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  • Crítica | Lúcifer – 5ª Temporada [Parte 1]

    Crítica | Lúcifer – 5ª Temporada [Parte 1]

    Baseado nos quadrinhos da DC Comics criados por Neil Gaiman, a quinta temporada de “Lúcifer” retorna ao streaming em uma trama celestial provocante e – acima de tudo – caótica, que insiste em circundar a sua zona de conforto e ignorar o espaço de sobra que tem para se desenvolver.

    Drama procedimental originário da Fox, “Lúcifer” chegou às telas, primeiramente, em 2016. Alvo de críticas predominantemente mistas, a série – desenvolvida por Tom Kapinos – conquistou uma legião de fãs devotos e garantiu três temporadas produzidas pela emissora norte-americana – em parceria com a Warner Bros. No entanto, apesar do rápido sucesso e da trama chamativa sobre o Diabo que renunciou aos seus deveres no Inferno e veio tirar férias na Terra, o programa deixou de ser lucrativo para o canal e foi, finalmente, cancelado.

    Prontamente resgatada pela Netflix, que viu na produção a oportunidade perfeita de reformulação para o seu catálogo, “Lúcifer” ganhou uma quarta temporada completamente diferente de suas anteriores e conseguiu definir o caráter “ideal” para o seu desenvolvimento. Investindo em personagens novos e em arcos interessantes – além de tentar escapar do modelo seriado auto-conclusivo de seus três primeiros anos – , o salto de qualidade que a série encontrou ao cair nas mãos da gigante do streaming foi significantemente desmontado e a trama celestial sobre o Rei do Inferno retornou à sua antiga zona de “conforto” – mesmo sabendo do espaço que tinha para se desenvolver.

    Lúcifer
    Lúcifer – 5ª temporada / Netflix

    Lúcifer (Tom Ellis), na quinta temporada, encontra-se novamente recluso no Submundo, após declarar o seu amor por Chloe Decker (Lauren German). Reabraçando os seus compromissos bíblicos, o Diabo passa um milênio voluntariamente torturando pecadores e deixa a sua vida “humana” para trás. O vácuo de sua ausência, no entanto, atrai o seu irmão gêmeo Miguel, um Arcanjo que pretende assumir a sua identidade em Los Angeles. Dessa forma, Lúcifer se vê obrigado a retornar à Terra para proteger àqueles que ama, enquanto embarca em uma jornada de autoconhecimento perigosa e expositiva que revelará segredos dramáticos e desafiadores.

    A premissa central de uma trama interessante salta aos olhos ainda no começo da quinta temporada, quando o drama celestial instaurado no mundo dos vivos pelo embate entre Lúcifer e Miguel tem início. Definitivamente digno de nota, a produção detém em mãos um arco narrativo tão curioso quanto o de Eva, na quarta temporada, e recorre à situações complexas que, notoriamente, deixam qualquer espectador excitado e ávido por mais. Envolvendo e impactando, profundamente, diversos dos personagens, a trajetória ambiciosa de “Lúcifer” reflete em seu contexto geral e oferece um duelo épico entre anjos e demônios que ficará marcado no imaginário de qualquer fã da série. A construção crônica dos atos de “Lúcifer” é bem detalhada e se apoia novamente em um Tom Ellis inspirado que é, simplesmente, certo para o papel.

    Os ingredientes necessários para o sucesso absoluto do seriado estão ali – e são bem definidos – , porém, a mixagem de todos eles gera um produto fraco e, de certa forma, decepcionante.

    Lúcifer
    Lúcifer – 5ª temporada / Netflix

    Insistindo em desenvolvimentos e em narrativas rasas, “Lúcifer” deixa de lado o que tem de melhor e se perde em suas próprias peculiaridades, de forma a pecar na execução de uma ideia, na teoria, interessante. A trama central do quinto ano da série é intercalada com casos policiais – um por capítulo, desde 2016 – que desviam a atenção do público do que é realmente necessário e que atrasam, ou até mesmo prejudicam, o desenvolvimento dos fatos. O sistema procedimental – clássico dos seriados dos anos 90 – não deveria ser mais bem-vindo aqui. Porém, ele ainda rege a maior parte do tempo de tela de “Lúcifer” e, simplesmente, cria uma monotonia desnecessária em todos os episódios. Há quem goste. Contudo, a reformulação da Netflix deveria oferecer algo de novo, como foi visto na quarta temporada, e não voltar à sua zona de conforto – fato que a fez ser cancelada dois anos atrás.

    A primeira parte da quinta temporada da série da Netflix oferece, mais uma vez, uma Ella (Aimee Garcia) sem destaque individual algum e reduzida à um “alívio cômico” que convence – por pouco – por sua doçura. Além dela, Maze (Lesley-Ann Brandt) é outra personagem prejudicada pela falta de competência criativa da equipe. “Presa” em um mesmo arco – no qual é constantemente sujeitada à adversidades para que volte a apresentar um “comportamento demoníaco” – , ela é vítima de um descaso que também a reduz a uma “sidekick” de quem quer que ofereça a melhor “recompensa”. Por fim, temos Dan (Kevin Alejandro), que continua a ser uma peça do tabuleiro sem importância alguma – haveria diferença se ele simplesmente desaparecesse? O “desprezo” por seus maiores patrimônios prejudica diretamente a série, que vê, cada vez mais, problemas na construção de uma narrativa coesa, profunda e realmente significativa.

    Lúcifer
    Lúcifer – 5ª temporada / Netflix

    “Lúcifer”, em um nível satisfatório, tornou-se um produto básico da Netflix que muitos fãs irão gostar. Afastando-se dos riscos que poderiam alavancar a série de patamar, a primeira parte da quinta temporada decepciona ao repetir seus erros passados e ao se recusar a desenvolver suas maiores qualidades. No entanto, recheada da sexualidade maligna e sangrenta que a tornou um sucesso, a série se “salva” ao apresentar um cliffhanger – gancho narrativo para o próximo episódio – incrível que tende a tornar a reta final do quinto ano do Príncipe das Trevas a mais interessante e relevante desde 2016 – esse é o nosso verdadeiro desejo.

    Inicialmente caótica, a nova roupagem da produção americana encontra um meio-termo moroso que – inerte em sua zona de conforto – ainda encontra brechas oportunas para empolgar e criar expectativas.

    A segunda parte da quinta temporada de “Lúcifer” ainda não tem previsão de estreia.

    Nota: 3/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | The Umbrella Academy – 2ª Temporada

  • Crítica | Crimes de Família – Entre o amor e a descrença

    Crítica | Crimes de Família – Entre o amor e a descrença

    Diretor Sebastian Schindel traz verdades cruéis em uma narrativa simplista, mas extremamente necessária e urgente.

    Quando um filme arrisca-se a contar uma história densa que retrata a dura realidade vivida por diversas mulheres em todo o mundo, ele tem a difícil missão de dar voz aos personagens ficcionais, que simbolizam personagens reais do nosso dia a dia. Muitos filmes e séries já assumiram tal missão, expondo situações que orbitam esse fato social. Recentemente, um longa-metragem que se dispôs a discutir essa temática foi Crimes de Família; drama argentino que estreou no catálogo da Netflix, dissecando as dores e os dilemas de uma mãe que se vê no meio de uma ruptura familiar.

    Sinopse Crimes de Família:

    Crimes de Família acompanha Alicia (Cecilia Roth), uma mãe que se encontra desesperada para fazer com que seu filho Daniel (Benjamín Amadeo), acusado de tentar matar a ex-mulher, não seja preso. Durante o processo, Alicia acaba descobrindo algo que mudará o rumo de sua vida para pior.

    Crimes de Família - Até onde o amor materno é capaz de ir?
    Crimes de Família / Netflix

    Há dois anos, eu apertei o play para assistir a aclamada série Big Little Lies. Com atuações fortes e cenas pesadas, Nicole Kidman me fez ver os traumas e o ciclo do ódio que habita alguns lares. Rompendo a visão externa e nos colocando na pele da personagem, a série fez algo crucial: deu espaço para um importante assunto. Agora, em 2020, este mesmo tema surge diante de mim com o longa Crimes de Família. Com diferentes abordagens e algumas semelhanças (como tornar o tribunal palco para momentos-chave), o filme argentino aposta em apenas uma personagem para guiar a história. Uma escolha que, talvez, poderia ter sido diferente.

    A maioria das pessoas, em algum momento da vida, escutou o seguinte ditado popular: “Mãe é tudo igual, só muda o endereço!“. Será? Sabe-se que o amor materno é uma força da natureza capaz de fazer uma mãe pular em um rio, sem saber nadar, para salvar a vida do seu filho. Esse sentimento tão poderoso pode nublar a capacidade de enxergar detalhes, e é isso que acontece com a personagem Alicia. É através do ponto de vista dela que iremos mergulhar nas teias de acontecimentos e consequências. Ou quase isso!

    Crimes de Família - Até onde o amor materno é capaz de ir?
    Crimes de Família / Netflix

    No começo, observamos uma mulher controladora, vestindo uma armadura oferecida pelo seu status social, utilizando-a para inocentar seu filho de acusações graves. Dividindo sua rotina em beber chá com as amigas ricas, dedicar um pouco do seu tempo em cuidar do filho de sua empregada e lidar com sua crise familiar, Alicia é uma personagem, muitas vezes, acompanhada pelo silêncio. É na quietude de suas cenas que escutamos as vozes que gritam dentro dela. Uma atuação introspectiva, mas poderosa, feita por Cecilia Roth (que atuou no filme Dor e Glória). A atriz deixa boa parte de suas emoções serem expressadas por seu olhar ou sua interação com “objetos de cena” — particularmente com um celular e um jogo de louças.

    Existem mais duas figuras maternas importantes para o desenrolar do enredo. Marcela (interpretada pela atriz Sofía Gala) é a personagem que luta em provar os crimes que foram cometidos pelo filho de Alicia. Sondada pelo medo e pelo instinto de proteger seu filho, Sofía incorpora uma imagem que conversa com as vítimas de violência doméstica, no entanto, essa conversa acaba sendo subdesenvolvida.

    A outra figura é Gladys (vivida por Yanina Ávila), personagem rodeada de mistérios, que trabalhou na casa de Alicia e que agora enfrenta uma sombria jornada nos tribunais, também. Com uma incapacidade de se expressar com clareza, a doméstica carrega em seu olhar perdido traumas do passado e do presente. Dela, partem pouquíssimas falas, o que deixa sua atuação corporal com a grande função de dizer aquilo que ela está sentindo.

    Crimes de Família - Até onde o amor materno é capaz de ir?
    Crimes de Família / Netflix

    Veja, essa dupla carrega um peso grande dentro da história, todavia, ambas ficam apagadas por uma sucessão de escolhas no roteiro que as colocam como “figuras de fundo”, infelizmente. Essa é a grande falha do filme, ou seja, o maior “crime” de Crimes de Família é não dar voz o suficiente e mais tempo de tela para personagens que mereciam isso. Apostar somente no ponto de vista de Alicia apagou a oportunidade de mergulhar mais fundo na premissa que o roteiro prometeu discutir. Somado a isso está uma narrativa fragmentada que se arrasta no primeiro ato e alguns diálogos que parecem incompletos.

    Sebastian Schindel, além de dirigir, também assina o roteiro ao lado de Pablo Del Teso. Desde a primeira cena, que coloca o telespectador no fim de um corredor, observando algo de longe, a narrativa não se prende a exposições fáceis. Os flashbacks cumprem bem o papel de, pouco a pouco, revelar a interação que existiu entre os personagens. Nada nunca é mostrado com clareza, deixando as ações dos personagens sustentadas por mistérios. Em boa parte da projeção caberá a você formular uma opinião sobre os ocorridos.

    O infortúnio é que o desfecho é totalmente previsível, e no terceiro ato, quando o texto de Schindel e Del Teso começa a desatar os nós criados ao longo da película, não há impacto, tampouco surpresas, o que faz a virada de roteiro perder força. Fiquei me perguntando, por um longo tempo, como a protagonista não chegou a mesma conclusão antes.  Talvez, o lado sentimental a impediu de ver as coisas com mais clareza.

    Crimes de Família - Até onde o amor materno é capaz de ir?
    Crimes de Família / Netflix

    A trama aproveita alguns pontos para pincelar outras críticas sociais. Enquanto duas histórias distintas são contadas ao mesmo tempo, observa-se alusões feitas ao poder que o dinheiro exerce em um julgamento, como comprar a verdade. Também aparecem sutis referências as futilidades e a falta de empatia que cerca a bolha da alta sociedade.

    Quando o amor de mãe é colocado a prova, perante crimes hediondos, o que prevalecerá? A proteção ao filho ou a desconfiança perante indícios?

    Em um mundo bombardeado 24 horas com relatos e notícias sobre crimes contra a mulher, é de se esperar que essa temática ganhe cada vez mais espaço nas telas. Crimes de Família é um recorte cru e intimista sobre os horrores que cercam muitas mulheres: viver debaixo do mesmo teto de um agressor. No fim, não existe um herói, tampouco uma salvadora; há apenas um retrato humano de arrependimentos e escolhas.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer do filme:

    Veja também: Crítica | 3% – Series Finale.

  • Crítica | Power

    Crítica | Power

    Com direção da dupla Henry Joost e Ariel Schulman, o novo original Netflix brinca com as possibilidades que super-poderes poderiam alcançar no mundo contemporâneo, em uma Nova Orleans violenta e esquecida.

    Power” é o momento quando “The Wire” se encontra com uma espécie de mistura entre Vingadores/Máquina Mortífera e o resultado não é tão bom quanto eu esperava, mas entretém por um par de horas. Acho que o problema principal é se levar a sério demais, sendo que o filme trata de elementos fantasiosos e uma ação desenfreada. Os clichês estão todos lá para você escolher (não que seja algo de todo negativo), indo dos policiais que não seguem as regras aos traficantes sul-americanos que precisam ser impedidos.

    O modo como a direção e o roteiro mexe com esses clichês é o que dificulta tudo, trazendo uma trama cansada e enjoativa após algum tempo, que não se sustenta apenas no carisma da dupla principal: Jamie Foxx (Art) e Dominique Fishback (Robin), parte de um outro clichê: a dupla improvável que aprende a se amar. Assim, nada é muito original e as escolhas ao redor da história não ajudam muito.

    Power
    Cena do original Netflix.

    Histórias com pílulas, drogas e super-poderes já foram exploradas antes, também não de uma forma tão coesa, como no longa “Sem Limites” (2011), com Bradley Cooper e Robert De Niro. Algumas coisas funcionam, como os momentos de alívio cômico, determinadas cenas de ação e a jornada de Robin. Quanto ao segundo tópico, a ação, o resultado parece mais um daqueles vídeo clipes, com cenas não tão empolgantes no geral, e uma dificuldade em captar boas sequências de tirar o fôlego.

    Os efeitos especiais também não ajudam muito, com uma estética que chega a ser bizarra em alguns momentos e muita dependência em cortes rápidos e a boa e velha câmera lenta (alô Zack Snyder!). A trilha sonora é marcante, mas não emplaca tanto, sendo esquecível depois de alguns minutos após você desligar a televisão. A única exceção são os momentos de Rap emplacados por Robin, com sempre muito bom humor.

    Penso que as piadas e os momentos em que a própria história tira sarro de si mesma são os pontos chave do roteiro, podendo ser muito mais explorados. Infelizmente, a trama parece querer entregar um drama coeso, quando ela mesma não se vê desse jeito. Prefiro muito mais as piadas em torno de Clint Eastwood e sua persona policial, do que a jornada heroica de Art e seus não tão legais arcos dramáticos.

    Power
    Netflix“.

    Abraçar a galhofa e a falta de seriedade, muitas vezes, funciona em filmes de ação e uma ideia mal executada (como essa) é muito mais triste do que apenas um filme ruim. Tinha potencial, mas ao tentar ser uma crítica social misturada com altas doses de adrenalina, o filme parece não ter um rumo definido, tendo que ter resolvido no último momento, em uma boa e velha batalha final em uma navio cargueiro prestes a zarpar.

    Os comentários sobre o sistema e o descaso de um poder público não são tão aproveitáveis, pois o todo parece falar em tom maior, ressaltando os tão fortes aspectos negativos da trama. A mistura, mencionada aqui no começo, não apresenta um equilíbrio e pode cansar até mesmo os fãs do gênero.

    Ao final, o resultado parece uma espécie de videogame e não no bom sentido, tendo-se em vista obras-primas como “The Last of Us” ou “Red Dead Redemption“, mas um daqueles jogos que você aproveita por um mês e depois larga para sempre. Não é a partir de bons momentos e ideias que poderiam ser que se faz um filme, com “Power” provando isso ao telespectador à todo momento.

    Nota: 2/5

    Veja também: Preço do Disney+ no Brasil é revelado: opções são mais caras que Netflix e Prime Video!

    CONFIRA O TRAILER:

  • Crítica | 3% – Series Finale

    Crítica | 3% – Series Finale

    “3%” estreou em 2016 sendo a primeira produção original brasileira da Netflix. Tendo bons números de audiência e boa recepção da crítica, a série entra na sua quarta e última temporada com o maior embate entre o Maralto e Continente.

    Em um mundo pós-apocalíptico onde um Processo é a forma de escolher os 3% que são merecedores de ter uma vida cheia de regalias, era de se esperar que uma oposição fosse criada, e é no ano do Processo 105 que a vida dos moradores do Maralto e Continente começou a mudar.

    De infiltrados da Causa no Processo à construção da Concha, vários acontecimentos levaram até o momento em que a quarta temporada começa, com Rafael (Rodolfo Valente), Joana (Veneza Oliveira), Marco (Rafael Lozano), Natália (Amanda Magalhães) e Elisa (Thais Lago) entrando no prédio do Processo e embarcando para o Maralto afim de forjar uma negociação com o conselho, em troca de Marcela (Laila Garin), que após tentar dar um golpe na Concha, foi mantida como refém pelos moradores junto de seus guardas.

    3% quarta temporada
    3%- 4ª Temporada | Netflix

    O plano para destruir o Maralto era aparentemente simples: acabar com toda a tecnologia existente do lado de lá, sendo assim, toda informação necessária para a criação de um novo processo estaria totalmente perdida, mas não é tão fácil como parece, a colaboração e o trabalho em equipe são essenciais para o cumprir o plano. Embarcando para o Maralto -alguns pela primeira vez- o falso acordo poderia ser feito junto ao Conselho cara a cara.

    Enquanto isso na Concha, Michele (Bianca Comparato) tenta fazer com que as coisas voltem ao normal após a invasão, e pra isso ela conta com a ajuda de Xavier (Fernando Rubro) e Glória ( Cynthia Senek). Enquanto Marcela é mantida como refém, André (Bruno Fagundes) dá um golpe no conselho e assume a liderança do Processo 108 e do Maralto, tomando decisões extremamente perigosas, o que acaba sendo pretexto para a destruição que definirá o futuro do mundo dividido.

    A quarta temporada chegou para ser mais do que um ponto final na história, é uma crítica à sociedade atual e abre os olhos para os problemas que devem ser resolvidos em conjunto.

    3% quarta temporada
    3%- 4ª Temporada | Netflix

    Além de todo o conflito entre os mundos, os flashbacks mostrando o passado da maioria dos personagens rechearam a produção que manteve o nível alto nos sete episódios. O elenco – que vem ganhando destaque desde a primeira temporada- tem um salto enorme de qualidade e merece a atenção, o desenvolvimento e amadurecimento dos atores foram essenciais para que sentíssemos amor ou ódio por determinados personagens. A construção da trajetória de cada um foi colocada de forma tão linda que chega a ser extremamente emocionante.

     Atores como Vaneza, Rodolfo e Rafael já haviam mostrado o talento nas temporadas anteriores, além deles, quem merece destaque na quarta temporada são os atores Bruno Fagundes, Cynthia Senek, Laila Garin, Fernando Rubro e Bianca Comparato, que havia recebido críticas por sua atuação morna nos outros anos, mas que deu um show de talento e passou toda a emoção que a temporada exigia.

    Zezé Motta e Ney Matogrosso continuaram com as suas participações durante os episódios da quarta temporada, e foram essenciais para a conclusão da história.

    Outro ponto de destaque é a trilha sonora que, com músicas 100% brasileiras,  tornou a experiência ainda mais especial. Na maior parte do tempo instrumental, algumas músicas ganharam vida nas vozes de nomes como Liniker, Elza Soares e Johnny Hooker.

    3%- Quarta temporada | Netflix
    3%- 4ª Temporada | Netflix

    Desenvolvida por Pedro Aguilera, “3%” foi a primeira produção brasileira da Netflix, dando início ao grande catálogo de filmes, séries e documentários nacionais no streaming.

    “O mundo era dividido em dois lados, não é mais.”

    Com tantos acontecimentos para assimilar em tão pouco tempo, é inevitável que não sentir o “gostinho de quero mais”, mesmo sabendo que é o fim. A quarta temporada chegou para fechar com chave de ouro, essa série pode ser um ótimo começo para deixarmos de lado a síndrome de “vira-lata” e começarmos a valorizar a produção nacional.

    A quarta temporada de “3%” já está disponível na Netflix.

    Nota:5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Parasyte – 1ª Temporada é uma viagem sombria e questionadora

    Crítica | Parasyte – 1ª Temporada é uma viagem sombria e questionadora

    Anime recém-chegado na Netflix é uma adaptação do manga de Hitoshi Iwaaki, que criou e ilustrou uma narrativa bizarra sobre as questões que separam homens e monstros

    No instante que a palavra “anime” é falada em uma roda de conversa entre amigos, a primeira imagem que vem à mente de muitos são as produções com o típico personagem principal otimista, que aspira grandiosidade e empatia. No entanto, existe uma sombria galeria de protagonistas que fogem dessa construção com veias esperançosas, visando outras propostas, como o Kira em Death Note, ou Shinji de Neon Genesis Evangelion. Quem também se enquadra nesse perfil é Shinichi, figura essencial do anime Parasyte, cuja história se dispõe a dissecar a escuridão que há dentro do ser humano, assim como as sombras que residem o interior de monstros.

    Sobre Parasyte:

    A história se passa em um mundo que seres parasitas surgem na Terra. Eles se apoderam dos humanos, entrando por qualquer cavidade corporal, com a finalidade de controlar o corpo da vítima. A história se desenvolve quando um desses parasitas falha em se apoderar do corpo de Shinichi Izumi, fazendo com que os dois sejam obrigados a conviver juntos.

    Parasyte - 1ª Temporada
    Parasyte / Madhouse / Netflix

    Aqueles que escutam de longe podem confundir o nome deste anime com o longa sul-coreano que levou o Oscar de “Melhor filme” em 2020. Mas, apesar de ambas as obras se apoiarem nas infinitas associações que orbitam o termo “parasita”, a animação nipônica Parasyte abandona quaisquer metáforas e conta uma história literal sobre monstros x humanos. Disponível no catálogo da Netflix, com 24 episódios, a trama é uma tempestade de discussões sobre o homem e a sua relação com a vida, a morte e a grande (ou pequena) linha entre esses dois polos, chamada de “existência”.

    A primeira vista, sua mente pode reduzir Parasyte a um simples enredo sobre um adolescente que tem um parasita falante no lugar do braço. Bom, a princípio, é exatamente isso! Entretanto, após o desfecho intrigante do primeiro episódio, percebe-se que esse anime tem muito para falar e você, como telespectador, tem muito a ouvir. Shinichi não carrega o protagonismo sozinho, pois ele divide esse fardo com sua “mão parasita” — chamado de Migi — um ser pensante, com um forte desejo de entender tudo ao seu redor, porém com um grande déficit em compreender simples atos humanos movidos pela emoção. Para ele, escolhas tomadas a partir da empatia, amor materno, amizade e outras vertentes abstratas, não fazem sentido.

    Parasyte - 1ª Temporada
    Parasyte / Madhouse / Netflix

    Assistir um jovem humano dividir seu corpo com um parasita é uma experiência bizarra (uso esta palavra como um grande elogio para o anime!). E, enquanto ambos aprendem um com o outro e protagonizam momentos incomuns, somos bombardeados por pensamentos profundos. O que separa homens de monstros? O que diferencia o ser humano, que mata animais para comer, de um monstro que faz o mesmo, se alimentado de carne humana? Qual o propósito da vida quando percebemos que estamos destinados a morte? São estas e outras indagações que “parasitam” sua cabeça episódio após episódio.

    Com uma trama profunda que nunca se sacia com diálogos ou situações rasas, a direção pega a mão de sua audiência, conduzindo-os em uma jornada de ideias, dúvidas e debates. Claro, tudo isso pelos olhos de uma ficção melancólica e brutal. A narrativa de Parasyte utiliza muitas máscaras: ação, comédia, terror e suspense. Contudo, por baixo de toda essa fachada, o rosto desse anime é o “drama”.

    É o drama que impera a narrativa do começo ao fim, por mais que existam momentos cômicos aqui e acolá, muitas cenas de luta com extrema violência gráfica e grandes mistérios. São os monólogos pensados pelo protagonista e as falas proclamadas pelo novo “hóspede” de seu corpo que dominam os principais conflitos e resoluções. Talvez, no começo, a estranheza despertada pelo visual possa criar um certo afastamento no telespectador, mas os diálogos cumprem bem o papel em fixar a atenção daqueles que compraram a proposta.

    Parasyte - 1ª Temporada
    Parasyte / Madhouse / Netflix

    O melhor acerto de Parasyte está em seu protagonista, que nunca é transformado em “herói”, ainda que tenha traços para ser um. Sua jornada é uma desconstrução daquela figura que vemos nos primeiros episódios. Logo, não tarda para o protagonista sofrer uma drástica metamorfose, ficando diante de situações que mais parecem um beco sem saída. Ficando mais forte, ele perde gradativamente sua humanidade, precisando reencontrá-la dentro de si para resolver seus problemas.

    Longe da perfeição, Shinichi é apenas um refém do acaso, que precisa continuar nadando nesse mar de monstros, lutando para não se afogar nas semelhanças entre eles. Aqui temos um personagem que sofre as consequência de seus atos, que cresce e diminui a cada escolha, que se encontra e se perde muitas vezes. Mas, acima de tudo, está em constante desenvolvimento.

    Migi (vulgo parasita) é um personagem que não sabe muito deste mundo, e logo se propõe a entendê-lo, sem jamais abandonar sua visão pragmática. Dele partem as principais questões que levará você a ficar alguns minutos perdido, buscando respostas e duvidando de suas justificativas. Para ele, tudo é novo, e sua atos, baseados apenas no lado racional, logo são confrontados quando batem de frente com as ações emocionais de seu “anfitrião”.

    Parasyte - 1ª Temporada
    Parasyte / Madhouse / Netflix

    Quem merece aplausos é a equipe de animação do estúdio Madhouse, que faz um excelente trabalho de adaptação. Como o manga foi lançado no final da década de 1980 e sua versão animada estreou em 2014, ocorreram singelas alterações nos traços, mas nada que destoe muito do material original. A produção embarcou nas bizarrices, mantendo as distorções visuais que marcam os monstros, e preservando as características dos humanos que também possuem estranhezas comportamentais.

     A conclusão de Parasyte é um soco no estômago, através de palavras e ideias que te levarão a discussões internas. Colocando o homem como a figura primordial em uma trama de monstros, seguimos por um caminho cruel, frio e realista. Afinal, o que é pior? A monstruosidade humana? Ou a monstruosidade de um monstro? É fácil se perder nos pontos de interrogação que o anime se propõe a esculpir em nossas mentes, por outro lado, é muito difícil encontrar respostas.

    Parasyte - 1ª Temporada
    Parasyte / Madhouse / Netflix

    Existe uma lista de produções audiovisuais que habita uma parte da nossa cabeça, alimentando nosso repertório através da ficção. Algumas pessoas jamais serão as mesmas após assistir um filme ou uma série, e isso acontece de forma particular e singular. São poucas histórias que, de alguma forma, falam diretamente com o público, tirando-o de sua zona de conforto, levando-o a questionar as mesma indagações feitas pelos personagens.

    Em suma, Parasyte é um palco para aqueles que adoram se perder em debates sobre a moral e o livre-arbítrio. Um anime melodramático? Sim! Aterrorizante? Sim! Excêntrico? Sim! Mas, acima de tudo, original e questionador.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | 3% -3ª Temporada.

  • Crítica | Olhos de Gato – Uma animalesca jornada sobre amadurecimento

    Crítica | Olhos de Gato – Uma animalesca jornada sobre amadurecimento

    Ao lado de grandes obras do estúdio Ghibli, essa nova animação do Studio Colorido conquista espaço na lista de “fantasias contemporâneas” da Netflix.

    Os gatos são animais enigmáticos, donos de características peculiares. Não é à toa que os bichanos tornaram-se figuras especiais em histórias de fantasia, ora vestindo o manto de protagonistas, ora como coadjuvantes de luxo, vide o corajoso Barão, em O Reino dos Gatos, ou o excêntrico e sorridente Gato Risonho, de Alice no País das Maravilhas. Dessa vez, o animal “que sempre cai em pé” será vivido por uma jovem que adquire uma estranha habilidade. Olhos de Gato é uma animação nipônica, adicionada recentemente no catálogo da Netflix, narrando as idas e vindas de uma garota que se perde na busca pelo “amor” (aspas colocadas aqui com muita ênfase!).

    A roteirista de animes, Mari Okada, que fez até os “otakus” mais fortes chorarem com Anohana, é a responsável pelo roteiro desta animação. Com menos profundidade dramática, mas com um grande poder criativo, ela cria uma ponte interessante entre situações do dia a dia e elementos fantásticos. A cadeira da direção fica por conta da dupla Tomotaka Shibayama e Junichi Sato (conhecido por seu trabalho no clássico anime Sailor Moon).

    Sinopse do filme Olhos de Gato:

    Miyo Sasaki, apelidado de “Muge”, tem uma personalidade brilhante e é cheia de energia na escola e em casa. Ela também está apaixonada por seu colega de classe, Kento Hinode. Miyo tenta repetidamente chamar a atenção de Kento, mas ele não a nota. Ela percebe que a única maneira de se aproximar dele é se transformar em um gato, mas em algum momento, a fronteira entre ela e o gato se torna ambígua.

    Olhos de Gato - Uma animalesca jornada sobre amadurecimento
    Olhos de Gato / Studio Colorido / Netflix

    A adolescência é a menor fase da vida de uma pessoa, deveras conturbada e repleta de altos e baixos. A chegada da juventude traz uma enxurrada de indagações relacionadas aos sentimentos amorosos. Olhos de Gato, a princípio, nos coloca ao lado de uma protagonista que busca o amor inexistente de um colega de classe (se bem que, nem colega ele é!). Depois, o roteiro abre caminho para uma nova busca: o verdadeiro “eu”.

    O filme abre com uma cena festiva, mostrando a personagem principal ao lado de sua mãe e seu irmão. Logo, somos apresentados ao principal elemento fantástico que conduzirá a trama até o fim: uma máscara mágica. Objeto este, que girará as rodas de causa e efeito, gerando acontecimentos e consequências para a protagonista e aqueles ao seu redor.

    Olhos de Gato - Uma animalesca jornada sobre amadurecimento
    Olhos de Gato / Studio Colorido / Netflix

    Ditados populares, muitas vezes, ensinam uma montanha de coisas para cada um de nós, em momentos diferentes de nossas vidas. Se, porventura, eu conhecesse a protagonista, gritaria bem alto para ela: “Quem tudo quer, nada tem!“. Claro que, antes de qualquer coisa, é preciso entender as motivações para tal ato insólito. Muge é uma adolescente que parece ter um, talvez dez, parafusos soltos. Esse é o traço que com certeza fará você aceitar os atos da personagem, ou arquear uma sobrancelha e se perguntar “por que ela está se sujeitando a isso?“.

    O amor é um sentimento mutável, despertando as mais improváveis atitudes em uma pessoa. No período da adolescência, essa força abstrata é capaz de aflorar uma avalanche de comportamentos. Muge, enquanto humana, nutre um amor unilateral pelo personagem Hinode, que nem sequer a olha como uma amiga, quem dirá como uma “namorada”. É nesse conflito que o primeiro ato se sustenta, mostrando as diversas situações, algumas bizarras, outras insanas, que a protagonista se sujeita para conseguir a atenção do seu “amado“.

    Olhos de Gato - Uma animalesca jornada sobre amadurecimento
    Olhos de Gato / Studio Colorido / Netflix

    Talvez, a raiva invada sua mente, por causa da protagonista que sofre por não ter o amor de quem não a merece, enquanto esnoba o carinho daquelas que lutam pela atenção dela; como a melhor amiga, o pai e a madrasta. É o típico dilema do personagem que sofre pela ausência daquilo que ele já tem, mas não sabe, ainda! É uma base interessante para evoluir a personagem, no entanto, alguns deslizes narrativos, como diálogos repetitivos e personagens subdesenvolvidos interferem, um pouco.

    A partir de uma determinada atitude, essa linha de comportamento desperta um certo incomodo, pois Muge nunca parece ser quem realmente é. Sua imprudência a faz esquecer o “amor próprio”, pois ela vive à mercê de um amor não correspondido. Com isso, a garota começa a usar sua habilidade de andar sobre quatro patas para conhecer Hinode, sem que ele saiba.

    Olhos de Gato - Uma animalesca jornada sobre amadurecimento
    Olhos de Gato / Studio Colorido / Netflix

    Nasce nela, uma dúvida, pois a “Muge Gata” tem toda a atenção, carinho e compreensão, enquanto sua versão humana não tem nada. Nesse ponto, a personagem começa a se perder entre o fio que separa seu lado humano do seu lado gato, afinal, em qual casca ela é mais feliz?

    No segundo ato (um pouco arrastado), esse dilema começa a interferir na vida da personagem. Vendo-se diante de uma complicada jornada de autodescoberta, a fantasia ocupa todo o espaço, coordenando a trama na direção de personagens excêntricos e “carigatos“. Ops! Quero dizer “caricatos”.

    Com um desfecho razoável, somos bombardeados por cores, belas paisagens e uma direção de arte que encanta até nos mínimos detalhes. Características que marcam cada vez mais as animações orientais, não é mesmo Your Name?

    Olhos de Gato - Uma animalesca jornada sobre amadurecimento
    Olhos de Gato / Studio Colorido / Netflix

    Resolvendo quase todos as questões da protagonista através de situações fantásticas, Olhos de Gato é uma ingênua animação sobre amadurecimento, que conta a história de uma personagem que compreende alguns pilares da vida, como amizade, amor fraternal, amor familiar e “amor próprio”. Mesmo falhando um pouco neste último pilar, o sentimento predominante no final é como um abraço reconfortante.

    Quantas vezes nos imaginamos sendo aquilo que não somos, para dizer o que de fato está em nossos corações? Que máscaras usamos para ser ou deixar de ser nosso verdadeiro “eu”? São essas e muitas outras questões que o filme se propõe a fazer. Algumas são respondidas, outras ficarão no ar, dependendo da sua interpretação.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Cursed- A Lenda do Lago – 1ª Temporada.

  • Crítica | Dançarina Imperfeita

    Crítica | Dançarina Imperfeita

    Nova produção original da Netflix é a prova viva de que o streaming adora apostar em romances adolescentes e que esse talvez seja o seu ponto alto. Cheia de clichês adolescentes “Dançarina Imperfeita” entrou para a lista de queridinha do público logo na sua estreia.

    “Dançarina Imperfeita” começa como todo romance adolescente, Quinn (Sabrina Carpenter) é a típica nerd que faz parte de todos os clubes da escola afim de aumentar o seu currículo para poder passar na faculdade. Na entrevista de admissão da faculdade em que o pai dela estudou, Quinn não surpreende ao fazer parte dos mesmos clubes que tantos outros alunos, e é questionado pela entrevistadora que queria saber se ela fazia parte do famoso grupo de dança da sua escola, desesperada, ela diz que sim.

    Para tentar impressionar a entrevistadora em um concurso de dança chamado Work It, Quinn tenta entrar no grupo da sua escola, os Thunderbirds, liderado por “Julliard” (Keiynan Lonsdale), o aluno mais popular é um dos melhores dançarinos da escola. Como já era de se esperar, a sua falta de coordenação para a dança faz com que ela não entre para o famoso grupo, mas como Quinn não desiste nunca quando se trata de entrar para a faculdade, ela decide criar o seu próprio grupo de dança com sua melhor amiga e ex-integrante do TB Jas (Liza Koshy).

    Dançarina Imperfeita
    Dançarina Imperfeita | Netflix

    Depois de juntar dançarinos excêntricos e fora do padrão para o seu novo grupo, Quinn decide pedir a ajuda do coreógrafo Jake (Jordan Fisher), que estava afastado dos palcos após sofrer uma fratura. Nessa busca pela perfeição dos passos e para entrar na faculdade, um romance começa entre Quinn e Jake, encaminhando toda a história.

    Assim como a maioria dos filmes adolescentes, nesse temos uma nerd afim de sair dos padrões para conquistar o seu objetivo, com a ajuda da sua amiga popular e com um cara que até então era de difícil acesso para ela, típico clichê que mesmo estando batido, nós adoramos consumir.

    “Dançarina Imperfeita” trouxe um elenco interessante para a produção, Sabrina Carpenter ficou conhecida após estrelar série da Disney, e vem apostando em papéis que vão de acordo com a sua idade – o que tem dado muito certo-, Liza Koshy ficou conhecida na internet após fazer vídeos divertidíssimos, o que abriu as portas para o mundo do cinema e da televisão. Keiynan Lonsdale ficou conhecido pelo seu papel em Dance Academy e Com Amor, Simon , dançarino formado, ele vem chamando a atenção dos produtores de romances adolescentes e Jordan Fisher, conhecido pelo seu papel em Ps: Ainda Amo Você e Teen Beach Movie, tem se mostrado versátil nas produções do streaming, seria ele o novo Noah Centineo?

    Dançarina Imperfeita
    Dançarina Imperfeita | Netflix

    
Produzido por ninguém menos que Alicia Keys, “Dançarina Imperfeita” é divertido, tem ótimas coreografias e música original. O filme já entrou na lista dos queridinhos da Netflix por lembrar filmes adolescentes como Se Ela Dança, Eu Dança  e  As Apimentadas.

    Apesar de caminhar para a reta final de um jeito um tanto quanto esquisito, o romance é leve e extremamente prazeroso de assistir, principalmente se pensa em juntar a família, é o típico filme para assistir no final do dia.

    “Dançarina Imperfeita” já está disponível na Netflix.

    Nota: 3/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | 3% -3ª Temporada

    Crítica | 3% -3ª Temporada

    Primeira produção brasileira da Netflix 3%  estreia a sua terceira temporada mantendo a  evolução do segundo ano trazendo o mundo ainda mais dividido após a chegada de um novo local.

    Depois de todas as reviravoltas que a série sofreu na segunda temporada, já era de se esperar que algo grandioso pudesse acontecer na terceira, dito e feito.

    3% começa a sua terceira temporada apresentando a Concha, um novo lugar fundado por Michele (Bianca Comparato) que conseguiu suprimentos e tecnologia do Maralto depois que chantageou o Processo 105, e pelo Fernando (Michel Gomes) que ficou responsável por recrutar as pessoas do Continente. A Concha, diferente do Maralto, é um espaço colaborativo aberto a qualquer um que esteja disposto a ajudar.

    Por mais que pareça um lugar bom, os moradores do Continente torcem o nariz para o novo refúgio, o que ocasiona em famílias separadas (de novo) e muita gente indo contra essa nova realidade. Uma das pessoas que não aderiram a Concha foi Joana (Vaneza Oliveira), que após um ano teve a sua primeira visita ao local de uma forma totalmente curiosa e desconfiada, onde percebe que muitas pessoas deixaram o Maralto e resolveram viver essa nova alternativa de vida. Duas dessas pessoas são o  Rafael (Rodolfo Valente) e a  Elisa (Thais Lago), que por um motivo que só é apresentado no decorrer dos episódios, estão separados, tornando o Rafael uma pessoa amarga com espírito de bêbado.

    3%
    3% | Netflix

    Junto com a Joana chegou uma tempestade de areia que não estava prevista, causando estragos tanto na coleta de água da Concha quanto em sua estrutura. Com um desastre desses, o Maralto acaba demonstrando interesse em assumir a Concha em troca de suprimentos, o que é mantido em segredo por Michele, que decide fazer um processo para escolher os 10% que são merecedores de permanecer no local, com a intenção de manter a Marcela longe da liderança da Concha, e assim a história se repete.

    Os novos acontecimentos na história deram uma abertura para que familiares de alguns personagens aparecessem, o que é o caso do irmão mais novo do Rafael e do filho de Marco (Rafael Lozano). Os dois carregam uma carga pesada na série, e a presença desses familiares humanizam eles, de certa forma que nos  faz querer entender todos os lados da situação e até mesmo perdoar os seus erros do passado.

    Enquanto vemos a evolução de alguns personagens, outros continuam no mesmo nível desde a primeira temporada, como é o caso da Michele. Por mais que o trabalho da atriz seja bom, a personagem continua sendo artificial, o que dificulta muitas vezes o acompanhamento e o interesse pela sua história, o que não é bom se tratando da personagem principal. Quando a personagem começa a ganhar o público, algo é feito para manchar a sua imagem, o que pode não ser visto com bons olhos. A presença ilustre de Ney Matogrosso se torna essencial para o entendimento da história de um dos personagens.

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    3% | Netflix

    Por outro lado, André (Bruno Fagundes) foi um dos personagens que surpreenderam ao mostrar um outro lado de sua história. Até então tínhamos a imagem do bom menino que foi preso injustamente, mas logo na segunda temporada descobrimos que tudo que se falava sobre ele era verdade, e que ele é capaz de fazer de tudo para que o Maralto continue extremamente exclusivo, nem que isso inclua ir contra a própria irmã.

    A terceira temporada além de trazer o desenvolvimento dos personagens, também mostrou o grande avanço da produção com  cenas gravadas em São Paulo ( Osasco e São Luiz do Paraitinga), Minas Gerais ( Brumadinho – Inhotim) e Rio Grande do Norte (Dunas do Rosado). O roteiro também chama a atenção por se manter impecável desde a segunda temporada, onde mesmo havendo alguns furos no meio da história, eles conseguem contornar com situações surpreendentes.

    3% acertou em mais uma temporada, e é a prova de que temos boas produções nacionais que devem ser valorizadas, principalmente se tratando de um mundo distópico. A temporada finalizou mais uma vez deixando o gostinho de quero mais e aberturas para muito mais acontecimentos em uma nova temporada que já foi confirmada e estreia dia 14 de Agosto.

