ainda pode e deve ser explorado.

    A direção de Cary Joji Fukun é excelente e consegue colaborar bem com a proposta presente no roteiro. O diretor traz belíssimas tomadas e uma exploração dos seus recursos que trazem mais vida e emoção ao espectador. Existem alguns pontos que não são tão positivos assim, como os já citados, mas de forma geral, Fukun conseguiu se sair bem em sua responsabilidade de finalizar a franquia.

    A fotografia do longa é esplendida e o trabalho sonoro é impecável. O que mais chama atenção é a trilha sonora que deixa tudo ainda mais imponente e épico graças ao incrível trabalho do inigualável Hans Zimmer, que se mostra mais uma vez mais que competente e transforma qualquer cena em uma obra prima com a sua música de fundo. Os créditos positivos também vão para a cantora e compositora Billie Eilish que entregou uma canção digna de Oscar e que traz uma letra poderosa com uma mensagem que casa perfeitamente com a trama do filme.

    Crítica | 007: Sem Tempo Para Morrer - Sincero, sedutor e emocional
    Divulgação | MGM

    Daniel Craig retorna ainda mais exuberante e confortável sob a pele do personagem-título. O ator finaliza seu trabalho com maestria e com muito sentimento, deixando a sensação de saudade e a vontade de prolongamento desse trabalho. Craig mostra todo o seu potencial e o entendimento do caminho para o qual seu personagem seguiu, dando a alma e o coração que o projeto necessita com uma atuação que faz os olhos marejarem em certos momentos. A química do ator com a atriz francesa Léa Seydoux transborda sensualidade e paixão, deixando o espectador envolto em sua relação.

    Apesar da longa duração, 007 – Sem Tempo Para Morrer, mantém o elenco fixo dos filmes anteriores, mas explora diversos personagens em participações especiais, deixando um gostinho de quero mais que parece ser proposital e pode levar a franquia para novos caminhos. Lashana Lynch, que faz parte do elenco fixo do longa, se torna a personagem mais interessante e mostra capacidade em ser a primeira mulher a interpretar um Agente 007. Uma das muitas participações traz a atriz Ana de Armas que encanta os olhos sem seu pouco tempo de tela e também se mostra capaz em seu papel, tornando-se digna de um filme derivado para chamar de seu.

    O longa consegue trazer uma diversidade sem forçar a barra e com relevância. A ascensão das mulheres é forte e segue de forma natural, assim como a representatividade étnica e LGBT. Sem Tempo Para Morrer traz desconstruções que vão desde os personagens de apoio até o próprio personagem que dá título à franquia, e sem tirar sua essência.

    No fim, 007 – Sem Tempo Para Morrer é um ótimo encerramento, mas também é um perfeito início para o que ficou em aberto e que pode possivelmente ser explorado. O longa beira ao impecável, sendo uma das produções mais corajosas de todas as franquias do 007 nos levando ao desconhecido com alma, coração, muita sensualidade e emoção.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | A Menina Que Matou os Pais/O Menino Que Matou Meus Pais

    Crítica | A Menina Que Matou os Pais/O Menino Que Matou Meus Pais

    Filmes que contam a história do caso Von Richthofen “A Menina Que Matou os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais” chegaram essa sexta (24) no Prime Vídeo. Os filmes contam diferentes versões de um dos casos mais famosos do Brasil.

    Suzane Von Richthofen ficou nacionalmente conhecida após ser declarada culpada pela morte de seus pais em 2002. O caso envolvendo a menina de família rica e importante de São Paulo e os irmãos Cravinhos chamam a atenção tanto pela crueldade, quanto pela forma fria como os acusados agiram após o acontecimento, gerando investigações em cima deles e uma pena de 39 anos. 

    Não é a primeira vez que um caso famoso ganha as telas do cinema, é comum encontrarmos filmes sobre famosos serial killers americanos, mas essa é a primeira vez que uma história brasileira é levada para as telonas. A notícia de que a história viraria filme não agradou a grande parte do público, que usou a desculpa de que os criminosos receberiam um dinheiro da produção, então, antes da crítica vale lembrar que não, Suzane, Daniel e Christian não irão receber nenhuma verba vinda do filme. Dito isso, deixo aqui a minha crítica das produções “A Menina que Matou Os Pais” e “ O Menino Que Matou Meus Pais”.

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    A Menina que Matou Os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais | Divulgação

    A Menina Que Matou Os Pais 

    A Menina Que Matou os Pais conta a versão de Daniel Cravinhos ( Leonardo Bittencourt), um garoto fascinado por aeromodelismo que se apaixona fervorosamente por Suzane Von Richthofen (Carla Diaz), uma adolescente que pertence a burguesia paulistana, e que usa do seu jeito meigo e doce para conquistar o coração do rapaz.

    Com o namoro andando, Daniel começa a conhecer um pouco mais sobre o que acontece na casa dos Von Richthofen, dando ainda mais atenção após as mudanças de comportamento da namorada, que passou de uma pessoa totalmente meiga, pra alguém que manipula, mente e abusa das drogas.

