Sequência direta do longa de Clay Kaytis, “Crônicas de Natal: Parte 2” serve uma nova porção do espírito natalino que conquistou o coração do grande público em 2018. Dirigido por Chris Columbus, o conto fantasioso da Netflix traz Kurt Russel e Goldie Hawn em uma nova aventura encantadora e emocionante, ainda que distante da original.
Em “Crônicas de Natal: Parte 2“, dois anos se passaram desde que Kate (Darby Camp) e Teddy Pierce (Judah Lewis) ajudaram o Papai Noel a salvar a noite de Natal pela primeira vez. Agora mais velhos, eles deixam a sua casa em Massachussets e viajam para Cancun a fim de celebrar o feriado com a sua mãe e o seu novo namorado.
No entanto, no auge de sua adolescência, Kate reluta em aceitar o relacionamento dos dois e decide fugir de volta para casa. Quando a jovem escapa, o misterioso Belsnickel (Julian Dennison) a engana para usá-la como forma de invadir o Polo Norte. Dessa forma, adentrando os domínios de Noel, ele rouba a Estrela do Natal e ameaça destruir o futuro da festividade, de modo que Kate e seu meio-irmão são forçados a embarcar em mais uma aventura com o Papai Noel (Kurt Russell) e salvar o Natal.
Crônicas de Natal: Parte 2 / Netflix
“Crônicas de Natal: Parte 2“, lançado pela Netflix no dia 25 de novembro de 2020, aprofunda a mitologia natalina apresentada no longa original. Apostando em uma narrativa recheada de clichês do gênero, a produção carrega o espectador por uma trama agradável e surpreendente envolvendo a Vila do Papai Noel, a magia élfica e todo o processo da noite de Natal. Por conseguinte, além da construção detalhada ao entorno do espírito festivo, o longa ainda conta com adições pontuais no elenco, apresentando novos personagens carismáticos e bem desenvolvidos que contribuem para a atmosfera alegre de festas e cativam a atenção do público.
Protagonizado novamente por Kurt Russel, “The Christmas Chronicles 2” dispõe de Goldie Hawn no papel de Mamãe Noel. Confortável no personagem, Hawn é uma surpresa encantadora. No entanto, assim como o vilão Belsnickel – que insiste em ser inofensivo -, ela tem o seu potencial desperdiçado. Afogada em um arco monótono, a sua performance é resumida a biscoitos assados e lições de moral. Nesse sentido, longe do cenário ideal, seus melhores momentos ocorrem quando em comunhão com o Papai Noel. Casados na vida real, Kurt e Hawn têm uma química notável e carregam nas costas todo o charme do filme.
Crônicas de Natal: Parte 2 / Netflix
“Crônicas de Natal: Parte 2“, finalmente, se distancia de seu antecessor e embarca na tentativa de entregar um universo natalino mais amplo e complexo. Entretenimento familiar, o lançamento da Netflix tem bons momentos e consegue divertir e emocionar o espectador. Contudo, apesar de seus acertos, o longa de Chris Columbus não agrada tanto quanto o original. Perdendo o brilho à medida que avança, o filme opta mais por um espetáculo colorido do que pelo toque inspirado que tornou a primeira parte tão especial.
Apostando no clima natalino, a líder dos streamings faz de Missão Presente de Natal uma reflexão sobre abnegação, enquanto conta uma história que utiliza a velha cartilha do “eles brigam tanto que isso acabará em namoro“.
O lado apaixonado do natal, sistematicamente, fica ao encargo das comédias românticas que se propõem a contar uma história de amor ambientada no clima natalino. A maioria desses filmes optam, no entanto, em deixar a data como um pano de fundo, ou como um elemento de relevância passageira. Mas, a Netflix fez um pouquinho diferente em Missão Presente de Natal: nada de neve, grossos casacos ou Nova York! O longa concede ao Natal uma importância a nível de protagonista, baseando-se numa ação humanitário verídica para discutir o poder da empatia, e como o “pouco” pode significar “muito” para algumas pessoas.
Sobre Missão Presente de Natal:
Buscando ser promovida, Erica Miller, uma assistente parlamentar, viaja para uma base aérea no Pacífico a pedido de sua chefe, furando o Natal com sua família. No local, ela precisa decidir se a base será fechada para corte de custos ou não.
Missão Presente de Natal / Netflix
O nascimento do amor entre duas pessoas tem sido contado desde os primórdios do cinema. Não tardou para que a Sétima Arte buscasse inspiração teatral e levasse para as telas as comédias românticas. No decorrer das décadas de 1990 e 2000, esse gênero criou longas que até hoje permanecem na mente de muitos como 10 Coisas que Eu Odeio em Você, Como Perder Um Homem Em 10 Dias, Um Lugar Chamado Notting Hill e Uma Linda Mulher. Quem tem abocanhado uma boa fatia desse nicho é a Netflix. Com frequência, a empresa investe nessa receita, usando um ingrediente indispensável: o clichê.
A Barraca do Beijo e Para Todos os Garotos que Já Amei são filmes que surgiram dessa empreitada e conquistaram um público fiel. Já, o filme em questão, Missão Presente de Natal, está alocado em uma categoria especial: comédia romântica natalina.
O diretor Martin Wood transforma o choque de realidade em combustível para construir a relação entre os protagonistas. Ainda que sua mão direcione a relação dos personagens para algo mais simples, sua intenção é dividir o tempo de tela entre o casal que se apaixonará e uma singela homenagem a operação natalina que o Departamento de Defesa dos EUA faz desde 1952; entregando suprimentos essenciais para os moradores de ilhas remotas. Logo, Wood usa modestamente seus 90 minutos para explorar esse romance de natal e mostrar alguns heróis da vida real.
Missão Presente de Natal / Netflix
Erica, vivida por Kat Graham (a inesquecível bruxa Bonnie, personagem da série Diários de um Vampiro), é a pessoa de fora que chega como uma “ameaça”. A atriz se sai bem quando depende do carisma, mas é mal explorada no quesito drama, culpa do roteiro que apresenta um conflito inicial interessante, resolvido mais tarde nos “quarenta e cinco do segundo tempo” de forma preguiçosa. Nada que afete a história ao extremo, todavia pode incomodar aqueles que esperavam algo nesse quesito, uma falha recorrente em filmes românticos da Netflix.
Alexander Ludwig, conhecido por dar vida ao Björn na série televisiva Vikings, vive o “mocinho”, conhecido como Capitão Andrew. Seu papel é o que mais abraça o lado cômico, misturando ironia e charme sem temer as consequências. Ludwig também transforma seu carisma em um pilar para tornar sua jornada algo que desperte nessa curiosidade. Diferente da sua colega de elenco, ele consegue mais tempo para expor as nuances de seu personagem, expondo um lado dramático equilibrado com o tom do filme.
Missão Presente de Natal / Netflix
Ambos, Alexander e Kat, conseguem fazer um bom trabalho como dupla, mas a química entre eles não é potente a todo momento. Quando estão separados, trocando olhares, sorrisos ou expressões indecifráveis, eles não funcionam. Em contrapartida, quando os dois estão juntos, trocando farpas e fazendo bom uso dos diálogos, a interação cresce e a química do casal convence. A beleza singela desse relacionamento é que o amor deles evolui, criando laços com a missão humanitária. Outros reflexos do amor ganham espaço no enredo: o amor ao próximo, o amor a família, o amor a profissão e o amor as raízes.
Há uma avalanche de acontecimentos previsíveis, de fato, e você pode comprar ou não as reações de personagens coadjuvantes. Missão Presente de Natal da Netflix é como aquele embrulho enfeitado com esmero que fica abaixo da árvore natalina, cujo conteúdo reforça as ramificações do amor e a prática da empatia. Em suma, é uma comédia romântica com boas intenções e uma premissa requentada, porém necessária.
O saldo positivo em Missão Presente de Natal também é justificado na ambientação de uma história que foge do frio urbano nova-iorquino que permeia boa partes das comédias românticas. O clima quente, com praias e paisagens litorâneas traz um ar de familiaridade para nós, que estamos acostumados com um Natal que flerta com o Verão.
Missão Presente de Natal / Netflix
Enfim, ainda que entregue uma história de namoro passageiro, Missão Presente de Natal funciona ao fixar sua mensagem positiva na mente do telespectador. No desfecho, quando a edição nos brinda com uma pequena amostra da história real que inspirou este filme, somos inspirados a pensar no próximo.
Recheando a tela com os efeitos gerados pela corrente do bem, o filme da Netflix presta continência a abnegação. Além disso, reforça um conhecido provérbio popular: “Fazer bem e não olhar a quem“. Incentivar gestos altruístas é uma ação que merece exaltação.
Spider-Man: Miles Morales foi lançado no dia 12 de novembro para PlayStation 4 e PlayStation 5como uma grata surpresa para os fãs do Homem-Aranha e de Miles, protagonista do jogo. O novo capítulo do universo do aracnídeo produzido pela Insomniac é extasiante e, por mais que seja curto, tem muitos méritos.
O standalone se inicia um ano após os eventos de Marvel’s Spider-Man. Miles e sua mãe, Rio, se mudaram para o Harlem e o jovem está aprendendo com Peter Parker a ser um novo Homem-Aranha. Depois de um prólogo frenético, Peter anuncia que irá viajar a trabalho com Mary Jane e precisará que Miles cuide da cidade sem seu auxílio enquanto isso.
O adolescente fica receoso, mas aos poucos aceita a responsabilidade de não estar mais sob a tutela do seu mentor. Felizmente, o rapaz conta com o apoio de seu colega Gank Lee e de Danika Hart, criadora do podcast Danikast. Também, para a sorte de Miles, há mais poderes à sua disposição: bioeletricidade (chamada de Venom) e camuflagem.
Muito além das habilidades sobre-humanas, entretanto, Miles prova ser digno de ser um herói com sua inteligência, altruísmo e responsabilidade. Ao mesmo tempo, o personagem é extremamente carismático, o que facilita com que o público se identifique e não faça comparações desnecessárias com Peter. Miles não é um simples Homem-Aranha genérico, sendo a representação do Harlem. Mesmo assim, obviamente sua área não é restrita ao bairro e toda Manhattan está livre para explorar e fazer missões ou obter colecionáveis.
A trama é interessante, embora tropece em alguns quesitos. Fica a sensação de que vários temas foram abordados de forma um tanto superficial. A causa disso não são os roteiristas, e sim a duração do jogo em si (entre 5 e 7 horas). Dá para perceber uma certa correria com a história, em parte porque este é um jogo menor e para poder manter a janela de lançamento junto com a chegada do PlayStation 5. Felizmente, há diversas atividades e missões secundárias que aumentam a vida útil do jogo, além do NG+ que desbloqueia um novo traje e habilidades. No total, cerca de vinte horas devem ser o suficiente para platinar o game.
Apesar da história curta, há grandes momentos (destaque para a vilã Tinkerer). Já Simon Krieger, dono da Roxxon, é um vilão genérico com pouco a mostrar, mas que cumpre seu papel como antagonista primário. Importante frisar que o enredo brilha em fazer o público entender os dilemas pessoais de Miles e a importância do novo Homem-Aranha para a sua comunidade. Algo que também merece destaque são as diversas referências tanto ao primeiro jogo quanto ao universo da Marvel, desde os capangas do Sr. Negativo até o Mjolnir. No geral, a história é boa e apresenta o início da carreira de Miles como herói de forma competente.
Marvel’s Spider-Man: Miles Morales tem jogabilidade aperfeiçoada
Na jogabilidade, há muitos pontos positivos. Balançar-se por Nova York está ainda melhor, com novas acrobacias aéreas e movimentos únicos. A identidade de Miles está em vários pequenos detalhes, como nos trajes e finalizações, também. Seus poderes específicos(principalmente o Venom) são excepcionais e você vê que há uma diferença entre jogar com Miles ou com Peter, já que o Aranha original usa mais as teias.
Somam-se a isso os novos apetrechos como o dispositivo de gravidade, minas elétricas e até hologramas. O stealth ainda precisa melhorar, mas supera em muito o disponível no Spider-Man original e, aqui, podemos acabar com bases inteiras de inimigos silenciosamente.
Nos aspectos técnicos, há bem mais quantidade de partículas e inimigos em tela do que no jogo anterior. Os detalhes nos uniformes e efeitos são visíveis e jogar a 60 fps leva a experiência a outro nível. O ray-tracing funciona muito bem e traz uma diferença notável. Ver o reflexo do Homem-Aranha e das ruas de forma fidedigna nos prédios é um marco e tanto para os jogos do teioso e um excelente feito da Insomniac. E, para quem não se importa de jogar a 4k dinâmico, há o modo 60fps + RT, o que é impressionante e abre boas possibilidades para o futuro.
A tradução para o Brasil é muito boa e segue o padrão de exclusivos da Sony, com localização completa e dublagem. Diferente do primeiro jogo, aqui não aparecem nova-iorquinos falando em inglês ao fundo, o que auxilia na imersão. Entretanto, a falta de tradução das alcunhas dos personagens continua (como Spider-Man, Tinkerer e outros). Outro ponto negativo é a mudança do dublador de J. Jonah Jameson, interpretado brilhantemente por Mauro Ramos em Marvel’s Spider-Man.
No geral, Marvel’s Spider-Man: Miles Morales é muito divertido e conta uma boa história, embora esbarre em alguns clichês e tenha que acelerar o enredo pela duração do game. Para os fãs do herói, é um prato cheio. E, ah, temos uma cena pós-créditos!
Nota: 4/5
O console utilizado para avaliaro jogo foi um PlayStation 5.
Vanessa Hudgens vive três papéis em continuação da produção original Netflix A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura.
Na continuação do filme lançado em 2018, A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura traz grandes desafios para a atriz ao ter que interpretar três papéis, quanto pro público para conseguir assistir até o fim.
Em A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura, quando a Duquesa Margaret (Vanessa Hudgens) herda inesperadamente o trono de Montenaro e passa por uma fase difícil com o namorado Kevin (Nick Sagar), cabe a sua sósia, a Princesa Stacy de Belgravia ( Vanessa Hudgens) reunir o casal novamente.
Mas com se já não bastasse as duas serem extremamente parecidas, a presença da prima de Margaret, Fiona (Vanessa Hudgens), causa um alvoroço por ser a terceira cópia perfeita e cheia de ambições, sendo uma delas roubar o trono da prima e recuperar todo o dinheiro perdido.
A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura | Netflix
Mais clichê que isso, impossível. Assim como o primeiro filme, fica óbvio o fim que vai levar a comédia romântica dirigida por Michael Rohl, o que é péssimo por aqui desse o elemento surpresa e manter o público interessado.
Infelizmente, interesse do público está em falta quando falamos deste filme, apesar de ser um leve entretenimento, fica extremamente difícil de acompanhar a história, principalmente com a personagem Fiona ser muito exagerada em tudo que faz.
A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura é fraco em vários quesitos, com personagens caricatos é uma história chata que parece que não tem fim, acabou com as minhas expectativas, além de achar que a história inicial pudesse ter sido mais explorada no segundo filme, ao invés da introdução de uma nova personagem e uma nova história sem pé nem cabeça.
A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura | Netflix
O ponto alto do filme continua sendo a atriz Vanessa Hudgens, que precisa interpretar não duas, mas três personagens idênticas. Alterando sotaques, roupas e personalidade, a produção megalomaníaca cria uma trama difícil de acreditar, considerando a probabilidade lógica de três pessoas serem exatamente iguais e habitarem a mesma região do mundo.
A química do elenco também não fica pra traz, talvez seja isso que faça com que o telespectador aguente o filme inteiro de ladainhas apenas pelo carisma dos atores.
Por fim, a fórmula do sucesso só acontece uma vez, o filme pode se tornar decepcionante se você assistir cheio de expectativas, e por mais que tenta, não consegue trazer o espírito natalino a tona.
Vanessa Hudgens estrela filme natalino da Netflix A Princesa e a Plebeia atuando em dois papéis diferentes e super carismáticos.
É comum encontrarmos filmes onde pessoas parecidas trocam de lugar para abrirem o seu leque de experiências estranhas durante a vida, ou até mesmo pra fugir da vida pacata que levam.
Em A Princesa e a Plebeia, Satcy (Vanessa Hudgens) é uma ótima padeira de Chicago, que vai para um pequeno reino chamado Belgravia para uma competição no ramo de confeitaria. Em seu primeiro dia, Stacy acaba conhecendo Margaret (Vanessa Hudgens), a duquesa de Montenaro que é idêntica a ela, e que está prestes a se casar com o rei que mal conhece.
Em uma conversa, a duquesa propõe uma troca de papéis até a véspera de Natal, para que enquanto ela aproveitasse a vida simples de uma cidadã normal com os amigos e família, a jovem padeira passaria a assumir as atividades reais.
A Princesa e a Plebeia | Netflix
A premissa do filme já implica quebras duas não terão facilidades ao trocar de lugar, e é isso que instiga o público a ver até o final a saga das duas mulheres que são completamente parecidas sem ao menos ter um grau de parentesco.
Apesar do roteiro ser bem provável e já ter sido usado diversas vezes tanto em filmes quanto nas animações, não podemos deixar de citar que A Princesa e a Plebeia do streaming avança na frente com o completo carisma da atriz Vanessa Hudges e do elenco que, apesar de não ter nomes tão conhecidos, ainda assim ganha o público.
Mas nem tudo são flores para este filme, apesar de ser um filme com temática natalina, o Natal mesmo só é lembrado em um momento pontual, talvez deixando a desejar pra quem estava à espera de algo mágico e que fosse memorável.
A Princesa e a Plebeia | Netflix
E além disso, o clichê é extremamente presente, deixando o filme completamente previsível desde o começo, é o típico filme pra assistir somente por diversão.
Por fim, A Princesa e a Plebeia não se destaca, não surpreende mas também não desanima no decorrer do filme, é uma produção leve e que teve destaque no streaming, mas que não passa apenas de um simples filme clichê.
A Guerreira de Themyscira, uma das pontas essenciais na composição da “Trindade” da DC, é um legado da Cultura Pop e isso é um fato. Honrando essa herança, Gal Gadot e Patty Jenkins nos cativam mais uma vez. Mulher-Maravilha 1984 é o filme mais humano do Universo Estendido DC, feito com muito coração e ternura.
No passado não tão distante, o mundo dos heróis projetado na tela do cinema foi assombrado por uma infame hesitação: fazer ou não fazer filmes solos protagonizados por mulheres? Em mais de cinquenta anos, apenas cinco longas foram protagonizados por super-heroínas. Na ponta do lápis, quando o cálculo é feito, a discrepância é gritante! Supergirl (1984), Mulher-Gato e Elektra, filmes que não agradaram o público e a crítica, tornaram-se justificativa para a incerteza dos produtores e dos estúdios. Mas, em 2017, Patty Jenkins mudou esse cenário com Mulher-Maravilha. Três anos depois, a continuação — Mulher-Maravilha 1984 — é entregue ao público.
Nesse meio tempo, a casa concorrente da DC também brindou os fãs com uma estrutura similar em Capitã Marvel. Talvez, Jenkins não soubesse, mas seu trabalho impactou a indústria. Não demorou muito para que Mulher-Maravilha se transformasse em um “farol”, iluminando um novo caminho para as super-heroínas, derrotando de uma vez por todas esse grotesco vilão chamado Hesitação. Toda essa trajetória gerou uma das sequências mais sublimes. Mulher-Maravilha 1984 é um show visual e uma explosão de positividade. Super-força? Não! O verdadeiro dom desse filme é a boa e velha Esperança.
Mulher-Maravilha 1984 / Warner Bros.
Sinopse Mulher-Maravilha 1984:
Diana trabalha no museu Smithsonian, como arqueóloga, podendo ser a heroína mais forte do mundo. Em 1984, ela está diante de um perigo mortal, fruto da conspiração feita pelo empresário Max, que canta alto para satisfazer os desejos das pessoas, e uma inimiga misteriosa, a Mulher-Leopardo.
A princípio, sensibilidade e força podem soar como conceitos que estão em lados diferentes, compartilhando apenas a distância que existe entre eles. Dois fatores que, quando combinados, constroem um pano de fundo rico, criando tanto uma abertura para que as falhas e as fraquezas de um herói sejam mostradas, quanto a sua “volta por cima” e como ele lida com fracassos e perdas. Se no primeiro longa Patty Jenkins fundiu esses dois elementos, pintando uma protagonista que conquistou o público, dessa vez ela eleva o nível sem perder a mão, inserindo a Princesa Diana em um estágio diferente de sua vida como heroína e como membro de uma sociedade em ascensão.
Não há apelo ou apego a ação desenfreada, o que não significa que tais cenas fiquem em segundo plano, aquém do esperado. Muito pelo contrário, os momentos enérgicos do roteiro são de extrema qualidade, colocando a heroína em situações distintas, para que seus poderes sejam explorados por outra perspectiva. A principal escolha do filme, contudo, está no aprofundamento da personagem, na sua relação com o mundo, com o luto e com as pessoas ao seu redor. O desenvolvimento é mais rico, tomando boa parte da projeção, aproximando-nos mais da Mulher Maravilha.
Mulher-Maravilha 1984 / Warner Bros.
Em vários momentos, provavelmente sem perceber, você notará um sorriso no seu rosto, perceberá que seus olhos estão marejados e sentirá um abraço “indireto”; é como se os diálogos e os olhares fossem dedicados, especialmente, a você! Tudo isso está no pacote de otimismo, que nada mais é que um presente encantador que Mulher-Maravilha 1984 oferece. A alma do filme é tão palpável, tão real, que nos tornamos espelhos dessa aura radiante; o coração que Patty Jenkins colocou no roteiro é uma força motora que contagia. É impossível sair da sala do cinema e não se sentir perseverante.
Em tempos que a nossa realidade é tomado por adversidades que alimentam o pessimismo, gerando preocupação contínua e temores, correr para os braços da Sétima Arte significa buscar um refúgio. E Mulher-Maravilha 1984 chega para salvar o dia, a semana e o mês de muitos, estendendo uma mão de boas vibrações, desfazendo esse peso generalizado que torna nossa rotina um mundo monocromático.
Mulher-Maravilha 1984 / Warner Bros.
Ao longo de Mulher-Maravilha 1984 a fusão entre ser forte e ser sensível é compartilhado com outros setores do filme. A fotografia é uma explosão de cores vivas, evidenciando a naturalidade dos ambientes urbanos e a beleza utópica que rege a Ilha de Themyscira. Os enquadramentos são majestosos, captando um mundo real e fantasioso ao mesmo tempo. Já a trilha de Hans Zimmer, mais uma vez, gera boas doses de energia, coragem e solidariedade. As batidas frenéticas ainda possuem a vitalidade de um grito de guerra, capaz de arrepiar e tocar o lado emocional do espectador. As cenas dramáticas não ficam de fora, sendo embaladas por notas cuja missão é maravilhar o nosso “eu” interior.
Chris Pine, Gal Gadot, Kristen Wiig e Pedro Pascal formam o time na frente das câmeras, cada um deles tem a sua própria “escada” e precisam subir um passo de cada vez, enfrentando conflitos e dilemas. Fazendo disso seu ponto forte, o roteiro investe no desenvolvimento desse quarteto, contando histórias distintas que vão se emaranhando numa teia de ação e reação. O ponto de chegada para cada um desses personagens é uma questão que desperta nossa curiosidade, mas é a caminhada até lá que importa.
Mulher-Maravilha 1984 / Warner Bros.
A frase a seguir pode soar clichê, porém não há melhor definição para o trabalho dela. Gal Gadot nasceu para viver a Mulher-Maravilha, e isso é incontestável. Poderosa na atuação, a atriz se entrega para o papel, assumindo esse manto com mais garra, provando que a força de sua personagem não é quando ela está com os punhos erguidos, mas quando ela utiliza o poder do diálogo para enfrentar seus inimigos. Chris Pine é uma surpresa que os trailers deveriam ter mantido em segredo, mas tudo bem. É engraçado observar que dessa vez é ele quem precisa de um “guia” para compreender as mudanças sociais e tecnológicas que aconteceram em sua ausência. A química entre ambos permanece firme.
Kristen Wiig, intérprete da Dr. Barbara Minerva, sai de um ponto e vai para o extremo oposto, subindo um degrau de cada vez. A atriz utiliza sua veia cômica com naturalidade e ao longo da sua transformação vivenciamos as nuances de sua personalidade, moldada por ambição, desejo e sede por mudança. Wiig domina a fera, assinando um trabalho marcante.
Mulher-Maravilha 1984 / Warner Bros.
Já o Max Lord, de Pedro Pascal, é uma incógnita dentro de uma equação complexa, desafiando-nos a resolve-la. O ator utiliza o charme de seu personagem, alimentando a visão que temos sobre ele. Consequentemente, acontece uma desconstrução e ele se transfigura noutra pessoa. Nem é preciso uma mudança drástica de visual para notarmos isso, pois Pascal mergulha fundo na psique do personagem, nos brindando com um vilão humano e convincente.
Existe um quinto personagem crucial para a história e “ele” magnetiza todos os holofotes para si diversas vezes: o ano 1984. Extremamente importante para o roteiro, a década de oitenta não é só uma fachada; há uma combinação perfeita entre os dois lados da moeda dessa data. Na prática, somos transportados e isso é resultado do figurino colorido, da ambientação fidedigna, da trilha e da representação midiática daquela época. Se por um lado a beleza de 1984 é enaltecida, em contrapartida a fealdade é patenteada. Não é só de aclamação ao período “oitentista” que vive Mulher-Maravilha 1984. Questões sociopolíticas que envolvem paranoia global e politicagem também encontram espaço no enredo.