    A terceira temporada de 3% já está disponível na Netflix.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | 3%  – 2ª Temporada

    Crítica | 3% – 2ª Temporada

    Segunda temporada de 3% é cheia de reviravoltas e acerta no enredo superando todas as expectativas

    3% surpreendeu o público em sua primeira temporada trazendo um Processo que faz com que três por cento dos jovens com 20 anos tenham a oportunidade de mudar de vida. Com provas para testar o trabalho em equipe e a liderança dos participantes, o Processo 104 foi concluído com sucesso e com os jovens perfeitos para entrarem no Maralto, a primeira temporada terminou com muita tensão e reviravoltas, daquelas de deixar qualquer um ansioso por uma segunda temporada.

    A segunda temporada de 3% estreou na Netflix em 2018 com uma história um pouco diferente da primeira. Enquanto a primeira temporada foi totalmente focada no Processo, a segunda mostra como está a vida dos participantes após um ano. Michele (Bianca Comparato) era a infiltrada da Causa que teve o seu lugar garantido no Maralto, além de uma reviravolta enorme em sua história ao descobrir que o motivo pelo qual aceitou trabalhar contra o Processo não passava de uma mentira, sendo assim, ela se juntou com o Ezequiel (João Miguel) para impedir que Causa prejudique o Processo 105.

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    3% | Netflix

    Além da Michele, Rafael ( Rodolfo Valente) também conseguiu passar para o lado de lá, mas sem deixar a sua ligação com a Causa de lado. Sendo extremamente fiel ao seu juramento com o grupo.

    Do lado de cá, Joana (Vaneza Oliveira) e Fernando (Michel Gomes) vivem uma vida de miséria após desistirem do Processo,  e acabam se juntando em uma missão de vingança que inclui assassinatos, invasão a domicílio e a Causa. Além de  todo o conflito envolvendo os quatro protagonistas, a história da segunda temporada fica ainda mais interessante ao apresentar finalmente os fundadores e como surgiu o Maralto, além de revelar que o casal fundador na verdade era um TRISAL.

    Com tantos acontecimentos em cada episódio, fica difícil escrever algo sobre essa temporada sem dar muito spoiler. Cada detalhe é extremamente instigante, trazendo grandes reflexões e questionamentos, nos levando a imaginar se o Maralto é realmente um bom lugar para se viver.

    3%
    3% | Netflix

    Logo no primeiro episódio da segunda temporada somos tomados por muitas novidades, tanto no elenco quanto na qualidade da produção. A evolução na qualidade dos atores ficou visível em todos os episódios que carregavam cargas dramáticas e tensas, o que surpreendeu bastante. Novos nomes foram inseridos no elenco, e cada um é responsável por uma parte importante no decorrer dos episódios, são eles Bruno Fagundes, Fernanda Vasconcellos, Maria Flor, Silvio Guindane, Cynthia Senek e Leila Garin.

    Representatividade, isso é o que mais valorizo em produções brasileiras e 3% vem dando um show de exemplo ao trazer mulheres fortes e incluir uma personagem trans com tanta relevância. A segunda temporada ainda é responsável por finalmente trazer o elemento surpresa. O plot twist trás uma sensação de que tudo pode mudar de uma hora pra outra, independente de qual lado você está, e isso dá ainda mais brilho pra a série.

    A produção merece os parabéns por cada episódio, assim como o excelente trabalho da direção de arte e a escolha da trilha sonora, tendo até a participação espetacular de Liniker em um dos episódios. Cada detalhe se fez importante no decorrer da história que, apesar de conter alguns furos no roteiro, não chega a incomodar o telespectador.

    3%
    3% | Netflix

    Nem só de elogios se vive uma boa série, infelizmente o protagonismo chato de Michele fez a personagem perder todo o carisma que ganhou na primeira temporada, gerando uma relação de amor e ódio com quem assiste. Os flashbacks e simulações também são algo que incomodam bastante nessa temporada, a ponto de chegar uma hora em que não sabemos mais em que pé a história está. Mas nada disso estraga toda a experiência que foi assistir essa temporada.

    3% superou todas as expectativas, é uma série de extrema qualidade e ótima para o currículo brasileiro, serve para deixarmos a síndrome do vira-lata de lado dando ainda mais valor para produções nacionais – que ao meu ver são tão boas quanto as  dos Estados Unidos-.

    Assim como a primeira temporada, a segunda deixou vários assuntos em aberto dando gostinho de quero mais e um  espaço para uma terceira parte da história, que logo foi confirmada e estreou na Netflix em 2019, mantendo a qualidade de produção e roteiro.

    A segunda temporada de 3% está disponível na Netflix.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | The Umbrella Academy – 2ª Temporada

    Crítica | The Umbrella Academy – 2ª Temporada

    Série original da Netflix, “The Umbrella Academy” viaja no tempo para uma segunda temporada excêntrica e emocionante. Significantemente mais impactante que a primeira, a nova aventura da família de heróis desajustados impõe obstáculos cada vez maiores aos seus personagens e oferece uma narrativa selvagem que excede todas as expectativas.

    “The Umbrella Academy”, adaptada da saga homônima dos quadrinhos – criada por Gerard Way e ilustrada por Gabriel Bá – retorna às telas do streaming apostando, mais uma vez, nas peculiaridades que a tornaram um sucesso. Revisitando o drama familiar dos heróis mais imprevisíveis da Terra, a segunda temporada oferece doses ainda maiores de ação e de viagens no tempo – ao mesmo tempo que aposta em uma trama inteligente e elegante – e encontra êxito ao aprofundar a narrativa alucinante que provocou, literalmente, o fim do mundo.

    Assombrados pelo apocalipse que devastou a Terra em 2019, os 6 irmãos da Academia Umbrella, e o fantasma de Ben – em uma tentativa desesperada de salvar o planeta – se perdem no tempo e acabam em Dallas, no Texas. Dispersos em épocas diferentes, os heróis, sozinhos nos anos 60, descobrem que o dia do juízo final os “seguiu” e que uma guerra nuclear arrasará toda a vida em menos de dez dias. Agora, procurando maneiras de se reunir, enquanto são caçados por assassinos cruéis, a família extraordinária deve desvendar as causas da iminente catástrofe e retornar para a sua linha do tempo original a fim de impedir outro apocalipse.

    The Umbrella Academy
    The Umbrella Academy – 2ª temporada / Netflix

    “The Umbrella Academy”, após uma estreia empolgante, porém irregular, em 2019, abraça as críticas que a classificaram como um entretenimento medíocre e agridoce e, sob o comando de Steve Blackman, criador da série, investe em uma remodelagem inventiva e promissora para transformar a sua segunda temporada em um deleite audiovisual. Confiante e, definitivamente, atraente, a aventura temporal sobre a instável família de heróis oferece uma narrativa fresca e detalhada, ao mesmo tempo que carrega consigo plots interessantes e performances fortes que se encarregam de, finalmente, mostrar o lado humano de seus personagens e de desenvolver os laços afetivos entre os membros da Academia. A construção da mitologia da saga é bem feita e, dessa vez, é interessante o suficiente para atrair todos os olhares.

    A segunda temporada da série abre espaço para a visão ousada de Gerard Way e ultrapassa os limiares do gênero de super-heróis. Longe de qualquer convenção, os dez novos episódios da Netflix são apaixonantes e proporcionam momentos encantadores e excitantes que conjuram a melhor das experiências. Subvertendo as expectativas, “The Umbrella Academy” sabe o que quer ser – e é magnífica. Desde o início, o objetivo da produção é bem traçado e, enfim, dá a chance de os personagens principais desfilarem os seus extensos poderes – completamente controlados e desenvolvidos – em uma cena de ação incrível contra o exército soviético. Batalhando contra o fim do mundo, nada atiça mais a curiosidade do que a dimensão de suas habilidades. E então, todos morrem em uma explosão nuclear.

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    The Umbrella Academy – 2ª temporada / Netflix

    “The Umbrella Academy” mantém o charme enérgico que atraiu diversos olhares em fevereiro de 2019 e mantém aceso o humor seco – combinado com drama – que determinou o tom a ser explorado pela produção na adaptação dos quadrinhos de Gerard Way. Cativante, a segunda temporada da série excede qualquer expectativa e bombardeia o público com sequências arrepiantes e personagens fantásticos – enquanto os protagonistas são devidamente aprofundados, os secundários se destacam como surpresas fascinantes (destaque para Ritu Arya). Inclinando-se para o lado emocional, os desajustados da Academia têm o que merecem e dão mais do que o esperado.

    Ambientada nos Estados Unidos dos anos 60, a segunda temporada aprofunda a sua narrativa e adapta às telas momentos históricos notáveis – assim como pautas importantes e significativas para discussão. Contextualizando o movimento dos direitos civis e o assassinato de John F. Kennedy na sua trama de viagem do tempo, a série tem a oportunidade de desenvolver as suas premissas e conferir um senso de gravidade maior à obra – que amadurece e acerta em cheio na abordagem dos temas. Tirando proveito do argumento original, a produção dá um salto de qualidade e conquista o espectador em uma trama viciante que nunca cai na monotonia – e usufrui de sua posição privilegiada para tratar do racismo, do machismo e da homofobia de maneira brilhante e necessária. A evolução da série de Steve Blackman é apreciável e rende frutos inesquecíveis.

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    The Umbrella Academy – 2ª temporada / Netflix

    “The Umbrella Academy” transcende o comum no gênero dos super-heróis e, ajustando os erros imperativos de sua primeira temporada, encontra o caminho certo para o sucesso. Capaz de percorrer, a passos largos, uma trilha de narrativas refinadas e de reviravoltas envolventes, o público se sentirá parte da família de heróis desajustados e vibrará a cada nova experiência. Se em 2019 vimos rachaduras, agora vemos união – e muita harmonia. Empolgante, a série da Netflix arranja uma roupagem completamente nova e, finalmente, entrega uma peça digna de nota que nos faz ansiar pela terceira temporada.

    A segunda temporada de “The Umbrella Academy” estreia no dia 31 de julho.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao trailer:

    https://www.youtube.com/watch?v=5W3KwQsOTuo&t=27s

    Veja também: Crítica | O Grito – Origens

  • The Umbrella Academy – 2ª Temporada | Primeiras Impressões

    The Umbrella Academy – 2ª Temporada | Primeiras Impressões

    Série original da Netflix, “The Umbrella Academy” adapta a saga homônima dos quadrinhos criada por Gerard Way e Gabriel Bá e aposta, mais uma vez, nas peculiaridades que a tornaram um sucesso. Após o lançamento de sua primeira temporada em 2019, a produção retorna para mais doses de dramas familiares e viagens no tempo. Com previsão de lançamento no dia 31 de julho, a Cinerama já assistiu a sua 2ª temporada e trouxe para você as primeiras impressões da história sobre a família de heróis mais disfuncional do streaming. Confira:

    The Umbrella Academy” ajusta os erros de sua primeira temporada e encontra o caminho certo para o sucesso. Retornando em uma experiência escapista alucinante e muito bem-vinda, a série investe na relação dos irmãos – que, dessa vez, estão mais fortes e humanizados – e em um tom inteligente e elegante que se recusa a deixar de lado pautas importantes para discussão – como o racismo, o machismo e a homofobia.

    Utilizando de sua influência para realmente fazer a diferença, a série dá um salto de qualidade e conquista o espectador em uma trama viciante que nunca cai na monotonia. Empolgante, “The Umbrella Academy” transcende o comum no gênero dos super-heróis e oferece o melhor da visão de Gerard Way. A segunda temporada da série da Netflix é um deleite de assistir e, mantendo o seu charme enérgico, entrega uma peça digna de nota que nos faz ansiar pela terceira temporada.

    The Umbrella Academy
    The Umbrella Academy – 2ª temporada / Netflix

    Sinopse: Cinco alertou a família (tantas vezes) que usar os poderes para escapar do apocalipse de Vanya em 2019 era arriscado. Ele tinha razão: o salto no tempo dispersou os irmãos no tempo, levando-os até Dallas, Texas. Mais de três anos se passaram. Estamos na década de 1960. Alguns ficaram presos no passado por anos, construíram vidas e seguiram em frente, certos de que são os únicos que sobreviveram. Cinco é o último a chegar, bem no meio de um dia do juízo nuclear, que – alerta de spoiler! – resulta de uma interrupção da linha do tempo do grupo (alguém teve um déjà vu?). Agora, a Umbrella Academy deve encontrar uma maneira de se reunir, descobrir o que causou o dia do juízo final, acabar com isso e retornar à linha do tempo atual para impedir outro apocalipse. Enquanto isso, eles são caçados por um trio de cruéis assassinos suecos. Mas, numa boa, sem pressão ou nada do tipo.

    A segunda temporada de The Umbrella Academy estreia no dia 31 de julho.

    Assista ao trailer:

    https://www.youtube.com/watch?v=5W3KwQsOTuo

    Veja também: Crítica | Greyhound

  • Crítica | 3% – 1ª Temporada

    Crítica | 3% – 1ª Temporada

    Primeira série brasileira original da Netflix trás mundo distópico e um processo onde só 3% conseguem passar

    3% se passa em um mundo um mundo onde a pobreza é a realidade de todos do Continente, existe apenas uma maneira de se conseguir uma vida melhor: O Processo. Criado pelo Casal Fundador, o Processo é um evento de extrema importância na vida dos jovens que, ao completarem 20 anos, recebem a oportunidade de conseguir mudar de vida indo para o Maralto, um lugar onde a desigualdade, doenças e tudo que é considerado ruim não existem, mas apenas 3% passam para o outro lado.

    Chefiado por Ezequiel ( João Miguel), o Processo conta com uma série de etapas que vai desde entrevistas até provas de inteligência, comportamento e liderança, tudo isso para selecionar as pessoas certas e merecedoras de uma vida melhor. A história começa no ano 104 do processo, onde Michele ( Bianca Comparato),Fernando (Michel Gomes), Joana (Veneza Oliveira), Rafael (Rodolfo Valente) e Marco (Rafael Lozano) estão entre os milhares de jovens que se prepararam para essa oportunidade única em suas vidas, e que marcarão a história do Processo para sempre.

    3%
    3% | Netflix

    A medida que o tempo passa, o tom das provas vai mudando, fazendo muitos questionarem se a forma como o Processo acontece é justa, e se é o melhor caminho para mudar de vida. No Continente, não são todos que apoiam a existência do Processo, e a Causa é um desses grupos que busca a igualdade por meio da destruição do Processo. Com um grupo grande de jovens embarcando no Processo do ano 104. A notícia de que existe alguém da Causa infiltrado entre eles é o que realmente dá o pontapé inicial em toda a trama.

    Situações de desigualdade são muito comuns na vida real, e isso não é novidade para ninguém. Mas uma série como 3% serve para nos mostrar o rumo que essa desigualdade pode tomar, em uma realidade não tão distante assim, levando a medidas extremamente desnecessárias, como é o Processo.

    Dirigida por César Charlize, a premissa parecia ser uma coisa nova, mas a ideia vem sendo desenvolvida desde 2010. A princípio, a série seria lançada para streaming no Youtube, divido em 3 partes e foi rodado com recursos obtidos através do edital do FICTV/Mais Cultura. A produção é da Maria Bonita Filmes, direção de Daina Giannecchini, Dani Libardi e Jotagá Crema, e teve a sua estreia no Youtube em 2011, apesar da produção ter sido boa, a série não vingou por lá, e a historia acabou sendo deixada de lado, voltando á tona em 2016 quando estreou na Netflix.

    3%
    3% | Netflix

    Apesar de não ser uma ideia totalmente inovadora, 3% ainda consegue o seu papel no topo se destacando tanto pelo ótimo roteiro e excelente produção, quanto nas atuações que são muito boas (com destaque para João Miguel, Vaneza Oliveira, Bianca Comparato e Michel Gomes). Com rostos conhecidos em todos os lados do elenco, não demora muito para criarmos um carinho por alguns personagens, e uma relação de amor e ódio por outros.

    Com todo o sucesso da produção, não demorou muito para que a Netflix confirmasse outras temporadas. 3% está  embarcando na sua fase final na 4ª temporada que estreia em Agosto, prometendo um roteiro limpo e sem muita enrolação.

    As três temporadas de 3% já estão disponíveis na Netflix.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | O Grito – Origens

    Crítica | O Grito – Origens

    Base inspiradora dos eventos de “O Grito”, “Ju-On: Origins” se concentra no início da maldição que aterrorizou o mundo. Desmembrando a cadeia de horror que persegue os que entram em contato com a casa assombrada de Tóquio, a série original da Netflix tenta dar um novo fôlego ao clássico japonês.

    Baseado nos medos pessoais de Takashi Shimizu, criador da franquia, Ju-On veio à público pela primeira vez em 1998. Direcionando suas intenções ao folclore japonês, a saga adaptou às telas a crença popular oriental nos “Onryō” – fantasmas capazes de causar danos ao mundo dos vivos – e apostou em um trama macabra, explícita e violenta – mais conhecida como “gore” – para revolucionar o gênero do terror. Sucesso absoluto, o projeto se expandiu e conquistou todas as partes do mundo, além de garantir sequências horripilantes em sua terra-natal e, logo depois, versões americanas perturbadoras que deram continuidade à saga sobrenatural.

    Originalmente, a mitologia de Ju-On tem como foco uma maldição de uma casa em Tóquio. Na lenda japonesa, quando alguém morre vítima de um ódio violento, esse lugar torna-se impregnado com forças malignas que perseguem e matam quem quer que cruze o seu caminho. Procurando vingança para “corrigir” os erros que sofreu enquanto vivo, o conto japonês surge com a morte de Kayako. Mãe e esposa, a história conta que a mulher foi brutalmente assassinada pelo próprio marido, que descobriu o seu interesse em um outro homem. Furioso, ele também mata o seu filho e, no final, se suicida. Acometendo gerações, o palco desse crime sangrento – moldado no rancor que penetrou o coração da casa – se tornou o lugar mais assombrado do Japão.

    Ju-On: Origins” retrata o nascimento desse mal.

    O Grito
    O Grito – Origens / Netflix

    Parte de um crescente investimento da Netflix em conteúdos de língua estrangeira, “Ju-On: Origins” tem início quando Yasuo Odajima (Yoshiyoshi Arakawa), um investigador paranormal, examina sons estranhos vindos da casa de Haruka Honjo (Yuina Kuroshima), uma estrela de TV. Descobrindo uma trilha de pistas horripilantes que conectam a moça à uma misteriosa casa, os dois tornam-se vítimas de uma poderosa maldição. Marcados, a dupla tenta sobreviver aos eventos sobrenaturais que insistem em rodeá-los, enquanto procuram decifrar as raízes do mal impregnado na residência mais desgraçada de Tóquio.

    Perturbadora, a nova produção japonesa da Netflix se diferencia ao apostar em uma trama sinistra e em uma violência bastante gráfica – fazendo jus aos seus antecessores. Seguindo o mesmo caminho que sacramentou “The Grudge” como um dos maiores horrores de todos os tempos, a produção enoja e atiça a curiosidade ao mesmo tempo – principalmente quando um dos personagens utiliza uma faca de cozinha para retirar um bebê do corpo de um cadáver. A ideia original da série incrementa a mitologia maligna por detrás da história e, em um primeiro momento, mantém o interesse do público. No entanto, a aposta quase crua no gore se revela como o caminho fácil escolhido pela produção para tentar disfarçar a falta de criatividade da série e as sucessivas escolhas erradas que tornaram-na, infelizmente, um devaneio inadequado.

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    O Grito – Origens / Netflix

    Insuficiente para esconder as enormes falhas de “O Grito: Origens“, o horror fúnebre – utilizado como pano de fundo da série – agrada, mas não desvia a atenção do público de certas questões desastrosas e problemáticas. Investindo em saltos temporais sem sentido e em situações forçadas, o espectador, desde o início, fica confuso com a teia narrativa mal planejada e desconexa que é apresentada. Dessa forma, a partir do momento que o público começa a formular o mínimo esboço dos acontecimentos em tela, o último episódio já teve fim e deixou um gosto amargo que poucos irão repetir. A frustração é crescente e o desejo marcante é que a franquia “Ju-On” se resumisse aos filmes.

    Regurgitando ideias ruins, a série, como se não bastasse, nos obriga a conhecer personagens desleixados e sem profundidade que tentam, sucessivamente, chamar a atenção de maneira constrangedora. Pecando no desenvolvimento de papéis – que impossibilita o espectador de criar qualquer tipo de vínculo com a história -, “Origins” também consegue ser negligente ao uso de cliffhangers – recurso narrativo que indica um final em aberto -, de modo a oferecer capítulos com finais súbitos e sem emoção, que decrescem cada vez mais a vontade de iniciar o próximo episódio.

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    O Grito – Origens / Netflix

    Definitivamente popular, a mitologia de “Ju-On” provou ainda ter histórias para explorar. No entanto, mergulhando raso na revitalização da franquia, a série diverge da qualidade esperada – e anteriormente apresentada pelos filmes – para entregar uma tentativa malsucedida de impressionar. Decepcionante, a trama perde-se em suas atrocidades e não consegue convencer. Por fim, apesar de inicialmente atrativa, “O Grito: Origens” não é capaz de deixar marcas consideráveis no espectador e, aproximando-se da carniça podre que insiste em documentar, transforma a maldição da casa mais assombrada de Tóquio em uma jornada desagradável e enjoativa.

    O Grito: Origens” está disponível na Netflix.

    Nota: 1,5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Greyhound

  • Crítica | Greyhound

    Crítica | Greyhound

    Produção original da Apple Plus, “Greyhound” investe em mais uma história da Segunda Guerra Mundial – dessa vez, a Batalha do Atlântico. Adaptado por Tom Hanks do romance “The Good Shepherd”, de C.S. Forester, o drama marítimo escapa por pouco de afundar junto com os seus navios de carga.

    Projeto apaixonado de Tom Hanks – que trabalha há anos para tirá-lo do papel -, “Greyhound” é um retrato dramático de um herói silencioso sob o estresse máximo de uma batalha naval. Assumindo mais uma vez a alcunha de “capitão” – após as suas performances em “O Resgate do Soldado Ryan”, “Capitão Phillips”, “Sully” e “Apollo 13” –, o ator duas vezes vencedor do Oscar declara novamente o seu entusiasmo por temas da 2ª Guerra e assina, agora, o roteiro da nova produção da Apple Plus sobre o famoso conflito no coração do oceano.

    No Atlântico Norte, durante os primeiros dias da Segunda Guerra Mundial, o capitão da marinha Ernest Krause (Tom Hanks) – que cumpre a sua primeira missão após Pearl Harbor – é encarregado de liderar um comboio internacional de 37 navios aliados que se dirigem à Grã-Bretanha. Prosseguindo por um trecho marítimo conhecido como Black Pit – área geográfica fora do alcance de aeronaves de apoio -, a frota é atacada em alto-mar por submarinos alemães e deve batalhar por cinquenta horas até estar em segurança novamente.

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    Greyhound / Apple TV Plus

    “Greyhound” é um relato reservado sobre a perspectiva do personagem de Tom Hanks em seu navio de guerra. Forte e religioso, Krause enfrenta o inferno e guarda todo o terror dentro de si, enquanto traça estratégias para derrotar um inimigo que se esconde sob o azul do mar e que pontualmente deixa a sua voz seu ouvida – “O lobo está com muita fome”. Nesse ponto, a narrativa do filme abre uma janela para uma arena de combate pouco reconhecida e, até certo momento, gera a ação necessária para que o público não perceba – ou não se importe – com algumas coisas fora do lugar.

    O primeiro contato que temos com o personagem de Tom Hanks é em fevereiro de 1942, quando o mesmo recebe a sua missão de “pastorear” a frota de navios. Logo depois, somos apresentados ao único vislumbre da vida pessoal de Krause: um encontro rápido com o seu interesse amoroso. Evelyn (Elizabeth Sue) não tem mais do que dois minutos de tela e, infelizmente, aparenta ser uma tentativa forçada do roteiro de gerar empatia ao redor do personagem que, por 82 minutos, estará no comando de um destróier. A escolha é falha, no entanto, e a tarefa de sustentar toda a curiosidade do público depende de Hanks. Nesse momento, o filme tem o seu ápice.

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    Greyhound / Apple TV Plus

    Devoto ao seu trabalho e às suas crenças, o capitão do Greyhound está esgotado. Sob o estresse de a missão – aparentemente suicida – ser o seu primeiro comando, o marinheiro não come e não dorme. Enclausurado em um alvo dos nazistas, ele permanece altamente profissional, ao mesmo tempo que está completamente assustado e que lamenta a perda de tantas vidas. Quando uma embarcação alemã naufraga, Krause pranteia: “Menos cinquenta almas”. Tom Hanks é formidável e é, de longe, a melhor coisa do filme. O personagem sangra, literalmente, e nós sentimos o fardo sobre os seus ombros.

    Infelizmente, o sucesso da atuação de Tom surge como pano de fundo para a absoluta falta de impacto que “Greyhound”, no geral, apresenta. O palco do filme é o destróier de Krauser e, fora dali, nada é minimamente desenvolvido para oferecer qualquer relevância. As centenas de mortes em combate servem, aparentemente, para compor cenas bonitas de efeitos especiais – que são traduzidas em longínquas explosões. Não há impacto e não há sensação de perda. Para o espectador, os mortos não têm rosto.

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    Greyhound / Apple TV Plus

    “Greyhound” tem uma premissa simples: tirar o fôlego do espectador durante uma hora e meia. O filme leva crédito por isso e, em momento nenhum, deixa a narrativa cair na monotonia. Apesar dos problemas, a ameaça é constante e, em sua maior parte, invisível. Torpedos alemães podem vir de qualquer direção e afundar qualquer navio. A intensidade do longa é propositalmente edificada para entregar a pior das sensações de claustrofobia.

    Aposta do streaming, “Greyhound” é uma adição interessante ao catálogo da Apple Plus. No entanto, o filme ainda não é suficiente para afundar a sua concorrência. Longe de produções como “Dunkirk” ou “1917”, o filme é, em certos momentos, atraente e se diferencia de muitos do gênero. Contudo, apoiando-se em Tom Hanks para funcionar, a produção nunca se arrisca e insiste em arranhar apenas a superfície do que poderia ser.

    Nota: 3/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Scooby! O Filme

  • Crítica | A Barraca do Beijo 2

    Crítica | A Barraca do Beijo 2

    Seguindo os mesmos passos de Para Todos os Garotos que Já Amei, a Netflix produziu a parte dois de um dos queridinhos do catálogo. A Barraca do Beijo 2 chegou hoje no streaming e era tudo o que esperávamos e mais um pouco

    As comédias românticas costumam, na maioria das vezes, acompanhar o amadurecimento de seus personagens, principalmente se tratando  de jovens que estão indo para a faculdade ou para o último ano da escola, porque é sempre nessa época que grandes mudanças acontecem. A Barraca do Beijo 2 trouxe um jeito divertido e super romântico de mostrar esse amadurecimento.

    A Barraca do Beijo 2, que é baseado no livro  The Kissing Booth: Going The Distance, de Beth Reekles, começa da mesma forma em que o primeiro acabou, só que desta vez dando continuidade na história. Após um verão super-romântico, Noah (Jacob Elordi) acaba indo para Harvard enquanto Elle (Joey King) continua em Los Angeles para terminar o último ano da escola. Com um namoro a distância, os dois tentam lidar com as inseguranças existentes por conta dessa situação.

    A Barraca do Beijo 2
    A Barraca do Beijo 2 | Netflix

    Além dos problemas com o namoro, Elle ainda tem que lidar com questões típicas dos adolescentes que estão no último ano, sendo uma delas a mais importante: a escolha da universidade. Essa dúvida sobre qual faculdade ingressar foi plantada por Noah em uma conversa, fazendo com que Elle tenha que escolher entre uma universidade em Boston para ficar mais perto do namorado ou seguir o seu plano indo para a Universidade da Califórnia com o Lee (Joel Courtney), que é o seu melhor amigo.

    Com tantas decisões difíceis para tomar em um prazo super pequeno, a vida não decide facilitar nadinha para a protagonista, apresentando dois novos personagens  que a fazem duvidar de muitas coisas sobre o seu relacionamento, e como se já não bastasse isso, sua amizade com Lee fica abalada após vários acontecimentos.

    Apesar de a premissa ser extremamente previsível, A Barraca do Beijo 2 se destaca pela forma que a história vai tomando, cada acontecimento foi muito bem colocado, trazendo o drama no momento certo do filme. Além disso, o amadurecimento tanto dos personagens quanto do elenco deu um toque especial na trama, já que a mesma veio com esse foco de mostrar o desenvolvimento.