    Apesar das confusões dentro de casa e do fato dos pais Marísia (Vera Zimmermann) e Manfred (Leonardo Medeiros) não aceitarem seu relacionamento com Daniel, Suzane faz questões de que as famílias dos dois se juntem em almoços, e que o namorado esteja presente em qualquer comemoração.

    Segundo Daniel, as coisas começaram a mudar no segundo ano de relacionamento, quando os pais de Suzane começam a não gostar do namoro dos dois, que aparentemente tem atrapalhado os estudos da garota. O preconceito também era algo que atrapalhava o relacionamento, para Daniel, Suzane contava que seus pais eram super agressivos e proibiam os encontros semanais, o que de nada adiantava visto que a menina matava as aulas para ir aos encontros.

    Na cabeça de Suzane, a única maneira dos dois continuarem juntos seria se os pais dela desaparecessem para sempre. E sem levar em conta como o seu irmão Andreas (Kauan Ceglio) iria lidar com tudo isso, Suzane convenceu os irmãos Cravinhos (

    Leonardo Bittencourt, Allan Souza Lima) e a entrarem no quarto de seus pais enquanto eles dormem, e lá, com a ajuda de alguns pedaços de madeira, desfilar golpes na cabeça dos dois até que eles parassem de respirar.

    Para Daniel, Suzane usou da sua influência que tinha sobre o garoto e todos ao seu redor, para fazer algo que vinha planejando há um bom tempo. Desde o princípio a liberdade da garota era algo que ela buscava, a entrada de Daniel em sua vida foi só uma maneira que ela encontrou de finalmente colocar o seu plano em prática.

    A Menina que Matou Os Pais” e “ O Menino Que Matou Meus Pais”
    A Menina que Matou Os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais | Divulgação

    O Menino Que Matou Meus Pais

    A versão dos fatos contada pela Suzane começa do mesmo jeito, mas apresentando Daniel como um rapaz malicioso  e ganancioso desde o começo, que estava mais interessado no dinheiro da família Von Richthofen do que com o seu relacionamento em si.

    Daniel, segundo Suzane, era agressivo na hora do sexo e nem um pouco cavalheiro. Não era tão ligado aos sentimentos da namorada, apesar dela ser sua prioridade, e estava decidido a acabar  com todo o sofrimento da amada, insinuando sempre que a mansão que a garota morava e sua liberdade só seriam possíveis se os pais dela desaparecessem para sempre.

    Em sua versão, Suzane se coloca como extremamente influenciável, dizendo que para ela era “Deus no céu e Daniel na Terra”. A sua paixão era tanta que ela foi capaz de suportar ouvir os gritos de desespero de seus pais, mas a partir do momento que todos descobriram os reais culpados, ela entendeu que a verdadeira motivação para o crime foi o dinheiro, e não o seu tão sonhado final feliz.

    A Menina que Matou Os Pais e  O Menino Que Matou Meus Pais | Divulgação
    A Menina que Matou Os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais | Divulgação

    Crítica

    Apesar de apresentarem versões e situações diferentes para uma mesma história, os filmes são bem parecidos no quesito roteiro, direção e atuação. Os roteiristas Ilana Casoy e Raphael Montes tiveram acesso ao depoimento dos acusados e a documentação do caso, tudo para fazer com que o telespectador sinta que está assistindo um documentário, e não um filme. 

    A ideia de dividir a história entre as duas versões até que foi inteligente e chamou a atenção,mas não funcionaria se fosse exibido nos cinemas, já que de certa forma um filme complementa o outro.

    A Menina que Matou Os Pais e  O Menino Que Matou Meus Pais | Divulgação
    A Menina que Matou Os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais | Divulgação

    Gravado em 33 dias com diárias intensas e cansativas e direção de Mauricio Eça, era de se esperar que uma ótima produção fosse feita, e de fato conseguiram produzir algo bom, e que me trouxesse uma sensação de angústia durante as 1h30 de filme (sim, são filmes “curtos”).

    O fato de conhecermos a história, os culpados e até mesmo a cena do crime deixa tudo ainda mais intenso. Todos os cenários foram devidamente copiados, tudo muito igual a verdadeira casa onde tudo aconteceu.

    O mérito dos filmes serem considerados bons é todo do elenco. As atuações estão impecáveis, Carla Diaz mostrou o seu lado manipulador e egoísta, a dualidade da “personagem” e a frieza são os destaques das duas produções. Leonardo não fica para trás, a interpretação do Daniel em sua versão como um menino desesperado por amor  capaz de fazer qualquer coisa, me deixou de boca aberta.

    A Menina que Matou Os Pais e  O Menino Que Matou Meus Pais | Divulgação
    A Menina que Matou Os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais | Divulgação

    Por fim, acredito que A Menina Que Matou os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais poderiam facilmente ser um filme só. Existe bastante coisa “descartável” nas duas produções, e que em um filme de 2h poderia acabar dando no mesmo. Mas a questão de serem filmes separados chama mais a atenção, acaba sendo até mais legal. Os filmes são bons, não ótimos, o roteiro muitas vezes se perde e acaba perdendo o seu poder, fazendo com que eu me desligue da tela por alguns minutos, mas nada que estrague a experiência.

     A Menina que Matou Os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais já estão disponíveis no Prime Video.

    Nota geral : 3,5/5

    Assista o trailer: