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  • Crítica | Confissões de Uma Garota Excluída

    Crítica | Confissões de Uma Garota Excluída

    Confissões de Uma Garota Excluída, nova adaptação de Thalita Rebouças, usa do bom humor da protagonista para falar sobre bullying e rivalidade feminina.

    Que as adaptações dos livros da Thalita Rebouças são um sucesso, isso não é novidade pra ninguém. A escritora tem o dom de trazer os desafios da adolescência em todas as suas obras, utilizando sempre o bom humor dos personagens e maneiras inteligentes de passar pelas diversas situações que só quem passou pela adolescência entende. Invertendo a ordem de lançamento, Thalita optou por colocar suas habilidades como roteirista pra jogo e pensou primeiro no filme “Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (ligeiramente) dramática”, e depois no livro, resultando no título Confissões de Uma Garota Excluída, nova produção da Netflix

    A nova produção acompanha Tetê (Klara Castanho), uma adolescente de 16 anos que, apesar de não ser tímida, não é nada boa em fazer amigos, e que vê tudo mudar após os seus pais (Alcemar Vieira e Júlia Rabello) decidirem mudar para Copacabana, para morar com os avós maternos (Stepan Nercessian e Rosane Gofman). Com a mudança, a troca de escola era algo em que seus pais e avós viam como uma oportunidade para a adolescente mudar seu jeito e sua forma de se vestir.

    Confissões de Uma Garota Excluída
    Confissões de Uma Garota Excluída | Netflix

    Na nova escola, Tête enfrenta vários obstáculos logo no primeiro dia, que envolve desde entrar no banheiro masculino, até trombar com Valentina (Júlia Gomes), a patricinha insuportável e dona de si, que como se já não bastasse ter todos aos seus pés, também era a namorada do garoto mais bonito e legal do colégio, o Erick (Lucca Picon),e sua melhor amiga, Lais (Fernanda Concon).

    Excluída pelos colegas de classe, Tetê descobre que não está sozinha, e pela primeira vez se completa ao travar uma amizade com Davi (Gabriel Lima) o nerd da sala que mora com os pais e é extremamente cordial e Zeca (Marus Bessa), o menino que conversa com todo mundo e não tem papas na língua. Juntos, os três tentam lidar com os desafios de ser adolescente e tentam mudar completamente a imagem da protagonista, para que ela tenha o final feliz que merece.

    Confissões de Uma Garota Excluída volta o seu roteiro totalmente em assuntos como a auto aceitação, autoestima, bullying  e a rivalidade feminina que são postos à prova durante todos os momentos do filme. A intenção de todos os livros e filmes de Thalita Rebouças é fazer com que o público se identifique e tente passar por cima de situações que, por muitas vezes, são a causa da depressão na adolescência, além de trazer sempre um diálogo entre jovens e adultos muito bem desenvolvidos,  algo que diga: você não precisa passar por isso sozinho (a). 

    Confissões de Uma Garota Excluída
    Confissões de Uma Garota Excluída | Netflix

    Klara Castanho merece um parágrafo dedicado somente a sua atuação. A atriz tem o dom de fazer adolescentes esquisitas e que dão a volta por cima, o tom cômico que ela traz para as suas protagonistas e o seu carisma deixam tudo ainda mais leve e divertido de assistir. Inclusive, os atores escolhidos para o elenco teen são bem interessantes, não me espantaria se um dia encontrasse eles em uma lista de elenco da Malhação. 

    Mas mesmo com todos carisma, assuntos que devem ser comentados e a fofurice final, o filme acaba sendo mais um clichê adolescente, e dos grandes, porém, se engana quem acha que isso é um ponto negativo, até porque não tem como falar sobre a fase mais problemática de nossas vidas sem passar pelo clichezão.

    Por fim, Confissões de Uma Garota Excluída é muito querido, divertido e gostoso de assistir. Ótimo para colocar questões na mesa e abrir discussões interessantes, vale super a pena. 

    Confissões de uma adolescente excluída estreia nesta quarta-feira (22) na Netflix.

    Nota: 4/5

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  • Crítica | Sex Education – 3ª Temporada

    Crítica | Sex Education – 3ª Temporada

    Sex Education engata terceira temporada focando em assuntos que vão muito além do sexo na adolescência

    Sex Education tem tocado na ferida dos conservadores desde o seu lançamento. O jeito como falam sobre sexo abertamente é o que faz a série ser o sucesso que é hoje, a forma como tratam o assunto e trazem informaçãao chama a atenção de adolescentes que não tiveram acesso a educação sexual. E a terceira temporada não seria diferente.

    A segunda temporada terminou com uma tensão entre os personagens Otis (Asa Butterfield) e Maeve (Emma Mackey), e deixando em aberto qual seria o destino do mais shipp, Eric (Ncuti Gatwa) e Adam (Connor Swindells). A terceira temporada começa com muita pegação e a maior novidade : Otis, o personagem desengonçado e apaixonando, agora faz sexo casual e sim, temos o casal Adam e Eric extremamente assumidos.

    Além das novidades entre os jovens, temos Jean (Gillian Anderson)  super grávida, assunto muito bem explorado durante a temporada, trazendo as dificuldades e o preconceito por engravidar depois dos 40.

    Sex Education engata terceira temporada focando em assuntos que vão muito além do sexo na adolescência
    Sex Education- 3ª Temporada | Netflix

    Diferente das primeiras temporadas, o trio principal foi meio que deixado de “lado”, fazendo com que os coadjuvantes brilhassem ainda mais na tela, apresentando os seus problemas e as resoluções para eles. E falando em problemas, o maior desta temporada  é a Diretora Hope (Jemima Kirke), que chega para assumir o posto no Colégio Moordale, após os escândalos sexuais. A diretora é uma ex- aluna do colégio,e , apesar de ser nova, tem pensamentos retrógrados  quando o assunto é sexo e o livre arbitrio. 

    Além da Diretora Hope, outros dois novos personagens foram apresentados:Peter Groff (Jason Isaacs – conhecido por ter interpretado Lucio Malfoy), irmão do ex-diretor Michael Groff e Cal (Dua Saleh), estudante não-binário, que trará o assunto para dentro da trama.

    Apesar de parecer que as mesmas histórias se repetem desde a primeira temporada, é perceptível o avanço pessoal de cada personagem, onde ninguém é colocado como vilão, e sim pessoas que precisam evoluir suas ideias e comportamentos. Fetiches, DSTs, abuso sexual e estar bem cconsio mesmo são assuntos abordados em praticamente todos os 8 episódios desta temporada, mostrando mais uma vez o quão é importante falar abertamente sobre isso com os adolescentes. 

    Sex Education engata terceira temporada focando em assuntos que vão muito além do sexo na adolescência
    Sex Education- 3ª Temporada | Netflix

    Mesmo com as dificuldades para concluir as gravações devido a pandemia do Covid-19, a série conseguiu entregar um bom trabalho, com um roteiro muito bem desenvolvido e as ótimas locações inglesas.A série que estreia nesta sexta (17) ainda não tem confirmação de uma continuação, mas podemos ter certeza que ao final desta temporada, a Netflix ficará com as redes sociais lotadas de fãs pedindo a quarta temporada. 

    Sex Education continua sendo uma produção necessária, nunca se falou tão abertamente sobre a vida sexual adolescente de uma maneira tão inteligente como nessa série, trazendo situações cotidianas e questões que qualquer jovem possa ter, seja de um jeito cômico ou informativo.

    A terceira temporada de Sex Education estreia sexta feira (17) na Netflix.

    Nota : 4,5/5

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  • Crítica | Maligno

    Maligno marca o retorno triunfal de James Wan na direção cinematográfica

    No mercado cinematográfico, dentre as infinidades de profissões e profissionais, existem aquelas referências que executam suas competências com inegável maestria. É o caso do malaio James Wan, um diretor, roteirista e produtor de cinema de gênero, que conquistou Hollywood e o mundo.

    Em seu currículo, Wan realizou obras importantes como Jogos Mortais, Gritos Mortais, Sentença de Morte, Sobrenatural, Sobrenatural 2, Invocação do Mal, Invocação do Mal 2, saiu da sua zona de conforto em Velozes e Furiosos 7 e Aquaman. Algumas agraciadas pela crítica e público, outras criticadas também. mas que numa segunda chance soube agarrar a oportunidade, dando origem a uma das sagas mais longas e mais lucrativas. Hoje ele é uma das mentes importantes da divisão de Terror / Horror da New Line Cinema, braço da poderosa WarnerMedia. E através desta produtora, que mais uma vez ele lança sua mais nova realização, Maligno, que estreia nesta quinta-feira, dia 09 de setembro, nos cinemas. Aqui, o cineasta volta às suas raízes.

    No filme, Madison está paralisada por visões chocantes de assassinatos horríveis, no momento em que eles acontecem. Seu tormento piora quando ela descobre que esses assassinatos estão conectados a uma entidade do seu passado chamada Gabriel, que tem fortes ligações com ela.

    Primeiramente é importante informar que o novo thriller de terror original apresenta uma narrativa que vai sendo elucidada com o avançar da projeção. O que torna importante a atenção total do espectador para que o mesmo não perca nenhum detalhe, pois aqui o inferno mora nesses mesmos detalhes.

    Maligno
    📷 Warner Bros. Pictures

    Wan escreveu o argumento ao lado da sua esposa Ingrid Bisus (Invocação do Mal 3: A Origem do Demônio) e Akela Cooper (Chambers), para o roteiro de Cooper. A equipe criativa se junta para homenagear um dos subgêneros favoritos de horror do diretor malaio, o giallo italiano que teve sua origem na literatura (no final dos anos 1920) e auge no audiovisual do fim dos anos 1960 ao início dos 1990, em produções realizadas por importantes cineastas como Mario Bava (Olhos Diabólicos), Lucio Fulci (Uma Lagartixa num Corpo de Mulher) e Dario Argento (Dois Olhos Satânicos), são poucos exemplos.

    Mas o ponto alto do longa-metragem está na sua parte técnica. A fotografia apresenta algo nunca visto antes, o que contribui para a atmosfera arrepiante. A paleta de cores contribui para a ambientação do filme. No quesito filmagem, o manuseio dos equipamentos impressionam, contribuindo para que os olhos do espectador não saia de dentro da tela grande.

    Dentre o elenco, as atenções são voltadas para o quarteto Annabelle Wallis (Annabelle), Maddie Hasson (The Finder), George Young (A Receita Final) e Michole Briana White (O Ritual). Toda a trama gira em torno deles, o resto são mero coadjuvantes ou elenco de apoio, que servem como bodes expiatórios para sofrerem as atrocidades de Gabriel. Dentre estes coadjuvantes, Ingrid Bisus (Invocação do Mal 3: A Origem do Demônio) faz o papel de alívio cômico, com situações que leva o público as gargalhadas, apesar dos momentos tensos.

    Maligno apresenta um plot twist que a muito tempo o cinema não mostrava. O clímax mexe com os nervos do público. Com certeza não haverá uma pessoa que não vai ficar impressionado com tamanha reviravolta. Um verdadeiro espetáculo na tela grande. No final, lembra-se que o cineasta é bom no que faz e já tirou onda com os subgêneros gore, torture porn, jump scare e com o novo filme tenta algo novo (ainda não descoberto). A boa dica é: esqueça tudo o que você já leu sobre Maligno e vá ao cinema apreciar mais uma obra de um campeão do cinema. Definitivamente, James Wan é um camaleão da cinematografia.

    Nota: 3.5 / 5

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  • Crítica | Cinderella

    Crítica | Cinderella

    A comédia musical estrelada por Camila Cabello estreou no Prime Video trazendo uma nova releitura da história da Cinderella.

    Acredito que todo mundo deve ter, pelo menos uma vez na vida, assistido alguma história ou até mesmo a animação clássica da Cinderella. São muitas as produções que se inspiram na jovem órfã que fica refém da madrasta, para que no fim, com a ajuda da fada madrinha, tenha o seu final feliz. A nova releitura da história ficou por conta de uma produção do Amazon Prime Video, que apostou um musical cheio de estrelas da Broadway e musicas super atuais.

    A história começa já apresentando Ella (Camila Cabello), uma órfã que vive com sua madrasta (Indina Menzel) e suas duas filhas Anastasia (Maddie Baillio) e Drizzella (Charlotte Spencer). Apesar de até aqui tudo parecer como no clássico, a diferença fica por conta da própria Cinderella não se posicionar como vítima de toda a situação que vive, por estar focada em algo maior: Se tornar uma estilista.

    O longa já começa com uma super cena musical que, diga-se de passagem, foi muito bem elaborada, dando até para esquecer do que realmente se tratava a história. Logo em seguida a realeza é apresentada, como sempre, o príncipe Robert (Nicholas Galiztzine)  está sendo colocado contra a parede para encontrar uma noiva e juntar as forças entre dois reinos, mas o jovem está mis preocupado em curtir sua liberdade e juventude com os seus colegas.

    Cinderella / Prime Video
    Cinderella / Prime Video

    Em meio a vários acontecimentos, a história segue sendo a mesma com um baile sendo preparado para apresentar as moças do reino para o príncipe, mas dessa vez a ideia de chamar até mesmo as plebeias partiu do mesmo, que viu Ella confrontar o Rei Rowan (Pierse Brosnan) de uma maneira totalmente desajeitada.

    Com mais cenas musicais, o interesse real de Ella sobre o baile é colocado em jogo, quando a protagonista decide fazer uma divulgação dos seus trabalhos como estilista para a alta sociedade. Planos que foram arruinados pela madrasta, ou não. Contos de fadas precisam de nada mais, nada menos, do que uma fada madrinha pra te tirar desses momentos de total desespero, mas dessa vez a fada é ainda mais divertida e com senso de moda, sendo interpretada pelo ator Billy Porter.

    Apesar dos clichês estarem super presentes, e da gente ouvir sim o barulho do tabu querendo ser quebrado a todo momento, até que o filme não é de todo ruim. A produção apostou no carisma e popularidade da cantora Camila Cabelo para criar uma Cinderella totalmente moderna, mesmo que a história fosse passada em tempos antigos.

    Cinderella / Prime Video
    Cinderella / Prime Video

    Por se tratar de um musical, eu esperei que durante o longa fossem apresentadas diversas musicas originais, mas o que recebemos é uma grande adaptação de várias músicas famosas, como Somebody To Love do Queen e Perfect do Ed Sheeran.

    Não posso deixar de mencionar que essa nova releitura de Cinderella me lembrou muito a produção Uma Garota Encantada (2004), um filme estrelado pela Anne Hathaway, que apostou na ideia de modernizar os contos de fadas e colocar canções atuais para prender o público.

    Mesmo não sendo uma super produção e um super roteiro, Cinderella não deixa a desejar no quesito história, mesmo pecando algumas vezes no roteiro e desenvolvimento, tentando forçar alguns momentos cômicos. O filme pecou somente em não saber aproveitar bem as estrelas que compõem o elenco, e que já são mais do que carimbadas em diversas produções da Broadway.

    Por fim, Cinderella não se consagra em nada além de um bom filme para assistir com a família no sábado à tarde, mas é divertido, valendo a pena dar uma chance.

    Cinderella já está disponível no Prime Video.

    Nota : 2,5/5

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  • Crítica | The Witcher: Lenda do Lobo – Apesar da aventura sanguinolenta, filme aposta no drama

    Crítica | The Witcher: Lenda do Lobo – Apesar da aventura sanguinolenta, filme aposta no drama

    Assinante da Netflix possui um vício inerente: aventurar-se nas abas do streaming, na ânsia de achar algo novo! Não é diferente com o público geek, que acaba de receber uma nova adição conhecida, indiretamente, pelo seu irmão mais velho. The Witcher: Lenda do Lobo (o irmão mais novo) estreou na última semana com a promessa de conjugar dois verbos: “enriquecer” e “expandir” o universo estabelecido na série de 2019, estrelada por Henry Cavill.

    Escolha lucrativa para os produtores e benéfica para os fãs ávidos, muitas histórias burlaram o ponto final existente em filmes e séries. Seria uma tarefa árdua, contabilizar o número de tramas que receberam continuações (ou spin-offs) em outras mídias. Star Wars, por exemplo, abocanhou outras fatias do mercado da Cultura Pop: games, livros, HQs, séries e animações. Sob a mesma vontade, em um passo mais curto, está a idealização da Netflix, ramificando o enredo iniciado na série do Geralt de Rivia no filme animado The Witcher: Lenda do Lobo.

    O alvo do roteirista é desenhado sem rodeios; longe de julgar o certo ou o errado, ele deseja contextualizar uma realidade cruel, repleta de seres pensantes, que agem conforme suas vontades. No roteiro de Beau DeMayo há um dueto, uma dança de conflitos — Drama e Ação — fantasiados, respectivamente, de “história de amor” e “perseguição a diferentes grupos sociais”. Deixando o “live-action” ao migrar para a animação, Lauren Schmidt Hissrich (showrunner da série e produtora do filme) direciona os holofotes para o novo personagem: Vesemir. Escravo do dinheiro, porém competente em suas funções, o Bruxo é evoluído na jornada dos questionamentos. Assim, surge o debate nas entrelinhas. Emoções pertencem, exclusivamente, aos seres humanos? Ou os monstros também sentem algo?

    Crítica | The Witcher: Lenda do Lobo - Apesar da aventura sanguinolenta, filme aposta no drama
    The Witcher: Lenda do Lobo / Netflix

    Sobre The Witcher: Lenda do Lobo

    Vesemir é um jovem bruxo convencido que caça criaturas por dinheiro. Um dia ele se depara com um novo e misterioso poder que o força a enfrentar demônios do passado e acaba descobrindo que alguns trabalhos são mais importantes do que o dinheiro.

    Antes do decorrer desse texto, é preciso dizer o óbvio,The Witcher: Lenda do Lobo não é para todos. Qualquer um pode apertar o play, na prática, mas o assinante que cair de paraquedas no filme, sem o menor conhecimento sobre esse mundo, deixará passar em branco referências de suma importância. Apesar da trama independente, a narrativa do filme está de mãos dadas com a série. Portanto, aqueles que pularem o show não serão afetados pelo efeito de algumas “reviravoltas”.

    Olhando o esqueleto do projeto, indiretamente, percebe-se que além de um prelúdio de luxo, a animação faz um gracioso aceno para os fãs, lembrando-os de que em breve estreará a segunda temporada de The Witcher. Apreciar as obras, seguindo a ordem de lançamento, é sinônimo de preparo, compreendendo assim elementos internos e externos à narrativa. Isso incluí termos, culturas, locais e personagens; inclusive o mais crucial: a Linha do tempo.

    Crítica | The Witcher: Lenda do Lobo - Apesar da aventura sanguinolenta, filme aposta no drama
    The Witcher: Lenda do Lobo / Netflix

    Com o sabor de uma partida de “RPG de Mesa“, o diretor Han Kwang Il segue uma receita pequena, fazendo mágica com apenas oitenta e três minutos de filme. Despido de imediatismos, nenhum acontecimento soa acelerado, ainda que no final permaneça a sensação de que a animação merecia mais tempo. Escorando-se em elipses, respeitando assim a inteligência do telespectador, Kwang Il constrói a jornada da caça e do caçador, colocando-os em constante movimento.

    Dos monstros mais horripilantes, aos bravos heróis, o diretor não apela para o maniqueísmo panfletário. Sua visão está na exploração dos dois lados da moeda, apostando assim numa galeria de personagens dúbios, repletos de camadas e falhas, muitas falhas! Isso se estende até às figuras que aparecem pouco, numa jornada curta, infelizmente!

    Crítica | The Witcher: Lenda do Lobo - Apesar da aventura sanguinolenta, filme aposta no drama
    The Witcher: Lenda do Lobo / Netflix

    The Witcher: Lenda do Lobo é a típica história cujo primeiro minuto conquista ou espanta a freguesia. Fica claro que a fantasia é decorada pelo sangue, vísceras e outras partes de um corpo mutilado; (alô, Castlevania!). De antemão, a violência gráfica dita o tom e a partir disso o perigo iminente parasita, pouco a pouco, a narrativa; somos cobertos pela seguinte certeza: a morte pode levar qualquer personagem, a qualquer momento.

    Diálogos, necessários e estratégicos, concedem agilidade à trama, transformando a exposição de informação no elo entre os personagens, ou seja, Beau DeMayo encontra a brecha perfeita para intercalar os discursos, conversas e monólogos. Detalhes ditos no primeiro e segundo ato, permanecem vivos no desfecho, amarrando tudo numa cadeia de falas que sustentam os plot twists no último ato. Nasce, assim, o personagem mais importante em The Witcher: Lenda do Lobo: o Drama.

    Crítica | The Witcher: Lenda do Lobo - Apesar da aventura sanguinolenta, filme aposta no drama
    The Witcher: Lenda do Lobo / Netflix

    Por mais que o vermelho-sangue impere através do desfile de mortes, tal horror visual perde para a força do drama. Não que haja competição entre eles, mas são os momentos de pico de emoção que concedem alma ao filme. Pelos olhos de diferentes criaturas, humanas e não-humanas, a veia dramática cresce progressivamente, culminando em um ponto comum. Não é a morte, tampouco a vida; trata-se da distância entre ambos. Magos, Bruxos, Guerreiros, são tantas classes diferentes, que se esquece que dentro deles há fragilidade, compaixão, dor e arrependimento. Até o ser mais horrendo tem coração, no fim das contas.

    Inevitavelmente, Lenda do Lobo é um lembrete de algo maior que está por vir — a 2ª temporada de The Witcher. Nota-se isso na data de lançamento do longa, poucos meses antes da estreia do novo ciclo da série “live-action”. Aqui está uma partida audiovisual do RPG que se sustenta na emoção, na destruição de laços. A empolgação regida pelo erguer das espadas e a adrenalina presente na conjuração de magia são inebriantes, por isso as batalhas estão lá, majestosas. Todavia, a coroa do filme está na cabeça do “Sr. Drama”, pois não é só de lutas que se vive uma aventura.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | A Lenda de Candyman.

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  • Crítica | A Lenda de Candyman

    Crítica | A Lenda de Candyman

    Sequência direta do clássico de 1992, ‘A Lenda de Candyman’ traz de volta às telas um dos personagens mais violentos e intrigantes do gênero do terror. Dirigido por Nia DaCosta e roteirizado por Jordan Peele, o longa explora profundamente os conceitos de racismo e gentrificação, enquanto desenvolve uma história trágica e impactante sobre um espírito vingativo com um gancho em sua mão.

    Em ‘A Lenda de Candyman‘, desde que os moradores do conjunto habitacional de Cabrini-Green podem se lembrar, a história sobre um espírito assassino aterroriza a comunidade. Invocado por aqueles que repetem seu nome cinco vezes na frente de um espelho, Candyman é a reminiscência de um homem injustamente assassinado por um crime que não cometeu.

    Uma década após os acontecimentos do longa original, o artista visual Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen II) e sua namorada Brianna Cartwright (Teyonah Parris) se mudam para um luxuoso apartamento em Cabrini, agora completamente modernizado e enobrecido. Com a carreira à beira da estagnação, Anthony sai à procura de inspiração e tem um encontro casual com um antigo residente do complexo, que revela a natureza trágica da lenda de Candyman. A partir de então, o artista fica obcecado pela história e começa a explorar os detalhes dessa lenda em suas pinturas. No entanto, ele acaba abrindo uma porta para um passado complexo que põe à prova sua própria sanidade e desencadeia uma onda terrível de violência que o coloca em rota de colisão com a morte.

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    A Lenda de Candyman/ Universal Pictures

    Primeiramente, é importante salientar que, talvez, o sucesso de ‘Candyman’ nos anos 90 tenha sido afetado pela concorrência com grandes clássicos como ‘Sexta-Feira 13‘, ‘Halloween‘ ‘A Hora do Pesadelo‘ e ‘Brinquedo Assassino‘ – na época, os grandes expoentes do terror. No entanto, apesar da falta de reconhecimento do público, a mitologia do personagem nunca se mostrou menos impactante.

    A lenda de Candyman nasceu no conto ‘The Forbidden’, escrito por Clive Barker (‘Hellraiser’) em 1985. Na história, Daniel Robitaille, um escravo de uma plantação em New Orleans, se envolve romanticamente com a filha do dono das terras e acaba sendo torturado por isso. Como a lenda diz, após ser espancado e ter a sua mão decepada, Daniel é amarrado e tem mel espalhado por todo seu corpo, a fim de ser comido vivo por abelhas e formigas. Em seu leito de morte, os presentes debocham do escravo e o apelidam de ‘Candyman‘ (‘homem doce’, na tradução do inglês). Porém, antes de morrer, o personagem amaldiçoa todos ao seu redor e, 1 século depois, retorna com um gancho no lugar da mão cortada para matar quem ousasse pronunciar seu nome cinco vezes em frente a um espelho.

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    A Lenda de Candyman/ Universal Pictures

    Em ‘A Lenda de Candyman‘, Nia DaCosta e Jordan Peele alteraram a história original e modernizaram o conto para os novos espectadores – ainda que tenham dedicado uma pequena sequência para relembrar o conto de Clive Barker. Na nova origem do personagem, Candyman é um homem inofensivo que distribui balas para crianças. No entanto, quando lâminas de barbear começam a ser encontradas dentro de alguns dos doces, o homem vira um alvo imediato e é violentamente executado por policiais. Apesar da morte do “suspeito”, as giletes continuaram a ser encontradas – o que, por fim, comprovou a sua inocência. A sua alma injustiçada passou, então, a buscar vingança.

    Feito o comparativo entre todas as versões de Candyman, posso falar sobre a experiência que foi assistir pela primeira vez o novo longa da Universal Pictures. A partir daqui, abandono propositalmente as tentativas habituais de um crítico de achar defeitos no filme e adoto a postura de um mero espectador que foi completamente envolvido pelo que viu. Dito isso, ‘A Lenda de Candyman‘ tornou-se, para mim, um clássico instantâneo do terror – assim como o original. O longa é realmente impressionante e não me deixou a desejar em momento algum. Se há alguma falha, não procurei investigar. Pelo contrário, apenas desfrutei de tudo que estava em tela. Do começo ao fim, fui dominado pela narrativa viciante do personagem e pela genialidade do corpo criativo do filme, que misturou o terror a diversas pautas sociais e ainda conseguiu desenvolver uma história (trágica) de amor.

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    A Lenda de Candyman/ Universal Pictures

    A Lenda de Candyman“, que é suficiente para injetar vida nova na franquia de terror, joga o espectador dentro de um profundo abismo psicológico. Todos os aspectos do filme confluem para incomodar e nos tirar da nossa zona de conforto: a trilha sonora, a cenografia, a caracterização dos personagens. De uma forma estranha, o compasso do meu coração assumiu o ritmo desejado por Nia DaCosta e Jordan Peele e começou a bater em confluência com as vítimas desesperadas de ‘Candyman‘. Por fim, dito por alguém que não conhecia a fundo a mitologia desse espírito maligno, o filme é um relato inesquecível que vai te fazer ter medo de olhar em um espelho. Eu te desafio a falar o nome dele cinco vezes…

    A Lenda de Candyman estreia nos cinemas brasileiros no dia 26 de agosto.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família

  • Crítica | Diários de Intercâmbio

    Crítica | Diários de Intercâmbio

    Larissa Manoela estrela nova produção da Netflix “Diários de Intercâmbio” em grande estilo e com direito a sotaque carioca e participações pra lá de especiais.

    Que a Larissa Manoela gosta de viajar, isso todo mundo já sabe. Agora ela juntou a sua paixão por viagens e o seu lado atriz em uma super produção da Netflix: Diários de Intercâmbio.

    Bárbara (Larissa Manoela) é uma jovem de 23 anos que trabalha vendendo revistas de viagens em um aeroporto, afim de bater sua meta anual para ganhar uma super viagem e finalmente sair do Rio de Janeiro. Mas tudo acaba dando errado e a meta acaba não sendo cumprida. Tudo estaria ruim se não fosse pelo comissário de bordo super simpático e extremamente apaixonado Brad (David Sherod James), que faz com que a jovem queira segui-lo até a sua cidade natal, Nova York.

    Com o visto sendo negado, Bárbara se vê sem saída e desiludida, até que encontra uma revista sobre intercâmbios e tem a brilhante ideia de se candidatar. Mas ela não faz isso sozinha, Tália (Tati Lopes) sua melhor amiga, também embarca nessa e juntas elas vão viver intensamente fora do Brasil.

    Diários de Intercâmbio
    Diários de Intercâmbio | Netflix

    A produção, por mais que seja o clichê dos clichês e extremamente previsível, é super divertida! Larissa Manoela já provou diversas vezes que é uma atriz pra lá de talentosa, e todos os seus personagens são carismáticos é super engraçados. Esse não seria diferente. Apostando no sotaque carioca e arriscando o inglês, ela encanta durante o filme inteiro.

    Mas nem só de Larissa Manoela de vive Diários de Intercâmbio. Thati Lopes é conhecida por fazer papéis super engraçados, além de já ter mostrado o seu ponto para o humor em produções do canal Porta dos Fundos, ela da o tom super divertido para essa produção.

    No elenco também temos grandes nomes como Bruno Montaleone, conhecido pelos seus papéis em novelas da Globo e Maiara Walsh, atriz que fez produções da Disney como Cory na Casa Branca e Meninas Malvadas 2, que surpreendeu os fãs por estar em sua primeira produção brasileira, sendo que a atriz é filha de pais brasileiros.

    Diários de Intercâmbio
    Diários de Intercâmbio | Netflix

    Surpreendente, essa é a palavra que resume -e muito bem- esse filme. O roteiro foi certeiro, uma mão na luva para as atrizes e atores selecionados e sim, um enorme gatilho para quem está isolado em casa há mais de um ano. Impossível não sentir vontade de viajar enquanto assiste.

    Por fim, Diários de Intercâmbio acabou sendo exatamente aquilo que esperamos, nada menos do que uma produção super legal da Netflix e extremamente engraçada na medida certa, juntando o jeitinho brasileiro com o sotaque e a esquisitice de alguns americanos.

    Diário de Intercâmbio já está disponível na Netflix.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer :

  • Critica | Free Guy: Assumindo o Controle – Ryan Reynolds brilha novamente!

    Critica | Free Guy: Assumindo o Controle – Ryan Reynolds brilha novamente!

    Free Guy: Assumindo o Controle traz Ryan Reynolds de volta em mais um filme divertido onde parece que o ator brinca de trabalhar. Leve e descontraído, o filme é tudo o que se esperava e surpreende por ser muito mais.

    Sinopse: FREE GUY: ASSUMINDO O CONTROLE conta a história de um caixa de banco preso a uma entediante rotina que tem sua vida virada de cabeça para baixo quando ele descobre que é, na verdade, personagem em um brutalmente realista vídeo game de mundo aberto. Agora ele precisa aceitar sua realidade e lidar com o fato de que é o único que pode salvar o mundo.

    Critica | Free Guy: Assumindo o Controle - Ryan Reynolds brilha de novo!
    Free Guy: Assumindo o Controle | 21th Century Studios

    Free Guy: Assumindo o Controle foi mais um das dezenas de filmes que penou durante a pandemia com adiamentos e incertezas, e isso nem foi tudo de “pior” que acarretou no prolongamento da estreia, visto que a compra da Fox pela Disney também gerou impacto. Finalmente com estreia definida para 19 de agosto nos cinemas nacionais, o longa traz tudo o o que era esperado e supera as expectativas, muito disso por conta da originalidade do longa no gênero e do elenco fantástico que compõem a produção.

    O novo filme protagonizado do Ryan Reynolds vem sendo descrito como uma mistura que dá certo de Jogador Nº1 com O Show de Thruman e Deadpool, e isso talvez seja uma das comparações que mais acerta ao caracterizar o filme. Free Guy é uma das grande surpresa de 2021, e até mesmo durante a pandemia, por se mostrar competente em trazer uma história original em pleno ano onde as maiores bilheterias são de produções que adaptam algum outro material ou são remakes e reboots.

    Critica | Free Guy: Assumindo o Controle - Ryan Reynolds brilha de novo!
    Free Guy: Assumindo o Controle | 21th Century Studios

    Dentre todos os públicos que Free Guy: Assumindo o Controle pode atingir, o público gamer será o mais cativado com toda certeza. Matt Lieberman traz uma grande paródia de diversos games em seu roteiro enxuto de com referências para da, vender e que faria o Capitão América ter um surto. Passando por games famosos como GTA e até mesmo Fortnite, o longa traz à vida real as dinâmicas presentes nesses jogos dá perspectiva de um personagem muito interessante, um NPC (Personagem Não-Jogável, pela sigla traduzida).

    Como já citado, o destaque fica, sem dúvidas nenhuma, para Ryan Reynolds que brilha mais uma vez em um longa que é a sua cara, e Free Guy carimba esse tipo de produção como marca registrada do ator. Reynolds toma o protagonismo para sí sem nenhum esforço, sem nem precisar abrir a boca. Seu trabalho individual engrandece o longa, mas a relação do ator com o elenco de apoio torna tudo mais sentimental para o público enquanto assiste o filme. É inegável que o ator tem carisma e parece se divertir, deixando o espectador num estado de êxtase, nos fazendo esquecer qualquer outro personagem que ele tenha trabalhado sem nem dar a chance de comparação e que ali não há ator, mas alguém real; é incrível.

    E não só Reynolds se sai tão bem, mas além dele não há exceções no elenco de apoio. Lil Rel Howery se engrandece ao lado de seu companheiro de tela fazendo um dos melhores trabalhos de sua carreira, enquanto Jodie Comer e Joe Keery se sobressaem pela importância de seus personagens na trama central do longa e se abrem para as possibilidades de Free Guy. Taika Waititi traz um antagonista a altura da produção e que vai muito além do esperado.

    Free Guy é uma grande zona organizada de sátiras, participações especiais e referências (que chegam no nível das cenas pós-créditos de Deadpool 2, por exemplo); o roteiro consegue dar conta de tudo e no fim você se pergunta como tudo aquilo pôde dar certo. Apesar disso, o terceiro ato acaba sendo um pouco prejudicado por conta de algumas revelações que não atingem seu ápice, mas nada que atrapalhe na conclusão e que prejudique a relevância de todos os acontecimentos. Grande parte desse crédito de salvação do filme vem da direção impecável de Shawn Levy que explora todo o potencial do longa e de tudo que lhe compõe.

    Free Guy: Assumindo o Controle não tem medo de ser uma boa galhofa; é leve e divertido, com alma e coração. O longa é diversão garantida para toda a família e traz uma nova cara para filmes do gênero e dá um refresco para quem gosta de blockbusters e sentia falta de algo original.

    Nota: 4,5/5

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  • Crítica | O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família

    Crítica | O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família

    Produção original da DreamWorks Animation, “O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família” apresenta o retorno de James Marsden e Alec Baldwin às vozes dos irmãos mais estabanados do cinema. Dirigido por Tom McGrath (“Madagascar”), a sequência expande a mitologia do longa original, indicado ao Oscar, e oferece uma narrativa agradável – ainda que previsível – sobre a infância e o crescimento.

    Em “O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família“, os irmãos Tim (James Marsden) e Ted Templeton (Alec Baldwin) já são adultos e vivem vidas completamente diferentes. Enquanto Tim construiu uma família no subúrbio – com a sua esposa Carol e as suas duas filhas, Tabitha e Tina -, Ted se transformou em um renomado CEO que resolve todos os seus problemas com dinheiro. No entanto, quando Tim descobre que sua filha caçula também é agente da BabyCorp, os dois se juntam novamente para lidar com mais uma perigosa situação.

    Dessa vez, o misterioso Dr. Erwin Armstrong (Jeff Goldblum), fundador da Acorn Center for Advanced Childhood, escola que a filha mais velha de Tim frequenta, está prestes a iniciar um plano maligno para subjugar todos os pais do planeta, a fim de acabar com a infância das crianças e colocar os bebês no poder. Em meio ao caos estabelecido pelos planos do vilão, os irmãos Templeton deverão encontrar uma maneira de resolver as suas diferenças, reavaliar o significado de família e descobrir o que realmente importa – além de evitar o “fim do mundo”, mais uma vez.

    O Poderoso Chefinho 2 - Negócios da Família
    O Poderoso Chefinho 2/DreamWorks Animation

    O Poderoso Chefinho 2“, que segue a mesma fórmula do longa original, é uma animação familiar bastante agradável e espirituosa. Recheado de cenas de ação bem elaboradas e de um humor inteligente e ousado, o filme cativa os espectadores de todas as idades e oferece boas doses de diversão, à medida que nos guia através de sequências absurdas e coloridas sobre bebês de fralda que querem dominar o mundo. Se você procura uma aventura séria – ou até lógica -, você não a encontrará aqui. “Baby Boss 2” (no original) é irreverente por natureza e não tem medo de colocar na mesa todos os seus trunfos – ainda que eles envolvam pôneis, ninjas e bumbuns.

    Comparado com o seu antecessor, o lançamento da DreamWorks assume uma postura mais carismática e cheia de sentimentalismo, aprofundando o relacionamento de Tim e Ted e desenvolvendo questões como o fim da infância e o amor da família. Nesse ponto, “O Poderoso Chefinho 2” traz a dose de maturidade e emoção necessária para a franquia e dá um novo fôlego à história contada. Em contrapartida, apesar de muitos méritos, a abordagem narrativa do longa se assemelha tanto ao do primeiro filme que, por vezes, parece que simplesmente recicla o material que fez sucesso em 2017. Dessa forma, o longa perde parte do seu charme inicial e torna-se bastante previsível (felizmente, nada que consiga estragar a prazerosa experiência de “Baby Boss 2“).

    O Poderoso Chefinho 2 - Negócios da Família
    O Poderoso Chefinho 2/DreamWorks Animation

    Finalmente, “O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família” chega aos cinemas com o status de diversão garantida para toda a família. Partindo de um elenco de voz fantástico que reúne James Marsden, Alec Baldwin, Jeff Goldblum e Lisa Kudrow, o filme alcança o equilíbrio perfeito entre humor e coração e entrega uma aventura satisfatória que faz jus ao seu antecessor. Ninguém vai querer sair do cinema antes da hora.

    O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família estreia no Brasil no dia 12 de agosto.

    Nota: 3,5/5

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    Veja também: Crítica | Um Lugar Silencioso – Parte II

  • Crítica | A Barraca do Beijo 3

    Crítica | A Barraca do Beijo 3

    A Barraca do Beijo 3 estreia amanhã na Netflix com decisões a serem tomadas, planos a serem cumpridos e brigas típicas de adolescentes confusos.

    A Barraca do Beijo 1 e 2 foram um prato cheio para o adolescente que adora uma pegação, romances escondidos e a ideia de amizade pra toda a vida. Porém, o ponto alto da história com toda certeza foi o triângulo amoroso envolvendo Elle (Joey King), Noah (Jacob Elordi) e Marco (Taylor Zakhar Perez), que não se resolveu no segundo filme.

    Em A Barraca do Beijo 3, Elle tem que tomar uma das decisões mais difíceis da sua vida: ir para a faculdade com Lee (Joel Courtney), seu melhor amigo desde sempre e a pessoa com quem fez planos ou escolher Harvard e estudar e morar com o seu grande e primeiro amor, Noah. Apesar de difícil, a decisão não demora a ser tomada e o rumo da história caminha para outros lados.

    A Barraca do Beijo 3
    A Barraca do Beijo 3 | Netflix

    Com o Marco presente no verão dos protagonistas, a relação de Elle e Noah fica cada vez mais longe do final feliz. A desconfiança no relacionamento são colocadas em jogo e tudo acaba se complicando cada vez mais. Mas nem só de confusão se tem um último filme.

    Que Lee e Elle são fãs de listas e regras, isso nós já sabemos, mas agora se tornou ainda mais divertido assistir os amigos realizando os seus sonhos e vontades de crianças, aproveitando seu último verão juntos antes de se separarem.

    Clichê adolescente? Mais que isso, diferente de Para Todos os Garotos que Já Amei, A Barraca do Beijo 3 traz uma maturidade nas tomadas de decisões dos protagonistas, sem deixar a monotonia tomar conta. O roteiro fez com que tudo acontecesse de forma rápida e zero cansativa, o que foi gostoso de assistir e infelizmente deixou um gostinho de quero mais (mesmo tendo terminado de uma maneira super ok).

    A Barraca do Beijo 3
    A Barraca do Beijo 3 | Netflix

    Das comédias românticas adolescente da Netflix, talvez essa seja uma das que mais me cativou, talvez seja pelo fato dos atores serem ótimos e servirem muito bem em seus papéis, mas a história também não foge muito da realidade de um adolescente normal americano (apesar das extravagâncias que existem sim).

    Amar não é mesmo o suficiente ? Talvez essa seja a lição que A Barraca do Beijo nos deixou. Mudar todas as suas decisões e planos de via para seguir quem você ama pode ser uma escolha difícil, e desnecessária. Não sendo reconhecida pela outra pessoa. Mas uma amizade, ela pode durar pra sempre.

    Por fim, o que se pode esperar de A Barraca do Beijo 3 é muita diversão, muita maturidade e o sentimento de dever cumprido.

    A Barraca do Beijo 3 estreia dia 11 de Agosto na Netflix.

    Nota: 2,5 / 5

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  • Crítica | Rua do Medo: 1666 — Parte 3 mergulha na mitologia, montando um sombrio quebra-cabeça

    Crítica | Rua do Medo: 1666 — Parte 3 mergulha na mitologia, montando um sombrio quebra-cabeça

    Valorizando o projeto literário do escritor R. L. Stine, a Netflix conclui sua nova empreitada, colocando todos os pingos nos “is” (ou quase!). Mais uma vez, Rua do Medo: 1666 – Parte 3 replica o mesmo comportamento do original, com trejeitos de série. Assim como o filme progenitor, a conclusão faz dessa característica sua força, revelando que o melhor foi guardado para o final, nesse caso “finais”, no plural, pois estamos diante de uma “dobradinha” — um filme “dois em um”.

    Como encerrar uma trilogia?”. Essa pergunta matou (e salvou) inúmeras franquias. Para a diretora de Rua do Medo, Leigh Janiak, basta entrar no túnel do tempo e dissecar o passado, assim como em Pânico 3. Alinhando o enredo numa longínqua vila de peregrinos, a Parte 3 realoca os atores em outros papéis, cercando-os de segredos, reviravoltas e mais mortes. Optando pela exploração comportamental, Janiak segura as rédeas da trama com firmeza, apostando no contraste existente entre a vida do indivíduo x a vida em comunidade. Em outras palavras, eis o terror que visa estudar a anatomia da conduta humana.

    O resultado é o filme mais importante da trilogia, desafiando o público a desembaralhar os pedaços de pistas deixados pelo caminho. Às vezes aparentando ser o episódio final de série, a atmosfera lapidada flerta com o taciturno A Bruxa, de Robert Eggers; e para bom entendedor, tal elogio já basta!

    Crítica | Rua do Medo: 1666 — Parte 3 mergulha na mitologia, montando um sombrio quebra-cabeça
    Rua do Medo: 1666 – Parte 3 / Netflix

    Sobre Rua do Medo: 1666 – Parte 3

    No filme, um grupo de pessoas de um pequeno vilarejo colonial é vítima de uma brutal perseguição religiosa durante o século XVII, o que causa efeitos desastrosos por séculos jogando uma maldição assustadora em todos os moradores daquele lugar.

    A ponte criada no final da Parte 2 torna-se o gancho mais poderoso dentre os três filmes. Sussurrando no ouvido do público o convite para mergulhar na mitologia da principal figura sobrenatural, a bruxa Sarah Fier, o longa se desprende da identidade Slasher, agarrando-se no terror psicológico. Os dias remotos em Rua do Medo 1666 são examinados na primeira hora de filme. Se observa os costumes do povo regido pela fé (ou o medo produzido por esta), o fanatismo religioso e a manipulação da verdade.

    A fluidez é a melhor amiga do terceiro filme, pois em duas horas a trama consegue a proeza de destrinchar o passado e recuperar o “time”, retomando os acontecimentos de Rua do Medo: 1994. Tal dinâmica permite que o público seja agraciado com respiros narrativos, mais mistérios e uma sessão dupla.

    Crítica | Rua do Medo: 1666 — Parte 3 mergulha na mitologia, montando um sombrio quebra-cabeça
    Rua do Medo: 1666 – Parte 3 / Netflix

    Esse recorte no tempo abre parênteses para uma discussão antiga, porém atual! Sabe-se que o comportamento humano, muitas vezes, leva a reprodução de atos sombrios. E é isso que a diretora mostra: a vertente cruel, habitando cada ser, seja pai, mãe, irmão, vizinho ou amigo.

    Com a fotografia cinzenta, diferente da paleta de cores neon predominantes na Parte 1 e 2, Rua do Medo: 1666 se apega aos cenários, extraindo o máximo de bizarrices rotineiras, na missão de passar ao público a atmosfera pesada. Parece que estamos diante de uma visão que não nos pertence, mesmo assim precisamos vê-la, senti-la! Dessa experiência, nasce os embates na tela. Fé e descrença, medo e esperança, amor e ódio, verdade e mentira. Afinal, quem vence? Essa são as indagações que Janiak se propõe a responder (e discutir). Desse modo ela une os demais filmes a este, numa grande teia de acontecimentos que culminam no mesmo ponto: Quem, de fato, foi Sarah Fier?

    Crítica | Rua do Medo: 1666 — Parte 3 mergulha na mitologia, montando um sombrio quebra-cabeça
    Rua do Medo: 1666 – Parte 3 / Netflix

    Eis a questão, o ponto-chave da trilogia. Quando as respostas surgem, a edição encerra a primeira parte do fim de forma crua, pessimista. A retomada do ponto de partida — período “noventista” — trabalha com as consequências e tomadas de ações, uma vez que a gênese da maldição foi descoberta.

    Se as duas primeiras partes da trilogia serviram como ode ao cinema de terror, indo de Pânico a Sexta-feira 13, aqui a diretora pinta homenagens aos títulos A Bruxa, A Vila, e entre outros. Apesar da enxurrada de tributos, a Parte 3 conta a própria história, sem jamais usar as referências como escada para alcançar sua linha de chegada. Repleto de simbologias, antigas e atuais, é na essência dos personagens, nas escolhas e relações deles, que habita o coração dessa fita de terror. Não há grandes sustos ou doses de megalomania, usa-se a simplicidade do cotidiano dos peregrinos para desenrolar os conflitos e plantar a semente para o mau.

    Crítica | Rua do Medo: 1666 — Parte 3 mergulha na mitologia, montando um sombrio quebra-cabeça
    Rua do Medo: 1666 – Parte 3 / Netflix

    Temos aqui o encerramento justo, respeitando a construção dos filmes anteriores. Apesar dos deslizes que acometem o roteiro, vez ou outra, nenhum deles atua como sabotador. Permanece, no fim, a famosa sensação de “jornada concluída”, apesar das “reticências”…

    Desafiando o público a embarcar nesse experimento fílmico, a Netflix assina seu nome em uma nova receita para os streamings: trilogias com filmes lançados a cada semana. O fechar das cortinas é marcado por dosar drama, terror e humor, atestando este como o melhor filme da saga. Portanto, Rua do medo 1666 finaliza sua passeata com energia, mostrando que o desfecho — ainda — é o melhor lugar para grandes revelações.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer da Parte 3:

    Veja também:

    Crítica | Rua do Medo: 1994 – Parte 1 é um tributo ao subgênero Slasher.

    Crítica | Rua do Medo: 1978 – Parte 2 resgata atmosfera de Sexta-feira 13

  • Crítica | O Esquadrão Suicida – Tiro, porrada, bomba, ratos e bolinhas

    Crítica | O Esquadrão Suicida – Tiro, porrada, bomba, ratos e bolinhas

    Mesmo tendo sido um fiasco nas avaliações da crítica especializada, o Esquadrão Suicida de David Ayer surpreendeu ao arrecadar uma grande quantia em arrecadação mundial, fazendo a Warner perceber que a produção tinha potencial mas foi executado da maneira errada. Com isso, o longa acabou ganhando uma sequência que também serve como reboot, sob o comando de ninguém menos que James Gunn, o mesmo diretor de Guardiões da Galáxia Vol. 1 e Vol. 2.

    Sinopse: O roteirista e diretor James Gunn está de volta à aventura de ação de super-heróis, agora com a trupe de delinquentes mais degenerados da DC, em “O Esquadrão Suicida”, da Warner Bros. Pictures.

    Bem-vindo ao inferno, também conhecido como Belle Reve, a penitenciária com a maior taxa de mortalidade nos Estados Unidos, onde são mantidos os piores supervilões, dispostos a fazer qualquer coisa para escapar – até mesmo integrar a supersecreta e supersombria Força Tarefa X. Qual é a missão de vida e morte para hoje? Reunir um grupo de prisioneiros de alta periculosidade como Sanguinário, Pacificador, Capitão Bumerangue, Caça-Ratos 2, Sábio, Tubarão-Rei, Blackguard, Dardo, e a psicopata favorita de todos, Arlequina. Em seguida, armar todos até os dentes e jogá-los (literalmente) na remota ilha Corto Maltese. Na selva povoada de militantes adversários e forças de guerrilha que aparecem do nada a cada momento, os integrantes do Esquadrão estão em uma missão de busca e destruição, e o Coronel Rick Flag é o único homem em terra responsável por fazê-los se comportar… além dos técnicos do governo da equipe de Amanda Waller, falando em seus ouvidos e rastreando cada movimento deles. Como sempre, basta um movimento errado e eles vão acabar mortos (seja nas mãos dos inimigos da ilha, de um companheiro de equipe ou da própria agente Amanda Waller). Se alguém estivesse disposto a fazer uma aposta em dinheiro, a escolha mais inteligente seria contra eles, todos eles.

    Crítica | O Esquadrão Suicida - Tiro, porrada, bomba, ratos e bolinhas
    Bastidores de ‘O Esquadrão Suicida’ | Warner Bros. Pictures

    Ainda sobre as polêmicas que envolvem a Warner Bros. Pictures e David Ayer, diretor do primeiro filme, para a liberação do seu corte do filme, o novo Esquadrão Suicida estreia de maneira que nos faz questionar, se de fato, o corte de Ayer poderia ter tido o mesmo êxito em execução. Após uma polêmica envolvendo tweets de mais de 10 anos, o cineasta James Gunn, se viu retirado de um abismo pela Warner Bros. após sua demissão da Marvel Studios. Dentre todos os projetos oferecidos para Gunn, o escolhido pela figura, foi justamente a sequência intitulada “O Esquadrão Suicida”, filme que prometeria redimir a equipe de vilões com os fãs e críticos.

    Já no anúncio de James Gunn no comando do longa, muitos viram que ali haveria um futuro brilhante para a sequência, diferente de seu antecessor. O Histórico de Gunn ajudou (e muito!), afinal o diretor conseguiu transformar uma equipe B da Marvel em um fênomemo ao moldar o projeto de uma perspectiva única, que poderia ter saído apenas da “horrivelmente brilhante mente” do cineasta; e esse é justamente o termo utilizado no marketing de O Esquadrão Suicida, quando se referem ao diretor.

    As expectativas e confiança dos fãs se consagram em algo real, com esse filme. Gunn mais uma vez conseguiu tirar leite de pedra e entregar uma produção com a sua fórmula única de enxergar o potencial e entregar tudo que um fã gostaria de ver em tela. O respeito do diretor pela origem dos personagens e o seu gosto para o gênero ajudam bastante nesse momento criativo e isso transborda diante de nossos olhos. A escolha de elenco e personagens é certeira, mais uma vez apostando no brega moderno, com caracterização e figurino que remetem aos personagens fielmente aos seus materiais de origem; e de alguma forma o próprio James Gunn sabe que isso vai funcionar (e funciona!).

    Crítica | O Esquadrão Suicida - Tiro, porrada, bomba, ratos e bolinhas
    O Esquadrão Suicida | Warner Bros. Pictures

    Dentre todos os personagens do primeiro longa, os únicos que voltaram foram os personagens de Margot Robbie, Joel Kinnaman, Jai Courtney e Viola Davis (Arlequina, Rick Flag, Capitão Bumerangue e Amanda Waller, respectivamente). Ambos conseguem fazer um trabalho inacreditável ao desenvolver as novas camadas de seus personagens, principalmente Robbie como Arlequina, que ainda consegue surpreender sob a pele da personagem. Mas na verdade, quem brilha mesmo, e brilha muito são as novas adições, Idris Elba no papel de Sanguinário, John Cena dá um show de carisma interpretando o Pacificador, Daniela Melchior como a Caça-Ratos 2, David Dastmalchian como Bolinha e, por incrível que pareça, Sylvester Stallone dando voz ao fofo e voraz Tubarão-Rei, esse que por sinal é uma das marcas registradas de James Gunn, que adora trazer um personagem que é fofo, mas na hora da briga cai pra dentro.

    As “origens” dos novos vilões são feitas de forma muito bem trabalhada e desenvolvida. Aqui Gunn consegue fazer algo que Ayer não conseguiu, que é dar ao espectador o sentimento de empatia pelos personagens e a preocupação constante, nos levando para uma imersão sentimental, e isso com certeza é um dos pontos altos do filme. A trilha sonora embala e potencializa cada cena rodada, fazendo o espectador se energizar sem perder o foco do que está ocorrendo na tela.

    Crítica | O Esquadrão Suicida - Tiro, porrada, bomba, ratos e bolinhas
    O Esquadrão Suicida | Warner Bros. Pictures

    Apesar das grandes qualidades, O Esquadrão Suicida não é impecável. O roteiro não consegue dar conta de tantas subtramas presentes no filme, como por exemplo o núcleo da brasileira Alice Braga e o de Peter Capaldi, que ficam destacados e não tem a chance de mostrar seus potenciais. Há também a falta de interesse em desenvolver certos conflitos presentes na trama central. Com isso, o longa acaba pecando pelos excessos, até mesmo no número de personagens apresentados, quebrando um pouco algumas expectativas dos fãs sobre alguns deles.

    E por falar em expectativas, o longa faz jus a sua classificação +18 (classificada no Brasil como +16), contendo muito sangue, violência gráfica, muita linguagem imprópria para menores e até nu frontal (sim, é isso mesmo). Outra expectativa superada, com certeza, é a trama de Starro, O Conquistador no longa. Pode até parecer que a gigante estrela do mar alienígena não funciona na teoria, mas na prática a situação é o oposto. Os poderes e motivações do vilão casa perfeitamente com a trama e o estilo brutal.

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    O Esquadrão Suicida | Warner Bros. Pictures

    O Esquadrão Suicida de James Gunn redime a ideia original do primeiro longa e acrescenta coisas positivas para a reformulação da DC nos cinemas. Apesar de não ser impecável, o longa supera todas as expectativas pela coragem em arriscar na adaptação fiel e por provar que personagens subestimados nas HQs rendem um bom filme se estiverem nas mãos certas e principalmente sem a interferência exagerada do estúdio, coisa que poucos cineastas da Warner conseguem, o que é o caso de Gunn.

    Nota: 4/5

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  • Crítica | Tempo – Mais uma obra inovadora de Shyamalan

    Crítica | Tempo – Mais uma obra inovadora de Shyamalan

    M. Night Shyamalan está de volta às telonas com mais um filme bizarro e inovador, fruto de algo que poderia sair apenas de sua mente. Tempo nos brinda com uma ótima direção e sinceridade do cineasta em se manter fiel ao seu histórico.

    Sinopse: Breve, o visionário cineasta M. Night Shyamalan revela um novo thriller misterioso e arrepiante sobre uma família em um feriado tropical que descobre que a praia isolada onde eles estão relaxando por algumas horas está de alguma forma os fazendo envelhecer rapidamente… reduzindo suas vidas inteiras em um único dia.

    Crítica | Tempo - Mais uma obra inovadora e bizarra de Shyamalan
    Tempo | Universal Pictures

    Descrever “Tempo”, novo filme do diretor M. Night Shyamalan é muito simples e complicado ao mesmo tempo, vai muito do ponto de vista e do gosto pelas obras do cineasta. O diretor que gosta de apostar nas diversas reviravoltas em seus filmes, tem a incrível habilidade de trazer algo que parece ser simples, mas no fim se mostra bastante complexo, com finais que são de explodir mentes com grandes revelações e mudança de perspectiva da história, transformando suas obras em algo completamente novo do que vimos nos minutos anteriores; e com esse filme não foi nada diferente.

    Dois dos pontos mais gritantes de “Tempo”, com certeza são o roteiro a direção sincera de Shyamalan. O diretor joga mais uma vez dentro da sua zona de segurança e mesmo assim ainda consegue explorar mais todo o seu potencial em uma direção sincera, se mantendo fiel ao seu material, isso também na sua função como roteirista, onde ele consegue passar dos seus limites de uma maneira positivíssima. Nota-se a grande dificuldade de produção do filme, em questão de roteiro, pela incrível capacidade de Shyamalan em fazer a história andar em uma locação tão restrita – uma pequena praia.

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    Bastidor de “Tempo” | Universal Pictures

    Outro ponto que chama bastante atenção, está nas atuações do longa, que são exploradas ao máximo pelos atores que compõem o elenco. Gael García Bernal e Vicky Krieps conseguem extrair o máximo de uma relação em crise e o amor ainda existente, descoberto em meio ao caos que enfrentam. Rufus Sewell também manda muito bem enquanto ao seu personagem, responsável por boa parte dos plots do filme, trazendo novas dinâmicas para os enclausurados da ilha, fazendo a trama andar em direções que o espectador não têm a menor ideia de onde possam dar, e eis aqui um dos papeis mais difíceis de “Tempo”. Alex Wolf, que fez um grande trabalho em Hereditário, e Thomasin McKenzie, que brilhou em Jojo Rabitt, conseguem explorar as camadas de seus personagens e mais uma vez se destacam nesse novo trabalho.

    Um dos pontos que pegam o lado negativo do longa está na grande capacidade que os personagens conseguem deduzir tudo com tamanha exatidão, como, por exemplo, no início onde os personagens conseguem deduzir os cálculos de como o tempo realmente passa ali naquele local. Além disso, também há um pequeno problema quanto há alguns momentos de seriedade e histeria que beiram ao cômico por conta dos excessos e poucas vezes por conta da falta de abordagem do lado psicológico de alguns personagens, como as crianças que estão crescendo de forma acelerada.

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    Tempo | Universal Pictures

    No fim, Tempo se mostra um ótimo suspense, bizarro e inovador, que prende a atenção do espectador e dá as respostas necessárias para a conclusão de sua trama (mesmo deixando uma ponta solta). Muito provavelmente será um filme polarizado de amor ou ódio, como diversas obras de Shyamalan, mas para aqueles que entendem a proposta do cineasta e conhecem seu histórico e sua visão, o longa será uma ótima experiência.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Loki

    Crítica | Loki

    Terceira produção da Marvel Studios para o streaming do Disney+, “Loki” dá novos ares à Fase 4 do MCU e apresenta, de forma oportuna, personagens e conceitos importantes para o futuro da franquia. Dirigida por Kate Herron (“Sex Education”), a série é um relato cativante e ousado sobre o Deus da Trapaça e assume uma identidade própria que torna o show um sucesso absoluto.

    Em Loki, após os eventos de Vingadores: Ultimato, quando o Deus da Trapaça (Tom Hiddleston) rouba o Tesseract e cria uma realidade alternativa onde não foi morto por Thanos, o Filho de Odin é capturado pela TVA, a Autoridade de Variância Temporal, e sentenciado à “podação” – quando as Variantes que danificaram a Linha do Tempo Sagrada são apagadas da realidade. À beira da morte, Loki “oferece” seus serviços à misteriosa organização e tenta manipulá-la, a fim de evitar a sua pena e de encontrar um meio de recuperar a sua liberdade.

    No entanto, quando Laufeyson (Loki) conhece Sylvie (Sophia Di Martino), sua versão feminina de outro universo, ele abandona qualquer estratégia e se une à determinada Lady Loki. Juntos, os dois iniciam uma jornada épica através do espaço-tempo e percorrem diversos momentos da história da humanidade para, finalmente, tentar desmascarar a nada inocente TVA. O que eles não esperavam, porém, é que suas ações colocariam em risco o futuro de todo o Universo.

    Loki
    Loki/Disney+

    Lançada pelo Disney+ no dia 9 de junho de 2021, a série de seis episódios foge um pouco da “Fórmula Marvel” – já bastante conhecida pelo grande público – e aposta em uma narrativa mais “original”, a fim de inserir fielmente o espectador na mente excêntrica de um dos personagens mais complexos dos quadrinhos. Recheada da loucura e da inconsequência dignas do Deus da Trapaça, “Loki” embarca em uma jornada admirável e entrega um arco sólido que satisfaz até os mais céticos dentre os fãs de heróis [ou anti-heróis]. E é dessa forma, em meio ao caos temporal e à iminência de um grande desastre, que a série dá mais um passo ousado e apresenta Sylvie, a primeira Variante de Loki e um dos primeiros sinais do Multiverso.

    Vinda de uma realidade alternativa, a versão feminina do Filho de Odin é o toque especial da produção e dá um novo, e oportuno, rumo ao roteiro de Michael Waldron. Implacável, a personagem oferece uma dinâmica sedutora e faz com que os olhos do espectador, e os de Loki, brilhem. Motivada por uma gigantesca sede de vingança, e por um “modesto” desejo de matar, ela é bem desenvolvida e se torna o encaixe perfeito para o Deus da Trapaça, que abraça o seu novo “eu” e abre as portas para uma dinâmica interessante entre os dois. Aliados, ou algo próximo disso, eles se identificam e compartilham do mesmo objetivo: sobreviver e desmascarar os Guardiões do Tempo, criadores da TVA.

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    Loki/Disney+

    A partir disso, enquanto Loki e Sylvie desenvolvem laços fortes e viajam no tempo para se esconder e investigar, a narrativa se transforma e assume proporções épicas. Se um dia chegamos a acreditar que Loki seria morto de forma definitiva pelas mãos de Thanos, o Titã Louco, ou que a sua série solo no Disney+ seria apenas uma forma de dizer “adeus” ao personagem, estávamos errados. A nova produção da Marvel aproveita o inesgotável potencial do Deus da Trapaça e, à medida que introduz personagens e conceitos importantes para o futuro da franquia nos cinemas, abre um leque infinito de possibilidades a ser explorado. Nesse sentido, “Loki” se revela maduro o suficiente para reconhecer a sua importância dentro do Universo Cinematográfico da Marvel e não tem medo de colocar todos os seus trunfos na mesa.

    Dentre as concepções mais relevantes, tempo, espaço e realidade são terminantemente desenvolvidas pela série. E, assim, o Multiverso, tema principal da Fase 4, é oficialmente instituído. Seja quando somos apresentados à legião de Variantes do Loki – como o Loki Clássico (Richard E. Grant), o Kid Loki (Jack Veal), o Loki Orgulhoso (Deobai Oparei) e o Loki Jacaré -, ou seja quando somos guiados através do verdadeiro Fim dos Tempos e testemunhamos a criação de dezenas, e até centenas, de realidades paralelas, temos um vislumbre preciso da dimensão do que o MCU planeja. E esse vislumbre, no último episódio da série, que já está confirmada para a 2ª temporada, é extraordinário, uma vez que Kang, o Conquistador (Jonathan Majors), um dos maiores vilões da Marvel, é finalmente apresentado.

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    Loki/Disney+

    Dessa forma, levando em consideração a grandiosidade de “Loki“, que ignora as “limitações” de uma série de TV e oferece uma narrativa à altura do Deus da Trapaça e todo o seu potencial, é possível dizer que a série é um dos maiores acertos da Marvel nos últimos anos. Aliando incríveis elementos de storytelling com aspectos técnicos singulares, como é o caso da fantástica fotografia de Autumn Durald, o lançamento do Disney+ supera todas as expectativas e aproveita para fazer conexões com o cinema e dar o pontapé inicial para produções como “Doutor Estranho, no Multiverso da Loucura” e “Homem Aranha: No Way Home“.

    Finalmente, “Loki” é um suspiro aliviado de um personagem cuja importância para o MCU é incalculável. Com todos os ingredientes em mãos, a série mais traiçoeira do estúdio cumpre as suas promessas e estabelece um novo padrão para os programas do streaming. Agora, com um futuro ainda maior pela frente, o Deus da Trapaça espera por sua chance de brilhar novamente em mais uma narrativa profunda sobre redenção, descoberta e liberdade. Dessa vez, porém, dividindo os holofotes com a Variante mais querida do público, Sylvie.

    Loki já está disponível no Disney+.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Espiral – O Legado de Jogos Mortais

  • Dragon Age | Netflix pode estar desenvolvendo uma série baseada no game

    Dragon Age | Netflix pode estar desenvolvendo uma série baseada no game

    Netflix vendo o sucesso com The Witcher, provavelmente vai começar a investir mais em adaptações de jogos.

    Com a concorrência aumentando no mercado de Streaming, a Netflix está investindo mais ainda em conteúdos originais, incluindo adaptação de games, como o caso de The Witcher, e agora a empresa está desenvolvendo uma série baseada no jogo Dragon Age.

    A notícia foi divulgada pelo site Giant Freakin Robot (via IGN), afirmando que a empresa está trabalhando no projeto ao lado da BioWare, embora nada tenha sido anunciado oficialmente por ambas as empresas. O site ainda cita fontes confiáveis, mas não sabemos se será uma adaptação em Live Action ou em animação.

    Dragon Age 4 1
    Concept Art – Dragon Age

    Só para citarmos exemplos recentes, a Netflix adaptou The Witcher e Castlevania. A HBO fará a adaptação de The Last of Us e Uncharted terá uma adaptação em Live Action.

    Mas você gostou dessa notícia? Comente!

    Fonte: IGN

  • Crítica | Um Lugar Silencioso – Parte II

    Crítica | Um Lugar Silencioso – Parte II

    Um Lugar Silencioso – Parte II promete responder algumas perguntas deixadas em aberto no primeiro filme, além de acabar com a curiosidade do público sobre o início do apocalipse; mas será que a sequência faz jus ao primeiro filme?

    Sinopse: A família Abbott precisa enfrentar os terrores do mundo exterior enquanto luta pela sobrevivência em silêncio. Forçados a se aventurar no desconhecido, eles percebem que as criaturas que caçam pelo som não são as únicas ameaças no caminho da areia.

    Crítica | Um Lugar Silencioso - Parte II
    Um Lugar Silencioso: Parte II | Paramount Pictures

    Estreando sobre muita expectativa, Um Lugar Silencioso: Parte II traz as respostas que finalmente precisávamos para seguir em frente com a história da família Abbott, que sobrevive nesse apocalipse silencioso. A começar pelo início do longa que traz finalmente a respostas sobre como tudo começou no “Dia 1”. Nesse prólogo vemos como é a rotina de Lee (interpretado por John Krasinski) e sua família antes da ruína da humanidade. As cenas de Krasinski trazem de volta a sensação de luto pela morte de seu personagem no final do primeiro filme, e isso se torna muito importante para o andamento e desenvolvimento da história e seus personagens.

    A base da história está exatamente nas descobertas feitas pelo personagem de Krasinski e o legado que Lee deixou para sua família. A volta da sensação de perda de seu personagem faz com que nos importemos ainda mais com sua família e nos sintamos ainda mais apreensivos quanto a segurança de sua esposa e filhos ao longo da jornada dos Abbott nessa sequência.

    Crítica | Um Lugar Silencioso - Parte II
    Um Lugar Silencioso: Parte II | Paramount Pictures

    Um Lugar Silencioso: Parte II é um mix de de coisas boas, com uma fórmula de sucesso garantido. A excelência passa desde a direção de Krasinski, que mais uma vez acerta em cheio e se mostra muito competente, até as atuações que extrapolam os limites da realidade e faz com que o espectador deixe de lado a ideia de estar vendo um filme, e nos imerge na história. Emily Blunt mais uma vez traz consigo todo o seu poder de atuação e de entendimento dessa personagem materna que não pensa em nada além da segurança dos filhos; Blunt consegue dar novas camadas à sua personagem nessa sequência e transmite muita veracidade no que faz.

    Noah Jupe (Marcus Abbott, no filme) também segue muito bem aqui. O jovem ator traz consigo uma interpretação bem mais madura nesse segundo filme. A adição de Cillian Murphy ao elenco é uma das grandes surpresas com certeza; seu personagem traz muito mais importância ao longa do que foi mostrado pelos trailers e vídeos promocionais, esse sem dúvidas foi um dos grandes acertos no marketing. Mas quem traz consigo o protagonismo do filme é Millicent Simmonds, sem sombras de dúvidas. Simmonds vem com uma interpretação carregada de simpatia, verdade e técnica, conseguindo trazer uma redenção de sua personagem aos olhos do público. Sua personagem é o ponto central da história e a peça chave para o desenvolvimento da história presente e futura.

    Crítica | Um Lugar Silencioso - Parte II
    Um Lugar Silencioso: Parte II | Paramount Pictures

    O roteiro é mais um dos grandes acertos de Um Lugar Silencioso: Parte II. John Krasinski, Bryan Woods conseguem fazer a história andar e seguir rumos interessantes. O desenvolvimento dos personagens e suas evoluções são bem evidentes, mesmo que num curto período de tempo dos acontecimentos entre o primeiro e o segundo filme. A personagem de Emily Blunt precisa agora lidar com cem por cento da responsabilidade dos filhos e mantê-los seguros, assim como o amadurecimento do núcleo juvenil e o peso do personagem de Cillian Murphy nesse desenvolvimento. Outro ponto bem executado é a expansão da história para o mundo além da zona segura da família Abbott, que mostra como o resto da população está lidando com o fim do mundo.

    A edição sonora do longa é o auge de tudo e isso não poderia ser diferente, devido ao que a produção se propõe. Praticamente toda a tensão e apreensão do filme está nas cenas onde o espectador precisa estar com os ouvidos atentos a tudo o que está acontecendo, estimulando mais uma vez a imersão de quem assiste em tudo o que se passa na tela.

    Um Lugar Silencioso: Parte II traz tudo o que queríamos ver nessa sequência: um bom desenvolvimento e superação das expectativas. O longa repete a fórmula de sucesso de seu antecessor, mas também traz novidades em uma trama que leva a produção para o caminho certo.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Rua do Medo: 1978 – Parte 2 resgata atmosfera de Sexta-feira 13

    Crítica | Rua do Medo: 1978 – Parte 2 resgata atmosfera de Sexta-feira 13

    Semeando outra perspectiva para o tratamento de trilogias, a Netflix abre as portas para a continuação da sua nova franquia de terror. Em Rua do Medo: 1978 – Parte 2 nada é aleatório, inclusive a data presente no título. Nota-se o cuidado, o planejamento em construir, através do calendário, coerência temporal e homenagem aos clássicos. Na história do gênero Slasher, foi nos anos setenta que os pioneiros O Massacre da Serra Elétrica e Halloween ditaram o manual que viria a ser seguido por outros filmes, nas décadas seguintes. Nada mais simbólico que habituar a narrativa no período que marcou a gênese dos filmes slasher.

    Olhando para trás e resgatando a fala do personagem Randy, em Pânico 2, temos as regras de uma sequência: “Número 1 – O número de corpos é maior. Número 2 – As cenas de mortes são bem elaboradas“. Mesmo com a distância de quase três décadas, essa análise metalinguística exprime com maestria o epicentro narrativo de Rua do Medo: 1978. Diferente do antecessor, a contagem de mortos é extrapolada, o aprofundamento da mitologia segue ares mais míticos e o banho de sangue, frequente, às vezes precisa ser oculto pela fotografia escura.

    “Rebobinando a fita”, a narrativa volta no tempo, apostando na ambientação à lá Sexta-feira 13. Seguindo diretrizes totalmente diferentes, a sequência cumpre seu papel de “filme do meio”, ligando a Parte 1 com a vindoura Parte 3 de forma orgânica.

    Rua do Medo: 1978 - Parte 2 resgata atmosfera de Sexta-feira 13
    Rua do Medo:1978 – Parte 2 / Netflix

    Sobre a Parte 2:

    Na cidade amaldiçoada de Shadyside, uma onda de assassinatos aterroriza o Acampamento Nightwing, transformando as férias em uma luta pela sobrevivência.

    Lançar uma trilogia, em menos de um mês, é “coisa de streaming“, ou melhor, é “coisa da Netflix“, e isso é inédito! Plantando na mente do público uma nova vivência cinematográfica, será que as demais plataformas investirão nessa ideia? Desde a estreia do filme primário, a Netflix não está apenas oferecendo uma franquia de terror, e isso pode ser percebido em Rua do Medo: 1978. Nos minutos iniciais, a sensação é que estamos segurando um convite, imersos numa festividade sinistra, que une diversão e terror, envelopados numa embalagem escrita “Entretenimento Macabro”.

    Rua do Medo: 1978 - Parte 2 resgata atmosfera de Sexta-feira 13
    Rua do Medo:1978 – Parte 2 / Netflix

    Na prática, o fator medo ganha destaque na Parte 2, e o resultado é como um bônus. Aperta-se o play num filme slasher sobre adolescentes na década de noventa e, de repente, o público é presenteado com uma faixa extra, focado no terror setentista. Essa intersecção confirma o óbvio: trata-se de um evento, uma experiência diferente. No cinema, por exemplo, trilogias costumam acontecer em um longo período, mas aqui é diferente. Estamos diante de uma tríade fílmica que se completará em três semanas. Não há tempo para a contagem de dias, respiro narrativo ou especulação dos fãs, pois as respostas chegarão em breve.

    Respondendo às indagações a conta-gotas, a trama prefere desenvolver um filme [dentro do filme], com começo, meio e fim. Diferente do precursor, a Parte 2 detém a aparência de trama “completa”, não parecendo uma série. Mesmo que o prólogo e o desfecho possuam ramificações com a Parte 1 e a futura Parte 3, percebe-se uma história autônoma em Rua do Medo: 1978. Há mais liberdade na conclusão dos arcos de personagens e a dinâmica ação x reação independe da influência dos outros filmes.

    Rua do Medo: 1978 - Parte 2 resgata atmosfera de Sexta-feira 13
    Rua do Medo:1978 – Parte 2 / Netflix

    Tal emancipação permite que a diretora, Leigh Janiak, mais uma vez, desfaça as amarras dos estereótipos, porque esse fragmento da história, apesar de “fechado”, presta reverência à construção de persona presente nos slashers de anos atrás. Dentro dessa legião de potenciais vítimas, a apresentação vai se transformando em aprofundamento, humanizando os personagens que, inicialmente, parecem rotulados, e no prosseguir dos acontecimentos se tornam coadjuvantes fortes.

    No final, a conclusão desse “filme dentro do filme” responde diversas perguntas, no entanto, deixa mais interrogações cintilando pelo caminho. E o que poderia ser defeito, aqui se transforma em engajamento. A audiência anseia compreender a origem, os segredos e as regras da maldição. Todo detalhe tem cara de pista, chamando o público para um jogo particular; uma missão de desvendar o quebra-cabeça.

    Rua do Medo: 1978 - Parte 2 resgata atmosfera de Sexta-feira 13

    Desenterrando mistérios e apostando nas relações — amizade, inimizade, amor e irmandade — o segundo filme se sustenta sozinho e isso é uma característica merecedora de exaltação. Apesar de ser o miolo de uma massa maior, a Netflix prova que alguns elementos intrinsecamente ligados às séries cabem na construção de longas-metragens. Então trata-se de uma série disfarçada de filme? Não! Pois, o conjunto da obra se prova autossuficiente.

    As diversas configurações do medo são usadas com inteligência. O sobrenatural ganha protagonismo, roubando a cena no terceiro ato claustrofóbico e, em alguns momentos, dramático. No fim, fica na boca o gosto de “quero mais”, cutucado por uma prévia da vindoura Parte 3 que promete resgatar outra vertente do terror. Em suma, Rua do Medo: 1978 é uma sequência que sabe caminhar com as próprias pernas, mantendo a essência do longa primário, mas alguns degraus acima no quesito qualidade.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer da Parte2:

    Veja também: Crítica | Rua do Medo: 1994 – Parte 1 é um tributo ao subgênero Slasher.

  • Crítica | Eu Nunca…2ª Temporada

    Crítica | Eu Nunca…2ª Temporada

    A segunda temporada de Eu Nunca chegou na Netflix abordando questões atuais da adolescência e passando, mais uma vez, por cima do estereótipo indiano.

    A adolescência é, sem dúvidas, a fase da vida em que estamos mais propícios a tomarmos decisões erradas e passar muita, mas muita vergonha. Tomar decisões certeiras é uma tarefa ainda mais difícil para Davi (Maitreyi Ramakrishnan), protagonista da comédia adolescente Eu Nunca.

    Desde a primeira temporada Davi tem se mostrado uma garota sem papas na língua, o que a colocou em situações extremamente constrangedoras e preocupantes. Desde a morte de seu pai, ela vem enfrentando problemas tanto na família, quanto em questões amorosas.

    Como uma clássica série adolescente, é de se esperar que a lição seja passado no fim de uma temporada, mas o que tivemos na verdade foi uma dúvida enorme: com quem Davi deve ficar, Paxton (Darren Barnet) o carinha perfeito e super popular ou Ben (Jaren Lewison)  o nerd que é seu rival há anos e que vem mexendo com os seus hormônios? A resposta ficou para uma outra temporada.

    Eu Nunca
    Eu Nunca…2ª Temporada | Netflix

    Eu Nunca… esperei tanto pra ver uma decisão ser tomada, mas pelo jeito vamos ter que esperar mais um pouco pelo final feliz. A segunda temporada começa com Devi escolhendo, inesperadamente, manter um relacionamento com os dois pretendentes, o que com certeza gera muita confusão tanto para ela, quanto para os envolvidos.

    Como se já não bastasse toda a pressão do último ano escolar e por tentar lidar com seus dois namorados, a protagonista fora da caixinha ainda tem que lidar com uma ameaça ainda maior: a nova aluna indiana que é super legal.

    Eu Nunca...2ª Temporada | Netflix
    Eu Nunca…2ª Temporada | Netflix

    Além do desenvolvimento da personagem principal, fica claro o trabalho dos roteiristas de tentarem trazer as amigas de Devi para os holofotes (como se já não tivessem feito isso na primeira temporada). Com Fabíola (Lee Rodriguez) assumindo a homossexualidade na primeira temporada, fica para a segunda o papel de mostrar o desenvolvimento pessoal da personagem, e suas inseguranças e o avanço de seu relacionamento. Já a terceira peça do grupo de amigas, Eleonor (Ramona Young) aparece ainda mais cômica, engatando relacionamento com ex “estrela. ” da Disney e melhorando o seu relacionamento com a sua madrasta.

    Outros personagens também tomam o foco de alguns episódios, o que é o caso da mãe de de Davi, Nalini (Poorna Jagannathan) que deseja dar uma segunda chance pro amor e Kamala (Richa Moorjani), que precisa decidir se vai seguir com seu casamento arranjado.

    Eu Nunca...2ª Temporada | Netflix
    Eu Nunca…2ª Temporada | Netflix

    Paxton também tem um episódio totalmente dedicado ao personagem, com a narração da modelo Gigi Hadid, podemos entender melhor o que se passa na cabeça do atleta de natação.

    Com momentos de vergonha alheia ainda mais intensos, a segunda temporada de Eu Nunca deixa um gostinho de quero mais a cada episódio, fazendo com que fiquemos ansiosos para ver as próximas aventuras desses adolescentes que fazem questão de se meterem em situações desesperadoras.

    Eu Nunca Segunda Temporada
    Eu Nunca…2ª Temporada | Netflix

    Eu Nunca é uma grata surpresa para o mundo do entretenimento, a ideia brilhante de tirar o estereótipo da família indiana trazendo uma personagem um tanto quanto fora da caixinha e, ao mesmo tempo extremamente engraçada é de agradar até mesmo os críticos mais chatos.

    A torcida agora é para que a produção continue com bons frutos e trazendo um entretenimento de ótima qualidade, fazendo questão de retratar os problemas e discussões atuais da adolescência, sem medo de tocar na ferida.

    A segunda temporada de Eu Nunca…já está disponível na Netflix.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

    https://www.youtube.com/watch?v=5YaVfwIG9MI
  • Crítica | Rua do Medo: 1994 – Parte 1 é um tributo ao subgênero Slasher

    Crítica | Rua do Medo: 1994 – Parte 1 é um tributo ao subgênero Slasher

    Bebendo da fonte literária, a Netflix está adicionando na sua aba de “terror” as adaptações baseadas nas obras do autor R. L. Stine. As pegadas deixadas por Stranger Things indicaram o caminho para o filme Rua do Medo: 1994, ou seja, uma narrativa dedicada às referências. Imprimindo o clima dos anos noventa, a parte 1 in(felizmente) veste todas as características de uma série: perguntas sem respostas, ausência de um final e prévia do que vem a seguir. Se parecer com uma série não é um problema, mas será que a estrutura consegue sobreviver?

    Wes Craven cravou seu nome na história cinematográfica ao quebrar fórmulas estabelecidas nos filmes de terror. Isso aconteceu em 1996, na obra Pânico, o primeiro capítulo de uma franquia que falava sobre as regras do Slasher, homenageava clássicos e iniciava um diálogo auto-referencial. Vinte e cinco anos mais tarde, a polêmica cena de abertura, protagonizada por Drew Barrymore, é usada como matéria-prima para que Rua do Medo: 1994 inicie sua narrativa. Com isso, a Netflix presta tributo ao conjunto de filmes regidos pela figura do assassino mascarado que persegue suas vítimas.

    Rua do Medo: 1994 - Parte 1 é um tributo ao subgênero Slasher
    Rua do Medo: 1994 – Parte 1 / Netflix

    Sinopse Rua do Medo: 1994

    Depois da colega Heather ser morta na saída do trabalho, um grupo de adolescentes passa a ser perseguido por um grupo de assassinos mascarados em 1994, na pequena cidade de Shadyside. Quando começam a investigar as mortes, eles descobrem que não são as primeiras vítimas e que a cidade tem uma longa história de assassinatos brutais que acontecem há anos. Agora eles precisarão descobrir uma forma de impedir os assassinos ou, então, não sobreviverão até o dia seguinte.

    A parte 1 dessa trilogia aspira o passado, do começo ao fim, contudo a trama respira sua própria identidade ao fundir ideias existentes em outros subgêneros do terror. Leigh Janiak, diretora, não esconde a admiração por histórias que possuem o intuito de assustar. Sua trajetória comprova isso, visto que seu recente trabalho ocorreu na série Scream. Aqui, Janiak inaugura sua vitrine de homenagens em um evento cinematográfico que visa lançar um filme a cada semana, com o objetivo de compor a trilogia.

    Rua do Medo: 1994 - Parte 1 é um tributo ao subgênero Slasher
    Rua do Medo: 1994 – Parte 1 / Netflix

    A ascensão do Slasher levou roteiristas a reciclarem uma ideia que, com o passar dos anos, tornou-se constante no subgênero: o uso desenfreado de estereótipos. O Bad Boy, a Líder de Torcida, o Nerd apaixonado e a Protagonista Puritana. Franquias como Sexta-Feira 13, por exemplo, reuniam diversas figuras que seguiam esses moldes; personagens rasos inseridos na trama apenas para aumentar a pilha de corpos. Não existia arco de personagem para eles, o que levou o público, muitas vezes, a pagarem os ingressos tendo em mente a presença do assassino. Por isso, vilões como Jason, Freddy Krueger e Michael Myers assumiram as rédeas do protagonismo em seus filmes.

    Em Rua do Medo: 1994 essa construção “formulaica” acontece, mas a primeira impressão não é a que fica! A Líder de Torcida não é superficial, o Nerd não é enfadonho, tampouco tratado com desprezo; e a protagonista está apaixonada por outra garota, presa entre o amor e o ódio, culpa do preconceito e do medo de ser quem realmente é. E o Bad Boy? Bom, aqui ele ainda é só um Bad Boy, em contrapartida, o amigo tagarela, usado como alívio cômico, é carismático. Esse grupo de adolescentes, antes de se transformarem em potenciais vítimas, são desenhados modestamente, desempenhando papéis que rompem a mesmice dos estereótipos.

    Rua do Medo: 1994 - Parte 1 é um tributo ao subgênero Slasher
    Rua do Medo: 1994 – Parte 1 / Netflix

    É importante que um filme de terror idealize conexão entre o público e personagens, pois esse vínculo torna-se um importante artifício, potencializado nas cenas que jogam os jovens na direção do perigo. À vista disso, a cineasta usa o primeiro ato com a finalidade de apresentar, sem pressa, os mocinhos. O elo construído por Janiak se escora nos elementos cenográficos, dizendo um pouco mais sobre cada figura, através de uma carta, computador, livros, TV, entre outros.

    O deslize acontece na hora de situar o telespectador diante dos acontecimentos históricos que antecedem o ano de 1994. Nessa parte 1, a diretora perde a mão, três vezes, transformando os protagonistas em fantoches, usando-os para vomitar uma sucessão de fatos. Isso soa repetitivo, dado que os créditos iniciais fornecem boa parte dessas informações. Essa sensação de “narrativa mastigada” parece dizer o seguinte: “repete o que já foi mostrado, talvez o público não tenha entendido!“. Ou seja, a inteligência da audiência sendo subestimada. Só que esse problema não apaga os acertos, que se destacam progressivamente.

    Rua do Medo: 1994 - Parte 1 é um tributo ao subgênero Slasher
    Rua do Medo: 1994 – Parte 1 / Netflix

    Apesar dos minutos finais transformarem o longa-metragem num “episódio estendido de uma série”, Rua do Medo: 1994 encerra bem a parte 1, oferecendo um resgate criativo de memórias ligadas aos filmes de terror. A fusão entre Slasher e Sobrenatural resulta numa mitologia que desperta curiosidade. Algo que poderia enfraquecer com o tempo, caso a espera pela Parte 2 e 3 durasse mais que sete dias.

    Em suma, a experiência inédita no streaming ao lançar três filmes sequenciais, em um curto período, é um acerto. Com certeza Rua do Medo: 1994 está escrevendo uma nova fase de lançamentos para as plataformas. O convite ofertado pela Netflix é benéfico, pois não é todo dia que o público tem a chance de assistir uma trilogia que subtrai os meses de espera de um filme para o outro.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer da Parte 1:

    https://www.youtube.com/watch?v=ZoVM-Ol_7O4

    Veja também: The Witcher | Trailer, animação, pôster e muito mais! Confira as novidades da série.

  • Crítica | Pedro e Inês, O Amor Não Descansa

    Crítica | Pedro e Inês, O Amor Não Descansa

    Baseado no romance “A Trança de Inês”, de Rosa Lobato de Faria, “Pedro e Inês, O Amor Não Descansa” é uma coprodução entre Portugal, França e Brasil sobre a trágica história de amor entre o rei D. Pedro I e a sua amante Inês de Castro. Dirigido por António Ferreira, o longa é inicialmente cativante e rende boas sequências, mas a partir do momento que investe em uma narrativa previsível, torna-se desgastante e não preserva a atenção do público.

    Lançado em Portugal no dia 18 de outubro de 2018, tornando-se o filme mais visto do ano no país, “Pedro e Inês” foi exibido na World Competition do Festival Internacional de Cinema de Montreal, bem como na competição “Novos Diretores” da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no Festival do Rio, também em 2018. Retratando a história real de duas personalidades históricas da Corte Portuguesa – à medida que experimenta doses tempestivas de ficção -, o filme traz às telas a lenda do amor proibido que transcendeu o tempo, o espaço e a própria vida.

    Em “Pedro e Inês, O Amor Não Descansa”, internado em um hospital psiquiátrico por dirigir com o cadáver de sua amada – na intenção de transformá-la em uma rainha depois de morta -, Pedro (Diogo Amaral) começa a recordar os acontecimentos de suas vidas passadas junto a Inês (Joana de Verona). Deslumbrado, ele descobre como foram todas as suas existências, que passam da Idade Média, até o presente e um futuro distópico. Durante as três épocas distintas da sua vida, Pedro e Inês se encontram e reencontram, vivendo aquela que pode ser considerada uma das maiores histórias de amor de Portugal.

    Pedro e Inês
    Pedro e Inês, O Amor Não Descansa/Pandora Filmes

    Servindo como base para a fábula de Rosa Lobato de Faria, a Lenda de Pedro e Inês é, até hoje, conhecida como a versão lusitana de “Romeu e Julieta” (William Shakespeare), com a diferença que os protagonistas do romance português realmente existiram. Na cronologia dos fatos, Dom Pedro I, de casamento arranjado com Constança, se apaixona perdidamente por Inês de Castro e decide viver um romance proibido com ela, virando as costas para as suas obrigações matrimoniais. Indignado com as atitudes do próprio filho, o Rei Afonso IV, pai de Pedro, procura dar um fim às desventuras do jovem casal e acaba por ordenar o assassinato da amante, que é esfaqueada até a morte.

    No entanto, quando Pedro se torna rei, ele desenterra o corpo de Inês e a coroa rainha de Portugal, protagonizando um dos momentos mais trágicos e marcantes da lenda. A partir de então, a história do amor que “superou a morte” tornou-se parte do imaginário e da cultura do povo português. Dessa forma, quando a lenda virou livro e o livro virou filme, o público lusitano pôde se reaproximar de uma herança importante e bastante singular, o que explica o sucesso doméstico de “Pedro e Inês, O Amor Não Descansa“. Além disso, graças à releitura do clássico literário, parte da história de Portugal tornou-se mais acessível para todo o mundo e colocou ainda mais luz sobre os locais onde se passaram os principais fatos desse conto, como o Jardim de Pedro e Inês e a Ponte Pedro e Inês, por exemplo.

    pedro e ines
    Pedro e Inês, O Amor Não Descansa/Pandora Filmes

    Na adaptação dessa história, fazendo parte de uma “licença poética” para “remodelar” o romance entre Pedro e Inês, Rosa Lobato de Faria expandiu a mitologia da lenda portuguesa e a dividiu em três tempos: passado, presente e futuro. A ideia inicial seria desenvolver a relação do nobre casal por diversos períodos da História, dando a entender que o amor entre os dois foi “além-vida” e perdurou por diversas encarnações. No livro, e posteriormente no filme, o espectador é guiado por essas três “versões” do casal e, inicialmente, é totalmente cativado pela atmosfera sóbria e contemplativa do longa, que ainda entrega uma direção de arte notável e uma cenografia precisamente compatível à narrativa.

    Porém, apesar das qualidades técnicas e de um elenco forte, a incessante exploração de três linhas temporais com, basicamente, a mesma história, transforma “Pedro e Inês, O Amor Não Descansa” em um filme previsível e bastante repetitivo. Em todas as situações, o casal vive um romance proibido e um fim trágico põe fim à sua relação. A única mudança realmente marcante é o cenário em que os atos se desenvolvem. Dessa forma, no decorrer das 2 horas de filme, o público acaba perdendo o interesse inicial e sente que não precisa assistir até os créditos finais. Finalmente, se tratando de uma história real, a adaptação de um dos maiores romances de Portugal é muito bem-vinda, contudo, à medida que peca no desenvolvimento e na estrutura, o longa desperdiça grande parte do seu potencial e se torna simplesmente esquecível..

    Pedro e Inês, O Amor Não Descansa já está em cartaz nos cinemas do Brasil.

    Nota: 2,5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Espiral – O Legado de Jogos Mortais

  • Crítica | Space Jam: Um Novo Legado

    Crítica | Space Jam: Um Novo Legado

    Os Looney Tunes estão de volta aos cinemas, agora com LeBron James, em Space Jam: Um Novo Legado, que promete levar os fãs dos personagens lunáticos da Warner Bros. para uma viagem de nostalgia, não só pelo universo Looney, mas também por todo universo da Warner Media.

    Sinopse: Bem-vindos ao Jam! Em Space Jam: Um Novo Legado, o campeão da NBA e ícone mundial LeBron James embarca em uma aventura épica, que combina animação e live action, ao lado do atemporal Pernalonga. Dirigida por Malcolm D. Lee e contando com uma equipe inovadora de cineastas que inclui Ryan Coogler e Maverick Carter, esta jornada transformadora é uma mistura maluca de dois mundos que revela a que ponto alguns pais são capazes de chegar para se aproximar de seus filhos. Quando LeBron e seu filho Dom são aprisionados em um espaço digital por uma I.A. trapaceira, LeBron precisa trazê-los de volta para casa em segurança levando o Pernalonga, a Lola Bunny e uma equipe indisciplinada de Looney Tunes a uma vitória contra os campeões digitais da I.A. na quadra: um elenco de peso formado por astros e estrelas da NBA e WNBA como você nunca viu. Será Tunes contra Goons no desafio mais arriscado da vida de LeBron, que redefinirá o laço entre ele e seu filho, e reforçará a importância de ser você mesmo. Prontos para arrasar, os Tunes desafiam as convenções, turbinam seus talentos únicos e surpreendem até o “Rei” James jogando à sua própria maneira.

    Crítica | Space Jam: Um Novo Legado
    Space Jam: Um Novo Legado | Warner Bros. Pictures

    Space Jam: Um Novo legado traz consigo uma trama familiar muito diferente do que vimos no primeiro filme estrelado pelo astro da NBA, Michael Jordan. Enquanto no primeiro filme Jordan apenas quer voltar para sua realidade, nesse novo filme temos uma história fictícia montada para LeBron e “sua família”. Na trama, o ‘Rei’ tem dois filhos, os quais gostaria que seguissem seus passos no basquete profissional. Enquanto um dos filhos segue a risca os ensinamentos do pai, o outro, chamado Dominic (apelidado de Dom), sonha em ser programador de jogos de video game e não tem interesse em seguir os passos do patriarca. Em uma visita à sede da Warner Bros., Dom é jogado para dentro do Serviverso pelo Al-G-ritmo, vilão interpretado por dom Cheadle, para fisgar o famoso jogador de basquete em uma armadilha. Para salvar seu filho e a sí mesmo, LeBron tem que juntar uma equipe lendária para o jogo do século contra o famigerado vilão, mas nem tudo sai como ele esperava, quando a sua equipe vai se formando apenas com os personagens mais lunáticos da Warner.

    Apesar da inserção dessa trama com raízes familiares fortes – que faria até Domic Toretto ter uma crise de choro – Space Jam: Um Novo Legado não traz nada de tão diferente de “O Jogo do Século”. O roteiro de ‘Um Novo Legado’ trata o filme como um remake do longa de 96 através de pequenas referências, o que torna compreensível, trazer tantas coisas semelhantes. A grande diferença está na inclusão de todo universo da Warner Media que se interliga ao filme de uma forma que parece um grande merchandising de suas principais marcas.

    Crítica | Space Jam: Um Novo Legado
    Space Jam: Um Novo Legado | Warner Bros. Pictures

    Um dos principais erros da Warner Bros. com Space Jam: Um Novo Legado está no marketing, que entregou muito mais do que deveria. Praticamente todas as surpresas que o filme teria do ‘Serveverso’ do estúdio estão nos trailers e teasers divulgados para a sua promoção, tendo apenas uma aqui e outra acolá. O que salva é a forma como todos os mundos são introduzidos dentro da trama.

    O grande ponto positivo está na interação de LeBron com os Looney Tunes, onde o astro consegue abraçar todo o universo fantástico e atuar de uma forma satisfatória com os personagens feitos de CGI. Nas cenas de tons cômicos, o protagonista consegue ótimos momentos e até tirar algumas risadas, mas em contrapartida, LeBron não consegue se dar tão bem em cenas que levam para o lado mais dramático, como por exemplo cenas onde ele tem que expressar tristeza ou decepção. Apesar disso, é compreensível, dado que o mesmo é um astro do basquete e não um ator, e essa é justamente a proposta do filme, assim como foi a do filme protagonizado por Jordan – Isso até chegou a virar piada dentro do filme!. Por outro lado temos temos Dom Cheadle que eleva o moral do filme, trazendo um vilão caricato, mas com uma atuação que convence o papel para o público.

    Crítica | Space Jam: Um Novo Legado
    Space Jam: Um Novo Legado | Warner Bros. Pictures

    A volta dos Looney Tunes aos cinemas traz um grande sentimento de nostalgia, mesmo com altos de baixos de polêmicas envolvendo alguns personagens como Pepe Le Gambá, Ligeirinho e Lola Bunny. Em ‘Um Novo Legado’, vemos que apesar da renovação dos personagens, a essência deles ainda está lá, e continuam sendo os mesmos lunáticos de sempre.

    Space Jam: Um Novo Legado não surpreende tanto assim, mas esbanja nostalgia. O roteiro, que apesar de não ser uma obra prima e trazer uma trama batida e previsível, não se leva a sério, exatamente da forma como deveria ser. O mais importante é que o longa consegue transmitir sua mensagem para o público de uma forma simples e fácil de ser entendida.

    Nota: 3/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Sombra e Ossos – Das páginas para a tela, 1ª Temporada reprisa a jornada da Escolhida

    Crítica | Sombra e Ossos – Das páginas para a tela, 1ª Temporada reprisa a jornada da Escolhida

    Assim como no cinema, o meio literário também abraça as Trilogias. Composto por três livros, a jornada fantástica escrita pela autora israelita Leigh Bardugo, iniciada no volume chamado Sombra e Ossos, chega ao catálogo da Netflix em formato de série, integrando o time de tramas que exploram a Alta Fantasia. Nessa 1ª temporada, fragmentada em oito episódios, o “showrunner” Eric Heisserer atua ao lado do diretor Lee Toland Krieger. Apesar da confusão inicial, com uma narrativa repleta de termos desconhecidos, a dupla merece aplausos por manter “vivo”, do começo ao fim, o interesse do público.

    É preciso resgatar uma figura importante, presente nas adaptações de obras literárias. Frodo Bolseiro, Harry Potter, Tris e tantos outros personagens nascidos em calhamaços de fantasia/distopia detém o título d’O(A) Escolhido(a). Aos ouvidos de muitos, esse “manto” que recai sobre o protagonista soa clichê, o que não é um problema quando a trama sabe disso e usa o poder da narrativa para fugir do que está batido. Na série da Netflix, a escolhida se chama Alina Starkov, vivida pela carismática Jessie Mei Li. Detentora de suas próprias qualidades [e defeitos], a personagem desvia do previsível e carrega o enredo sem jamais perder a chama de guerreira em ascensão.

    Sombra e Ossos - Das páginas para a tela, 1ª Temporada reprisa a jornada da Escolhida
    Sombra e Ossos (1ª temporada) / Netflix

    Sinopse:

    A história acontece no Reino de Ravka, que, há milênios, se encontra dividido em dois por uma tenebrosa barreira. Nesse mundo não muito diferente da Rússia imperial, vive Alina Starkov, uma órfã que foi recrutada pelo Primeiro Exército do czar para acompanhar os Grishas, figuras mágicas responsáveis por combater as forças malignas. Para vencer a guerra contra o mal e unir seu país, a jovem vai aprender a controlar seus poderes e a confiar em si mesma.

    De antemão, o público, acostumado a traçar linhas de semelhança, enxergará em Sombra e Ossos uma aura à lá Game Of Thrones. O motivo? A ambientação medieval regida por diferentes núcleos e a presença forte da monarquia. Mas essas comparações param aí, porque a trama da Netflix abraça mais a fantasia, usando-a como elemento primordial para decidir o futuro de personagens e ambientes nessa 1ª temporada.

    Sombra e Ossos - Das páginas para a tela, 1ª Temporada reprisa a jornada da Escolhida
    Sombra e Ossos (1ª temporada) / Netflix

    Tais elementos fantásticos são como uma cola, conectando todas as frentes em um ponto em comum: a guerra entre a luz e as trevas. Inicialmente, essa é a sensação, mas a narrativa não se agarra ao maniqueísmo e logo investe na existência de personagens que representam a fusão entre a escuridão e a luminescência. Afinal, bem e mal são conceitos desconstruídos aqui, pois a máscara de herói e vilão é usada por todos.

    Enquanto observamos um conjunto de rostos reagir e agir conforme suas vontades, a balança moral se equilibra. E isso vai além da relação direta entre Série e Telespectador, pois esse vínculo também acontece entre coadjuvantes e protagonistas.

    Percebe-se a vitória do idealizador Eric Heisserer na janela aberta por ele, oferecendo uma ampla visão à cultura dessa sociedade ficcional. Sugando, no bom sentido, as principais temáticas abordadas no livro, o showrunner demonstra cuidado na hora de construir figuras narrativas. Para ele, coadjuvante ou não, todos merecem um cantinho sob os holofotes da história. Às vezes, alguns ganham mais luz que outros, infelizmente, mas o resultado ainda é positivo.

    Sombra e Ossos - Das páginas para a tela, 1ª Temporada reprisa a jornada da Escolhida
    Sombra e Ossos (1ª temporada) / Netflix

    Nessa equação fantasiosa, há números negativos e eles podem tornar a experiência arrastada, vide os episódio quatro, cinco e seis, que deixam o ritmo mais lento. Se a imersão tiver pegado você, isso não será problema, todavia esse amortecimento pode espantar a freguesia, pois a sensação passada, mesmo que ligeira, é de um enredo que fica correndo atrás do próprio rabo, deixando o público tonto e desinteressado. Talvez, dois ou três episódios a menos teriam amenizado esse déficit.

    Outro ponto desfavorável é a existência do “triângulo amoroso”, termo que gera expressões azedas no público em potencial. Parece um mal das fantasias nascidas de 2008 para cá, inserindo protagonistas no meio de dois interesses amorosos. Entretanto, até nesse quesito, a série se sai bem, pois o que poderia ser outro clichê é tratado com ousadia, firmando uma reviravolta que engrandece as figuras.

    Sombra e Ossos - Das páginas para a tela, 1ª Temporada reprisa a jornada da Escolhida
    Sombra e Ossos (1ª temporada) / Netflix

    Assim como seus primos distantes (Harry Potter e O Senhor dos Anéis), Sombra e Ossos segue a linha das “portas abertas”, concluído a 1ª temporada com lacunas que serão preenchidas nos vindouros ciclos. A vantagem é que a adaptação da Netflix, por ter mais “tempo em tela”, consegue espaço para explorar com calma as tradições e mitologias daquele mundo.

    Sombra e Ossos é uma passagem direta para o mundo composto por reinos, guerreiros e conflitos de raças. Usando a discussão acerca do preconceito entre povos, o show se sobressai a outras adaptações que não conseguiram alcançar o status de bem-sucedida. Não é à toa que diversas adaptações cinematográficas da última década se perderam no caminho, “engavetas”: 16 Luas, Fallen, Percy Jackson e Divergente (que sobreviveu por mais tempo, mas morreu no penúltimo filme).

    Sombra e Ossos - Das páginas para a tela, 1ª Temporada reprisa a jornada da Escolhida
    Sombra e Ossos (1ª temporada) / Netflix

    Metamorfosear as páginas do livro para a série, talvez seja a nova fórmula que os produtores encontraram de ser fiel ao material original, respeitando os fãs. Nem toda saga literária se dá bem no cinema como Harry Potter, basta olhar para o filme A Bússola de Ouro, que fracassou, mas renasceu nas mãos da HBO com uma série que caminha para a terceira temporada. O mesmo vale para Percy Jackson, que tentou se consolidar com dois longas, mas naufragou no mar das adaptações fílmicas e agora ganhou uma segunda chance no streaming do Disney+. Nos próximos anos, acredito que muitos livros sairão das prateleiras e ganharão os streamings.

    Em suma, Sombra e Ossos incorpora a faceta de série promessa, uma fantasia moderna que abraça a diversidade e se arrisca em quebrar clichês. Que venham mais temporadas!

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer:

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  • Crítica | Luca – Nas mãos da Pixar, o simples se transforma em grandioso

    Crítica | Luca – Nas mãos da Pixar, o simples se transforma em grandioso

    Colaborador de longa data da Pixar, Enrico Casarosa, cineasta italiano, lançou em 2011 o curta La Luna, obra que mostrou a identidade do diretor em capturar a beleza presente na simplicidade. Dez anos depois, seu primeiro longa-metragem sai do papel e ganha as telas do streaming. De todos os elogios possíveis, Luca é um poema de amor escrito para a Itália e em cada verso há uma declaração carinhosa para as tradições italianas, folclores locais e um tributo sensível à amizade.

    A Pixar, também conhecida como a casa de animações que há anos vive um relacionamento de sucesso com a Disney, se consolidou como uma grande contadora de histórias. Na balança global, o equilíbrio é perfeito, pois se no oriente temos o Studio Ghibli encantando com suas tramas peculiares, no ocidente temos a Pixar Animation Studios, sempre disposta a roubar nossas emoções através das lágrimas, dos sorrisos e daquela “magia” que está impregnada em cada novo filme. Depois do incrível Soul, vencedor de dois Oscars, Luca chega para contemplar a aceitação do “eu”.

    Luca - Nas mãos da Pixar, o simples se transforma em grandioso
    Luca / Disney / Pixar

    Sinopse:

    Em Luca, acompanhamos uma história de amadurecimento sobre um jovem que vive um verão inesquecível repleto de sorvetes, massas e passeios intermináveis de scooter. Luca compartilha essas aventuras com seu novo melhor amigo, mas toda a diversão é ameaçada por um segredo profundamente bem guardado: eles são monstros marinhos de outro mundo, logo abaixo da superfície da água.

    O homem é um ser de curiosidade insaciável. Buscar respostas para as diversas perguntas que cercam a humanidade é uma tarefa rotineira. Todavia, existem indagações mais simplórias, ligadas a essência de ser quem somos. Na frente do espelho, encarando o outro “você”, surge os pontos de interrogação. Quem sou eu? Quem eu quero ser?

    Construído por uma lista de sonhos ingênuos, Luca é o protagonista movido pela ânsia de saber mais. Seu obstáculo, contudo, está no olhar dos outros, pois debaixo da fachada de humano habita um monstro marinho que não pode ser quem realmente é. Casarosa, progenitor do filme, cria sua versão de “Era uma vez…”, colocando no centro do roteiro Os Excluídos — personagens marginalizados por serem quem são.

    Luca - Nas mãos da Pixar, o simples se transforma em grandioso
    Luca / Disney / Pixar

    Na Cultura Pop, tal premissa foi dissecada na tese de outras obras, como a franquia X-Men, que durante anos abordou o vilão chamado preconceito, nascido da ignorância humana. Já Casarosa discute isso pela lente da sensibilidade e enquanto rima a jornada de Luca com os personagens Giulia e Alberto, o cineasta se preocupa em explanar que todos são iguais. Monstro marinho ou não, cada um é feito de objetivos, inseguranças, medos e outras coisas inerentes. Se uma palavra pudesse destacar a trajetória do personagem principal, essa palavra seria “Liberdade”.

    A porta aberta na cena inicial revela um jovem preso em sua existência. Apesar de Luca viver no mar, parece que ele está dentro de um aquário, incapaz de sair do quadrado que o cerca. Podado pelos pais que utilizam o medo para educá-lo, o garoto vai, gradualmente, alçando a superfície, onde pode encontrar a liberdade para desbravar o mundo. Isso incluí qualquer banalidade do dia a dia, do pôr do sol alaranjado que aquece rostos sorridentes ao luar azulado que banha a noite estrelada.

    Luca - Nas mãos da Pixar, o simples se transforma em grandioso
    Luca / Disney / Pixar

    São nesses momentos de pura contemplação que o diretor cutuca nossa necessidade de viver no modo “piloto automático”, pois há fascínio no comum e para vermos isso precisamos desacelerar. Então, Luca retrata as coisas bobas da vida? Depende da sua definição de bobo, pois a magia do longa não é “o que”, mas o “como”.

    Se usarmos uma lupa, no sentido figurado, podemos enxergar essa linha narrativa em quase todos os filmes do estúdio, por isso há anos as pessoas mencionam a famosa “fórmula da Pixar”. Na prática, a trajetória fílmica possuí semelhanças, mas cada aventura pinta uma interpretação própria. A atmosfera de Toy Story, por exemplo, é discrepante da atmosfera confeccionada em Divertida Mente, que por sua vez não é igual aos ares de Luca. Cada projeto nascido na Pixar é singular!

    Luca - Nas mãos da Pixar, o simples se transforma em grandioso
    Luca / Disney / Pixar

    Durante a cerimônia do Oscar 2020, Bong Joon-hon citou uma frase dita por Martin Scorsese: “o que é mais pessoal, é mais criativo“. Isso se aplica como uma luva ao trabalho feito por Enrico Casarosa. Em Luca ele imprime seu passado, criando um álbum animado de lembranças coloridas. É uma celebração da infância, da busca por identidade e sonhos. É um conjunto nostálgico que comunica algo direto: que o inquilino indesejável que vive em cada um, o Sr. Medo, não deve e não pode silenciar nossa liberdade.

    Afinal, por que a Pixar sempre consegue emocionar?” essa foi a pergunta que preencheu minha mente no segundo ato do filme. A resposta surgiu no início dos créditos finais, e ela é a coisa mais simples de todas. Tudo na Pixar é feito com extremo carinho.

    Aliás, lembre-se: “Silêncio, Bruno!“.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão.

  • Crítica | Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão

    Crítica | Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão

    Em todo começo de geração de consoles uma dúvida domina a mente de muitos dos jogadores: qual será a cara do futuro dos jogos? Haverá melhorias significativas e, se sim, quais? Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão é um dos primeiros jogos que satisfazem esta curiosidade neste novo ciclo. O título, exclusivo para o PlayStation 5, cumpre seu papel entregando uma experiência impressionante, refrescante e divertida.

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    Para os que não estão habituados à tradicional franquia, Ratchet e Clank são um Lombax e um pequeno robô, respectivamente, que tornam-se heróis galácticos atravessando diversos mundos em seus feitos. Durante suas aventuras eles colecionam alguns adversários, sendo o Dr. Nefarious o arqui-inimigo da dupla. O antagonista retorna em Uma Outra Dimensão, atacando uma comemoração em homenagem aos dois e levando-os a um universo onde ele é o imperador. Na sequência, Ratchet e Clank são separados. Clank, como mostrado nos trailers, é encontrado por Rivet, uma Lombax fêmea conhecida por ser membro da Resistência, grupo que se opõe ao Imperador Nefarious.

    Ratchet

    A história é leve, sendo uma odisseia interplanetária polvilhada de humor. Temas interessantes são discutidos, como amizade e destino, enquanto Ratchet, Clank e Rivet desbravam nove planetas diferentes. A campanha do game dura pouco menos de dez horas e há algumas atividades secundárias que podem ser desempenhadas pelos heróis. Rivet é uma ótima adição à saga, trazendo fôlego à série e formando uma excelente dupla com Clank. Apesar disso, é de se pensar que sua história e a da Resistência poderiam ser melhor aprofundadas e que a personagem tivesse alguma mecânica que a diferenciasse de Ratchet durante a gameplay, o que pode ser um fator negativo para alguns jogadores.

    Qualidade técnica do novo Ratchet & Clank impressiona

    Logo em seu início, o jogo já surpreende. Os heróis têm modelos semelhantes aos do jogo de 2016, mas claramente melhorados. As texturas são de alta qualidade, há uma enorme quantidade de partículas e os NPCs aparecem em grande densidade. É possível jogar em três modos: performance, qualidade e RT de desempenho, com cada um deles priorizando um aspecto do jogo. O ray tracing, uma das promessas da nova geração, é competente e esbanja beleza com reflexões em poças de água, no vidro e até mesmo nos olhos de Ratchet e Rivet. O deslumbre visual que temos ao chegar na Cidade do Nefarious é tamanho que tenho certeza que muitas outras pessoas fizeram a indagação: “Por que Cyberpunk 2077 não poderia ser algo assim?”.  É realmente a qualidade de uma animação da Pixar que gosta de aparentar seus méritos e demonstra a capacidade do novo console da Sony.

    Ratchet 7

    Mas o poder do PlayStation 5 também é identificado a partir da mecânica de pulafendas, uma espécie de gancho instantâneo que permite maior mobilidade aos heróis durante a jornada. Temos, em segundo lugar, sequências scriptadas de batalha nas quais o jogo brilha com o SSD do console e realiza uma transição sem telas de loading entre os mundos. Há ainda dois planetas (Blizar e Cordelion) que possuem duas versões. A troca entre elas pode ser realizada durante a gameplay desde que encontrado um cristal que permita a transição. Uma mecânica que não tem tanto a ver com poder de fogo mas cuja adição foi muito boa é a chamada saída-fantasma, basicamente um tipo charmoso de esquiva que também serve para atravessar determinadas passagens obstruídas. Há também a possibilidade de correr pelas paredes em áreas específicas.

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    As aventuras dos heróis envolvem grandes batalhas e sequências de encher os olhos. Há um número generoso de armas — como é de praxe da série. É possível eletrocutar os adversários, congelá-los, explodi-los e até transformá-los em plantas. O melhor é que o Dual Sense, ao reproduzir várias das sensações do jogo, também o faz com as bugigangas através dos gatilhos adaptáveis. Algumas armas, inclusive, possuem modos alternativos a depender da força com a qual o jogador pressiona o botão R2. A gameplay é fluída e divertida, com combinações interessantes. Exemplo: é possível usar uma pulafenda para se afastar de um inimigo, paralisá-lo e depois executar um bombardeio fatal. Essa mistura de elementos é muito bem-vinda, uma vez que não são raros momentos em que muita coisa ocorre na tela ao mesmo tempo. Por fim, há de se falar em quebra-cabeças que são protagonizados por Clank e outros personagens, sendo um respiro na ação e pedindo o uso do raciocínio.

    Com todas estas qualidades, é difícil não dizer que este é um dos jogos mais bonitos dos últimos anos, com a adição de entregar diversão em alto nível. A cereja do bolo é a dublagem para o português brasileiro em alto nível, como é de praxe em jogos first-party do PlayStation. Todas as vozes estão em bom tom e divertem, além de vários dubladores do jogo de 2016 estarem presentes. Este é com certeza um jogo que agradará tanto crianças quanto adultos.

    Em suma, Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão é um título de peso para o PlayStation 5 e desponta como um dos expoentes da nova geração. Embora a história seja curta, os visuais e mecânicas que exaltam o poder do console impressionam e nos dão os primeiros vislumbres dos jogos que podemos esperar nos próximos anos. A aventura é divertida, empolgante e se traduz em mais um título de grande qualidade do PlayStation.

    NOTA: 4/5