    A Barraca do Beijo 2
    A Barraca do Beijo 2 | Netflix

    A grande surpresa do filme foram os novos personagens, criados para dar início ao grande conflito entre os protagonistas,  Marco ( Taylor Zakhar Perez) e Chloe (Maisie Richardson- Sellers)  trouxeram um brilho a mais na história, além de serem extremamente talentosos. Um outro destaque foi Rachel (Meganne Young), a namoradinha do Lee que  com ele desde o primeiro filme ganha um espaço maior neste, protagonizando cenas de ciúmes e declarações de amor que deixam qualquer um com o coração quentinho, criando mais um shipp para os fãs.

    A notícia boa é que o excesso de machismo do primeiro filme é deixado de lado nesse, mas é bom avisar que em alguns momentos existem picos de masculinidade exagerada, nada que vá estragar a sua experiência com a história.

    E para quem estava na dúvida, a famosa barraca do beijo aparece em um novo evento para arrecadar fundos, sendo mais uma vez responsável por mudar a vida das pessoas.

    A Barraca do Beijo 2
    A Barraca do Beijo 2 | Netflix

    Sem muitas surpresas, A Barraca do Beijo 2, apesar de ser bem mais movimentada do que o primeiro filme, mantém o mesmo nível. Ao mesmo tempo em que a história não passa do limite do que é real, ela também não oferece nada que a faça ser um filme digno de Oscar.

    Assim como o primeiro, muitas coisas são deixadas em aberto, dando a entender que a qualquer momento vão anunciar a produção de um terceiro filme, ideia que não foi descartada  pelos produtores. Já no elenco, Jacob – que atualmente tem chamado a atenção por estar em séries como Euphoria- já deixou claro de que não tem mais interesse em papéis como o de Noah Flynn, sendo assim, é bem capaz do nosso bad boy estar fora caso aconteça a nova produção. Tendo uma continuação ou não, A Barraca do Beijo 2 continua sendo um ótimo filme para os fãs de romances adolescente.

    A Barraca do Beijo 2 já está disponível na Netflix.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | A Barraca do Beijo

    Crítica | A Barraca do Beijo

    Baseado no livro de Beth Reekles, A Barraca do Beijo chegou em 2018 no catálogo da Netflix arrancando suspiros dos fãs de romances adolescentes

    2018 foi um ano em que a Netflix apostou em romances adolescentes para todos os gostos, chamando a atenção do público jovem com suas histórias de amor cheias de clichês e totalmente previsíveis,  e isso não seria diferente com A Barraca do Beijo.

    O longa começa contando a história de Shelly Evans -ou Elle, como ela mesmo prefere ser chamada – (Joey King) e Lee Flynn (Joel Courtney), que são melhores amigos desde que nasceram, graças às mães deles que eram amigas desde muito jovens, e que engravidaram coincidentemente na mesma época, o que causou o nascimento dos dois no mesmo dia, sim, muita coincidência. Noah Flynn ( Jacob Elordi) é o irmão mais velho de Lee, ele é problemático em muitos níveis, típico bad boy que adora entrar em uma briga, e é o crush secreto de Elle.

    A Barraca do Beijo
    A Barraca do Beijo | Netflix

    Com as famílias sempre unidas em datas especiais, era provável que um interesse de Elle por Noah pudesse aparecer em qualquer hora, e foi assim que nasceu a lista de regras entre os melhores amigos. Entre coisas como “só o seu melhor amigo pode saber o seu desejo de aniversário” e “ sempre fique feliz pelo sucesso do seu melhor amigo” estava a regra mais importante : “Parentes do seu melhor amigo estão totalmente fora de questão”, regra colocada por Lee, que tinha a atenção sempre roubada pelo irmão mais velho, e assim foi por 16 longos anos.

    Tudo mudou quando a escola resolveu fazer um evento beneficente, cada clube deveria criar uma gincana para arrecadar fundos, e foi aí que nasceu a Barraca do Beijo, mudando toda a história fazendo com que Elle e Noah se beijem pela primeira vez, deixando os sentimentos que um tem pelo o outro finalmente exposto para quem quisesse ver, colocando uma grande pedra na amizade de Lee e Elle.

    É extensa a lista de filmes em que o vilão se apaixona pela mocinha, ou o popular pela nerd, é o típico clichê adolescente que estamos acostumados a assistir. No caso de A Barraca do Beijo, devo assumir que torci em algum momento pelo casal Elle e Lee acontecer, mas depois percebi que se isso realmente acontecesse, poderíamos não ter uma história tão interessante quanto a original.

    A Barraca do Beijo
    A Barraca do Beijo | Netflix

    Apesar de adorarmos ver o bad boy e a nerd que mal sabe se maquiar extremamente apaixonados um pelo outro, o grande ápice do filme é a relação de amizade sólida entre Lee e Elle, que no final conseguem superar todos os seus problemas e passam a se apoiar em suas decisões.

    Mesmo com a história toda fofa sobre o amor adolescente e a amizade, não posso deixar de citar os momentos em que senti certo desconforto em relação a algumas atitudes, o machismo ocupa bastante espaço na primeira parte do filme, quando Noah usa da sua fama de valentão para afastar qualquer tentativa de flerte sobre Elle, além de sempre impor o que ela deve ou não fazer. Lee não é muito diferente do irmão, já que também gosta de dar pitaco – e às vezes até mandar mesmo – nas ações da melhor amiga, típico machismo que não podemos passar o famoso pano.

    Mas mesmo com esses contras, o filme é bem gostoso de assistir, os atores foram muito bem escalados, incluindo a presença ilustre da queridinha dos filmes adolescentes dos anos 80 Molly Ringwald, e da música Don’t You (Forget About Me) do Simple Minds, que trouxeram um ar nostálgico pro filme.

    A Barraca do Beijo
    A Barraca do Beijo | Netflix

    A Barraca do Beijo termina deixando um gostinho de quero mais com a ida de Noah para Harvard, colocando em risco a sua relação com Elle. Tudo para que ficássemos imaginando o que teria acontecido com eles e como estariam enfrentando esse relacionamento à distância.  A Netflix ouviu as nossas preces e não demorou muito para anunciarem a segunda parte, que chega no catálogo do streaming nessa sexta-feira (24).

    No trailer podemos ver que o ciúmes e a desconfiança são temas abordados na segunda parte da história, onde Elle tem que lidar com a sua insegurança ao imaginar o que Noah poderia estar fazendo na faculdade. Além disso, um novo personagem entrará na história para abalar ainda mais a relação dos pombinhos.

    A Barraca do Beijo está disponível na Netflix.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Cursed- A Lenda do Lago – 1ª Temporada

    Crítica | Cursed- A Lenda do Lago – 1ª Temporada

    Cursed- A Lenda do Lago estreou recentemente na Netflix apresentando uma nova versão das lendas arthurianas

    “Antes de escolher o Rei Arthur, a ‘Espada do Poder’ escolheu uma rainha”, e foi assim que essa aventura medieval começou. Cursed nos apresenta a história de Nimue ( Katherine Langford), uma jovem com o misterioso – mas não muito bom- poder de se transformar na Dama do Lago. Taxada como bruxa, ela sofre preconceito diário  dos moradores de sua aldeia, e se questiona se é esse o futuro que ela quer. Após a invasão dos Paladinos Vermelhos, um grupo que usa a religião como desculpa para acabar com a magia existente na Terra, Nimue embarca numa missão para salvar o seu povo.

    Para conseguir com que o povo feérico fique  a salvo, ela deve entregar a mágica espada de Excalibur para Merlin (Gustaf Skarsgård), um mago que já foi muito importante, mas hoje trabalha como conselheiro do rei Uther Pendragon (Sebastian Armesto), que o questiona frequentemente sobre se sua mágicas ainda funcionam. Nimue não embarca nessa sozinha, ela conta com a companhia do jovem Arthur (Devon Terrel), juntos eles encontram as criaturas mais misteriosas e se deparam com situações aterrorizantes.

    Cursed- A Lenda do Lago
    Cursed- A Lenda do Lago | Netflix

    A nova aposta da Netflix trouxe uma nova visão das lendas do Rei Arthur com base no livro de Thomas Wheeler, e chamou a atenção do público assim que o primeiro trailer foi divulgado, por apresentar logo de cara uma das melhores batalhas da série, que visualmente falando é extraordinária. Com um elenco de peso, Cursed tem em seu primeiro episódio a intenção de apresentar uma história madura e já bem desenvolvida, como se já conhecêssemos a história de cór. Os 10 episódios com quase uma hora cada podem até serem um pouco arrastados e parados em certos momentos, mas tudo preparado para o final da temporada que é simplesmente de cair o queixo.

    Como já citei, o visual da série é uma das coisas que mais chama a atenção de quem assiste, as lutas bem coreografadas, ótima fotografia e bons efeitos visuais casam super bem nessa história pra lá de interessante. Katherine, apesar de apresentar uma atuação fraca nos primeiros episódios, consegue dar a volta por cima e finalizar o trabalho de um jeito maravilhoso, conseguindo -finalmente- assumir uma outra personalidade e deixar de lado aquela impressão de que todas as suas personagens lembravam a Hanna de 13 Reasons Why.

    Cursed- A Lenda do Lago
    Cursed- A Lenda do Lago | Netflix

    Além de Katherine, Skarsgård (nosso querido Floki de Vikings) brilhou ao interpretar Merlin longe de ser aquele mago que conhecemos e adoramos, trazendo um personagem maduro e denso, como manda a época.

    Cursed- A Lenda do Lago surpreendeu positivamente quem sempre acompanhou as lendas arthurianas, e mesmo com episódios longos que parecem que nunca vão ter fim, a série pode ser a próxima queridinha da Netflix, caso haja uma segunda temporada, não haverá erros se continuarem apostando certo numa boa produção e investindo ainda mais no elenco.

    A primeira temporada de Cursed-A Lenda do Lago já está disponível na Netflix.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Boca a Boca – 1ª Temporada

    Crítica | Boca a Boca – 1ª Temporada

    Estreando hoje, nova produção brasileira da Netflix “Boca a Boca” trás uma pacata cidade aterrorizada por um novo vírus que é transmitido pelo beijo

    Boca a Boca se passa em uma cidade chamada Progresso, município fictício que teve a cidade de Goiás Velho como inspiração visual. Aparentemente pacata e sem muitos acontecimentos, a pequena cidade rural acaba enfrentando uma grande pandemia após uma festa realizada pelo “povo da aldeia”, que consiste em rituais com uma pegada psicodélica, e é frequentado pela maioria dos adolescentes de Progresso. Bel ( Luana Nastas) é uma das adolescentes que frequentaram a festa, e foi a primeira a apresentar os sintomas do novo vírus que causa desordem no sistema nervoso e pode levar à morte.

    Tentando entender como esse novo vírus é transmitido, Chico (Michel Joelsas) o menino novo da cidade, Fran ( Iza Moreira) melhor amiga de Bel e Alex (Caio Horowicz) montam um mapa ligando Bel a todas as pessoas que ela beijou durante a festa, e acabam descobrindo que eles ficaram com as mesmas pessoas. A ligação do vírus com o beijo fica ainda mais forte quando outras pessoas que tiveram contato íntimo com a a Bel acabam indo para o hospital, causando pânico na cidade.

    Boca a Boca
    Boca a Boca | Netflix

    Além de todo esse novo problema envolvendo o vírus e os dramas comuns de adolescente, eles ainda tem que lidar com pais extremamente caretas e conservadores, que guardam segredos sobre suas vidas e sobre a de seus filhos. Conflitos sociais e sexualidade também fazem parte da vida desses adolescentes.

    Criada por Esmir Filho, a série não passa de uma terrível coincidência com o atual momento em que estamos vivendo, apesar dos sintomas do vírus e até mesmo a aparência serem totalmente diferentes da Covid-19,  existem sim algumas semelhanças. O fato dela ter sido estreada no meio de uma pandemia faz com que se torne ainda mais necessária.

    Boca a Boca
    Boca a Boca | Netflix

    Com uma fotografia que lembra muito a série Euphoria, Boca a Boca é muito mais do que visualmente bonito, ele chama a atenção não só pela história que surpreende ao apresentar algo novo, mas também pela atuação incrível do trio de protagonistas. O elenco contém nomes de peso, e que dão as caras pela primeira vez em uma produção da Netflix, entre eles estão Kevin Vechiatto, Bianca Byengton, Bella Camero, Denise Fraga, Bruno Garcia, Grace Passô e Flávio Tolezani.

    Boca a Boca tem sua trama narrada através de seus episódios de 40 minutos cada, que facilitam no desenvolvimento da história sem deixar espaço para que seja criado coisas que vão além da premissa apresentada, trazendo um roteiro limpo, cheio de reviravoltas e sem furos. A Netflix tem investido em ótimas produções brasileiras, acertando bastante em alguns casos e errando feio em outras. Boca a Boca não decepciona ao entregar aquilo que foi proposto, mas também não ganha o título de série perfeita, é apenas um ótimo entretenimento que merece o reconhecimento.

    A primeira temporada de Boca a Boca já está disponível na Netflix.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Scooby! O Filme

    Crítica | Scooby! O Filme

    Baseado nos clássicos personagens da Hanna Barbera, a animação da Warner Bros sobre Scooby-Doo e seus parceiros da Mistério S/A tenta revitalizar a franquia de 50 anos e, como um experimento que deu errado, esquece a essência de um dos desenhos mais famosos do mundo.

    História de origem dos notáveis personagens animados da Hanna Barbera, “Scooby!” trilha o seu caminho a partir de um encontro casual e encantador entre Salsicha (Will Forte), uma criança solitária, e Scooby, um filhote sem dono. Tornando-se melhores amigos desde então, a dupla subitamente expande seu ciclo de amizades e se une a outras três crianças da vizinhança após uma conturbada noite de Halloween: Fred (Zac Efron), Daphne (Amanda Seyfried) e Velma (Gina Rodriguez).

    Solucionando o seu primeiro crime, os jovens decidem formar uma equipe independente de detetives e fundar a famosa “Mistério S/A”. No entanto, após resolverem centenas de casos e ganharem fama mundial, Scooby-Doo e seus amigos se veem frente à uma ameaça inimaginável. Maior do que qualquer tipo de problema já enfrentado, eles deverão se unir mais uma vez para impedir o “apocãolipse” – que inevitavelmente destruirá todo o mundo quando o fantasma do lendário Cerberus for liberado na Terra por ninguém mais, ninguém menos do que Dick Vigarista (Jason Isaacs) – enquanto arriscam suas vidas em uma jornada recheada de robôs assassinos e super-heróis.

    Scooby
    Scooby! / Warner Bros

    “Scooby!” tem um primeiro ato muito interessante e realmente amarra os espectadores – de todas as idades, diga-se de passagem. A apresentação de cada personagem, assim como o retrato de seus contatos iniciais, é nostálgica e muito bonita, sobretudo quando Salsicha adota um cachorro de rua e o batiza de “Scooby-Dooby-Doo”. Porém, como uma tentativa de revitalizar a franquia e oferecer novidades interessantes em cima dos mais de 50 anos de existência dos integrantes da Mistério S/A, o filme se perde e se afasta cada vez mais do que um desenho de tamanha importância exige.

    Desnecessariamente envolto em uma incoerência que torna toda a produção rasa, “Scooby!” mais parece um filme de super-heróis que usa de qualquer desculpa para inserir personagens da Hanna Barbera em seu meio e tentar reacender o charme da obra que, infelizmente, se desvai pelo caminho. Aproximando-se de um entulho de figuras clássicas, vemos o Falcão Azul, o Bionicão, o Dick Vigarista e o Muttley como apenas alguns dos exemplos que circundam constantemente os ditos protagonistas do filme e que escancaram o fato de não haver mistério algum nessa missão mal planejada e nada envolvente.

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    Scooby! / Warner Bros

    Decepcionante, “Scooby!” peca, no mínimo, na falta de uma história interessante para a união de tantas “propriedades” do estúdio de desenho animado. Trocando os pés pelas mãos e tentando, num passe de mágica, ser o que simplesmente não é, a nova aventura da Mistério S/A é um começo frustrante para uma tão esperada série de filmes. Porém, apesar da massiva quantidade de escolhas erradas, é certo dizer que o filme fará muito sucesso entre crianças e adultos, seja pelas piadas bobas, pela animação visualmente agradável ou simplesmente pela possibilidade de poder revisitar uma das franquias mais encantadoras do cinema e da televisão.

    “Scooby!” tinha a possibilidade de ser excelente – e realmente poderia ser considerado assim, ‘se não fossem aquelas crianças enxeridas que estão acostumadas com muito melhor’ -, mas ainda assim nos faz ansiar por uma próxima aventura, enquanto somos obrigados a torcer para que, dessa vez, tudo seja diferente.

    Nota: 2,5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | The Umbrella Academy – 1ª Temporada

  • Crítica | Little Fires Everywhere – 1ª Temporada

    Crítica | Little Fires Everywhere – 1ª Temporada

    Ambientada em 1997, Little Fires Everywhere é uma caixinha de surpresa cheia de drama familiar e grandes mistérios

    Little Fires Everywhere começa chamando a atenção do público ao iniciar a série com um incêndio destruindo a residência da família Richardson, abrindo o caminho para o mistério e os acontecimentos entre duas famílias que levariam até este dia.  Elena Richardson (Reese Whiterspoon) é jornalista, casada e mãe de quatro adolescentes, Izzy (Megan Stott), Trip (Jordan Elsass), Moody (Gaven Lewis) e Lexie ( Jade Pettyjohn), extremamente sistemática quando se trata da criação e futuro dos filhos, ela leva  uma vida cheia de privilégios sendo a típica dondoca que participa de clubes do livro e é conhecida por toda a comunidade. Mia Warren ( Kerry Washington) é artista e mãe de Pearl (Lexi Underwood), cheia de mistérios e de poucos amigos, ela está sempre mudando de cidade afim de encontrar um lugar que realmente a inspire, o que dificulta o relacionamento dela e da filha com outras pessoas. Mulher negra, ela está sempre lutando contra o racismo e pelo seu espaço como mulher, tentando fazer o melhor para a sua filha.

    A história começa quando Mia e Pearl se mudam para Shaker Heights, uma cidade no estado de Ohio, e coincidentemente acabam alugando a casa que Elena é proprietária, e é nesse momento em que começa o choque entre os dois mundos. Com o intuito de ficar até que suas obras sejam concluídas, Mia acaba mudando de ideia ao perceber que sua filha estava- pela primeira vez- fazendo amizades, e para a surpresa dela os novos amigos sãos os filhos de Elena.

    Little Fires Everywhere
    Little Fires Everywhere | Amazon Prime Video

    Vendo a aproximação de Pearl e Elena, Mia decide aceitar o emprego de “governanta” na casa da família Richardson, onde poderia ficar sempre de olho na filha e consequentemente entrar na vida dos novos “amigos”. Essa interação entre Elena e Mia revelam grandes mistérios que cada uma carrega, além da existência de uma certa rivalidade entre elas e o debate de assuntos como racismo e maternidade, trazendo a grande questão da série: a mãe perfeita realmente existe?

    Adaptada do best-seller de Celest Ng, a minissérie de oito episódios acerta em se aprofundar nas relações que vão além das protagonistas, fazendo com que o elenco jovem tenha o seu devido espaço e suas personalidades distintas, são eles que mais trazem à tona o debate sobre o racismo, a diferença de classes e até mesmo sobre sexualidade.

    Little Fires Everywhere
    Little Fires Everywhere | Amazon Prime Video

    Apesar da importância dos coadjuvantes na história, o clímax – em três grandes momentos- é deixado para Reese e Kerry, o que nos faz ter uma relação de amor e ódio pelas personagens, principalmente por Elena, que trouxe uma atuação densa jamais vista na carreira de Reese. Além de brilharem nos papéis principais de duas mães capazes de fazerem tudo para o bem de suas famílias, elas também são produtoras da série.

    Com pequenos deslizes durante o decorrer da história, a trama acaba lembrando algumas novelas mas sem deixar a qualidade cair, muito disso se deve ao tanto de mistérios que envolvem todos os personagens, alguns óbvios e outros que surpreendem positivamente.

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    Little Fires Everywhere | Amazon Prime Video

    Sendo um ótimo exemplo de como obras audiovisuais baseadas em livros devem ser, Little Fires Everywhere é impressionante. Ao mesmo tempo em que incomoda, ela desperta sentimentos e opiniões fortes, nos levando a uma reflexão profunda. Apesar de ter sido apresentada como minissérie, uma segunda temporada não foi descartada, o que é extremamente interessante se for analisar a forma em que a primeira temporada acabou.  Se a segunda temporada for mesmo confirmada, podemos esperar muitos mistérios e verdades vindas à tona tanto da família Richardson como da Warren.

    A primeira temporada de Little Fires Everywhere está disponível na Amazon Prime Video.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | The Umbrella Academy – 1ª Temporada

    Crítica | The Umbrella Academy – 1ª Temporada

    Série americana original da Netflix, “The Umbrella Academy” (2019) é baseada na saga homônima dos quadrinhos da Dark Horse criada por Gerard Way. Estranhamente agridoce, a produção reúne personagens intrigantes em uma trama temporal razoável, ao mesmo tempo que surge como uma aposta do streaming para o gênero dos super-heróis.

    “The Umbrella Academy” tem seu início em 1989, quando, em um mesmo dia, 43 crianças ao redor do mundo nascem – subitamente – de mulheres que não estavam grávidas. Evento peculiar, sete delas são prontamente adotadas por Sir Reginald Hargreeves – um milionário que as submete a uma infância completamente dedicada a incansáveis treinamentos de combate. Extraordinários, os jovens da equipe mirim descobrem possuir habilidades únicas e, posteriormente, conquistam fama global por sua luta contra o crime. Porém, com o passar dos anos, eles sofrem o cruel efeito do tempo e se afastam, deixando para trás tragédias familiares e relações disfuncionais.

    Décadas mais tarde, no entanto, o inesperado falecimento de seu pai acaba por provocar grandes e indecifráveis mistérios. Dessa forma, novamente reunidos devido às circunstâncias, os heróis – obrigados a lidar com as suas diferenças – devem voltar à ativa para combater um crescente mal que coloca em risco toda a existência na Terra.

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    The Umbrella Academy – 1ª Temporada / Netflix

    Recente integrante de uma longa lista de adaptações de super-heróis, “The Umbrella Academy” é uma das grandes novidades de 2019. Evocando mundos e realidades paralelas, enquanto mantém os pés bem firmes neste, ela anda em uma corda bamba entre grandes acertos e erros. Tentando desesperadamente ser inovadora, os excessos da produção – em comunhão com as suas deficiências – transformam os dez episódios lançados pela Netflix em uma experiência regular e medíocre. Picos de excitação em constante colisão com cumes de tédio são o que melhor caracterizam a série que, procurando igualar e superar sucessos já bem estabelecidos no mercado, esquece que a dosagem poderia ser a sua melhor saída.

    Aposta alta do streaming, “The Umbrella Academy” tenta se desvencilhar das amarras do gênero de heróis e apresentar algo que a faça sobressair dentre tantas outras ficções. No meio termo entre comédia e drama, a trama é devidamente preenchida com personagens interessantes que agregam valor à obra e efetivamente envolvem o espectador. Família heroica e problemática – na mesma proporção -, seus integrantes são conhecidos por números e apresentam, cada um, uma história profunda por detrás de seus comportamentos. Autênticos e facilmente relacionáveis, passamos a nos importar minimamente com cada um deles para nos preocupar e nos interessar por seu destino, ao mesmo tempo que torcemos cada vez mais por cenas perigosas de ação e que nos viciamos pela sensação de inevitabilidade que o vindouro apocalipse coloca sobre suas vidas.

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    The Umbrella Academy – 1ª Temporada / Netflix

    Inicialmente promissora, a mais nova adaptação da Netflix adota um tom irregular e uma velocidade incompatível com o que se deseja mostrar em tela. Apesar de possuir em mãos bons elementos que poderiam facilmente alavancar a série de patamar, todos esses ingredientes parecem ser mixados, triturados e distendidos, de maneira que a sua essência, tão boa, a princípio, seja diluída. Mergulhada em um roteiro extremamente previsível – que incomoda pelo fato de podermos antecipar todas e quaisquer reviravoltas da trama -, a história é esticada em mais episódios do que o realmente necessário e a monotonia toma conta da televisão em diversos instantes. Os maiores e melhores momentos demoram a chegar e, embora sejam bastante satisfatórios, se restringem aos dois últimos episódios.

    No entanto, apesar dos problemas que a série apresenta, é necessário destacar os diversos pontos a favor da produção que saltam aos olhos ao longo da aventura temporal lançada em 2019. A excelente trilha sonora – que coloca o espectador em delírio com a convergência entre música e ação (“Don’t Stop Me Now” é magnífica) -, a fotografia melancólica – que retrata fielmente o interior sombrio de muitos dos personagens -, e a heroicidade bastante gráfica – que faz jus à adaptação de uma HQ de sucesso -, são apenas alguns dos fatores que agradam e atribuem valor aos episódios da Netflix. O público vai adorar.

    Definitivamente agridoce, “The Umbrella Academy” tem a mesma proporção de altos e baixos. Conquistando uma legião de fãs ao redor do mundo, a série – que está confirmada até a terceira temporada – mira alto e alcança um meio-termo agradável. Longe do “ruim” e ainda mais distante do “maravilhoso”, é um entretenimento curioso que não vai muito além do simples esquecível. Porém, vale a pena ser examinado.

    Prometendo coisas melhores e grandiosas para a sua continuação, a segunda temporada tem previsão de estreia para o dia 31 de julho de 2020.

    Nota: 3/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Dark – 3ª temporada

  • Crítica | O Príncipe Dragão – Animação da Netflix é um convite à Alta Fantasia

    Crítica | O Príncipe Dragão – Animação da Netflix é um convite à Alta Fantasia

    Existe um personagem oculto nas grandes aventuras: você. Quando Frodo aceitou destruir O Um Anel ou no momento que os irmãos Pevensie atravessaram o Guarda-roupa, rumo a Nárnia, você estava lá, acolhendo esse convite. O poder de uma história de fantasia está em sua jornada. O instante que os heróis atravessam o limiar e embarcam na aventura de suas vidas representa, também, nossa aceitação ou recusa (como telespectadores) em acompanhá-los. Resgatando a típica jornada, com direito a dragões, elfos, magia e grandiosas cenas de guerra, a animação O Príncipe Dragão representa o renascimento da Alta Fantasia dentro do catálogo da Netflix.

    Sobre O Príncipe Dragão:

    Dois príncipes humanos formam uma inesperada aliança com uma elfa que foi enviada para matá-los. Com um grande segredo em suas mãos, eles embarcam juntos em uma longa jornada na esperança de acabar com a antiga guerra entre seus povos.

    A trama de O Príncipe Dragão se passa em uma terra chamada Xadia, regida por dons originados do sol, lua, estrelas, terra, céu e oceano. Com 3 temporadas que reacendem nossa paixão pela aventura, a Netflix já iluminou o caminho para um vindouro 4º ano da animação.

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    O Príncipe Dragão / Netflix

    O pai da Literatura Fantástica, J. R. R. Tolkien, ao criar A Terra Média, plantou uma semente que ao decorrer das décadas gerou grandes sagas de fantasia. Lá em 2001, o longa O Senhor dos Anéis: a sociedade do anel estreou nos cinemas apresentando uma nova face para a palavra “épico”. A partir disso, o universo audiovisual contou histórias grandiosas, através de filmes, desenhos e séries. Nos últimos anos, no entanto, o número de animações desse gênero caiu. Mas, em 2018, uma dessas sementes de Tolkien cresceu, e O Príncipe dragão surgiu, para aquecer o coração dos fãs órfãos de sagas fantásticas.

    O Roteiro

    As rédeas de O Príncipe Dragão estão sob o comando de um trio de protagonistas que esbanjam carisma. Esta última palavra pode ser considerada “mágica”, porque todos os personagens dessa animação detém um grande carisma; alguns nem precisam falar para te conquistar.

    Os irmãos Callum e Ezran, ao lado da elfa Rayla (habilidosa e cheia de segredos) administram a longa caminhada, que se estenderá ao longo de cada temporada. Incumbidos de levar o ovo de dragão de volta para sua terra natal, os três desvendarão mistérios que colocará em xeque quem é aliado ou inimigo. É no decorrer dessa diretriz que eles reconhecerão na amizade o verdadeiro poder para cumprir essa missão.