Mulher-Maravilha 1984 / Warner Bros.
Você pode até pensar que está preparado para este filme, mas o seu coração não tem ideia do que está por vir! Mulher-Maravilha 1984 é uma chama de esperança, incendiando aquele resquício de heroicidade que habita o nosso ser, transformando-o em uma labareda. É um resgate daquele velho sentimento acerca do heroísmo. Cheio de vida, a nova fase da Guerreira de Themyscira vem para fincar sua bandeira no solo sagrado destinado somente as melhores sequências.
Em resumo, Mulher-Maravilha 1984 tem um propósito nobre: bombear vida para a fonte de inspiração que um herói, nesse caso heroína, tem para oferecer ao mundo.
Se tem uma mistura que dá muito certo nessa época do ano é a combinação entre fantasia e musical. Dito isso, Uma Invenção de Natal é o presente mais bonito que a Netflix deu para seus assinantes.
O Natal é uma data comemorativa que fabrica um grande número de filmes temáticos. Por conta disso, dezembro tornou-se palco para obras cinematográficas que desenvolvem histórias ou com um pé na premissa natalina ou com o corpo inteiro mergulhado nessa data tão especial. Todo mundo tem uma “árvore de recordações” decorada com longas que assumem essa personalidade, direta e indiretamente, e passamos boa parte da nossa infância e adolescência enfeitando, metaforicamente, os galhos. Esqueceram de Mim, Harry Potter e O Grinch são alguns símbolos fílmicos que ilustram esse relação do Cinema natalino com o público.
Determinada a encontrar um espacinho nessa “árvore de lembranças”, a Netflixtem se dedicado a investir em narrativas sazonais e Uma Invenção de Natal é o filme mais “Jingle Bells” dos últimos anos.
Uma Invenção de Natal / Netflix
Sobre Uma Invenção de Natal:
O filme acompanha o fabricante de brinquedos Jeronicus Jangle e sua neta Journey, que são responsáveis por invenções fantásticas que dão origem a peças excêntricas e magníficas. Quando sua mais preciosa criação é roubada por seu aprendiz de confiança, a traição deixa Jeronicus improdutivo e recluso, cabendo a sua neta criar uma mágica invenção para salvar o Natal.
Se 2020 fosse um filme com certeza seria alguma mistura de terror com ficção científica e algumas pinceladas de drama histórico. Por isso, uma trama que escape da rigidez e do realismo mundano é mais que bem-vinda. Filmes sobre o Natal confortam, emocionam e divertem (a grande maioria, pelo menos). Logo, fica difícil isolar alguns clichês na hora de contar histórias, porém, há aqueles que se arriscam e fazem das fórmulas batidas um importante componente dentro da narrativa. E David E. Talbert é esse cara! Com um senso estético que transforma cada momento em um frame lúdico e belo, sua direção é como o “pó de pirlimpimpim“, nos transportando para um mundo visualmente maravilhoso.
Cada segundo nessa dimensão criada por Talbert é um convite para experimentarmos uma jornada miraculosa sobre o amor e os laços que envolvem relacionamentos de família e de amizade. Uma Invenção de Natal é a típica jornada sobre o abandono da esperança, da gentileza e dos próprios sonhos. E a partir dessa ruptura com a felicidade mostrará o renascimento de um personagem que passará a redescobrir a magia que existe na perseverança, na simpatia e no cultivo de desejos utópicos.
Uma Invenção de Natal / Netflix
A direção feito pelo cineasta é um farol bem intencionado, disposto a mirar o caminho rumo a estrada dos Tijolos Amarelos. Para aqueles que se perderam desse caminho, o longa é uma mão estendida para sonharmos de novo. A mensagem de Natal é passada com muito carinho e isso é acolhedor.
Se existisse um amigo oculto entre todos os serviços de streamings, Uma Invenção de Natal seria o presente mais adorável que a Dona Netflix poderia oferecer! E o mais especial nesse presente é que ele possui múltiplas facetas. Se você ama musicais esse filme é para você. Se os longas de fantasia são o seu ponto fraco esse filme também é para você. Se o Natal é sua data favorita de todo o ano, aqui está uma película que demonstra todo o seu amor por gorros vermelhos, piscas-piscas e embrulhos delicados que ficam embaixo de pinheiros enfeitados. Uma ode ao espírito natalino de aproximadamente duas horas com direito a brinquedos falantes, invenções quiméricas e muita luz.
Indo além, olhando para fora, o filme é um marco quando o assunto é representatividade negra. Eu mesmo não consigo lembrar de filmes natalinos que tiveram grande parte do elenco composto por artistas negros (na frente e atrás das câmeras). Acredito que não seja exagero afirmar que Uma Invenção de Natal é para a Netflix o que Pantera Negra foi para a Marvel.
Uma Invenção de Natal / Netflix
Capaz de conduzir adultos e crianças por um mundo de fantasia, o filme conta com um excelente trabalho feito pela equipe de Direção de Arte. As casas que possuem uma arquitetura hipnotizante são como “Gingerbread house” — aquela típica casinha feita com biscoitos e balas, que lembra muito a residência da bruxa em João e Maria. No entanto, diferente do conto assustador, as casas de Uma Invenção de Natal parecem saídas de um livro infantil com o simples propósito de maravilhar.
O mesmo vale para o figurino, vestindo todos com cores fortes que refletem o estado emocional de cada um. É mais um exemplo de como a composição visual conta uma narrativa que manifesta o perfil psicológico dos personagens.
Forest Whitaker (ganhador do Oscar pelo filme O Último Rei da Escócia) dá asas para o protagonista. Sua interpretação desperta ora nosso carinho, ora nossa desaprovação. Tal contraste é colocado com muita sensibilidade no personagem Jeronicus, construído no começo do filme como um sonhador (através da performance de Justin Cornwel), e potencializado no desenvolvimento e no desfecho pela singela atuação de Whitaker. Quem também brilha é a pequena Madalen Mills, a atriz mirim dá um show na hora de cantar, atuar e dançar.
Uma Invenção de Natal / Netflix
Keegan-Michael Key (conhecido pelo seu trabalho com Jordan Peele em “Key and Peele“, programa de comédia) é o vilão moldado pelas adversidades. Keegan já entra em cena como se estivesse no primeiro ato de um espetáculo de teatro, atestando que seu talento é versátil. Agora, quem consegue contagiar sem nem ao menos “aparecer”, fisicamente, é o ator e cantor Ricky Martin. Aqui, o astro porto-riquenho empresta sua voz para dar vida, alma e muita personalidade para o boneco vivo chamado Don Juan Diego.
Vale ressaltar o incrível trabalho de adaptação feito pelos profissionais que dublaram este filme, mas no momento que os créditos finais subirem volte algumas cenas e reveja as canções no idioma original; é surreal! Em alternativa, se a sua preferência é ver filmes legendados, fazer o caminho inverso é uma ótima oportunidade de ver como a dublagem brasileira consegue inovar em musicais.
As canções de Uma Invenção de Natal possuem um “que” de Pop e Hip Hop, tudo mesclado com melodias e notas que são gatilhos para despertar na nossa mente aquele sentimento de natal, de família e de comemoração festiva. O cantor John Legend é o compositor das canções originais e ele merece todos os elogios que não caberão em um parágrafo.
Uma Invenção de Natal / Netflix
Vinte e cinco de dezembro é um número especial no calendário de muitos, sem dúvida. Em tempos que o afastamento se fez e se faz necessário, esse é um longa-metragem que consegue simbolizar um abraço acolhedor através da magia de contar histórias.
Uma Invenção de Natal é simplesmente um conto de fadas em formato de filme. Uma garantia de que essa data tão encantadora continuará sendo homenageada pela 7ª arte.
Na nova comédia de fantasia do Disney+ “Fada Madrinha”, Jillian Bell é uma aspirante a fada madrinha que tenta salvar o seu mundo atendendo a um último pedido.
A Disney é expert em trazer personagens do mundo da fantasia para a difícil missão de viver no mundo real, e dessa vez a vítima é uma aspirante a fada madrinha um tanto quanto atrapalhada.
Fada Madrinha apresenta uma fada madrinha jovem e inexperiente que entra em uma aventura sozinha para provar o seu valor é assim, salvar o mundo das fadas madrinhas de um final trágico, que poderia transformar todas em fadas do dente.
Nessa aventura Eleanor (Jillian Bell) descobre o pedido de uma jovem que vem sendo ignorado há anos, e decide ajudá-la indo para o mundo normal. Chegando aqui, a jovem fada se depara com Mackenzie ( Isla Fisher), a jovem que há anos não acredita em contos de fada, e que não está indo bem em sua vida adulta.
Fada Madrinha | Disney+
Durante o longa, as duas passam por diversas provações e momentos que pudessem resultar em um final feliz fora do convencional, mostrando que o amor verdadeiro não está relacionado apenas em encontrar o seu príncipe encantado.
Fada Madrinha traz todo o encanto familiar típico dos filmes da Disney, levando em conta as novas produções com finais felizes que não envolvam ter um parceiro, e com mulheres fortes e independentes.
A junção do mundo encantado com o mundo real já foi visto em várias produções da Disney, e Encantada é a prova fica de que essa fórmula funciona super bem. O choque dos dois mundos deixa tudo bem mais divertido, principalmente quando temos personagens leves com piadas para toda a família.
Fada Madrinha | Disney+
O filme chegou em boa hora no Disney+, se passando no inverno perto da época do Natal, a comédia leve é uma ótima opção, com um desfecho completamente encantador, fugindo dos esteriótipos e ensinando um novo conceito às futuras fadas madrinhas.
Mas, apesar dos pontos positivos, o filme ainda não consegue atrair 100% do público, assim que a história é apresentava, fica visível o rumo que ela vai tomar, talvez a falta de algum momento surpreendente faça com que algumas coisas deixem a desejar.
Fada Madrinha é leve, com humor para todas as idades e gostos, vale a pena ser assistido sem nenhuma expectativa, para que a experiência do filme simples seja melhor aproveitada.
Produção americana original da Netflix, “Crônicas de Natal” é uma narrativa fantasiosa sobre a magia do espírito natalino. Desenvolvido por Clay Kaytis para a plataforma do streaming, o longa-metragem traz Kurt Russel e Darby Camp em uma aventura emocionante e agradável a respeito da força da fé e dos laços familiares.
Em “Crônicas de Natal“, os irmãos Kate (Darby Camp) e Teddy Pierce (Judah Lewis), após perderem o pai em um resgate dos bombeiros, elaboram um complicado esquema para flagrar o exato momento da chegada do Papai Noel (Kurt Russel) em sua casa. Decididos a reunir provas da existência do bom velhinho, eles invadem o seu trenó e se escondem junto do seu saco mágico de brinquedos. No entanto, o plano dos dois começa a dar errado quando eles fazem com que Noel perca o controle sobre as suas renas e destrua o seu trenó. Dessa forma, após arriscar o futuro do Natal, Kate e Teddy decidem organizar uma força-tarefa, a fim de ajudar o Papai Noel a correr contra o tempo para entregar os presentes de todas as crianças do mundo e salvar a noite antes que seja tarde demais.
Crônicas de Natal / Netflix
“Crônicas de Natal“, baseado em diversos contos clássicos da mitologia natalina, surge no streaming como uma oferta de entretenimento interessante, espirituosa e imaginativa. Apresentando uma releitura moderna em torno da festividade, a franquia da Netflix – que já conta com uma sequência – inicia a sua caminhada com bastante fôlego. Simples e emocionante, a produção investe em suas principais peças e entrega um resultado surpreendente. Nesse sentido, Russel se destaca como Papai Noel – em uma atuação sólida e constante que convence até os descrentes – e protagoniza os melhores momentos do longa, incluindo uma sequência musical dançante e muito envolvente.
Além disso, a produção de Kaytis acerta no desenvolvimento de seus personagens. Profundos o suficiente para que o espectador se identifique e se preocupe com cada um deles, os irmãos Pierce embarcam em um arco de “redenção” poético que culmina nas preciosas e tão esperadas lições de moral natalinas. Por conseguinte, embora não seja um material completamente novo para o espectador – e esteja carregado de certa previsibilidade narrativa -, o longa é um prato cheio dos maiores clássicos do gênero e consegue cativar a audiência, na medida que desperta o espírito festivo dentro de cada um de nós.
Crônicas de Natal / Netflixi
“The Christmas Chronicles“, aposta especial da Netflix para o fim de 2018, é uma amostra simples e significativa sobre o espírito mágico do Natal. Recheado de momentos doces, a produção do streaming é capaz de confortar o coração do espectador, à medida em que lança mão de clichês calorosos e de atuações agradáveis e convidativas para abastecer o clima de festas. Protagonizado por Kurt Russel, o entretenimento familiar de Clay Kaytis assume uma narrativa bonita e, ainda que previsível, é o suficiente para conquistar a atenção e a simpatia do grande público. Finalmente, carregado pelas mãos capazes que deram vida a um Noel moderno e envolvente, a produção se destaca entre as demais e entrega a melhor aventura natalina dos últimos tempos.
O Disney+ chegou no Brasil já trazendo os seus filmes originais da plataforma, e com os estreia foi bem próxima das festas de final de ano, a presença de filmes originais natalinos no catálogo chamou a atenção do público. Noelle é um dos novos filmes, e conta uma história um tanto quanto clichê, mas que surpreende.
Já pensou em fazer parte da família do verdadeiro Papai Noel? Bom, o cargo de Papai Noel está na família Kringle há milênios, e como toda tradição, o título passa de pai para filho assim que o atual Noel falece. E é isso que acontece em Noelle, a carismática produção natalina do Disney +.
Em um vilarejo no Polo Norte, após o falecimento do Papai Noel atual, Noelle (Anna Kendrick) ajuda a treinar o seu irmão mais velho Nick (Bill Hader) para assumir o mais importante cargo, o de Papai Noel.
Noelle | Disney+
Nick, diferente de todos, acaba sentindo a pressão de assumir o cargo, e quando recebe um conselho meio torto de sua irmã Noelle, ele decidi ir embora cinco dias antes do Natal, atrapalhando todos os preparativos. Noelle então fica com a importante missão de salvar o Natal de todos e trazer o seu irmão de volta, antes que seu primo Gabriel (Billy Eichner) acabe com toda a magia do feriado, já que ele não tem o que é necessário para ser o Papai Noel.
Noelle ganha o público logo nos primeiros 10 minutos com o carisma de Anne Kendrick, que consegue passar a simplicidade e pureza de sua personagem. O encontro de Noelle com o mundo real faz com que as coisas acabem saindo do controle, trazendo momentos hilários para o filme.
Apesar das cenas engraçadas, o momento “own” chega, e ele acontece quando a personagem de Kendrick descobre que consegue se comunicar com linguagens de sinais.
Noelle | Disney+
O longa estreou em 2019 no Disney+, chegando ao Brasil este ano junto com a plataforma de streaming. Com efeitos especiais fracos, o filme consegue destaque por trazer uma trama limpa e sem tantos rodeios em seu roteiro, que mesmo sendo genérico consegue cativar quem assiste.
Mesmo não sendo uma comédia, o filme tem um elenco de comédia excelente, que traz a leveza que o filme necessita. Noelle é uma típica aventura de Natal, ótimo filme para assistir com a família e aproveitar o fim de ano. E mesmo que não seja uma obra de arte, consegue garantir o seu espaço e acaba fazendo com que seus defeitos sejam deixados de lado.
De longe é perceptível que o criador de Sem Maturidade Para Isso também foi responsável por Apenas Um Show — o mesmo traço, humor inteligente e apego as referências. Dessa vez, na recente animação adicionada ao catálogo da Netflix, J.G. Quintel abre as portas para uma história que não tem vergonha do ridículo e que usa uma criatividade cômica para fisgar a atenção do público-alvo.
Ah… Ser adulto é como estar em um sonho doce! É se aventurar ao embarcar no ônibus lotado, ouvindo o cantar dos pássaros e, ainda por cima, chegar atrasado no emprego. É sorrir com a chegada de mais um boleto que deverá ser quitado antes do dia quinze. Fascinante mesmo é vislumbrar uma pia cheia de louças para lavar. Quem aí não pula de alegria com tudo isso? Ironias à parte, o que seria de nós, seres ajuizados, se não fossemos convidados a “tirar sarro” da rotina que molda a vida dos adultos?
Pode ser apavorante e, ao mesmo tempo, divertido. Rir ainda é um excelente remédio e a animação Sem Maturidade Para Isso é uma dose exagerada deste medicamento, cuja fórmula consiste em três elementos: ironia, “nonsense” (do primeiro ao último episódio) e muita zombaria.
Sem Maturidade Para Isso / HBO Max / Netflix
Sinopse Sem Maturidade Para isso:
O tempo passa rápido, e as responsabilidades só aumentam. Isto é o que um jovem casal está sentindo na pele durante a transição dos 20 para os 30 e poucos anos. Em meio à nova fase, Josh e Emily precisam cuidar de sua filha pequena, manter uma boa relação com seus amigos e ainda enfrentar os desafios comuns do dia a dia – como roubar presuntos ou lidar com palhaços strippers.
É comum escutarmos, vez ou outra, as pessoas falarem “crescer é um saco!“. Essa frase é proclamada como um desabafo diante da tempestade de responsabilidade que cai sobre os ombros dos adultos. É apropriando-se desse consenso que Sem Maturidade Para Isso ligará vários pontos em comum com o telespectador, com a simples missão de te fazer rir e refletir sobre a evolução (física e comportamental) do indivíduo. A série é clara: não é preciso se desfazer de tudo o que você é. Óbvio que esse apontamento nasce da veia cômica do roteiro, que dispensa as convenções para falar sobre amadurecimento (ou o mais parecido com isso).
Sem Maturidade Para Isso / HBO Max / Netflix
Com arcos fechados, cada episódio de Sem Maturidade Para Isso, composto por duas histórias distintas, é uma grande viagem — distorcida e cômica — a respeito de temáticas que assombram ou animam a vida da famosa Geração Y. Mesmo que apresente elementos que não conversem diretamente com a geração atual, a forma como a história é contada e, sobretudo, o uso de uma linguagem bem humorada, contribui para que a audiência não fique restrita apenas aos nascidos na década de 1980 e 1990.
As referências a estes períodos, que são muitas, entram na narrativa sem tomar para si o foco do episódio. Sem dúvida, algumas citações nostálgicas surtirão um maior efeito para com o público mais velho, que sentirá mais proximidade com os personagens. Se você é sensível e tem mais de trinta anos, muito cuidado, você vai “chorar de rir” e mergulhar numa onda de saudosismo e dilemas modernos.
Sem Maturidade Para Isso / HBO Max / Netflix
Os dias atuais, movidos por uma sociedade apegada a tecnologia, também encontram espaço no roteiro. A sátira sobre as atitudes das pessoas é tratada ao longo da temporada, uma conexão indireta com o público secundário, que talvez não se importe com termos e hábitos datados, como a breve menção às extintas locadoras “Blockbuster”.
Quintel, o cabeça por trás desse show, jamais perde a chance de transformar qualquer fato em piada; aliás esse é um traço (narrativo) que atesta sua sagacidade em discutir assuntos pela perspectiva do bom humor. Esse perfil do criador é catalisador de momentos hilários e inesquecíveis, principalmente nos três últimos episódios que extrapolam os limites do ilógico, sem medo de ser caricato. Portanto, se gargalhadas é o que deseja, gargalhadas é o que terá.
Sem Maturidade Para Isso / HBO Max / Netflix
Se você está na “casa dos trinta”, com toda certeza conhece os conflitos deste trecho da vida. Metade dos amigos estão casados, os demais preferem a vida de solteiro. Alguns tem filhos, outros são apenas filhos. Há aqueles que adoram baladas, enquanto outros detestem. Também têm aqueles que vivem sozinhos, os que residem com os pais e os que moram em uma casa diferente (mas, no mesmo quintal da mãe e do pai).
Se não bastasse toda essa pluralidade, quem é maior de idade está em constante transição, ora descobrindo novos gostos, ora se desencantando com velhos costumes. Logo, os diversos hábitos e visões de mundo acabam sendo peças fundamentais para que os personagens de Sem Maturidade Para Isso protagonizem uma história que cutuca a falsa utopia da vida adulta.
Sem Maturidade Para Isso / HBO Max / Netflix
Os personagens não passam por grandes transformações, mas é notório a evolução dentro de cada episódio pois Sem Maturidade Para Isso consegue falar descontraidamente sobre os temores e anseios que habitam o lado emocional dos adultos. A utilização de arquétipos desmitifica alguns achismos e quase todos os capítulos apresentam o mesmo discurso: não há nada de errado em preferir o comodismo. Afinal, a zona de conforto é um lugar “confortável” e está tudo bem seguir a vida sem abandoná-la.
Por outro lado, o contrário também é válido, pois não existe um manual sobre “como ser adulto”. Cada um é cada um, mesmo que o dicionário resuma todos em um único termo. Assim sendo, Sem Maturidade Para Isso é um respiro para aqueles que levam a vida muito a sério e um tributo para quem curte uma boa diversão.
Tudo Bem No Natal Que Vem é a nova comédia natalina da Netflix que estreou recentemente e já vem ocupando o top 10 da plataforma em diferentes países. No filme, Leandro Hassum vive o dia de Natal várias vezes seguidas, sem entender o que está acontecendo.
Filmes de Natal são um clássico no final de ano de qualquer um, principalmente aqueles que levam uma carga emocional e envolvem a família, e a Netflix é expert em trazer esse tipo de filme, coisa que não seria diferente esse ano.
Tudo Bem No Natal Que Vem conta a história de Jorge ( Leandro Hassum), um homem que teve o “privilégio” de nascer no dia 25 de dezembro, tornando esse um dos motivos para odiar a data e tudo que envolva a comemoração de Natal. Durante o Natal de 2010, Jorge faz tudo o que tinha planejado, vai ao mercado, compra os presentes e espera anoitecer pra escutar as mesmas piadas e assistir aos mesmos programas, mas por conta de um imprevisto, ele acaba se vestindo de Papai Noel.
Fazendo tudo de qualquer jeito e já sendo um pouco desajeitado, Jorge cai do telhado, e acaba acordando exatamente um ano depois, sem entender o que aconteceu e nem se lembrar do ano que passou, fazendo com que ele viva novamente tudo aquilo que sempre detestou, e do mesmo jeito.
Tudo Bem No Natal Que Vem | Netflix
Por conta da viagem no tempo e o buraco que fica na memória de Jorge durante todos esses anos, ele tem que lidar com as escolhas que o seu “eu” fez durante os 364 dias em que ele não era ele, além de conviver com o constante crescimento de seus filhos e situações de partir o coração.
Tudo Bem No Natal Que Vem é mais uma parceria de Hassum com o diretor Roberto Santucci, que já trabalharam juntos nas comédias Até Que a Sorte nos Separe e O Candidato Honesto, filmes que me deixaram com um pé atrás de embarcar nessa comédia Natalina, mas que tiveram uma porcentagem boa na grata surpresa que foi assistir a esse filme.
A trama, como citado lá em cima, trouxe uma sensação de déjà vu enquanto eu assistia, e tudo isso por conta da história lembrar muito o filme Click, do Adam Sandler. No filme, Adam usa um controle universal para adiantar eventos na sua vida, acaba perdendo o controle da situação, perdendo a morte de seu pai e eventos especiais na vida de seus filhos.
Tudo Bem No Natal Que Vem | Netflix
O filme na Netflix tem emocionado pessoas de diferentes países e não é por menos, a atuação de Leandro Hassum surpreendeu todo mundo positivamente, principalmente depois de ter estrelado comédias um tanto quanto genéricas e sem carisma, no longa, fica difícil separar o personagem do ator em momentos em que a emoção toma conta da tela, diria até que se tornou uma coisa muito bonita essa não distinção.
Além de Hassum, o elenco conta com nomes como Danielle Winits, Elisa Pinheiro, Arianne Botelho, Daniel Filho, Miguel Rômulo, Rodrigo Fagundes, Louise Cardoso e José Rubens Chachá.
Por fim, o filme consegue cativar até o público mais difícil, ou pelo menos prender a atenção por 5 ou 10 minutos e, apesar do grande acontecimento se dar apenas nos últimos 20 minutos, o filme que tem a duração correta consegue fazer com que você queira acompanhar a história e entender tudo o que está acontecendo e o que se deu para que os dias se repetissem. Sendo repetitiva mas não podendo deixar de lado, Tudo Bem No Natal Que Vem foi uma grata surpresa, e nada melhor do que assistir um filme sobre o Natal que se passa em solo brasileiro.
Com elenco principal composto por adolescentes e um cenário semelhante a Lost, The Wilds chega esse mês no Amazon Prime Video com uma trama cheia de mistérios.
Durante o painel do segundo dia de CCXP Worlds, o Amazon Prime Video apresentou sua nova série, The Wilds, com um bate papo entre as atrizes Rachel Griffiths, Sarah Pidgeon, Reiggn Edwards, a showrunner Amy B. Harrus e a criadora Sarah Streicher, que contaram mais sobre o mais novo suspense.
Na série, oito adolescentes sofrem um estranho acidente de avião e acabam caindo em uma ilha deserta. Além de estarem sozinhas, as adolescentes ainda tem que lidar com estranhos acontecimentos e muitos mistérios em torno da ilha.
Se em algum momento você enxergou as semelhanças com a série Lost, está mais que certo. Durante a conversa, a criadora da série Sarah Streicher revelou que se inspirou na produção de J.J.Abrams, mas não exclusivamente dela, o livro O Senhor das Moscas e o filme Náufrago também tem uma certa participação na produção.
The Wilds chega ao Amazon Prime Video dia 11 de Dezembro, tendo o seu primeiro episódio disponível para quem não é assinante.
Conhecido por mesclar fantasia medieval com elementos religiosos, Nanatsu no Taizai chega a sua 3ª temporada com a promessa de entregar confrontos épicos e respostas para as perguntas que assombram a mente dos fãs. No entanto, os pilares que deveriam ser os maiores trunfos do anime, tornam-se seus maiores pecados: o roteiro e a qualidade da animação.
Não é qualquer anime que rompe a barreira geográfica e consolida uma legião de admiradores fiéis por todo o mundo. As poucas animações orientais que conseguem tamanha façanha precisam realizar a difícil tarefa de manter a qualidade e respeitar o público já conquistado, para que os fãs não se transformem em haters. Quando a 1ª temporada de Nanatsu no Taizai chegou a Netflix, o número de entusiastas cresceu e a premissa de personificar os “Sete Pecados Capitais” conquistou novos apreciadores.
Não é novidade para ninguém que o 3º ano é algo como “ame ou odeie”, dado que a experiência alimenta frustrações, enquanto concede um fio de esperança para a vindoura 4ª temporada. E a grande pergunta que ecoa no coração dos fãs é “o que fizeram com meu anime?“.
Nanatsu no Taizai / Studio Deen / Netflix
A guerra entre os Dez Mandamentos e os 7 Pecados Capitais foi o ponto alto da 2ª temporada. Com um gancho poderoso, Nanatsu no Taizai se tornou um dos animes mais esperados, o que culminou em grandes expectativas, tristemente destruídas episódio após episódio.
Intitulado “A Ira Imperial dos Deuses”, a nova jornada do anime dá espaço para conhecermos o Clã das Deusas — uma das Cinco grandes raças. Mas, o que deveria ser empolgante, pois veríamos o tão mencionado poder dos Arcanjos, mostrou-se uma saída fácil para gerar conflitos (no passado e no presente) sem nenhuma força. Aliás, os novos rostos que entram e saem de cena não agregam em nada, servindo apenas como outro obstáculo esquecível na missão de proteger a Britânia.
No outro lado do mundo, após o lançamento do primeiro episódio, os fãs correram na direção das redes sociais, expressando insatisfação. O burburinho ao redor de Nanatsu no Taizai cresceu e não demorou para as reclamações resultarem nos infames “memes”. Em diversos cantos do universo virtual, alguns frames “viralizaram” e as dúvidas sobre a qualidade do anime pipocaram fervorosamente. É preciso esclarecer, antes de tudo, que desde o momento que foi anunciado a troca do estúdio, uma pulga foi colocada atrás da orelha dos fãs. Ou seja, essa reação do público não foi repentina.
Nanatsu no Taizai / Studio Deen / Netflix
Não existe exagero no descontentamento postado nos perfis das redes, tampouco na repercussão destes. Seria fácil desligar nossas lembranças sobre os “memes” e aproveitar a narrativa, todavia, está estampado na tela, em vários momentos, os pecados mortais cometidos no design dos personagens nesta season 3. Curvas exageradas e desproporcionais, traços com acabamento medonho e expressões que não precisam do botão “pause” para você ficar entre o riso e o espanto. E quando parece que nada mais pode piorar, a escolha (você pode trocar por “insanidade”) de substituir a cor vermelha do sangue por borrões brancos tornou-se o ápice da fragilidade imagética do anime.
Não foi confirmado se a animação sofreu alguma censura por parte do canal que o exibe lá no Japão, ou se a decisão partiu do estúdio. Esse é um ponto confuso, ainda mais quando, subitamente, o lado “gore” da história surge em episódios esporádicos. A partir disso o anime permanece nessa estranha contradição: ora sangue vermelho, ora manchas brancas. Um incessante “Bota casaco, tira casaco! Bota caso, tira casaco!“.
Engana-se aqueles que acreditam que o visual seja a única problemática da 3ª temporada de Nanatsu no Taizai. Todo momento surgem “muletas narrativas” que resolvem os problemas de forma preguiçosa (o enredo cometendo um dos sete pecados capitais, que coincidência!). E para alavancar frustrações, os velhos personagens — protagonistas e coadjuvantes — assumem o carisma de uma pedra. Alguns até tem seus poderes “reformulados” simplesmente para segundos depois um “Deus ex Machina” derrotá-los ou salvá-los.
Se os novos fantasmas do roteiro assustam, os antigos também! O que mais cansa é a reciclagem de uma estrutura de desenvolvimento que já configurou metade dos personagens. A famosa “forma original” é usada indiscriminadamente. É sempre o mesmo discurso, revelando que a atual aparência do personagem “A” ou “B” não é a verdadeira. Isso ocorre tantas vezes na primeira e segunda temporada, que agora não surte nenhum impacto.
Nanatsu no Taizai / Studio Deen / Netflix
Vale mencionar que a trama tem fé em segurar mistérios que estão ultrapassados, o que instiga revelações tediosas, carecidas de força. É vergonhoso ver a narrativa dando voltas e mais voltas, desrespeitando a percepção do público que já matou a charada uns dois episódios (ou temporadas) antes.
Afinal, existe algo de bom na controvérsia 3ª temporada de Nanatsu no Taizai? Sim, claro que o anime tem suas virtudes e dá para contar nos dedos. Por exemplo, os membros dos 10 Mandamentos deixam de ser pintados como “vilões caricatos” e recebem mais tempo de tela, isto é, conhecemos um pouco sobre o passado deles e as razões por ocuparem um lugar de elite no Clã dos Demônios. Há também o desdobramento de relacionamentos — tanto no âmbito do amor, quanto da amizade — que ganham novos ares, mas nada que vá além do razoável.
Com uma trama outrora genuína, que despertou nos fãs o desejo por mais, resta apenas a decepção por uma temporada que não honrou as anteriores. E, ainda por cima, entregou uma qualidade visual digna da tempestade de “memes” que choveram nas mídias sociais.
Nanatsu no Taizai / Studio Deen / Netflix
A dúvida cruel resume-se nas seguintes questões: Nanatsu no Taizai ainda proporcionará bons momentos, ou a trama já esgotou o que tinha de melhor nos dois primeiros anos? O anime caminhará para o abismo, conforme os pessimistas, ou alcançará o céu, como dizem os (poucos) esperançosos que acompanham o mangá?
Para aqueles que mantém o contato com a história através da animação, resta apenas o temor e as incertezas acerca de uma futura 4ª temporada, que pode estar arruinada antes mesmo do seu lançamento, ou servirá como redenção diante de um 3º ano desastroso.
Concebido, inicialmente, como um projeto fílmico que ganharia vida sob a direção do saudoso Heath Ledger, a minissérie O Gambito da Rainha percorreu uma extensa jornada até ganhar a benção da Netflix. Apresentando a vida de uma xadrezista excepcional, chamada Beth Harmon, o enredo aprofunda-se no âmago de uma personagem que transita entre o perfeccionismo, o brilhantismo e os vícios.
Constantemente chamando a atenção dos clientes, a aba mais cobiçada dentro do catálogo da Netflix — o “Top 10” — tem abrigado novidades de grande qualidade, assim como produções atemporais. Entrar no rol pode, a princípio, parecer mais fácil para as estreias, no entanto, manter-se no ranking é uma façanha que poucos conseguem. Nas últimas semanas, o serviço de streaming contemplou seus assinantes com a minissérie O Gambito da Rainha. O resultado foi a permanência do show no Top 10, mesmo após semanas do seu lançamento. Pode-se atribuir esse sucesso aos figurinos impecáveis, roteiro afiado, montagem dinâmica e, sobretudo, as atuações.
Sinopse O Gambito da Rainha:
A minissérie conta a história de Beth Harmon, uma menina órfã que se revela um prodígio do xadrez. Mas agora, aos 22 anos, ela precisa enfrentar seu vício para conseguir se tornar a maior jogadora do mundo. E quanto mais Beth aprimora suas habilidades no tabuleiro, mais a ideia de uma fuga lhe parece tentadora.
O Gambito da Rainha / Netflix
Não! Você não aprenderá xadrez assistindo O Gambito da Rainha, sequer táticas especiais sobre esse jogo milenar. É louvável ver que o roteiro não cai na armadilha de apelar para o didatismo exacerbado — existem jargões pronunciados aqui e ali, de fato, mas nada que soe expositivo. É a ausência de grandes explicações que despertam a curiosidade do público em compreender detalhes cruciais referente aos métodos do xadrez. Desse vazio explicativo surge o encanto, porque cada partida, retratada com singularidade, transmite enorme tensão para nós, deixando-nos apreensivos em qualquer movimento de peça sobre o tabuleiro.
É pelas mãos hábeis de Beth Harmon que o mundo de mosaico se revela a cada capítulo. A humanização da personagem vai muito além das partidas jogadas no porão do orfanato, enquanto é criança, e dos campeonatos regionais que ela disputa indo da adolescência para a fase adulta. Beth é uma campeã quando seu ringe é o tabuleiro, de fato, mas isso não acontece quando seu campo de batalha é a dura e implacável realidade, que desde o começo bate de frente com ela, taxando-a como uma “perdedora” — tanto no sentido pejorativo da palavra, quanto pela ótica de alguém que se vê diante de muitas perdas, materiais ou imateriais. Uma contrastante vida de derrotas e vitórias.
O Gambito da Rainha / Netflix
O texto de Allan Scott — com trinta anos de existência — é gigante e maduro. Há três décadas, o roteirista buscava uma oportunidade de contar sua obra em Hollywood, mas foi pela força divina da Netflix que a história tomou forma. Scott escreveu diálogos ágeis que flertam com um genuíno humor crítico, que passam por declarações íntimas de seus personagens (expondo fraquezas e sonhos) e chegam até um “subtexto” que constrói o tom realista da minissérie.
Quando a temática do machismo é abordada no ambiente ao qual a história se passa, por exemplo, a mão do criador não apela para um discurso panfletário que visa demonizar personagens, afim de criar “antagonistas prontos”. Muito pelo contrário, a sutileza de Scott é vista na forma como ele trata cada rosto de sua história: com humanização. A bondade excessiva, a indiferença que nasce da frieza, o perfeccionismo e a competitividade são pilares que habitam o cerne de cada personagem, mostrando que falhas e virtudes podem sim ocupar o mesmo corpo, mente e alma. Afinal, o ser humano detém emoções e características multidimensionais.
O Gambito da Rainha / Netflix
É a partir dessa elaboração que o desenrolar da história nos brinda com personagens tão vivos. Até mesmo os coadjuvantes, que poderiam ficar à mercê da protagonista, recebem a devida atenção em uma construção precisa e verdadeira. Em especial, Marielle Heller (que interpreta Alma Wheatley, a mãe adotiva de Beth Harmon), conhecida por dirigir filmes como Um Lindo Dia na Vizinhança e Poderia Me Perdoar? Aqui a veterana doa seu dom artístico em um inesquecível trabalho na frente das câmeras.
Moses Ingram, no papel de Jolene, tem uma presença de cena avassaladora. É incrível o que a atriz consegue fazer ao encarnar sua personagem em diferentes fases de sua vida, mostrando um desenvolvimento crescente. Já Harry Melling, famoso por infernizar a vida de Harry Potter como o primo Duda, tem cada vez mais se mostrado um ator versátil. Suas cenas em O Diabo de Cada Dia ainda não saíram da minha mente, e em O Gambito da Rainha, sua participação é tão marcante quando o filme citado, com mais tempo de tela, é claro.
O Gambito da Rainha / Netflix
Em 2015, quando o cineasta Robert Eggers, diretor do longa A Bruxa, presenteou Anya Taylor-Joy com uma personagem repleta de camadas e significados, a atriz, na época com apenas 19 anos, entregou-se ao papel. Ali, nasceu uma das performances mais elogiadas no Cinema de Terror das últimas décadas. Tamanha exaltação não é exagero, pois um ano depois Anya repetiu sua façanha, colocando no seu currículo uma atuação inesquecível através do filme Fragmentado. E finalmente chegamos em 2020, ano que Taylor-Joy provou sua versatilidade no filme Emma, só que o seu “xeque-mate” viria somente meses depois, em O Gambito da Rainha.
Neste recente projeto, a intérprete de Beth Harmon cresce como atriz, utilizando o olhar como tela para pintar todos os medos e desejos que explodem dentro de sua personagem. Se o “sentido da visão” serve como palco para Anya Taylor-Joy dar vida a sua protagonista, o silêncio amplifica esse talento, pois é na quietude que aflora as emoções mais intensas da jogadora de xadrez. Uma atuação contida, que torna-se grandiosa pelos detalhes de uma interpretação banhada de naturalidade e, acima de tudo, verdadeira em cada segundo.
O Gambito da Rainha / Netflix
Não me causará espanto se a atriz for indicada por sua atuação ao Globo de Ouro, SAG Awards e Critics’ Choice Awards, tampouco surpresa, se porventura ela arrematar os prêmios. Anya conquista um status admirável como atriz, pois através de O Gambito da Rainha ela assina seu nome no mural de artistas extraordinários desta geração.
A Direção de Arte, que salta aos nossos olhos quando estamos confinados dentro das salas, quartos e ambientes, cria uma harmonia palpável entre espaço, tempo e expressão emocional dos personagens. Vale reverenciar como o figurino, cabelo e maquiagem transportam nossa experiência para as décadas de 1950 e 1960. Cada tecido que compõe os trajes é como um lembrete vivo da época. Indo além, há uma vestimenta presente no último episódio que, simbolicamente, transforma a protagonista na “peça” da rainha do xadrez, através da cor e forma. Momento este que fica claro todo o cuidado desse setor para compor a relação entre imagem e aspecto psicológico dos personagens.
Quem também merece aplausos é o departamento responsável pala Montagem da minissérie. Tudo é feito com extremo cuidado, costurando tomadas contemplativas e momentos marcantes com esplendor — especialmente nos episódios 6 e 7, cuja a organização das cenas entrega uma dinâmica calorosa e ritmada.
O Gambito da Rainha / Netflix
Moldando novas narrativas que marcam território na nossa memória audiovisual, a Netflix entrega um hit primoroso, que emociona, fascina e conquista nossa curiosidade. Mediante uma narrativa astuta, eis uma história que magnetiza nosso deslumbre por esse universo quadriculado, composto por reis, rainhas, peões e cavalos.
Evoluindo com o tempo e transformando-se em um chamariz, a minissérie é uma das obras dramáticas mais bem-sucedida do streaming. Excelente em todos os quesitos, este é um dos poucos projetos que terá um longo tempo de vida na mente dos espectadores. Em suma, O Gambito da Rainha é uma jogada de mestre.
Produção brasileira original do Globoplay, “Desalma” é um horror sobrenatural sobre uma cidade de interior amaldiçoada por uma bruxa vingativa. Apostando alto em uma trama sombria, a série de Ana Paula Maia reúne grandes nomes do audiovisual nacional, mas se perde em suas escolhas e oferece um produto apático e pouco convincente.
No enredo de “Desalma“, o desaparecimento da jovem Halyna (Anna Melo), durante a tradicional festa de Ivana-Kupala, choca a população de Brígida, em 1988. Banida do calendário oficial devido à tragédia, a celebração é retomada na cidade sulista trinta anos depois do ocorrido, à medida que eventos misteriosos voltam a acontecer e a noite mais escura do ano se aproxima.
Perseguidos por uma poderosa maldição, os envolvidos no enigmático passado da cidade são obrigados a enfrentar as consequências de seus atos, ao mesmo tempo em que são perseguidos por almas das trevas que caminham entre os vivos e lidam com os poderosos rituais da bruxa Haia (Cássia Kis). Nesse sentido, impulsionados pelo suicídio de um parente e amigo próximo, os cidadãos de Brígida temem por suas vidas e buscam as respostas para cada enigma assombroso que insiste em rodeá-los.
Desalma / Globoplay
“Desalma“, exibida primeiramente no Festival Internacional de Cinema de Berlim, é a aposta do Globoplaypara o ano de 2020. Inicialmente programada para estrear em abril, o lançamento da série foi adiado e, em outubro, o grande público teve acesso aos 10 episódios do streaming. A fábula ficcional, aclamada por sua fotografia e sonoplastia, é um produto, a princípio, diferente do comum. Oferecendo um encantador espetáculo visual e um tema pouco explorado pelo cinema brasileiro, o thriller sobrenatural sobre bruxas e possessões tem potencial e conteúdo de sobra para se destacar dentro do gênero explorado. No entanto, isso não se concretiza.
Fruto das escolhas impróprias de direção e roteiro, a história de Brígida e seus mistérios é transformada em uma narrativa maçante, forçada e pouco envolvente. Desde o início recheada por diálogos artificiais e atuações histéricas, o espectador é apresentado a uma realidade folclórica rica, mas a uma série decepcionante. Por conseguinte, diante de uma gama de personagens pouco profundos ou relacionáveis, a produção de Ana Paula Maia peca em suas escolhas e não consegue fugir do ordinário. O conto de horror começa com o pé direito, mas se perde no caminho e não cultiva o interesse.
Desalma / Globoplay
Finalmente, “Desalma” é uma tentativa pouco proveitosa de inovar no cenário nacional. Carregada de pontos positivos que se recusam a desenvolver, a série do Globoplay é uma decepção incômoda e, ainda que conte com a presença de grandes nomes como Cássia Kis e Cláudia Abreu, pouco nela funciona. Dessa forma, cerceada pela expectativa do público de encontrar um material, no mínimo, prazeroso, a produção do streaming não consegue fugir do superficial e esquece de aproveitar a oportunidade de se tornar algo especial.
Baseado no clássico de fantasia de Roald Dahl, o remake de “Convenção das Bruxas” traz Anne Hathaway e Octavia Spencer em uma aventura infantil desinteressante e pouco coesa. Apostando na revitalização da obra de sucesso dos anos 1990, o longa-metragem de Robert Zemeckis se perde nas próprias ambições e entrega uma peça que não consegue deixar marcas significativas.
Em “Convenção das Bruxas“, no final de 1967, um jovem órfão (Jahzir Bruno) vai morar com a sua adorável avó (Octavia Spencer) na cidade rural de Demopolis, no Alabama. Recuperando-se lentamente do trauma de ter perdido os pais em um acidente de carro, o menino percebe estar sendo vigiado de perto por bruxas, o que faz com que sua avó o leve desesperadamente para um distante resort à beira-mar, enquanto enfrenta questões do seu próprio passado.
Coincidentemente, a família chega ao seu “refúgio” exatamente no mesmo momento que a Grande Bruxa (Anne Hathaway) e todas as suas aliadas – que estão reunidas em uma convenção para discutir a melhor forma de transformar todas as crianças do mundo em ratos. Nesse sentido, uma grande caçada pelo hotel tem início e a segurança dos envolvidos torna-se cada vez mais ameaçada.
Convenção das Bruxas / Warner Bros
“Convenção das Bruxas” aposta, inicialmente, na experiência técnica de sua equipe criativa para revitalizar ao máximo a obra de Roald Dahl e fazer jus ao clássico original lançado em 1990. Dirigido por Robert Zemeckis (“De Volta para o Futuro”, “Forrest Gump” e “Uma Cilada para Roger Rabbit”), o longa-metragem da Warner Bros conta, ainda, com a coprodução de Alfonso Cuarón (“Roma”, “Gravidade”) e de Guillermo del Toro (“A Forma da Água”, “O Labirinto do Fauno”). No entanto, se o primeiro filme foi capaz de marcar toda uma geração, o mais recente atua como um produto efêmero do cinema e é incapaz de impressionar, uma vez assume uma roupagem desastrada e indecisa.
Desde o começo, a produção ficcional da Warner, em uma tentativa de assumir um ritmo próprio, não encontra espaço para desenvolver os seus personagens, ou a própria história, e esbarra em questões consideravelmente falhas. Apresentando uma narrativa vazia, o roteiro é constantemente descuidado e expõe uma tonelada de informações enfaticamente desnecessárias – que não são retomadas em momento algum – e até contraditórias. Tratando-se de um filme com caráter explicitamente infantil, no entanto, a análise crítica pode ser menos rígida. Mesmo assim, a aventura de Anne Hathaway e Octavia Spencer deixa a desejar e é capaz de irritar os saudosistas mais ansiosos pelo remake.
Convenção das Bruxas / Warner Bros
“Convenção das Bruxas“, finalmente, falha em sua tentativa de reconstruir uma obra bem conceituada e abraçada pelo público em geral, para entregar uma atualização sem capricho e alma. Oferecendo uma releitura esquecível, o destaque da produção cai nas mãos de Hathaway que, no meio do caos, oferece um incrível toque cartunesco à performance da Grande Bruxa. Propositalmente, a atriz se distancia da clássica e firme atuação de Anjelica Houston – no mesmo papel, há 30 anos – e, apoiando-se em um CGI funcionalmente assustador, torna-se capaz de dar pesadelos aos mais novos e desavisados.
Em síntese, o longa de Robert Zemeckis passa a integrar uma longa e triste lista de remakes malsucedidos. Fruto de uma mistura perigosa envolvendo bruxas e ratos em perigo, o filme não corresponde às expectativas e passa, portanto, bem longe do sucesso do original.
Convenção das Bruxas estreia no dia 19 de novembro.
Baseado no clássico homônimo dos quadrinhos da Marvel Comics, “Os Novos Mutantes” conjura uma sequência explosiva e questionável de um terror psicológico superpoderoso. Originalmente programado para estrear em 2018, o longa ficcional do universo dos X-Men acumula expectativas, mas entrega uma narrativa decepcionante e rasa sobre uma equipe disfuncional de crianças complexadas.
Em “Os Novos Mutantes“, cinco jovens – Maisie Williams, Blu Hunt, Anya Taylor-Joy, Charlie Heaton e Henry Zaga – são mantidos presos em uma instituição secreta controlada pela Dra. Cecilia Reyes (Alice Braga), enquanto aprendem a reconhecer e controlar a dimensão de seus poderes. No centro de tratamento, contudo, à medida que são forçados a lidar com os traumas do passado, os jovens mutantes mergulham em uma realidade aterrorizante e são submetidos à experiências cruéis e perturbadoras.
Lutando por liberdade, a recém-formada equipe de heróis começa a questionar o verdadeiro motivo de sua prisão e, ao mesmo tempo em que veem suas memórias serem transformadas em pesadelos e que são assombrados por seres malignos, descobrem que a ameaça real está mais próxima do que imaginam.
Os Novos Mutantes / Fox Film do Brasil
“Os Novos Mutantes“, último filme da franquia X-Men pelas mãos da Fox – agora aquisição da The Walt Disney Company -, introduz uma visão promissora – porém, frustrante – da famosa equipe dos quadrinhos. Diante de um consolidado universo cinematográfico de heróis, o filme não oferece o bastante para convencer ou mesmo se diferenciar e, dessa forma, priorizando uma aposta em uma narrativa sombria, a coprodução da Marvel com a 20th CenturyFox assume uma postura desastrosa e entrega um material que não impressiona. Nesse sentido, aliada à construção rasa de seus personagens, o espectador é apresentado a uma trama sem peso ou significado que se arrasta por uma hora e meia sem realmente saber para onde ir.
Desprovido da qualidade enérgica de “Dias de um Futuro Esquecido“, ou da dramaticidade comovente de “Logan” – que levou milhões de pessoas às salas de cinema -, o longa-metragem dirigido por Josh Boone (A Culpa é das Estrelas) é uma “conclusão” sem personalidade e fria para uma saga que encanta o mundo desde 2000, com X-Men: O Filme.
Os Novos Mutantes / Fox Film do Brasil
“Os Novos Mutantes“, incapaz de superar a desordem de sua narrativa, é um esforço desnecessário e falho de acrescentar novidades ao gênero dos super-heróis. Pecando na falta de um antagonista claro, o filme não oferece nenhum senso de urgência ou perigo e se confunde em suas próprias ambições. Definitivamente apático, o último capítulo mutante nas mãos da Fox perde a oportunidade de oferecer uma obra memorável – e realmente assustadora – para se tornar um desfecho deselegante e angustiante para os fãs da franquia.
Finalmente, apesar da estreia desastrosa da produção de Boone, o futuro dos X-Men nos cinemas promete uma revitalização oportuna para os personagens criados por Stan Lee e Jack Kirby. De volta, agora, às mãos da Marvel Studios, para integrar o Universo Cinematográfico Marvel, a equipe dos quadrinhos – junto dos diversos núcleos mutantes coexistentes – trilha um caminho promissor e recheado de expectativas para a inauguração de uma nova fase de sucesso e muita ação.
Michael J. Fox está se aposentando pela segunda vez como ator. O astro de De Volta Para o Futuro afirmou isso no livro No Time Like the Future: An Optimist Considers Mortality, que será lançado amanhã (17 de novembro).
No livro, Fox fala sobre seu Parkinson que veio com o envelhecimento, reconhecendo que atuar agora pode estar além dele:
“Há um tempo para tudo. E meu tempo de colocar uma jornada de trabalho de doze horas, e memorizar sete páginas de diálogo é o que fica para trás.“
“Pelo menos por enquanto… entro em uma segunda aposentadoria. Isso pode mudar, porque tudo muda. Mas se este é o fim da minha carreira de ator, que seja.”
O trabalho mais marcante na carreira de Michael J. Fox foi na trilogia De Volta Para o Futuro, onde interpretou o jovem Marty McFly.
Concedendo vida aos “Pecados” singularizados no mangá, o estúdio A-1 Pictures adaptou com esmero o anime de Nanatsu no Taizai. Pecando em alguns momentos, acertando em outros, as duas primeiras temporadas, disponíveis na Netflix, consolidam personagens cativantes que despertam nossa curiosidade.
Nossa mente faz associações quase que involuntariamente, e isso não é diferente com o termo “anime”, que na maioria das vezes é vinculado a outras duas palavras: lutas épicas. E isso faz parte da experiência, pois uma grande quantidade de animações famosas são catalogadas na memória do público por suas batalhas inesquecíveis. Todavia, um roteiro que equilibra “calmaria” e “frenesi”, sem esquecer-se do desenvolvimento dos personagens, tem mais chances de ocupar espaço no coração dos fãs. É isso que Nanatsu no Taizai, também conhecido como The Seven Deadly Sins, se propõe a fazer. Mas, será que ele consegue?
Nanatsu no Taizai / A-1 Pictures / Netflix
Sobre Nanatsu no Taizai
Os “Sete Pecados Capitais” são um grupo maligno de cavaleiros que conspiraram para derrubar o Reino de Britânia. Supostamente erradicados pelos Cavaleiros Sagrados, ainda existem rumores de que eles estão vivos. Dez anos depois, os Cavaleiros Sagrados realizaram um golpe de estado e assassinam o rei, tornando-se os novos e tiranos governantes do reino. Elizabeth, a terceira filha do rei, sai em uma jornada para encontrar os Sete Pecados Capitais, e recrutá-los para que possam ajudar a tomar o reino de volta.
A narrativa
Diferentes mídias já apresentaram uma releitura do conceito acerca dos 7 pecados capitais. No âmbito cinematográfico, o impactante Seven – Os 7 Crimes Capitais, de David Fincher, apresentou a jornada de dois investigadores em busca de um serial killer que assassinava brutalmente suas vítimas se inspirando nos pecados. Na teledramaturgia brasileira, o autor Walcyr Carrasco também contou uma história pautada nessa ideia, através da novela Sete Pecados, exibida na Rede Globo.
Já Nanatsu no Taizai ambientou essa concepção em uma fictícia “Europa medieval”, alimentando-se da fantasia, lendas e mitologias para construir cidades, personagens e conflitos. Com fortes aspirações bíblicas, o enredo explora a personificação das doutrinas e seguimentos religiosos, nada com grande profundidade, porém com uma excepcional criatividade.
Nanatsu no Taizai / A-1 Pictures / Netflix
A elaboração de mundo feita é de encher os olhos, não é à toa que essa é uma das principais “colas” que une dinâmica e desenvolvimento. Quase tudo é novidade, e quando novos conceitos são apresentados, a trama não se prende muito a explicações, entretanto, a partir do episódio 12 da primeira temporada algo muda, infelizmente, e momentos didáticos ocupam um infame lugar na narração. Nada que desrespeite nosso senso de aprendizagem natural sobre a história, mas que pode causar diferentes níveis de incômodo.
Há um humor que funciona muito bem em Nanatsu no Taizai, um peso necessário para balancear os dramas e o sentimento de urgência que permeia alguns episódios. É interessante observar como o roteiro vai além dos protagonistas, colocando sobre os ombros dos coadjuvantes uma importância digna de um personagem principal. Um ponto positivo, se compararmos outras produções que esquecem seus coadjuvantes (cof, cof, Naruto!).
Os personagens
A curiosidade despertada por Nanatsu no Taizai é uma âncora, capaz de estacionar nossa atenção em enredos primorosos, que sabem usá-la ao seu favor, brincando com expectativas e “frustrações propositais”. É engraçado citar esse último termo, pois os primeiros episódios servem para embarcarmos na rotina de um mundo movido pelas relações entre seres humanos, divinos, demoníacos e fantásticos. Usando cartazes de “procura-se” para apresentar os protagonistas, a narrativa cria alguns “pré-conceitos” sobre essas figuras, para depois desfazer tudo, causando surpresa, seja pelo nível de poder, pela veia cômica ou pelo background dramático.
Nanatsu no Taizai / A-1 Pictures / Netflix
Quando um anime trabalha grupos, como em Digimon e os seus DigiEscolhidos, é preciso ceder tempo de tela para que o público se acostume e crie empatia por cada personagem. Este é um mérito conquistado por Nanatsu no Taizai, que não tem pressa para exibir as principais peças desse embate fantasioso. Ainda que a coroa do protagonismo pisque em cima da cabeça do Meliodas (que representa o Pecado da Ira), a trama não se prende somente a ele, usando-o como um “guia”, visto que é pelas mãos dele que somos conduzidos adentro de conspirações e segredos que afetam tudo e todos.
Ban (o Pecado da Ganância) é daqueles que te conquista logo de cara! Prepotente e carismático na medida “certa”, seu arco vai do personagem valentão para o homem que adquire a imortalidade, numa jornada que envolve amor, amizade e paternidade. King (encarnação do Pecado da Preguiça) é uma incógnita, a princípio, porém a trama vai revelando mais sobre ele, a medida que apresenta a cultura do Reino das Fadas. Quem simboliza o Pecado da Inveja é Diane, uma gigante de personalidade instável, cujo sentimentos são proporcionais ao seu tamanho, mas tudo não passa de uma “casca”.
Nanatsu no Taizai / A-1 Pictures / Netflix
Representando o Pecado da Luxúria, Gowther é típico personagem que parece um enigma, sofrendo drásticas transformações ao longo da 1ª e 2ª temporada. Nada sobre ele faz sentido e com o passar do tempo revelações dramáticas constroem sua personalidade, repleta de falhas e questionamentos; aspectos que fazem de Gowther o ser mais complexo do anime. Merlin, também conhecida como o Pecado da Gula, é a face mágica do time de guerreiros. Guardada a “sete chaves” pelo roteiro, sua aparição é sempre pontual e gera momentos decisivos na trama.
E temos ele, a figura sinônimo de fascínio: Escanor — O Pecado do Orgulho. Sua individualidade é composta por ideias opostas, o que gera um desenvolvimento interessante. Quase um paradoxo ambulante, este é um personagem que conquista gargalhadas e magnetiza afinidades. E por último, mas não menos importante, está Elizabeth, princesa de Liones, desempenhando o olhar do público diante do desconhecido. Logo, o enredo coloca na jornada de Elizabeth mais que “um vislumbre de quem está de fora“, pois aos poucos ela também se torna um pilar crucial para a história.
Nanatsu no Taizai / A-1 Pictures / Netflix
As temporadas
O primeiro ano do anime não foge da tradição presente em outra obras. A “fachada introdutória” é vista de longe, e sentimos que tudo tem um gosto de “apresentação”. Heróis, vilões e o próprio mundo de Nanatsu no Taizai demoram um pouco para romper a bolha inaugural. Alguns mistérios, às vezes, podem soar “antiquados”, pois fica nítido quem ou o que está por trás de algumas ações, e o roteiro peca, insistentemente, ao sustentar certos “pontos de interrogação” por tempo demais. Em contrapartida, cada episódio ousa pincelar futuras ameaças, nos dando peças de um quebra-cabeça cativante.
Ainda que apresente um desfecho de temporada mediano, o primeiro ciclo cumpre bem seu propósito: nos situar no espaço, no tempo e estimular nossa empatia pelos protagonistas. Ainda que alguns rostos fiquem guardados para uma futura temporada, as cenas pós-créditos riem na cara do nosso entusiamo, igualmente um filme da Marvel, entende?
Nanatsu no Taizai / A-1 Pictures / Netflix
É a segunda temporada a detentora dos melhores arcos. Aqui, as reviravoltas são feitas a conta-gotas, dosando ação e revelação, enquanto acompanhamos os personagens, ora reunidos, ora separados, em trajetórias muito bem amarradas. Se por um lado temos os Sete Pecados Capitais representados na pele dos protagonista, pelo outro, temos os 10 Mandamentos destinados ao papel de vilões. Uma inversão intrigante, certamente, mas é preciso falar que “vilão” e “herói” são palavras que não alcançam o elenco deste anime, pois todos passam um bom tempo no mundo cinza, abraçando atos que vão muito além da vilania e do heroísmo.
Há algo que causa incômodo durante as duas primeiras temporadas. Existe uma sensação de que muitas cenas conseguiriam ir além, no quesito ação e drama. Predomina um sentimento amargo, uma quase insatisfação, de que as lutas poderiam ser melhores, de que os eventos dramáticos deveriam ir mais a fundo. Não que o desenvolvimento seja superficial, mas ele nunca atinge o status de glorificação, ficando no meio do caminho.
Nanatsu no Taizai / A-1 Pictures / Netflix
A pancadaria desenfreada, daquelas que te prende na tela, surge como um bônus quando atrelada a uma jornada bem construída. Basta olhar para produções atuais como o recente Kimetsu no Yaiba e o colossal Shingeki no Kiojin. É preciso trabalhar um elemento sem jamais esquecer-se do outro, e Nanatsu no Taizai consegue essa proeza, ainda que tenha alguns tropeços na 1ª e 2ª temporada. Para os veteranos, que estão cansados de alguns clichês, talvez esta não seja uma opção sensata, visto que, tanto a atmosfera, quanto alguns conceitos lembram muito outras produções animadas. Em compensação, essa é uma obra que encantará os novatos que procuram algo que derive da Cultura Pop oriental.
Em suma, a versão nipônica dos Sete Pecados Capitais, contada pelo enredo de Nanatsu no Taizai, possui altos e baixos, mas também detém autenticidade. Ainda que em alguns momentos falte “sal” é um arroz com feijão bem feito.
Netflix faz parceria com Nickelodeon e lança Bob Esponja: O Incrível Resgate, longa regado de momentos fofos, história bem construída e aventuras típicas da animação.
Bob Esponja é uma das animações mais amadas da Nickelodeon, e a expectativa por trás do terceiro longa é a prova viva desse sucesso. Seu histórico no cinema tem chamado a atenção pela qualidade elevada das histórias e a ótima construção dos personagens.
Bob Esponja: O Incrível Resgate é a nova aventura que envolve os morados da Fenda do Biquíni. No longa, o caracol Gary é sequestrado pelo Rei Poseidon para ser usado como um tratamento de beleza, e é levado até a cidade perdida, Atlantic City. Notando a ausência do bichinho de estimação, Bob Esponja e seu melhor amigo Patrick partem numa jornada heroica afim de encontrar seu fiel companheiro.
Bob Esponja: O Incrível Resgate | Netflix
O caminho até a cidade perdida é repleto de acontecimentos inesperados, reviravoltas, zumbis, novos personagens e novos amigos, além de muita confusão envolvendo os protagonistas.
Dirigido e escrito por Tim Hill, o longa mistura animação com atores/cenários reais, seguindo a mesma fórmula de Bob Esponja: Um Herói Fora D’Água, lançado em 2015. A diferença -gritante- deste filme para os outros é a aparência dos personagens, que se mostraram cada vez mais desenvolvidos tanto na interação com os atores reais quanto na qualidade de seus movimentos e expressões.
Bob Esponja: O Incrível Resgate trouxe um humor limpo, daqueles que dá pra juntar a família toda para assistir. As piadas já conhecidas do protagonista e todo o carisma que a nostalgia por trás dele traz é a prova viva de que levar a série para o cinema é sucesso na certa.
O filme conta com três participações pra lá de especiais e hilárias, Keanu Reeves aparece como mentor de Bob e Patrick durante a maior parte do filme, Danny Trejo usa toda a sua aparência de vilão a seu favor para interpretar o chefe dos zumbis e, do nada, um número musical do Snoop Dogg.
Bob Esponja: O Incrível Resgate | Netflix
Além das participações, o filme trouxe uma novidade. Recheado de flashbacks mostrando como cada personagem conheceu Bob Esponja, o longa pode servir como prévia para uma possível produção envolvendo a infância dos moradores da Fenda do Biquíni.
Bob Esponja: O Incrível Resgate é aquele filme que você assiste já sabendo que vai te garantir altas risadas e momentos extremamente fofos e de aprendizagem. O tema deste longa é a amizade, o que torna tudo ainda mais especial. Vale ressaltar o brilhante trabalho do dublador Wendel Bezerra na pele do Calça Quadrada mais uma vez.
Bob Esponja com toda certeza ainda tem muitas aventuras, e esperamos vê-las em breve nas telonas, ou em novas parcerias como foi a com a Netflix.
Colocando na tela uma leitura que reúne narrativa ficcional com elementos reais, Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu é um filme intimista, que não se prende ao “Comum”, apesar deste ser sua principal oferta.
A aproximação pessoal com o elenco, cenário e a narrativa tornam o trabalho de Bruno Risas livre de amarras especulativas. Seu olhar naturaliza quaisquer aspectos privativos, contando essa história de forma trivial, levando o espectador para dentro da casa e, acima disso, para conhecer os problemas que assolam a família. Sem pressa de levar o público para uma trama que, despretensiosamente, visa quebrar a atmosfera realista, o diretor apresenta um “pseudodocumentário” em Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu, ora flertando com o verídico, ora flertando com o quimérico.
Concedendo um passe para entrarmos no seio familiar, o diretor se transforma em uma peça — na frente e atrás das câmeras — e, mesmo que distante, mostra-se determinado a registrar todos os momentos, de todos os personagens, enquanto cumprimos nosso papel: observar. Com uma proposta que foge do convencional, o filme que está disponível no catálogo da Netflix nos convida a entrar em um mundo regido pela monotonia do dia a dia.
Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu / Vitrine Filmes / Sancho & Punta
Sobre Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu:
Uma família vive em crise quando o pai fica desempregado e eles são obrigados a se mudar para uma velha casa no interior de São Paulo. Em meio a brigas, a avó adoecendo e problemas financeiros, eles seguem vivendo, enfrentando as dificuldades do cotidiano. Certo dia, a mãe é abduzida, mas a vida continua como se nada tivesse acontecido.
Sutilmente, o diretor conduz o público para conhecer a rotina de sua família, que passa por uma crise (reflexo de um contexto social), que agora precisa adaptar-se as transformações que ocorrem por causa da mudança. Os personagens que estão em cena realmente são parentes do cineasta e através da câmera “contemplativa/invasiva” e dos diálogos (que nos fazem perder a noção do que é ensaiado e do que é real) tornamo-nos residentes, sufocados pelo registro lento e cansativo da narrativa.
O texto de Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu apela para os acontecimentos que cercam qualquer lar: o desemprego e as brigas entre familiares. As tarefas domésticas também tomam boa parte da história, como correntes difíceis de enxergar, porém fáceis de sentir. Todos esses pontos, de imediato, criam uma aproximação entre o telespectador e os personagens. Há margem para a identificação com aqueles rostos que transitam durante todo o filme, só que a quebra da 4ª parede, nesse caso, destrói certas proximidades.
Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu / Vitrine Filmes / Sancho & Punta
Em determinados momentos, percebe-se o desconforto perante as câmeras e alguns questionamentos direcionam o poder do longa-metragem para além das telas, como um filme de bastidores. É como se o “making of” ganhasse o direito de habitar o cerne do filme, em todos os atos, como parte principal do corpo da narrativa. Isso também acarreta estranheza, causando afastamento em vários momentos, e achegamento em outros poucos. No fim, mostra-se uma escolha perigosa, decerto, pois a utilização dessa ideia, em paralelo com a trama desapressada, dá abertura para uma experiência maçante em boa parte da projeção, infelizmente.
Em contrapartida, na já citada “aproximação”, Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu desperta sensações que tomam boa parte da rotina de muitos indivíduos. Por mais que o filme brinque com a simulação de uma história real, que de fato é real, nota-se a missão de dar palco a tudo o que é pessoal, mesmo que para isso seja necessário abandonar uma apresentação mais dinâmica das circunstâncias. Mas, não é somente uma linguagem mais pé no chão que domina o filme, há um momento, em particular, que o diretor estende a mão para o Absurdo, inserindo um acontecimento digno de uma boa ficção científica — uma abdução. Aqui, neste ponto, reside uma infinita lista de interpretações subjetivas.
Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu / Vitrine Filmes / Sancho & Punta
Esta eventualidade extraterrena é inusitada, repentina e quase assustadora; e serve como uma folha em branco para traçar semelhanças entre o ponto de vista social e o ponto de vista ilógico das coisas que estão na nossa vida. Ao lado do “Cotidiano” — O Grande protagonista “invisível” do filme —, a mãe, outra importante personagem, toma para si boa parte da carga dramática, no qual o filme encontra uma “solução” a partir do encontro com o Surreal. Nela está pintado uma figura maternal que transcende a ordem natural, pois agora ela é “mãe” de sua própria mãe. Também cai sobre seus ombros a função de deixar todos de pé, tudo isso ocultando o que está no seu âmago: seus desejos e sonhos adormecidos.
A presença do “desemprego”, que atualmente está na vida de muitos, é forte no enredo, que a todo momento pisa com força nessa tecla, expondo os resultados que esse fato social gera. Nesse quesito, Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu também é um reflexo generalizado do cidadão brasileiro que busca uma carteira de trabalho assinada, enquanto as contas continuam a chegar mês após mês.
Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu / Vitrine Filmes / Sancho & Punta
São nos olhares, na quietude e na contemplação do meio urbano que vive a alma do filme. Somos consolados por sorrisos que escondem o lado mais melancólico e, cientes disso, embarcamos nessa trajetória com receio e esperança. O tempo também invade esse âmbito familiar; é possível senti-lo no decorrer da história e nos personagens que melhor transmitem a passagem das horas, dias, meses e anos. Sobretudo na matriarca, uma representação da partida e da volta. Das idas e vindas. Do silêncio e do grito.
Mesmo que se proponha a nadar contra leituras e releituras de filmes que apresentam os dramas de uma família, Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu se sai bem nas cenas introspectivas e sem diálogos, mas declina, intensamente, nas tentativas de criar um fio que conecte quem está fora e quem está dentro daquele núcleo.
Baseada no romance homônimo de Raphael Montes e Ilana Casoy, “Bom Dia, Verônica” carrega consigo a complexidade de uma trama psicológica perigosa e sedutora. Produção brasileira original da Netflix, a série é uma chacina emocional que investiga à fundo a violência contra a mulher e, enquanto arranca seus espectadores da zona de conforto, revela a dura realidade de uma sociedade corrupta e cruel.
“Bom Dia, Verônica” acompanha a rotina de Verônica Torres (Tainá Müller), uma escrivã da Delegacia de Homicídios de São Paulo que, após ser testemunha do suicídio de uma mulher, decide lutar contra os traumas de seu passado e usar as suas habilidades investigativas para resolver dois casos assustadores.
Vítima do machismo estrutural e do abuso de poder em seu ambiente de trabalho, a protagonista embarca em uma jornada sangrenta e solitária para desvendar os mistérios de uma jovem abusada por um golpista na internet e a história sinistra da “reservada” Janete (Camila Morgado) – esposa do tenente-coronel Brandão (Eduardo Moscovis) -, uma mulher oprimida que sofre maus-tratos e é obrigada a sequestrar migrantes nordestinas para serem estupradas por seu marido. A caçada na região paulista, aliciando a psique das peças de xadrez que correm contra o tempo para fazer justiça, é impiedosa e, no meio de fogo e morte, promete não deixar ninguém sair ileso.
Bom Dia, Verônica / Netflix
“Bom Dia, Verônica”, adaptada para o streaming a partir da narrativa chocante lançada em 2016, não é fácil de digerir. Indo de encontro à bestialidade íntima do comportamento humano, a produção é cautelosa em sua narrativa e não banaliza ou transforma em espetáculo o horror representado em tela. Sensibilizando o espectador, a série não ousa abandonar a sua essência e, enquanto procura enfatizar a violência gráfica e a tortura física e psicológica, é capaz de converter o drama doloroso em uma crítica profunda e importante. Carregada de coragem, a produção da Zola Filmes é madura e poderosa o suficiente para deixar marcas.
Aliada à notável qualidade técnica, a performance do elenco coroa a excelência de “Bom Dia, Verônica”. Tainá Müller, Camila Morgado e Eduardo Moscovis são, definitivamente, a tríade perfeita para a história e transformam o conto de horror e morte da Netflix em uma experiência real e transtornante. A partir de papéis aparentemente moldados para eles, os três transportam o espectador para dentro da narrativa e semeiam raiva, tristeza e nojo no âmago de cada um que ousa se aventurar pelos oito episódios lançados pela plataforma. Assombrada pelos gritos sufocados de mulheres que precisam ser ouvidas, o novo título brasileiro é, seguramente, um dos melhores do ano.
Bom Dia, Verônica / Netflix
“Bom Dia, Verônica” é a união macabra entre a conjuntura social agressiva e inconstante da sociedade brasileira com a narrativa psicológica assombrosa de Raphael Montes e Ilana Casoy. Abordando a violência contra a mulher em uma trama fúnebre e, na maior parte das vezes, nauseante, a nova produção da Netflix é cirúrgica no desenvolvimento dos temas propostos. Assumindo riscos necessários – contudo, eficazes – para se destacar entre as produções do gênero, a série é capaz de construir um show alucinante e frenético, enquanto dá a visibilidade necessária a um assunto significativo, porém, ignorado.
Relevante e ousada, a estreia do streaming conjura o melhor do audiovisual nacional e, em uma crescente vertiginosa, promete uma sequência imponente e recheada da ação sanguinolenta que conquistou grande parte do público em outubro de 2020.
“Bom Dia, Verônica” já está disponível na Netflix.
Tenet é a primeira estreia no cinema desde a paralisações das atividades devido ao COVID-19, e surpreendentemente ao abrir com chave de ouro essa retomada. Como uma carta tirada da manga em um momento extremamente oportuno, Nolan consegue trazer um alto nível em sua nova produção.
Não é de hoje que o diretor Christopher Nolan vem brincando com a imaginação das pessoas ao trazer filmes complexos e que usam de muita tecnologia extremamente avançadas. O diretor, na maioria das vezes, alcança um nível excelente de qualidade em seus filmes deixando qualquer um de boca aberta, e Tenet é com certeza um deles.
Nolan usa do tempo e espaço em basicamente todos os seus filmes, e não seria diferente em Tenet. O longa conta traz um jovem agente da CIA que não tem o seu nome revelado -mas vamos chamá-lo de The Protagonist-(John David Washington) e que, após um incidente em uma missão, acaba sendo recrutado para a TENET.
TENET é nada mais que uma entidade internacional que está estudando a inversão, um fenômeno onde a tecnologia é usada para inverter a antropia de alguns objetos e pessoas, para que elas pareçam estar voltando no tempo. The Peotagonist conta com um ajudante, Neil (Robert Pattinson), para embarcar em uma missão ao redor do mundo afim de encontrar a pessoa responsável pela existência dessa nova tecnologia, um bilionário russo(Kenneth Branagh), que é capaz de gerar uma terceira guerra mundial ao apertar um simples botão.
TENET | Warner Bros. Pictures
Como todo bom filme do Nolan, este tem bastante ação, efeitos sonoros impecáveis e questões que deixam qualquer um com uma pulga atrás da orelha, mas será que toda a espera realmente valeu a pena?
Apesar de parecer vários filmes genéricos sobre agentes da CIA que estão atrás do vilão estrangeiro, este usa das ficção científica para se destacar. A questão de fazer objetos voltarem no tempo sem uma máquina grandiosa e com uma explicação um tanto quanto mais simples chama a atenção de qualquer um, é curioso como isso é colocado na trama de uma forma que fique claro para todo mundo o que é a acontecendo.
O longa tem 2 horas e 30 minutos bem distribuídos, diria até mesmo que aguentaria mais meia horinha se trouxessem algo bem produzido e que encaixasse na história, até porque é impossível não sair da sala de cinema sem aquele gostinho de quero mais, e o final aumenta ainda mais essa vontade.
Nolan vem trabalhando com atores grandes desde sempre, e mostrou mais uma vez que o seu dedo para escolher protagonistas e coadjuvantes continua muito bom. John Washington já havia mostrado todo o seu talento no filme “Infiltrados na Klan”, todo o seu talento herdado do pai pode ser visto em seus papéis cheios de ação e ótimos diálogos. Robert Pattinson vem se destacando ainda mais, todos estão de olho no próximo Batman, e a cada filme que estreia com ele nos deixa ainda mais ansiosos para ver ele no uniforme de morcego. Elizabeth Debicki foi a grande surpresa do elenco, se mostrando extremamente coerente com o papel e trazendo toda a intensidade necessária para ele. De elenco fomos muito bem servidos!
TENET | Warner Bros. Pictures
Mas afinal, é um mundo invertido? Realidade paralela? Viagem no tempo? A resposta para mim é bem clara, são todas essas alternativas juntas, e ao mesmo tempo nenhuma delas é o suficiente para explicar o que acontece no filme.
Apesar das várias vezes em que o roteiro se mostrou complexo demais para meros mortais, ele não pecou em momento algum e conseguiu entregar aquilo que esperávamos assim que o filme começou.
Talvez o que traga um ponto negativo parando filme é a constante forma em que Nolan tenta fazer as coisas do jeito mais difícil, me fazendo até questionar a minha própria inteligência. Essa busca por assuntos muito complexos e exagerados costuma trazer um público muito específico, o que não acaba sendo muito bom.
TENET | Warner Bros. Pictures.
Não é novidade pra ninguém que Nolan é um gênio do cinema, e Tenet é um forte concorrente não só de algumas premiações do cinema, mas também para marcar presença no Top 3 dos fãs do diretor.
Tenet, no fim, entregou absolutamente tudo, me surpreendeu positivamente em todos os quesitos – logo eu que não sou muito fã do diretor. Será uma grata surpresa para o público e, para mim, a melhor forma de começar a retomada dos cinemas.