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    O Príncipe Dragão / Netflix

    Com um número grande de raças e criaturas mágicas, a história jamais apela para exposições cansativas. Não se preocupe, sua inteligência não será subestimada. A série apresenta os elementos narrativos com naturalidade, seguindo um ritmo reconfortante; nada é acelerado ou lento em demasia. O passado, importantíssimo para a evolução do enredo, se abre como um leque, revelando novas camadas existentes no conflito que impera no tempo presente. O uso de flashbacks serve para preencher lacunas, como peças de um quebra-cabeça, abrindo nossos olhos para decifrar personagens e suas interações.

    Em alguns momentos, o texto é ingênuo e tenta ser engraçado (além da conta), recorrendo a piadinhas fracas, mas nada que dê vergonha alheia. O humor é um traço fixo no roteiro, aliviando a balança narrativa que discute outras temáticas como luto, traição, morte e preconceito.

    Tendo no currículo umas das melhores animações dos últimos anos (vulgo Avatar: A Lenda de Aang), Aaron Ehasz é a mão por trás do roteiro de O Príncipe Dragão. Seu estilo narrativo é nítido quando traçamos semelhanças entre as duas obras, basta ouvir atentamente os diálogos e observar com cautela as construções de personagens. No fim, o maior aspecto de Ehasz está no subtexto político, que utiliza a máscara da fantasia para tocar em assuntos atuais.

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    O Príncipe Dragão / Netflix

    Na animação, os líderes estão fadados, dia e noite, a enfrentar dilemas. Conflitos emergem das diferenças entre as raças e suas culturas. O desrespeito aos animais e como isso afeta o equilíbrio como um todo, costuram cada episódio em um emaranhado de escolhas e consequências. Em suma, a política é, e continuará sendo, um background indispensável para a fantasia, e O Príncipe Dragão segue esse lema. Ficou para trás o estigma que pregava que desenhos são coisas de crianças. As animações de hoje conversam com nossa sociedade, aproximando ficção e realidade.

    Os Personagens

    Callum é o irmão mais velho, obcecado em aprender a magia do céu. Seu instinto protetor, crescente ao longa da jornada, o faz evoluir como personagem e familiar responsável. Fugindo de arquétipos que prevalecem na personalidade de um típico “mago”, ele é um poço de carisma e insegurança, com defeitos comuns, mas com uma grande vontade de se provar.

    Ezran é a personificação da inocência e abnegação, características notadas em seu comportamento singelo, e reforçado através das interações com os outros personagens, seja animal ou humano. Forçado a amadurecer antes do tempo, ele nunca perde sua essência, mantendo-se fiel ao seu “eu”, diante dos percalços. Somado a isso, o pequeno príncipe carrega nos ombros o fardo de ser herdeiro direto do trono, obrigado a tomar decisões que somente adultos deveriam decidir. Capaz de entender os animais, e com alguma dificuldade para compreender os humanos, é através dele que o roteiro se apoia para entregar algo reforçado pontualmente na história: a esperança.

    O Príncipe Dragão / Netflix
    O Príncipe Dragão / Netflix

    Cinquenta por cento do poder desse trio pertence a Rayla, uma elfa obstinada a cumprir sua missão e provar seu valor como guerreira. Sua interação com os outros protagonistas, que são humanos, desperta nela um lado abundante de compreensão.

    A balança narrativa precisa tomar cuidado para que o antagonista continue sendo o que ele é: um antagonista. Com exceção da jornada da redenção, bons vilões precisam vender seus ideias, antes da imagem, para que o público possa comprar suas convicções. Viren, o principal rival dos protagonistas, é um homem divido por dois polos: passado e presente. No mundo de ontem, ele é apresentado como um mago obstinado, desejando o bem-estar de sua nação. No presente, ele anseia em marcar nas terras das outras raças a força dos homens. Passado e presente atuam com sincronia para construir este vilão, muitas vezes caricato, porém carismático o suficiente para compreendermos sua cruzada. Portanto, é um rival à altura dos protagonistas.

    A representatividade presente na história

    Espadas e escudos são erguidos a todo momento durante a jornada de O Príncipe Dragão. Mas, afinal, o que tem de incomum nisso? A resposta é simples: o heroísmo é um manto que pesa com mais frequência sobre os ombros das personagens femininas, todas, sem exceções. As veias narrativas quebram os padrões típicos das histórias medievais, presenteando o público com personagens profundas e corajosas.

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    O Príncipe Dragão / Netflix

    O exército do reino de Katolis, por exemplo, é comandado por Amaya (tia dos protagonistas). O primeiro contato com a personagem revela que ela utiliza a língua de sinais para se comunicar, quebrando uma barreira pouco vista em animações do gênero. As demais figuras da narrativa que conhecem Amaya comunicam-se com ela, compreendendo-a e fazendo uso da mesma linguagem. Uma sutil construção de personagem, que representa muito para o público surdo.

    A diversidade é representada através de personagens Lgbtq+ que, infelizmente, estão amarrados a tramas secundárias e isto é uma constante na animação. A sensação é que faltou um pouco mais de coragem, para que estas figuras da história tivessem mais tempo em tela. Ainda assim, é um grande passo, quando olhamos para o passado. No futuro, talvez, O Príncipe Dragão seja um pouco mais parecido com Steven Universo, Hora de Aventura e She-ra e as Princesas do Poder, que são exemplos de narrativas que aprofundaram seus personagens assumidamente Lgbtq+.

    As temporadas de O Príncipe Dragão

    A mão estendida para você, chamando-lhe para embarcar nessa jornada de aventura é evidente na primeira temporada. Revivendo sua nostalgia por jornadas, o primeiro ciclo da série é uma apresentação de mundo e personagens, sem se prender a explicações forçadas. O trio de protagonistas é formado, e nós, como um quarto membro oculto dessa aventura, acompanhamos de perto o objeto narrativo que move a trama — o ovo de dragão — e como ele é capaz de interferir, para o bem e para o mal, na vida dos nossos heróis.

    O Príncipe Dragão / Netflix
    O Príncipe Dragão / Netflix

    O segundo ano da série começa apresentando o novo participante do grupo de protagonistas, que deixa de ser um trio, para tornar-se um quarteto. O ovo de dragão chocou e somos apresentados ao filhote de dragão, apelidado como Zym. Assumindo um tom mais frenético, as cenas de ação ganham mais tempo.

    A terceira (e mais recente) temporada é a melhor das três, dando espaço para outros personagens brilharem nesse palco medieval. Acompanhamos o crescimento absurdo dos protagonistas, separados por caminhos distintos, mas movidos pela mesma sede: a paz.

    A quarta temporada ainda não foi confirmada, mas o gancho na season finale é a garantia de que ainda tem muito pela frente.

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    O Príncipe Dragão / Netflix

    Com momentos dignos de uma boa sessão de RPG e personagens que emanam carisma, essa animação não é feita apenas para os fãs de sagas épicas, qualquer um é bem-vindo. Enfim, é uma história singela sobre amizade, sacrifícios e crescimento.

    A fantasia é um gênero que liberta-nos dessas amarras cotidianas, transportando nossa alma e coração para outros mundos. E O Príncipe Dragão é um sopro de vida que ressuscita nossa alma de aventureiros, é um grito distante, convocando cada um de nós para aquelas peripécias fantásticas que alimentam nossa imaginação através do lúdico e fazem nossos olhos brilharem.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao trailer:

    Leia também: Crítica | Nancy Drew – 1ª Temporada.

  • Crítica | Expresso do Amanhã – 1ª Temporada

    Crítica | Expresso do Amanhã – 1ª Temporada

    Expresso do Amanhã (Snowpiercer no nome original) é uma série da Netflix que adapta a obra Le Transperceneige, uma graphic novel francesa. Ambientado em uma distopia pós-apocalíptica onde o mundo está tomado de gelo, a produção mostra os conflitos existentes em um trem que abriga os últimos sobreviventes do planeta. Divididos em classes sociais, os passageiros a bordo do trem Snowpiercer lidam diariamente com desigualdades e corrupções, o que gera diversas revoltas entre a população do mesmo. Ainda mais marginalizados, existem os ”fundistas”: um grupo de pessoas pobres que vivem literalmente no fundo do trem, pois não receberam o ”ticket” para entrar quando ele foi fundado.

    A engrenagem da ”Locomotiva Eterna” foi projetada inteiramente por Mr Wilford, um homem misterioso que se torna uma espécie de messias para os passageiros. Como dito anteriormente, só adentrava no trem quem possuía tickets, e sob essa justificativa, os fundistas são forçados ao trabalho escravo, e sofrem diversos tipos de punições e torturas se não cumprirem com esta obrigação. É aí que a história começa. O protagonista do enredo é o fundista Andre Layton (Daveed Diggs), que já havia liderado diversas revoluções contra a elite do trem, todas sem êxito e com inúmeras mortes de aliados. Layton quer armar uma estratégia, que tem início quando Melanie Cavill (Jennifer Connelly), uma maquinista e porta-voz de Mr Wilford, o chama para resolver um assassinato na Terceira Classe.

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    Expresso do Amanhã/Netflix

    Diante de tanta ação, a atuação de certa parte do elenco impressiona em alguns momentos. Daveed Digs se torna um líder nato, e é interessante ver a evolução de sua atuação ao longo dos episódios. Cabe destacar também a performance de Mickey Summer como Bess Till e Alison Wright como Ruth Wardell, ambas representando características opostas: Till faz parte dos operadores, seguranças que avaliam e investigam as atividades do trem, e ao longo da trama, ela começa a desconfiar da justiça exercida por Mr Wilford. Por outro lado, Ruth é cegamente seguidora de Wilford, chegando a considerá-lo como um ídolo inabalável, um verdadeiro salvador do mundo e mantenedor da ordem social. Annalise Basso também surpreende na pele da sociopata L.J Folger, filha de uma família rica e ambiciosa da Primeira Classe do trem, que por sua vez, possuem um importante papel no desenrolar da história de Expresso do Amanhã.

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    Expresso do Amanhã/Netflix

    Um ponto positivo de Expresso do Amanhã, de fato, é a ótima dinâmica de seu enredo. São poucas as situações em que uma subtrama é arrastada, com pontas soltas ou sem sentido. Ela possui um início bem definido, meio consistente e um fim. Claro que, alguns twists são clichês, assim como a morte de seus personagens é amplamente previsível. Contudo, isso é deixado de lado por causa de suas consequências: Em Expresso do Amanhã, cada ação tem uma reação, que será abrupta e sem precedentes. Apesar de não ter um roteiro perfeito, a série cumpre o ”arroz com feijão” com facilidade. A variação no tom, de um drama, para um suspense inquietante, e até mesmo um suspense investigativo. Obviamente, não é a série mais violenta ou pesada da Netflix, porém existe uma forte tensão que é mantida constante ao longo da temporada.

    A série nos ensina algo valioso: nada é o que parece ser. Cada detalhe, cada momento, pode ser revertido em um piscar de olhos, até mesmo o que parece impossível. Quando a série parece se encaminhar para um final de temporada comum, eis que surge o famoso ”gancho” para a próxima temporada. Este, que é surpreendente (de certa forma), demonstra que há muito o que descobrir sobre o Snowpiercer, o trem de 1.001 vagões.

    Expresso do Amanhã está disponível na Netflix.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

    Confira também: Crítica | Thiago Ventura: POKAS

  • Crítica | Ninguém Sabe Que Estou Aqui

    Crítica | Ninguém Sabe Que Estou Aqui

    Ninguém Sabe Que Estou Aqui entrou recentemente no catálogo da Netflix, e chama a atenção por ser um drama duramente silencioso e estranhamente claustrofóbico

    Ninguém Sabe Que Estou Aqui conta a história de Memo (Jorge Garcia), que vive isolado em uma pequena fazenda de criação de ovelhas no Chile com o seu tio Braulio ( Luis Gnecco) e que, após ter tido seus sonhos no mundo da música destruídos na infância, se tornou uma pessoa completamente calada e antissocial. Sendo uma figura estranha e pouco conhecida na cidade, Memo invade casas enquanto ninguém está, sem revelar o real motivo por fazer tais coisas, mas se mostra um sonhador nato ao incorporar o seu “eu” criança enquanto explora essas casas.

    Ninguém Sabe Que Estou Aqui
    Ninguém Sabe Que Estou Aqui | Netflix

    Na segunda metade do filme, descobrimos que o fato do pai do Memo ter vendido a voz dele para ser usada em playback por uma criança mais atraente, e que a mesma fez sucesso durante os anos 90’s, é o real motivo pelo qual o protagonista age de jeito estranho pelo fato de guardar um enorme rancor. Além de nos apresentar esta história, também vemos um personagem um tanto quanto transtornado e violento em alguns momentos, trazendo a dúvida sobre o que devemos sentir por ele.

    A graça do filme vem da nossa descoberta e como ele nos apresenta o personagem Memo, e muito disso vem da atuação impecável do Jorge Garcia ( conhecido pelos seus papéis em Lost e Hawaii Five-0), ele se mostra perfeito quando o assunto é um drama bem desenvolvido, e é essencial para que o nosso interesse cresça ainda mais em volta da vida do protagonista. Dirigido por Gaspar Antillo ( vencedor do prêmio de Melhor Novo Diretor no Festival de Cinema de Tribeca 2020) o drama chama a atenção por ter maior parte do seu espaço preenchida por um silêncio angustiante, mas não erra quando se trata de diálogos bem desenvolvidos.

    Ninguém Sabe Que Estou Aqui
    Ninguém Sabe Que Estou Aqui | Netflix

    Mesmo com uma ótima direção e um roteiro interessante, o longa deixa a desejar quando se perde na segunda parte é não explora a história da forma que esperávamos, quase que esquecem que estamos assistindo e não explicam certas situações. A reviravolta esperada infelizmente não acontece, o que pode ser frustrante para quem assiste e espera ver o protagonista tendo algum desenvolvimento mais interessante.

    Sobretudo, Ninguém Sabe Que Estou Aqui é uma obra sobre a solidão, mostra delicadamente as fases do esquecimento e a dura caminhada que é voltar a ser alguém sociável, é como se fosse uma história moderna do patinho feio, com toques tão reais que chega a emocionar qualquer um que assiste.

    Ninguém Sabe Que Estou Aqui está disponível na Netflix.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer: