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  • Crítica | Coisa Mais Linda – 2ª Temporada

    Crítica | Coisa Mais Linda – 2ª Temporada

    Produção brasileira original da Netflix, a segunda temporada de “Coisa Mais Linda” retorna ao streaming aprofundando-se na trama que aborda a ascensão da bossa nova, o racismo e o empoderamento feminino na década de 1960, no Rio de Janeiro.

    Inspirada, inicialmente, em um verso de “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, “Coisa Mais Linda” retorna às telas do Brasil e do mundo em uma trama tão bela e tão carioca que te mareja os olhos e não dá alternativa a não ser maratonar os seis episódios de uma vez só.

    Nesse novo capítulo sobre as quatro amigas do Rio de Janeiro e o seu famoso clube de música, o espectador é novamente mergulhado no drama íntimo da vida de Malu (Maria Casadevall), Theresa (Mel Lisboa), Adélia (Pathy DeJesus) e Lígia (Fernanda Vasconcellos) – depois de o mundo delas virar de ponta cabeça com os tiros assassinos de Augusto (Gustavo Vaz), na orla da praia, em plena na noite de ano novo. Na virada da década, as protagonistas voltarão a enfrentar os gargalos de uma sociedade machista e preconceituosa, enquanto lutam para conquistar, com muita luta e suor, o seu lugar de direito.

    Coisa Mais Linda
    Coisa Mais Linda – 2ª temporada / Netflix

    “Coisa Mais Linda” – que se recusa a perder o DNA marcante que a fez se sobressair dentre tantas séries do streaming – retorna para a sua segunda temporada com ainda mais pautas para discussão, enquanto mantém na mesa o seu foco na música e na união feminina. Nesse sentido, com a chegada do novo ano, acompanhamos um grupo que chora a morte de uma pessoa próxima e que lida com a iminente perda de seu clube – à medida que o mesmo é tomado das mãos de Malu por seu marido, Pedro, que retorna à capital carioca e clama os seus direitos sobre o local.

    Desenvolvendo-se como um presente a todos os fãs, a produção torna-se um palco e uma voz para tantos problemas sociais que são constantemente negligenciados. Na medida certa, as protagonistas – batizadas no jeitinho carioca tão conhecido e amado pelo mundo – ganham ainda mais espaço para crescer e amadurecer, oferecendo qualidades e particularidades marcantes que agregam muito valor à série e a tornam um deleite de assistir. Em seu segundo ano, Malu, Adélia e Theresa se afirmam como uma tríade definitiva, apaixonante e inspiradora – e ainda mostram que têm o público em suas mãos, enquanto interpretam papéis que aparentemente foram moldados para elas.

    No entanto, as peças da engrenagem que mantém a máquina funcionando, dessa vez, são os personagens secundários que foram criados de forma tão precisa quanto cada música de Tom Jobim. Garantindo mais espaço em uma trama leve e divertida, somos presenteados com mais tempo de tela de Ivone, Capitão, Duque e Roberto, que se mostram essenciais para todas as histórias de música e de amor que são contadas ao longo dos seis episódios inéditos lançados pela Netflix. Nada faria sentido ou seria tão prazeroso sem tais ilustres presenças.

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    Coisa Mais Linda – 2ª temporada / Netflix

    Deixando-se levar pelo som da bossa nova, a segunda temporada de “Coisa Mais Linda” é tão necessária quanto uma caminhada na beira do mar em um domingo de manhã. Propositalmente incômoda, por vezes, por retratar tão fielmente e sem obstruções temas tristes e ultrajantes de uma sociedade historicamente machista e racista, o novo ano da aclamada série brasileira é mais um grande acerto para o cinema e para o audiovisual nacional e consegue entregar uma peça formidável que dificilmente sairá do imaginário de seus espectadores.

    Capaz de aquecer o coração – na mesma medida que entristece pelo longo tempo de espera por uma parte três -, os ingredientes de “Coisa Mais Linda” foram misturados na medida certa e são, definitivamente, o sabor mais agradável que já provei em muito tempo.

    Nota: 5/5

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    Veja também: Crítica | Bloodshot

  • Crítica | Bloodshot

    Crítica | Bloodshot

    Baseado na série de quadrinhos “Bloodshot”, da editora Valiant Comics, Vin Diesel estrela o novo filme de Dave Wilson como Ray Garrison, um anti-herói genérico em uma trama clichê e sem profundidade.

    O filme roteirizado por Jeff Wadlow e por Eric Heisserer acompanha um soldado recentemente morto em combate que é trazido de volta à vida por uma misteriosa empresa de nanotecnologia. Renascido com diversos poderes especiais, Ray torna-se uma força implacável e um instrumento mortal que é constantemente manipulado para eliminar alvos pessoais do chefe da enigmática organização científica.

    Impulsionado pelas memórias de sua vida passada, o anti-herói não sabe mais o que é real e o que não é e parte em uma missão para se livrar das amarras que insistem em transformá-lo em um fantoche e decifrar toda a nova realidade que o rodeia desde que seu corpo foi transfigurado em uma máquina de guerra.

    Bloodshot
    Bloodshot / Sony Pictures

    Preguiçoso e familiar, “Bloodshot” não é realmente nenhuma novidade. Espécie de spin-off de todo e qualquer filme de ação classe C, a produção erra em praticamente tudo a que se propõe e, quando comparado aos filmes de heróis e anti-heróis recentemente lançados, como os grandes sucessos “Deadpool” e “Logan”, por exemplo, a produção da Sony Pictures passa mais do que despercebida e deixa um gosto amargo em quem quer que a assista. Sem confiança para se tornar algo único, o filme nunca alcança um nível mínimo de satisfatoriedade.

    Perdendo-se no caminho do grande potencial que tinha, o início de sua trama chega a ser minimamente interessante quando somos apresentados a um agente de campo que elimina, sozinho, toda uma célula terrorista (bem ao estilo Vin Diesel) e volta para casa a tempo de ver a sua esposa ser friamente assassinada e para jurar vingança a todos os envolvidos. A partir disso, no entanto, tudo é ladeira abaixo. A perspectiva do filme muda completamente enquanto Ray Garrison morre e volta à vida como uma “máquina” em um enredo superficial que aposta em uma ação genérica e que não oferece nada a mais do que alguns efeitos especiais alucinantes e duas horas de angústia. Quem precisará ser ressuscitado é o espectador.

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    Bloodshot / Sony Pictures

    Parte de um projeto ambicioso da Sony Pictures de tentar compor um universo cinematográfico baseado nos personagens da Valiant Comics, “Bloodshot” começa a trilhar esse tortuoso caminho com o pé esquerdo. Chamado de VCU (Valiant Comics Universe), a produtora já tem planos para continuar a sua Fase 1 de filmes com o vindouro “Harbinger” e com uma continuação de “Bloodshot” e projeta um crescente sucesso para fazer frente, futuramente, à Marvel Studios. Situação agridoce para quem achava que o filme fosse um erro isolado e que não teríamos nenhum tipo de novo seguimento.

    No entanto, é certo dizer que, apesar do roteiro completamente clichê, repleto de frases prontas e de qualidade duvidosa, Vin Diesel arrastará uma enorme legião de fãs cativos para acompanhar o astro de “Triplo X” e de “Velozes e Furiosos” em mais um papel que, de alguma forma, parece certo para ele, e ainda fará com que encontrem um mínimo de diversão no carismático ator que, sendo uma encarnação do estereótipo de herói – ou anti-herói – fortão e machucado por dentro, se sobressai em meio ao caos que “Bloodshot” é.

    Nota: 2/5

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    Veja também: Dark – 3ª temporada | Primeiras Impressões

  • Crítica | The Morning Show – 1ª Temporada

    Crítica | The Morning Show – 1ª Temporada

    The Morning Show é a primeira grande produção da Apple TV+ , e tem chamado atenção pela qualidade do enredo mostrando os bastidores de um jornal matinal

    The Morning Show é um programa matinal líder de audiência em Nova York, liderado pelos âncoras Mitch Kessler ( Steve Carell) e Alex Levy (Jennifer Aniston) há 15 anos, ele junta o noticiário com o entretenimento típico dos americanos. Mas tudo muda quando Mitch é acusado de abuso sexual em meio ao movimento #MeToo, sendo afastado do programa, deixando Alex encarregada da atração, mudando sua vida do dia pra noite. Para trazer a audiência de volta, a produção do programa decide convidar personagens de vídeos virais da internet para serem entrevistados, e é aí que entra a Bradley Jackson ( Reese Witherspoon), uma repórter sem papas na língua, que trabalha em uma emissora conservadora, e que acaba viralizando após discutir em uma manifestação numa fábrica de carvão.

    The Morning Show
    The Morning Show | Apple TV+

    Em busca de um substituto para Mitch, Alex decide chamar Bradley para assumir a bancada ao seu lado. A interação entre Alex e Bradley é conflituosa e segue pela série toda, mostrando a rivalidade “saudável” no meio jornalístico, além de apresentar também a briga de “cachorro grande” que envolve os produtores e chefes da emissora e toda a expectativa em volta da chegada da nova integrante.

    Ao contrário do que muitos esperavam, The Morning Show não seguiu os passos de “The newsroom” ( série da HBO), a trama não se aprofundou no jornalismo e na redação, preferiu seguir o dia a dia da Alex glamourizando algumas situações e deixando a televisão e o programa em segundo plano.

    O começo da série é um pouco entediante, apesar de apresentar a problemática logo no primeiro episódio, a 1 hora de duração quase que nos carrega, várias informações são jogadas e logo temos que decidir quais personagens vamos amar ou odiar. E é no meio da temporada que o nível de traições, intrigas e diálogos começam a chamar atenção, tornando difícil de deixar a série de lado.

    The Morning Show
    The Morning Show| Apple TV+

    Apesar de ter três grandes nomes no elenco, é a Jennifer que se destaca e da um show em seus monólogos e cenas que demostram a  preocupação de sua personagem em perder o espaço que construiu na TV, levando assim o título de estrela da série. Reese e Steve devem também receber uma atenção, apesar de não terem cenas marcantes, ainda merecem o crédito pela boa atuação.

    Além do trio, os coadjuvantes tornam a trama ainda mais atraente. Cory (Billy Crudup) entregou na sua atuação dando vida ao diretor de programação da emissora, que estava adorando toda a situação e a audiência que o programa estava tendo por conta dos últimos acontecimentos. Nomes como Mark Duplass, Nestor Carbonell, Karen Pittman e Gugu Mbatha- Raw cumpriram muito bem seus papéis na trama.

    Chamando a atenção para um tema mais que importante The Morning Show merece todas as indicações e prêmios que tem recebido. Claro que, para uma primeira grande produção, a série se destaca pela ótima escolha de elenco, produção e direção. Apesar de ter seus pontos baixos, não pode passar despercebida, nos dando a esperança de que a segunda temporada traga boas histórias e talvez um desfecho melhor do que a primeira.

    The Morning show já está disponível na Apple TV+

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

    https://www.youtube.com/watch?v=eA7D4_qU9jo
  • Crítica | Space Force – 1ª Temporada

    Crítica | Space Force – 1ª Temporada

    Space Force é a nova série da Netflix que se destaca ao abordar projeto de Trump com uma ótima sátira estrelada por Steve Carell  e John Malkovich.

    Space Force nasceu em 2018 quando Donald Trump anunciou a criação da Força Espacial, plagiando o símbolo da Frota Estelar da franquia Star Trek. Mas o que é a Força Espacial? É basicamente um ramo militar que conduz a guerra espacial, podendo tornar o espaço um lugar para combates entre países, apesar da ideia ser absurda e extremamente cara, o primeiro satélite já está em órbita. Trump só não esperava que este projeto se tornasse a premissa para uma série de comédia da Netflix.

    Space Force
    Space Force | Netlfix

    A série acompanha a vida de Mark Naird (Steve Carell), um general da Força Aérea americana que se torna encarregado de liderar o novo projeto, Space Force, que tem como objetivo mandar pessoas para a lua e habita-la até 2024. Para isso, ele se muda com sua esposa e filha para Wild Horse, Colorado, ficando mais perto da base onde será desenvolvido todo o projeto. Para colocar em prática a Space Force, ele conta com a ajuda do Dr Adrian Mallory (John Malkovich), que diferente de Naird, é totalmente contra guerras, e isso faz com que os dois entrem em várias discussões. Com a esposa Maggie ( Lisa Kudrow) na cadeia, e tendo que assumir os cuidados da filha Erin ( Diana Silvers), Naird se vê numa sinuca de bico onde sua vida gira somente em torno do tal projeto, e em como sua carreira depende do sucesso ou fracasso do mesmo.

    Se você for assistir esperando um The Office 2.0, pode tirar o cavalinho da chuva, apesar dos criadores serem os mesmos, Space Force -diferente do que muitos esperavam- não foi feito para agradar os fãs da sitcom, o que é bom, partindo da ideia de que os diretores podem fazer projetos completamente distintos.

    Space Force
    Space Force | Netflix

    Apesar de ser engraçada, a série parece não saber lidar com o elenco de apoio que, por muitas vezes, trouxe uma péssima atuação ao interagir com os atores principais, além de situações que ficaram perdidas no meio da história, como o fato da esposa do General aparecer presa e com uma sentença de 40 anos, sem ser apresentado o motivo para isso ter acontecido. Em momento algum a vida dos personagens é devidamente explorada, apesar do foco ser a corrida espacial até a Lua, seria interessante mostrar melhor a intimidade de cada um. A dinâmica entre Steve e Malkovich é a única coisa boa vinda da parte do elenco.

    Com a expectativa alta para a chegada de Space Force, a série não decepcionou tanto assim, apesar dos problemas com o desenvolvimento dos personagens, a história em si é muito boa, com destaque para o humor que aparece em momentos de ironia.A produção deixou em aberto algumas situações para que pudesse acontecer uma continuação, o que pode ser bom pra história, mas que também pode acabar se perdendo.

    Space Force
    Space Force | Netflix

    Apesar de momentos maçantes, Space Force ganhou o seu espaço, mesmo não sendo hilária, pode ser uma boa opção para aqueles que adoram uma crítica política disfarçada de entretenimento.

    A primeira temporada de Space Force está disponível na Netflix.

    Nota: 3/5

    Assista ao trailer:

    https://www.youtube.com/watch?v=Au7rXMuzYQQ
  • Crítica | Reality Z – 1ª Temporada

    Crítica | Reality Z – 1ª Temporada

    Reality Z é a nova série da Netflix que se destaca ao apresentar como seria um apocalipse zumbi no Brasil, tendo o estúdio de um Reality Show como único refúgio

    Você já imaginou como seria um apocalipse zumbi no Brasil? Acho que isso já passou pela cabeça de todo brasileiro que está acostumado a ver o Japão e os Estados Unidos lidando com essa situação. E foi pensando nisso que a Netflix trouxe o Reality Z.

    Reality Z mostra o Rio de Janeiro em colapso por conta de um ataque zumbi, mas antes disso, somos apresentados ao maior Reality show do Brasil, Olimpo: A Casa dos Deuses, que acaba se tornando o lugar mais seguro para estar durante uma situação dessas.

    Reality Z
    Reality Z | Netflix

    Nina ( Anna Hartman) é uma das pessoas que trabalha na produção do Reality, e acaba tomando a frente quando os zumbis começam a atacar o estúdio, tendo a missão de informar os participantes sobre que o está acontecendo. Em outro lugar, sabendo da enorme e segura estrutura do set do Reality, Ana ( Carla Ribas), ex engenheira do Olimpo e seu filho Léo ( Ravel Andrade ) entram na jornada para chegar até lá, mas acabam se deparando com o político corrupto Alberto Levi (Emilio de Mello) e sua assistente puxa saco Cristina ( Juliana Ianina) que fazem da família prisioneiros para que eles o guiassem até local da emissora. Como todo bom apocalipse, eles lidam com vários zumbis no caminho.

    A série é uma adaptação da minissérie britânica Dead Set ( do mesmo criador de Black Mirror) sendo assim, a semelhança entre as duas pode ser vista no enredo e no roteiro. Reality Z não apresenta um protagonista, mudando sempre o ponto de vista da série conforme os episódios vão passando, lembrando sempre que não podemos nos apegar a um personagem.

    Apesar da história ser extremamente interessante, as atuações deixam a desejar. Personagens mal estruturados e com um diálogo cansativo são o destaque da produção, que engata somente no sétimo episódio. Nomes como Sabrina Sato e Guilherme Weber integram o elenco totalmente sem carisma, o que torna ainda mais difícil da série ser acompanhada.

    Reality Z
    Reality Z | Netflix

    Com direção de Cláudio Torres, Reality Z parece em vários momentos uma sátira mal feita e totalmente trash, mas serviu pra lembrar que, mesmo em um apocalipse zumbi, o mal caráter do ser humano continua sendo o maior dos problemas.

    Reality Z tinha tudo para se tornar a queridinha dos amantes de zumbi, a história era interessante e no meio da produção questões do cotidiano brasileiro foram abordadas, esperávamos algo à altura de 3%, mas não aconteceu. Talvez o problema esteja na direção, ou no elenco. Ainda não sabemos se terá uma segunda temporada, mas o final da primeira deixou em aberto muitas coisas que poderiam ser bem exploradas em uma continuação. No final, Reality Z mais decepcionou do que agradou.

    A primeira temporada de Reality z já está disponível na Netflix.

    Nota: 1,5/5

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  • Crítica | Em Defesa de Jacob

    Crítica | Em Defesa de Jacob

    Em Defesa de Jacob é uma produção da Apple TV+ que trás um drama familiar cheio de mistérios, baseado na obra de William Landay que leva o mesmo nome

    Em Defesa de Jacob é uma minissérie americana que foca nos recentes acontecimentos envolvendo a família Barber. Andy Barber (Chris Evans) é um importante promotor de justiça numa cidade pequena, e vê sua vida virar de cabeça para baixo quando seu filho Jacob (Jaeden Martel ) se torna o principal suspeito no assassinato cruel de um adolescente de 14 anos.

    Acreditando na versão do filho, Andy e sua esposa Laurie (Michelle Dockery)  vão em busca da verdade para assim, conseguir provar a inocência de seu filho, mas isso não é tão simples. A vida da família se transforma do dia pra noite, perdendo amigos e seus empregos e, como se já não bastasse todo esse problema, eles descobrem que o filho não é o que parece ser.

    Em Defesa de Jacob
    Em Defesa de Jacob | Apple TV+

    Dirigida por Morten Tyldum, a minissérie se mostra impecável ao introduzir o enorme mistério numa família aparentemente “sem graça”. O suspense e o drama foram adicionados a trama na quantidade certa, prendendo o telespectador logo nos primeiros minutos.

    O elenco principal da um show de atuação, dando destaque ao Chris Evans que brilhou ao interpretar um pai e mostrar todo o seu lado dramático após anos interpretando um herói. Jaeden e Michelle não ficam de lado, ambos entregam uma atuação intensa.

    Os atores Pablo Schreiber ( advogado de acusação de Jacob) e J.K. Simmons ( pai de Andy) se destacaram ao entregar ótimas atuações, mesmo com pouco espaço de tela.

    Em Defesa de Jacob
    Em Defesa de Jacob | Apple TV+

    A temática da série não é novidade, existem várias produções que falam sobre crianças com pensamentos e ações preocupantes, a diferença de Em Defesa de Jacob se dá na maneira como isso é apresentado. Em nenhum momento fica realmente claro o envolvimento de Jacob no assassinato, deixando a interpretação livre para quem está assistindo.

    A série ainda fala sobre o gene assassino, uma vez que o avô de Jacob está preso por assassinato. A mudança da rotina, o comportamento humano e as consequências do bullying também são assuntos frequentes nos 8 episódios.

    O peso da dúvida é uma constante durante toda a trama, o que se destaca ainda mais pela fotografia belíssima com tons frios e escuros, além também da ótima direção.

    Em Defesa de Jacob
    Em Defesa de Jacob | Apple TV+

    Em Defesa de Jacob é uma série pra ser lentamente apreciada, para que se possa aproveitar todo o drama e o mistério. O destaque fica para os dois últimos episódios, deixando em aberto vários assuntos, com acontecimentos de deixar o queixo caído. Essa é sem dúvida a série que estava faltando.

    Em Defesa de Jacob já está disponível no Apple TV+.

    Nota: 5/5

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  • Dark – 3ª Temporada | Primeiras Impressões

    Dark – 3ª Temporada | Primeiras Impressões

    Série alemã original da Netflix, “Dark” tornou-se a produção mais popular do streaming, superando até mesmo Stranger Things – que, anteriormente, ocupava esse posto. Com previsão de lançamento no dia 27 de junho, a Cinerama já assistiu a sua temporada final e trouxe pra você as primeiras impressões da conclusão da enigmática aventura temporal. Confira:

    O fim é o começo. O começo é o fim. Na terceira e última temporada de Dark, a cidade de Winden descobre como tudo está realmente conectado em uma trama completamente envolvente que coloca o espectador em contato com realidades paralelas e loopings temporais. A complexidade da trama é explorada ao máximo e entrega todas as respostas para cada pergunta já feita no decorrer dos anos anteriores, finalizando seu último ciclo de forma viciante e satisfatória, com um quê de ternura no meio de todo o caos que assombra os moradores da não tão pacata cidade alemã.

    Um dos maiores sucessos da Netflix, “Dark” encerra a sua trajetória de maneira épica para todos os fãs da produção e ainda oferece uma das maiores e mais emocionantes series finale de todos os tempos.

    Sinopse: Em sua terceira e última temporada, “Dark” traz um desfecho intrigante que vai além dos conceitos de tempo e espaço. Jonas chega a um novo mundo e tenta entender o que essa versão de Winden significa para seu próprio destino. Os que permanecem no outro mundo precisam descobrir uma maneira de quebrar o ciclo, que agora não apenas altera o tempo como também o espaço. Dois mundos. Luz e escuridão. E, ao centro, uma trágica história de amor.

    A terceira temporada de Dark estreia no dia 27 de junho.

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Curiosa

    Crítica | Curiosa

    Crítica do filme francês “Curiosa” (2019), da diretora Lou Jeunet.

    Como não amar os franceses? Como não amar o amor-romântico-libertino desde Marquês de Sade?
    O sociólogo Zygmunt Bauman escreveu em seu livro “Amor líquido”:
    “O amor pode ser, e frequentemente é, tão atemorizante quanto a morte. Só que ele encobre essa verdade com a comoção do desejo e do excitamento.”
    Os libertinos são mais felizes, não pelas suas práticas sexuais, mas porque conseguem compreender melhor as nuances do amor. Os moralistas são infelizes por não arriscar, por não ir contra as regras morais impostas pela sociedade.
    Já cantava Vinicius de Moraes “é melhor se sofrer junto, do que ser feliz sozinho”, e esta é a escolha de Marie, Pierre e seus cônjuges em “Curiosa”. O sofrer está intimamente ligado a ideia de amor. Os franceses comparam o amor prático à “La petite mort”, “a pequena morte”.
    Em “Curiosa”, de Lou Jeunet, nem todos os personagens amam e são amados. Alguns apenas desfrutam da companhia do ser amado, sem a expectativa, sem o desejo da retribuição… vivendo apenas para satisfazer a vontade de quem se ama. E este é o amor mais puro que existe: amar sem esperar nada em troca. Henri Régnier, marido de Marie, se desfaz da própria essência, do seu próprio conforto, do próprio bem estar, do “moralmente aceito”. Henri faz por necessidade, ele sente necessidade de Marie. E, talvez, pelo peso na consciência? Por ter se aproveitado da ausência do amigo (Pierre Louys) para oferecer ao pai de Marie, um dote, sem consultar as suas pretensões e sem citar os sentimentos de Pierre, como havia sido combinado.

    Se eu pudesse descrever Henri em um poema, seria “O Haver”, de Vinicius de Moraes:

    “[…]
    Resta esse coração queimando como um círio
    Numa catedral em ruínas, essa tristeza
    Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
    Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história…
    Resta essa vontade de chorar diante da beleza
    Essa cólera em face da injustiça e do mal-entendido
    Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
    Piedade de si mesmo e de sua força inútil.
    […]
    Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
    De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
    E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
    Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.
    Resta essa faculdade incoercível de sonhar
    De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
    De aceitá-la tal como é, e essa visão
    Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante
    E desnecessária presciência, e essa memória anterior
    De mundos inexistentes, e esse heroísmo
    Estático, e essa pequenina luz indecifrável
    A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
    […]
    Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
    Pelo momento a vir, quando, apressada
    Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
    Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada…
    Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
    Esse eterno levantar-se depois de cada queda
    Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
    Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
    Infantil de ter pequenas coragens.”

    Essas coisas que as paixões transformam em obsessão, em “Curiosa”, não vemos o lado racional, só o emocional. O desejo interfere na própria dignidade, como não imaginar que, apesar de tudo, o importante é não perder quem se ama?
    Quem nunca parou para refletir sobre a letra da canção “Sinônimos”, de César Augusto, Cláudio Jair De Oliveira e Paulo Sérgio, conhecida nas vozes de Zé Ramalho e Chitãozinho e Xororó?:

    “Quanto o tempo o coração leva pra saber
    Que o sinônimo de amar é sofrer?
    […]
    O amor é feito de paixões
    E quando perde a razão
    Não sabe quem vai machucar
    […]
    Sinônimo de amor, é amar
    […]
    E quantos segredos traz o coração de uma mulher?
    Como é triste a tristeza mendigando um sorriso
    Um cego procurando a luz na imensidão do paraíso
    Quem tem amor na vida, tem sorte
    Quem na fraqueza sabe ser bem mais forte
    Ninguém sabe dizer onde a felicidade está.”

    Curiosa

    Não é difícil encontrar na cultura e, principalmente, no cinema francês, casos de amor como na película “Curiosa”. Os franceses carregam no sangue a frase de Marquês de Sade “Antes ser um homem da sociedade, sou-o da natureza”. E não é errado. Se todos dão consentimento, não há o que se julgar. Não deve ser apontado o dedo sobre aquilo que não se conhece, e, mais uma vez cito Sade: “Nunca devemos admitir como causa daquilo que não compreendemos algo que ainda entendemos menos”. Só quem vive um amor, ou paixões desse tipo, compreende que, todos os julgamentos sobre traição e falta de caráter são, simplesmente, desnecessários. Ninguém deixa de amar pela traição, segundo Nelson Rodrigues, algumas paixões são despertadas através da traição, como na crônica “Casal de Três”, de A Vida Como Ela É. E esse tipo de traição, nem deve serconsiderado como tal. É um romance lindo de se viver intensamente. Seja com duas mulheres, como é com Marie e sua irmã, onde ambas se unem para satisfazer a vontade de Pierre, dando-lhes prazer através das fotografias, ou como Henri e Pierre que, apesar de não fazer um ménage à trois, se aceitam.
    Há sadomasoquismo quando Henri se humilha, quando ele se ajoelha, quando ele implora o amor, mendigando o resto de afeto que possa ter restado da transa de Marie com o amante… há sadomasoquismo também quando Henri marca o encontro entre esposa (Marie) com o amante (Pierre) para apresentar-lhe “o tigre”, o fruto dessa traição. Há também quando Pierre, o amante, em forma de agradecimento, acata o pedido de Henri: deixa-o ouvir o sexo, por trás das paredes finas — os gritos, os gemidos, o arrastado da cama, as batidas das mãos na parede, os suspiros aliviados. No quarto ao lado, com ouvido colado na parede, Henri com o grito contido, as lágrimas inundando o quarto vazio. Vazio de presença e de sentimentos recíprocos… Henri sabe que não possui o amor, nem o tesão de Marie. Mas ele se apega aos suspiros de amor que ouve de Marie para o amante Pierre, e, se contenta, em meio ao sofrimento. Sim, porque Henri tem pleno conhecimento de que, este é o único momento onde ele irá ouvir a sua voz macia, a sua voz serenizada, trêmula de libido, sem que seja por mera obrigação, ou conveniência em estar cumprindo seu papel de esposa. Porque toda a razão de existir o fingimento acabou quando Marie afirmou que não o ama e nunca o amaria.
    Assim como na canção “Tá Combinado”, de Caetano Veloso:

    “Então tá combinado, é quase nada
    É tudo somente sexo e amizade
    Não tem nenhum engano, nem mistério
    É tudo só brincadeira e verdade
    Podemos ver o mundo juntos
    Sermos dois e sermos muitos
    Nos sabermos sós sem estarmos sós
    Abrirmos a cabeça
    Para que afinal floresça
    O mais que humano em nós
    Então tá tudo dito e é tão bonito
    E eu acredito num claro futuro
    De música, ternura e aventura
    Pro equilibrista em cima do muro
    Mas e se o amor pra nós chegar
    De nós, de algum lugar
    Com todo o seu tenebroso esplendor?
    Mas e se o amor já está
    Se há muito tempo que chegou
    E só nos enganou?
    Então não fale nada, apague a estrada
    Que seu caminhar já desenhou
    Porque toda razão, toda palavra
    Vale nada quando chega o amor”

    Curiosa

    Mas quem há de negar que este relacionamento que agora foi firmado através da verdade não é superior ou igual ao do relacionamento com o Pierre? “E quem há de negar que esta lhe é superior?”, como cantou Caetano Veloso. Pois, Marie demonstra afeto por Henri, diz-lhe de joelhos que a opinião de Henri é muito importante. Henri e Marie continuam com a vida de casados, convivem com a mesma delicadeza, passou o tempo das brigas.
    Como na canção “Todo Sentimento”, de Chico Buarque e Cristóvão Bastos:

    “Depois de te perder
    Te encontro, com certeza
    Talvez num tempo da delicadeza
    Onde não diremos nada
    Nada aconteceu
    Apenas seguirei, como encantado
    Ao lado teu”.

    Nota: 5/5

    Por, Paula Priscila de Melo Barbosa.

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  • Crítica | Kakegurui — 2ª Temporada é uma aposta até a loucura

    Crítica | Kakegurui — 2ª Temporada é uma aposta até a loucura

    Livros, filmes, animes e HQs oferecem ao público infinitas possibilidades de referências (não é mesmo, Capitão América?). Aproveitando esta alusão a Marvel, utilizarei o pensamento de um grande vilão contemporâneo da Cultura Pop, para reforçar uma ideia. Se “a realidade tende a ser decepcionante“, o oposto de “realidade” tende a ser agradável? Usar tal frase para legitimar a proposta de um anime é válido, porque o “irrealismo” de Kakegurui nunca decepciona (entendeu, Thanos?). Se a season 1 escancarou as portas da insanidade com uma história hipnótica, a 2ª temporada é um passo ousado para o abismo das apostas.

    Sobre a 2ª Temporada de Kakegurui:

    Após o empate que ocorreu no duelo entre a Kirari e Yumeko Jabami, os alunos passam a querer disputar a vaga de presidente do grêmio estudantil e com isso, novos jogadores chegam à escola para apimentar a concorrência: o Clã Mobobami. Quem será o grande vencedor?

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    Kakegurui / Netflix / Estúdio MAPPA

    A 2ª temporada de Kakegurui você confere na Netflix. Com doze episódios, o anime consegue manter a essência excêntrica da temporada passada e subir mais alguns degraus no quesito “insanidade”.

    Engana-se quem pensa que Naruto ou Cavaleiros do Zodíaco são as únicas opções que a Netflix tem a oferecer em seu catálogo para os fãs de animes. Não é preciso ser um “Otaku”, para reconhecer o espaço que a líder dos streamings cedeu para os amantes da cultura pop oriental. Cada vez mais, apostando nesse nicho, a plataforma oferece um cardápio de encher os olhos, com doramas, filmes e animações.

    Todo mundo já se aventurou pela Netflix, passando longos minutos procurando algo para assistir, não é mesmo? Algumas vezes, essa busca é capaz de resultar em absolutamente nada (isso é bizarro!). Em outros casos, podemos esbarrar em um conteúdo original e viciante, como aconteceu comigo. Kakegurui tornou-se o pote de ouro no fim do arco-íris, uma analogia banal, decerto, mas foque no “ouro”, pois é o dinheiro que move as escolhas dos personagens desse anime.

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    Kakegurui / Netflix / Estúdio MAPPA

    Ah, o Capitalismo! Se tem um pano de fundo que grita em Kakegurui é a dependência por cifrões, a busca pelo poder e as faces políticas. Dessa vez, os personagens estão numa corrida em busca do controle escolar: tornar-se o presidente do Grêmio Estudantil. Colocando em xeque o antigo sistema e apostando a hierarquia, assistimos em cada episódio uma sucessão de apostas e jogos que determinará o aluno a ocupar o topo da pirâmide escolar.

    No entanto, se você acha que o dinheiro será tudo o que os protagonistas colocarão na competição, engano seu! O futuro, a vida e até mesmo um “dedo” tornam-se moedas nessa temporada. Como diz a protagonista, Yumeko Jabami, “vamos apostar até a loucura?“.

    O novo ciclo do anime merece aplausos ao consolidar a trama ao redor do Clã Mobobami (sobrenome este, semelhante ao da protagonista). Os misteriosos membros desse clã oferecem para o público os motivos, tanto positivos, quanto negativos, para que possamos apostar nossas fichas, ou no personagem “x“, ou no personagem “y“. Ninguém é confiável, claro, e essa é a parte mais divertida, pois nossas tentativas de desvendar a real intenção de cada personagem é como um jogo à parte, entre nós e a narrativa. É como se o enredo dissesse “e ai, em quem você aposta?“. Pelo menos, o público tem a opção de continuar apostando, agora os personagens, infelizmente, não tem essa sorte.

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    Kakegurui / Netflix / Estúdio MAPPA

    Se na primeira temporada, Yumeko provou por A mais B que é capaz de aceitar qualquer desafio, dessa vez, ela elevou essa certeza à décima potência. Seguir os passos de uma protagonista que é uma apostadora compulsiva, garante situações peculiares. Se para ela, apostar tudo causa êxtase e deleite, resta para nós altas quantias de ansiedade, apreensão e surpresas. A linha tênue que separa vitoriosos e derrotados é o lugar preferido dela, ganhando ou perdendo, são as reviravoltas que compensam.

    Ainda falando sobre a figura principal do anime, dois inconvenientes se repetem. Mais uma vez, o enredo apresenta, de forma tímida, informações nebulosas sobre o passado de Yumeko; olhar para ela é a mesma coisa que vislumbrar a silhueta de um ponto de interrogação. Talvez, as próximas temporadas quebrem esse empecilho narrativo e nos conceda o que tanto queremos saber: quem, de fato, é Yumeko Jabami.

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    Kakegurui / Netflix / Estúdio MAPPA

    O segundo inconveniente está associado a construção da protagonista, o que pode causar olhares franzidos de alguns. Sim, Yumeko é uma personagem “apelona”, entretanto, uma vez que você compra a ideia do anime, esse fator não interfere na evolução do enredo (aqui podem existir divergência, claro!).

    A 2ª temporada mantém a qualidade visual, extrapolando as expressões macabras e distorcidas dos personagens, tal como os olhares penetrantes e chamativos, acentuados por cores neons. O estúdio MAPPA (responsável pela futura temporada final de Shingeki no Kiojin) soube expressar na tela a identidade visual do anime, assumindo o lado caricato presente nas páginas do manga. Graças ao trabalho deles, a loucura tem rosto, nome e endereço: Kakegurui!

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    Kakegurui / Netflix / Estúdio MAPPA

    Quem diz que o anime exagera ao mostrar as reações dos personagens durante os jogos é porque nunca assistiu, ou participou de uma partida de Truco no Brasil (para quem não conhece, trata-se de um jogo com muitos gritos, cartas de baralho e “roubos”).

    Os diálogos continuam ágeis e não sobra tempo para respiros. As viradas no roteiro sempre acompanham frases impactantes, que viram a mesa do jogo, repentinamente. Sabe aqueles memes, quando alguém “mita” ao dizer algo ousado, e a edição do vídeo faz surgir um óculos preto sobre a face do proclamador da frase? Prepare-se, pois Kakegurui é uma sucessão desses momentos.

    Uma vez, na primeira temporada, foi dito “na sociedade capitalista, o dinheiro e a vida são a mesma coisa… Mesmo assim, as pessoas ainda lotam os cassinos porque elas aproveitam o prazer da loucura de apostar as próprias vidas“. Se tem um mérito conquistado pelo 2º ano de Kakegurui, foi erguer a bandeira da insanidade, vestindo de uma vez por todas o traje de “anime loucamente bizarro e divertido”.

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    Kakegurui / Netflix / Estúdio MAPPA

    Quem nunca “roubou” em uma partida de dominó, Uno, Banco imobiliário, 21, pôquer ou qualquer outro divertimento que envolva estratégias, que atire a primeira pedra! Cá entre nós, você trapaceou as regras, pelo menos uma vez, não é mesmo? Se porventura, sua resposta for “não”, pode ter certeza que Kakegurui vai abrir seus olhos e mostrar como os jogos podem ser controlados pelas “artimanhas”.

    Se você procura algo diferentão, que desafie sua percepção, aposte suas fichas em Kakegurui. Ganhando ou perdendo, será uma experiência singular.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao trailer do anime:

    https://www.youtube.com/watch?v=diemXy7QKh0

    Confira a crítica da 1ª temporada clicando aqui.

    Veja também: Crítica | Eu Nunca…

  • Crítica | Fuller House – Series Finale

    Crítica | Fuller House – Series Finale

    Preparem os lencinhos, os queridinhos dos anos 80 vão nos dar um adeus definitivo, a despedida da família Tenner-Fuller já chegou na Netflix. Fuller House contém altas doses de nostalgia e momentos muito emocionantes, com participações pra lá de especiais

    As décadas de 80 e 90 marcaram toda uma geração, as roupas, músicas e danças trazem sempre um ar nostálgico para quem aproveitou essa época tão excêntrica. E não seria diferente com a televisão, as sitcons  são conhecidas até hoje, muitas delas estão disponíveis online, então sempre dá pra matar aquela saudade.  Três é Demais é uma delas, teve um papel importante na vida de várias pessoas, e poder relembrar os momentos – e até viver novos- é uma experiência mágica, Fuller House chegou como um spin-off, e se tornou um presente para os amantes de uma boa comédia familiar.

    Em Três é Demais tudo começou em 1987 quando Danny Tenner (Bob Saget) perdeu a sua esposa, recém viúvo e com as filhas Michelle ( Mary Kate e Ashley Olsen), DJ (Candece Cameron) e Stephanie (Jodie Sweetin) para cuidar, ele se vê totalmente sozinho e sem apoio. Sabendo disso, seu melhor amigo Joey (Dave Coulier) e se cunhado Jesse (John Stamos) decidem ajuda-lo, se mudando para a casa dele ajudando nas tarefas de casa e até se tornando 1/3 pais.

    Fuller House
    Três é Demais | ABC

    O que poderia acontecer com três solteirões inexperientes cuidando de três crianças? Absolutamente tudo! A sitcom era simples, acompanhava o dia a dia da família Tenner, mostrando as confusões que eles se metiam, abordando diversos assuntos  como drogas, anorexia e até mesmo o luto, além de mostrar o desenvolvimento pessoal de cada personagem. Eram coisas como essas que juntavam ainda mais as famílias na frente da TV para ver Três é Demais.

    Com as crianças crescidas e com cada um tomando o rumo de suas vidas, a série se despediu do público em 1995 depois de oito temporadas, emocionante como sempre, não desapontou os fãs que sempre tiveram um carinho enorme tanto pelo elenco, quanto pela história da família Tenner. Mas esse não foi um adeus.

    Em 2016 a Netflix lançou o spin-off,  Fuller House nasceu para apresentar as crianças agora como adultas, partindo da história da DJ, ficando viúva cedo assim como o seu pai, ela tem que lidar com a responsabilidade de cuidar dos seus três filhos Jackson (Michael Campion), Max (Elias Harger) e Tommy Jr ( Fox e Dashiell Messitt) totalmente sozinha. Após saber da situação da irmã, Stephanie e a melhor amiga da DJ, Kimmy Gibbler ( Andrea Barber), decidem seguir os passos de Jesse e Joey, se oferecendo para cuidar das crianças e morar com a DJ. E assim a história recomeça, seguindo praticamente o mesmo roteiro, mas de uma forma completamente atual.

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    Fuller House | Netflix

    Foram cinco temporadas mostrando o amadurecimento da relação entre as três, várias confusões envolvendo elas e suas famílias, além de trazer antigos amores de volta. Em vários momentos somos lembrados de bordões e situações que fizeram sucesso na antiga série, velhas tradições também são apresentadas e o cenário continua o mesmo daquele dos anos 90, além disso, o tema musical do programa continua sendo “Everywhere You Look”, agora interpretada pela Carly Rae Jepsen, dando a estranha ilusão de que não ficamos órfãos por 21 anos.

    O spin-off serviu também para reunir quase todo o elenco, tendo participações da Tia Rebecca ( Lori Loughlin) e tornando o queridinho ex namorado na DJ, Steve (Scott Weingner) uma figura presente. Como eu disse, quase todo o elenco antigo apareceu, a exceção aconteceu quando as irmãs Olsen decidiram não participar, dando lugar para Kimmy Gibbler ser uma das personagens principais. Além das carinhas que já conhecemos, novos talentos se juntaram, e assim foi formada a família da Kimmy, com sua filha Ramona ( Soni Bringas), seu ex marido Fernando (Juan Pablo Di Pace) e seu irmão mais novo Jimmy ( Adam Hagenbuch), que acaba se relacionando com a Stephanie.

    Esse é o típico spin-off desnecessário que se tornou necessário, é aquela velha história do “ não sabia que queria tanto, até assistir”, é um fan servisse que apesar das duras críticas, fez sucesso com a fã aqui.

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    Fuller House | Netflix
    Sobre a 5ª temporada e o final da série.

    A primeira parte da 5ª temporada saiu no ano passado, deixando em aberto como seria o casamento de DJ, Stephanie e Kimmy. A chegada da última parte trouxe uma das maiores doses nostálgicas de toda a série, e também as situações mais emocionantes. Assim como Três é Demais, Fuller House nos entregou um final digno para uma série familiar.

    Com participações mais que especiais, o elenco se despediu concluindo a vida de cada um da maneira que deveria ser, adultas, apaixonadas e com seus filhos crescidos decidindo o rumo que cada um irá tomar. Não é nada fora do comum, nem um final digno de Oscar, mas serve para lembrarmos que estávamos acompanhando o dia a dia deles como se fossem nossos vizinhos, e que uma hora tudo acaba.

    Cheia de nostalgia e com um grande elenco, Fuller House continua sendo uma série pra assistir em família, com referencias maravilhosas e momentos extremamente emocionantes. Foi a conclusão de uma história que todos nós conhecemos e “fizemos parte”.

    A 5ª temporada já está disponível na Netflix.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | The Last Days of American Crime

    Crítica | The Last Days of American Crime

    Baseado no romance gráfico da Radical Publiching criada por Rick Remender e por Greg Tocchini, “The Last Days of American Crime”, ficção futurista estrelada por Édgar Ramírez, chega ao streaming da Netflix sob a direção de Olivier Megaton e entrega uma sociedade distópica mergulhada em uma trama cheia de suspense e ação.

    O thriller de crimes da história em quadrinhos “Os Últimos Dias do Crime Americano” é ambientado em um futuro não tão distante, onde o governo dos Estados Unidos, como resposta final ao terrorismo e às práticas criminosas, planeja a transmissão de um sinal que impossibilita civis de cometerem atos ilegais conscientemente. No contexto sociocultural da trama, grandes questões acerca da acuidade do projeto governamental são levantadas por toda a população e, no meio do caos e por detrás dos panos, Graham Bricke (Édgar Ramírez), um ladrão de bancos, se une ao gângster Kevin Cash (Michael Pitt) e à hacker Shelby Dupree (Anna Brewster) para planejar o assalto do século e o último crime na história americana antes do sinal disparar.

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    The Last Days Of American Crime /Netflix

    “The Last Days of American Crime” é uma obra inovadora. Em um cenário cinematográfico no qual ideias são constantemente reutilizadas e grandes novidades são cada vez mais escassas, o filme de Olivier Megaton acerta em cheio em suas escolhas. A HQ futurista oferece um conceito novo e intrigante alinhado a elementos de ação, suspense e drama que elevam o nível da produção a uma experiência cartunística única onde a impressão é a de ver as páginas de um gibi ganhando vida, principalmente em suas dezenas cenas de violência completamente gráficas.

    Na adaptação, a narrativa totalitária americana que gira ao entorno dos três protagonistas do longa é o suficiente para acender a curiosidade e o interesse do espectador e transmitir a sensação de perigo iminente. Sob o pretexto de servir como “proteção ao cidadão”, o sinal construído pelo governo que erradicaria os crimes não afeta os membros da polícia, que têm chips implantados para bloquear as ondas eletromagnéticas que basicamente paralisam as funções motoras dos possíveis criminosos, e, assim, o cenário de controle mental que já era problemático torna-se cada vez mais adverso, em uma gradação hermética e banhada a muito sangue.

    A mais nova produção da Netflix contém inúmeros pontos positivos, dentre os quais incluem as cativantes performances de seu trio de protagonistas. Encarnando na pele dos personagens de 2009 de Rick Remender e de Greg Tocchini, o criminoso Graham Bricke e a hacker Shelby Dupree oferecem uma química notável que arrecada torcidas pelo sucesso de sua jornada por parte do espectador, enquanto o gânsgter Kevin Cash embarca em uma jornada lunática que mostra as diversas facetas de seu comportamento. A construção de seus arcos, tanto como um grupo quanto individualmente, é cautelosa e bem construída, de modo que o entendimento da obra como um todo é fácil e preciso.

    Somado aos acertos da obra, a direção de fotografia de Daniel Aranyó se sobressai e consegue captar o tom do filme em sua essência. A cidade é mostrada em um tom melancólico e violento, sendo palco para mais de 2 horas de ação ininterrupta. O cenário age como um personagem do filme, retratando algo próximo do interior de cada um que aparece em tela e que vive o contexto caótico de um governo totalitário que tenta implantar uma onda mental para controlar as ações de seus civis.

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    The Last Days Of American Crime /Netflix

    “The Last Days of America Crime” é excelente, pecando, contudo, em um aspecto específico de seu decorrer. A duração do longa parece que poderia ser resumido em menos do que as duas horas e meia que foram disponibilizadas pelo streaming, de forma que alguns momentos da produção são, infelizmente, muito apáticos e até tediosos. Porém, a inércia de pontos isolados da adaptação da HQ da Radical Publishing não se compara à imensa qualidade e a todo o mérito que o filme conquistou e apresentou em seu desenrolar.

    “Os Últimos Dias do Crime Americano” chega no dia 5 de junho de 2020 como uma agradável e surpreendente surpresa, carregando consigo fatores e inovações não vistos todos os dias em uma produção do streaming. Olivier Megaton mira alto e acerta em cheio.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Os Olhos de Cabul

  • Crítica | 18 Presentes

    Crítica | 18 Presentes

    18 Presentes é umas das novas produções internacionais da Netflix, é um filme totalmente comovente, simples e verdadeiro, mostrando a ligação entre mãe e filha de um jeito fora do comum.

    18 Presentes é um drama italiano e uma das mais recentes produções da Netflix, entrou este mês no catalogo com uma história extremamente interessante. A maneira como o trailer não deixa claro o que vai acontecer no filme acaba chamando bastante  a atenção e nos surpreendendo – positivamente- no decorrer da história.

    O filme é separado em dois momentos, no primeiro momento da trama acompanhamos a história de Elisa Girotto (Vittoria Puccini) uma grávida que descobre ter câncer terminal e, sabendo que não tem muito tempo, decide comprar presentes para cada ano de sua filha, até ela completar os 18 anos, deixando a tarefa de entrega-los para o seu marido Alessio Vicenzotto (Edoardo Leo).

    18 Presentes
    18 Presentes | Netflix

    Logo depois o filme tem um salto de 18 anos, apresentando Anna (Benedetta Parcaroli) filha de Elisa, que foi criada pelo seu pai Alessio, o qual não tem uma boa relação por serem totalmente diferentes, e por estarem passando por momentos conturbados da adolescência da garota, onde a rebeldia tomou conta. Anna, ao contrario de todos de sua família, acha uma besteira receber os presentes de sua mãe que nem sequer teve a oportunidade de conhecer, além deles não refletirem nos gostos pessoais da menina. Fugindo no seu 18º aniversário, Anna acaba sofrendo um acidente de carro.

    O filme não esclarece exatamente o que aconteceu assim que Anna sofreu o acidente, mas mostra que a motorista que a atropelou foi a sua mãe –até então morta- como se o tempo tivesse voltado para o dia em que ela descobriu estar doente, fazendo Anna ter contato com Elisa e a transformando em amigas sem que ela saiba que é sua futura filha.

    O longa usa a metáfora da viagem no tempo pra mostrar essa ligação entre mãe e filha, flertando sempre entre a vida real e a ficção. Além de evidenciar, através das personagens, o quanto nós criamos expectativas em relação ao outro, o que em alguns casos acaba resultando em frustração, mas trás momentos emocionantes durante a interação entre elas, tornando o argumento totalmente comovente.

    18 Presentes
    18 Presentes | Netflix

    Apesar do filme ser ambientado em 2001, a história por trás dele é baseada em fatos reais que aconteceram em 2017, onde a verdadeira Elisa Girotto faleceu deixando assim os 18 presentes para a sua filha. O pai, Alessio Vicenzotto, participou da criação do filme, trabalhando no roteiro ao lado de Francesco Amato ( que também dirigiu), Massimo Gaudioso e Deivide Lantieri. A história, que é bonita por si só, se tornou ainda mais especial por conter um elenco principal composto somente por atores italianos, que deram um show de atuação durante o filme todo.

    18 Presentes é lindo, comovente e especial. Estreou em maio na Netflix e já obteve o seu lugar no Top 10 da Netflix Brasil. É aquele tipo de filme que dá um aperto no coração por ser a realidade de muitos, é apaixonante e merece ser assistido.

    18 Presentes está disponível na Netflix.

    Nota :3/5

  • Crítica | Você Nem Imagina

    Crítica | Você Nem Imagina

    Você Nem Imagina é uma das novas produções da Netflix que, assim como “Por Lugares Incríveis”, também aposta em um romance com uma pegada cult e um pouco de drama

    Você Nem Imagina  é uma das novas produções da Netflix , escrita e dirigida por Alice Wu, ela apresenta Ellie Chu (Leah Lewis), uma adolescente chinesa que vive numa cidade pacata dos Estados Unidos desde os quinze anos e que, por ter vários talentos além da inteligência e estar passando por um momento financeiro difícil, acaba cobrando para fazer trabalhos para toda a classe. Sabendo do seu dom para escrever textos, o atleta não tão popular e extremamente carismático  Paul Munsky (Daniel Diemer) acaba contratando Ellie para escrever cartas de amor para a sua pretendente Aster Flores (Alexxis Lemire).

    Trabalhando juntos para criar uma maneira de Aster se apaixonar por Paul, e começando uma amizade que envolve até a família dos dois, Ellie acaba atrasando os planos de seu amigo com a pretendente, já que ela também acaba mostrando que secretamente está apaixonada por Aster.

    Você Nem Imagina
    Você Nem Imagina | Netflix

    Abrindo com uma frase de Platão que diz “Amor é apenas o nome do desejo e da busca pelo todo”, o filme mostra de maneira simbólica o amor e como ele pode ser tratado de formas diferentes por diferentes pessoas.  Enquanto algumas acreditam em amor à primeira vista e almas gêmeas, outras preferem ter os pés no chão e esperar que o acaso ou consequências da vida tragam o amor, e algumas até desistem de encontrar o amor e focam em coisas diferentes.

    Apesar de aparentar ser mais um romance adolescente, ao assistir nos deparamos com um tema sério como a falta de oportunidade e o impacto financeiro e cultural que algumas pessoas sofrem ao tentar uma oportunidade nos Estados Unidos, e todo um peso dramático na construção dos acontecimentos que cercam a trama como a religião e a influência dela nas cidades pequenas, e a descoberta da sexualidade na adolescência, sendo alguém que não tem ninguém além da professora e do pai que sofre pela cultura diferente, depressão e a perda da esposa, para conversar.

    Você Nem Imagina
    Você Nem Imagina | Netflix

    Você Nem Imagina, apesar de conter os clichês, que mais pra frente são utilizados pra quebrar os próprios clichês, é extremamente bem estruturado e bem trabalhado, vem se desenvolvendo de uma maneira tímida, com toques do cinema cult, fugindo de todo o glamour que alguns filmes apresentam sobre a adolescência, mas com um carinho e cuidado que sentimos que foram utilizados na construção de cada cena, música, locação ou figurino.

    No final das contas, o filme não é uma obra prima, mas deve ser apreciado como se fosse. Ele nos mostra o amor na sua forma mais crua e como ele pode ser entendido, afinal, por mais que o amor possa ser violento, ele também é o ponto de partida para as histórias mais expressivas, principalmente se você é alguém que está se descobrindo e descobrindo as várias formas de amar. Mesmo o filme se vendendo como um filme LGBT+, a história acaba não focando tanto nesse lado, mas sim sobre o primeiro amor e o sobre amizades que vão além da orientação sexual. 

    Você Nem Imagina é dramático e ao mesmo tempo extremamente delicado, e mostra mais uma vez que o cinema é uma das formas mais bonitas de falar sobre o amor.

    Você Nem Imagina está disponível na Netflix.

    Nota: 3/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Eu Nunca… – 1ª Temporada

    Crítica | Eu Nunca… – 1ª Temporada

    Eu Nunca…estreou esse ano na Netflix e já está conquistando o seu espaço no coração dos jovens

    Eu Nunca…é a nova série adolescente produzida pela Netflix, e nos apresenta a vida de Devi ( Maitreyi Ramakrishman) narrada estranhamente, mas com um propósito, pelo famoso tenista John McEnroe. Devi é uma adolescente de origem indiana que nasceu na Califórnia (EUA), e que como se não bastasse todos os problemas envolvendo os perrengues da adolescência e do amadurecimento, ela acaba perdendo o seu pai de forma repentina, o que acaba influenciando em algumas mudanças em seu comportamento.

    Eu Nunca...
    Eu Nunca… | Netflix

    Entrando no segundo ano do colegial, Devi decide passar por cima dos seus problemas do passado. Querendo se tornar popular, ela envolve as duas melhor amigas Fabiola (Lee Rodriguez) e Eleanor (Ramona Young) em uma busca desconcertante atrás de namorados populares, já que elas são extremamente nerds, e isso acaba envolvendo as três – principalmente a Devi- em muitas situações constrangedoras e descobertas pessoais. Tendo uma paixonite pelo cara mais gato e descolado da escola Paxton (Darren Barnet), um forte inimigo que é tão nerd e competitivo quanto ela Bem ( Jaren Lewison), uma mãe difícil de lidar e uma prima que ofusca as atenções por ser bonita demais, Devi vive a vida atrapalhada de uma adolescente americana.

    Apesar de estar cheia dos clichês adolescentes que já vimos várias vezes em outras produções, essa tem o seu brilho por fugir de vários estereótipos e tocar em assuntos como sexualidade e o luto de um jeito particularmente especial. A comédia criada por Mindy Kaling ( a Kelly Kapoor do The Office) em parceria com Lang Fisher (Brooklyn 99) já é a queridinha dos assinantes da Netflix, trazendo um elenco cheio de revelações e diferenciado, e com uma história cheia de altos e baixos, erros e acertos e muita, mas muita vergonha alheia, daquelas que dá vontade de levantar do sofá e gritar “ NÃO FALA ISSO, DEVI!!”.

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    Eu Nunca… | Netflix

    Para os amantes das séries que a Netflix já produziu sobre o universo adolescente, essa sem dúvida não decepciona. O carisma dos atores trás  todo um tom especial, além do mundo nerd ser abordado fora do estereótipo.

    Mostrando que a adolescência pode ser um saco e ao mesmo tempo uma das melhores fases da nossa vida, Eu nunca… é o alívio cômico que estávamos precisando em tempos de confinamento como esses, nunca uma série chegou em tão boa hora!

    Eu Nunca… está disponível na Netflix.

    Nota : 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Killing Eve – 2ª temporada é um desfile de mortes, Alta Costura e muita obsessão

    Crítica | Killing Eve – 2ª temporada é um desfile de mortes, Alta Costura e muita obsessão

    Se no mundo do cinema, a continuação de um filme é responsável por projetar no público muita expectativa, na TV isso não é diferente, ainda mais quando se fala numa season 2 de uma aclamada série. A pressão para entregar algo que respeite e exceda o nível de uma temporada inaugural, pode ser uma catapulta para grandes surpresas ou decepções. Em 2018, o show Killing Eve estreou, tornando-se um grande sucesso, que rendeu a Jodie Comer o Emmy de melhor atriz em série dramática e fez Sandra Oh arrematar um Globo de Ouro. Magnifica, divertida e perigosa, a 2ª temporada repete o resultado de sua antecessora, nos deixando obcecado, mais uma vez, pela trama ousada e excêntrica.

    Sobre a 2ª temporada de Killing Eve:

    Começando segundos após os eventos da última season finale, com Villanelle desaparecida e ferida, e Eve sem saber se a mulher que esfaqueou está viva ou morta, observamos Os Doze agirem nas sombras, apagando seus rastros. Com ambas em apuros, Eve precisa encontrar a serial Killer antes que alguém o faça. Mas, infelizmente, ela descobrirá que não é a única pessoa procurando a assassina.

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    Killing Eve / BBC America

    Nas telas, os homens sempre estiveram à frente de um excelente thriller de espionagem. Subvertendo essa premissa, Killing Eve não apenas desconstrói o jogo de “gato e rato” em sua 2ª temporada, como evoluí a dinâmica entre a “mocinha” e a “vilã” (termos caricatos, eu sei, mas é somente para ilustrar os rostos desse jogo obsessivo). Com 8 episódios, o segundo ciclo da série está disponível no serviço de streaming da Globoplay.

    Antes de prosseguir, preciso alertá-los do uso excessivo de aspas nesta análise. Tudo o que estiver entre aspas é dito no sentido figurado, mas, ao mesmo tempo, não. Parece confuso, confesso, mas em Killing Eve nem tudo o que parece é, mas no fundo é! Entende? Nada é gritado aos quatro ventos. Enxergamos algo, que muitas vezes, não está lá. Escutamos vozes nos momentos silenciosos. Mas, em algum ponto dessa 2ª temporada, as coisas finalmente começam a ganhar mais forma; ou quase isso!

    Se a primeira temporada colocou agente e assassina no centro de uma caçada desenfreada. Dessa vez, os motivos para tal acontecimento são remodelados. Temos uma nova assassina, alianças repentinas, encontros e desencontros que decidem quem vive e quem morre.

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    Killing Eve / BBC America

    É preciso aceitar um fato sobre Villanelle e Eve. Ambas deixaram de ser, apenas, lados opostos numa conexão entre protagonista x antagonista. Elas estão, de fato, em um “relacionamento” (lembre-se da regrinha sobre as aspas!). A admiração (ou obsessão) que conecta as duas é moldada por medo e excitação, arrependimentos e desejos, curiosidades e descobertas. Qualquer um é capaz de enxergar no ar a tensão sexual que paira entre elas, que logo se transforma numa válvula destrutiva para os que estão ao redor; como o marido de Eve, sua chefe e seus colegas de trabalho.

    Pode-se dizer que o fio condutor, presente no início desta temporada é o “término do relacionamento“. Eve tenta continuar sua vida, se jogando de cabeça na investigação atrás de uma nova assassina. Ela se mostra forte, a princípio, mas a ausência de sua “assassina favorita” desperta nela uma abstinência que é percebida até por aqueles que estão em sua volta. Ela finge que superou o “término“, mas nós, desse lado da tela, sabemos que não é bem assim!

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    Killing Eve / BBC America

    Machucada, enfurecida e ainda mais obcecada, Villanelle, por sua vez, está “na fossa“. Ela não quer seguir adiante, por isso acompanhamos suas tentativas de “seguir para trás“. Aproveitando os sentimentos que afetam a mente da personagem, o roteiro nos permite enxergá-la por outra perspectiva. Tudo fica mais interessante, quando ela expressa seu “ciúmes“, ao descobrir que há outra mulher fazendo seu trabalho.

    Phoebe Waller-Bridge entregou um texto excelente e animadamente perigoso na primeira temporada, e a nova showrunner, Emerald Fennell, honra esse legado. Atriz, diretora e escritora, ela cria uma narrativa que segue de braços dados com a imprevisibilidade, nos chocando e nos fazendo rir em momentos inoportunos. Compreendendo a bagagem que a série carrega, isso não a impede de colocar sua própria identidade no enredo. Uma mistura de humor ácido, suspense, drama e altas doses de obsessão. Emerald tem uma assinatura que se apega aos pequenos detalhes, tornando-os grandes.

    Killing Eve 2ª temporada
    Killing Eve / BBC America

    A analogia a seguir é um pouco Nerd, mas preciso fazê-la. Se superpoderes existissem, Sandra Oh teria o dom da “super atuação”. É revigorante observá-la se entregar de corpo e alma em seu papel. É de arrepiar! Como protagonista, dessa vez, ela precisa trilhar um longo caminho por uma estrada repleta de pontos de interrogação, para assim entender o que de fato mantém esse laço entre ela e sua “inimiga“. Afinal, a cola que segura essa relação são as diferenças entre elas? Ou as semelhanças? São essas respostas que Eve buscará, para descobrir quem de fato é.

    Repitam comigo “você não pode se apegar a uma assassina!“. Pois é, eu sei, não é fácil. Se as séries viessem acompanhadas de sessões de terapias, isso seria o que um psicólogo diria para nós. Insanidades à parte, a culpa por desenvolvermos esse apego a Villanelle é total e exclusiva da atriz Jodie Comer. Ela é alma dessa série e isso é visível nas minúcias que compõe sua personagem: carisma mortal, humor incomum, desequilíbrio e trajes luxuosos (com exceção do pijama infantil). Sua troca de figurinos só não é maior que o número de expressões que a atriz faz, reforçando sua versatilidade e brilhantismo.

    Killing Eve 2ª temporada
    Killing Eve / BBC America

    Mesmo sem passaporte, cada episódio de Killing Eve nos faz embarcar pelos cantos mais remotos da Europa. A arquitetura, os monumentos, as belas paisagens e pontos turísticos tornam-se um charme a mais. É fácil se perder nos cenários, capturados com maestria pela fotografia.

    A Cultura Pop está aí, com muitas referências disponíveis. Por isso, farei algumas alusões dessa contínua jornada que o “herói” percorre para compreender o que o separa do “vilão”. O quinto filme de Harry Potter, fez o bruxinho se questionar se ele realmente era tão distinto assim de Lord Voldemort, lembra? Na franquia O Senhor dos Anéis, Frodo tem a missão de destruir o objeto de poder de Sauron, entretanto, no caminho, ele começa a sentir-se obcecado pelo Anel.

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    Killing Eve / BBC America

    Como podem ver, heróis e vilões estão, ao mesmo tempo, separados e interligados por semelhanças e diferenças. É um paradoxo constante! Na 2ª temporada de Killing Eve, isso acontece também, mas com outra releitura, obviamente. É surreal acompanhar esse dilema, que é trabalhado nos diálogos, nos olhares, nas roupas e, acima de tudo, nas escolhas das personagens principais.

    Talvez, sua lista de séries para assistir esteja gigantesca, porém sempre vale a pena dar um tiro no escuro e se deleitar com algo novo, como Killing Eve. Esta é uma série moderna, repleta de surpresas, que fará você “maratonar” os episódios com extrema urgência e sede de reviravoltas. E, é claro, temos Sandra Oh e Jodie Comer, que são razões mais que o suficiente para você contemplar essa obra televisiva.

    Por último, saiba que não me responsabilizo, caso você desenvolva uma obsessão por Eve e Villanelle.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Hollywood.

  • Crítica | A Missy Errada

    Crítica | A Missy Errada

    A Missy Errada é a nova comédia da Netflix e garante boas gargalhadas com direito a altas doses de vergonha alheia

    A Missy Errada é uma comédia com a premissa simples, um homem conhece uma mulher pela internet, a convida para um jantar e acaba percebendo que ela é mais parafuso solto do que aparentava. E é isso que acontece com o recém-divorciado Tim Morris (David Space), que acaba indo em um encontro as cegas com Melissa (Lauren Lapkus), uma mulher jovem e extremamente fora da caixinha, o que não agrada muito o Tim, que acaba fugindo do encontro e perdendo assim o seu contato com a Melissa.

    Dois meses depois, durante uma viagem, Tim encontra a mulher perfeita no aeroporto e totalmente por acaso, os dois – que tem muitas coisas em comum- logo começam a sentir algo um pelo outro, mas acabam tendo que se separar por conta dos compromissos que já haviam marcado, e o acaso (muito engraçado) nos mostra que a garota dos sonhos também se chama Melissa. Após trocarem números de telefone, Tim decide chamar Melissa para uma temporada no Havaí com o pessoal do seu trabalho, mas acaba convidando a pessoa errada, e só se dá conta do erro quando é tarde demais.

    A Missy Errada
    A Missy Errada | Netflix

    Ao começar o filme, vemos a abertura do Happy Madison Productions, produtora fundada pelo Adam Sandler em 1999, sendo assim, já da pra ter uma ideia de como o filme vai ser e qual o rumo que ele vai levar. Com um elenco conhecido por bater cartão na maioria dos filmes de Sandler, o mesmo não aparece neste, mas podemos enxergar referencias ao seu humor peculiar e piadas que são sim engraçadas, e que não passam despercebidas.

    O roteiro que foi escrito por Chris Pappas e Kevin Barnnet é extremamente previsível, o que não foge nada das comédias que já conhecemos e amamos, levando em consideração também a uma hora e meia só de filme, duração normal para filmes como este, que demarcam certinho os seus acontecimentos entregando exatamente aquilo que o espectador espera , sem viajar na história e sem se aprofundar tanto em detalhes.

    Apesar de ser um filme totalmente pastelão, a atuação de Lauren foi brilhante, conhecida por ser engraçada por si só e pelos seus papéis em séries da televisão, não há duvidas de que a escolha de trazer ela para interpretar a Missy foi mais que perfeita. Foi um destaque que a atriz merecia, e um papel em que ela pôde aproveitar bem o seu lado humorista.

    A Missy Errada
    A Missy Errada | Netflix

    Em meio a doses gigantescas de vergonha alheia e situações capazes de tirar qualquer um do sério, o filme é bem engraçado, mesmo não entregando nada além do que já esperávamos, o que facilita na aceitação na forma em que os rumos vão sendo tomados, é o típico filme Sessão da Tarde e que você não vai se arrepender de assistir ( eu acho).

    A Missy Errada estreou no dia 13 de maio e já está no Top 10 da Netflix Brasil. É uma ótima pedida pra assistir no fim de tarde com um baldão de pipoca.

    A Missy Errada está disponível na Netflix.

    Nota: 2,5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Os Olhos de Cabul

    Crítica | Os Olhos de Cabul

    Baseado no best-seller internacional “As Andorinhas de Cabul”, de Yasmina Kadra, a animação 2D “Os Olhos de Cabul” – dirigido pelas francesas Zabou Breitman e Eléa Gobbé-Mervellec – carrega o espectador por uma obra delicada e crítica em um universo pintado por aquarela e por muita violência.

    Sob o regime do Talibã, o verão de 1998 em Cabul amanhece no meio de miséria e misoginia. Esperanças que pontualmente circulam pela cidade são massacradas pelo cenário catastrófico historicamente imposto ao povo e que, até hoje, tem raízes que assolam a comunidade local. Na capital do Afeganistão, no entanto, encontram-se o amor e expectativas por um futuro melhor, no qual as crianças seriam ensinadas e cresceriam para mudar o mundo.

    Apaixonados, Mohsen e Zunaira são um casal de jovens professores que ainda enxergam uma luz no fim do túnel. Porém, assim como uma flor que nasce em um deserto, o amor dos dois é ressecado pelo fundamentalismo religioso da época e, por um gesto tolo, a vida mostra que guinadas irrevogáveis são uma constante no cenário angustiante onde o conto se desenvolve e que finais felizes em histórias de monstros reais são utopia.

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    Os Olhos de Cabul / Vitrine Filmes

    Integrante da seleção “Un Certain Regard”, de Cannes, e vencedor do Prêmio da Fundação Gan, que incentiva a distribuição de filmes, “Os Olhos de Cabul” é uma história pesada que retrata uma realidade triste e perigosa. Crítica essencial para todos que entrarem em contato com a produção, a direção do longa é um acerto primoroso ao conseguir retratar as perspectivas masculinas e femininas nesse caos imposto pelo Talibã, principalmente com os planos ponto de vista que mostram a visão das mulheres por debaixo da burca e o contraplano dos homens violentos que não conseguem enxergar seus olhos. Uma poesia delicada e importante para o contexto explorado pelas diretoras.

    O controle talibã na capital afegã fornece personagens interessantes e complexos que corroboram brilhantemente para o desenvolvimento da elegante adaptação do livro de Yasmina. A sensação de incômodo é constante e intencional, uma vez que temas aterradores como o feminicídio e o fanatismo religioso são tratados como ordinários pelo regime totalitário – dando vida à cenas angustiantes em que sugerem descartar uma esposa doente ou quando as apedrejam em praça pública.

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    Os Olhos de Cabul / Vitrine Filmes

    Honesto e inteligente, o roteiro nos surpreende até o último segundo. O ambiente opressor e todas as andorinhas são um contraste que transmite a resistência da vida mesmo em tempos tão adversos, em uma experiência simples, direta e bem executada com diversos toques de requinte e intensidade. A força poética é uma meditação sobre a liberdade de um povo oprimido que luta para fugir das amarras de um sistema quebrado.

    A intenção das diretoras do longa é clara desde o início, como uma obra pessoal que só elas pudessem tirar do papel. Necessário para a sociedade e carregando uma mensagem importante, “Os Olhos de Cabul” é uma surpresa agradável – com pinceladas suaves que fazem ter a sensação de assistir um quadro em movimento. Peça de resistência, o filme é digno de reconhecimento e muita admiração.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Jack Ryan – 2ª Temporada

  • Crítica | Jack Ryan – 2ª Temporada

    Crítica | Jack Ryan – 2ª Temporada

    Produção original da Amazon Prime, a segunda temporada da série sobre o analista mais famoso da CIA foi encomendada antes que a transmissão de sua primeira terminasse. Aposta alta da gigante do streaming, a continuação da história de Jack Ryan entrega mais ação em uma trama política viciante.

    “Tom Clancy´s Jack Ryan” traz novamente John Krasinski (“Um Lugar Silencioso”) como um agente secreto do governo americano. Diferente do estereótipo historicamente aplicado aos espiões do audiovisual, Jack é bem realista e crível, apresentando uma dose de “humanidade” que facilita sua identificação com boa parte do público e o torna um grande sucesso. Tão vulnerável quanto um civil, o servidor da CIA – após lidar com uma grande ameaça terrorista na primeira temporada – se encontra, agora, no meio de uma crise política na Venezuela.

    A segunda temporada da série de ação da Amazon Prime foge da ameaça global previamente causada por Suleiman e foca, agora, em um caos político mais próximo da nossa realidade. Nela, depois de rastrear uma remessa potencialmente suspeita de armas ilegais na selva venezuelana, o oficial da CIA segue para a América do Sul para investigar uma série de pistas. Ameaçando descobrir conspirações de longo alcance, as ações de Jack levam ele e seus companheiros em uma missão profunda e labiríntica.

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    Jack Ryan / Amazon Prime Video

    “Jack Ryan” volta com muitos pontos positivos que atestam a qualidade da produção milionária da Amazon. Aqui, a série se distancia do enredo de dualidade apresentado anteriormente, no qual todos eram apresentados como “bons” e “maus”, e aposta em uma trama que deixa os personagens no cinza, incluindo Ryan. Tudo se torna mais interessante e intenso, sobretudo quando diversos acontecimentos inesperados nos fazem questionar as reais motivações de cada personagem. Méritos para as adições ao elenco, como as de Noomi Rapace, Jordi Mollá, Michael Kelly e Tom Wlaschiha, que dão vida a papéis complexos, injetando adrenalina e profundidade à temporada.

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    Jack Ryan / Amazon Prime Video

    Definitivamente interessante e bem desenvolvida, a segunda temporada de Jack Ryan, contudo, peca em questões firmadas no primeiro ano da série que a fizeram se destacar e se diferenciar de muitas outras. Comandado por Carlton Cuse e Graham Roland, o protagonista de Krasinski teve muitas camadas eliminadas para se enquadrar como um herói de ação mais convencional e direto, de modo que grande parte do charme que tornou o personagem de Tom Clancy tão bem conceituado fosse prejudicada. Questões como a resistência de Ryan em ser um agente de campo foram deixadas de lado e substituídas por um profissional experiente que se recusa a abandonar o solo inimigo.

    A mudança de diretriz no tratamento do analista da CIA, porém, não diminui, nem por um momento, a qualidade da segunda temporada. Muito em razão de John Krasinski, que claramente se sente confortável no papel e o moldou com especificidades marcantes, a trama e tudo que a envolve captura o espectador e se desenvolve em um plano multifacetado que conecta as diversas histórias que convergem em tela, oferecendo uma experiência agradável e marcante, digna de um carro-chefe de uma das maiores empresas do mundo, mesmo que a evidente simplificação do roteiro quando comparado com o ano anterior se sobressaia.

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    Jack Ryan / Amazon Prime Video

    Investindo mais na ação gráfica em comparação à primeira temporada, o segundo ano da série é bem diferente de tudo o que vimos previamente na história de Ryan. Nele, apesar de a dupla de criadores da Amazon terem aberto mão de diversos níveis de complexidade que moldaram todo um conceito em 2018 e terem seguido por um caminho completamente diferente nessa nova aventura, a nova temporada de “Tom Clancy´s Jack Ryan” tem muito mérito e acerta em quase tudo o que se propõe a fazer, ainda que certas escolhas não fossem as mais apropriadas.

    “Jack Ryan” veio à público para, novamente, mostrar que é uma aposta que deu certo para a Amazon Prime. Disponível em oito episódios na plataforma de streaming, a empresa já renovou a série para uma terceira temporada.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Trolls – World Tour

    Crítica | Trolls – World Tour

    Sequência da animação de 2016 da DreamWorks, “Trolls: World Tour” oferece uma segunda rodada de cantos contagiosos e muita energia em uma aventura colorida sobre o universo e o poder da música.

    Na continuação da história das criaturas mais felizes do mundo, Anna Kendrick e Justin Timberlake retornam à franquia para dar novamente vida aos seus personagens em uma trama que expande o universo Troll previamente estabelecido. Nesse novo episódio, muito além do que conhecem, Poppy (Kendrick) e Branch (Timberlake) descobrem que são apenas uma de outras várias tribos de Trolls espalhadas pelo continente. Dedicadas cada uma a um tipo específico de música (Pop, Rock, Funk, Country Clássica e Techno), o mundo perfeito dos monstrinhos coloridos vira de ponta cabeça quando a rainha do Hard Rock, Queen Barb (Rachel Bloom), embarca em uma missão para eliminar todos os gêneros musicais existentes e converter todos os seres unicamente ao Rock.

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    Trolls: World Tour / Universal Pictures Brasil

    “Trolls: World Tour” aprofunda consideravelmente a história das criaturas dançantes e imerge o espectador na mitologia do mundo mágico. Servindo como gatilho para o desenrolar da trama, tomamos conhecimento de que, em tempos longínquos, todos os povos e todos os gêneros musicais, que hoje vivem em completo isolamento e sem contato uns com os outros, viviam em harmonia em uma mesma grande comunidade. Guiados pela existência de seis cordas mágicas que, a princípio, continham a fonte de toda a música conhecida, os Trolls acabam por se separar e seguir caminhos opostos, cada qual com sua Corda mística.

    Isso, contudo, até Queen Barb decidir roubar todas elas e subjugar todos os seres de sua espécie.

    O filme é definitivamente doce e ainda mais colorido e feliz do que o seu antecessor, se isso é possível, e carrega uma importante mensagem acerca da inclusão, da diversidade e do respeito – tanto em termos musicais quanto culturais. Se ele não chega ao nível do seu antecessor (como é o caso da maioria das sequências), ainda consegue fazer públicos de todas as idades sorrirem, principalmente por todo o seu visual e por todos os seus covers viciantes e suas músicas originais que são brilhantemente interpretadas pelos nomes de peso que compõem o elenco.

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    Trolls: World Tour / Universal Pictures Brasil

    Previamente programado para a estreia nos cinemas, o contexto do lançamento do filme foi afetado graças à pandemia do novo Coronavírus. A quarentena e o fechamento das salas de cinema levaram os acionistas da Universal a repensarem a forma de apresentar seus filmes e, assim, acabaram por priorizar o lançamento digital da sequência de “Trolls”. Disponibilizado via streaming e VOD (Video On Demand), a animação já é considerado um sucesso, batendo diversos recordes e superando, em mais de dez vezes, as vendas de “Jurassic World: Reino Ameaçado”, por exemplo.

    Entregando uma aventura familiar bonita e cheia de significado em tempos em que a união e a força são mais do que necessários, a animação protagonizada por Anna Kendrick e Justin Timberlake tem brilho e energia mais do que suficientes para nos colocar um sorriso no rosto e nos fazer dançar. Feliz em excesso e pecando, por vezes, na hiperatividade da obra, que apresenta tantos povos felizes e distintos em tão pouco tempo (enquanto tenta desenvolver uma trama por detrás de todo o glitter e de toda a purpurina), “Trolls: World Tour” é o que se espera de uma animação sobre seres musicais e não deixa nada a desejar para os fãs das criaturas.

    Nota: 3,5/5

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  • Crítica | Hollywood – Minissérie mostra os bastidores da 7ª Arte

    Crítica | Hollywood – Minissérie mostra os bastidores da 7ª Arte

    Não existem caminhos iguais, mas a estrada rumo ao estrelato não é fácil. A busca árdua pela fama é um pano de fundo recorrente em filmes e séries, que enxergam na metalinguagem uma oportunidade de transmitir a paixão em contar histórias. No cinema, longas como La La Land: Cantando Estações, A Invenção de Hugo Cabret e O Artista apresentaram uma visão sobre o mundo atrás das câmeras. Mas, por trás do luxo, dinheiro e notoriedade, existe uma infame sombra que a minissérie Hollywood se propõe a discutir.

    Mesclando ficção e realidade, a força dessa série, sem sombra de dúvida, está na composição dos personagens. Cada um deles traz uma discussão diferente para nós, espectadores.

    Sinopse da minissérie Hollywood:

    Aspirantes a atores e cineastas em Hollywood, após a Segunda Guerra Mundial, lutam para conquistar o tão sonhado espaço na indústria do cinema. Entre disputas de papéis, roteiros, estúdios e muito ensaio, o destino de um grupo de desconhecidos é transformado, quando um filme, inicialmente intitulado “Peg”, ganha sinal verde para ser produzido no Ace Studios. Mas, alguns obstáculos como sistemas injustos, preconceito de raça, gênero e sexualidade surgem. Com isso, a pré-produção do longa precisa lutar para que o filme ganhe as telas dos cinemas do país.

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    Hollywood / Netflix

    Ryan Murphy é uma das grandes personalidades do mundo audiovisual. Seu nome está relacionado a grandes produções, tanto para o cinema, quanto para a TV. Ele já dirigiu as séries Glee, Pose, O assassinato de Gianni Versace – American Crime Story, a lista é enorme. Nos cinemas, ele já roteirizou longas como Comer, rezar e amar e Casamento sangrento. Recentemente, foi anunciado que Murphy firmou parceria com a Netflix, o que resultará em excelentes projetos; um deles é a minissérie Hollywood, que estreou no início desse mês.

    Narrar uma história sobre contar histórias não é uma tarefa fácil, mas Hollywood faz isso com êxito. A forma como o roteiro apresenta cada personagem, desenvolvendo-os em jornadas individuais, que mais tarde se cruzam, transformam o show num espetáculo dos bastidores. Ver a câmera pela câmera, assistir a leitura de um roteiro em uma minissérie e torcer por um personagem que arrisca tudo num teste de elenco, tornam a série uma grande homenagem aos sonhadores da 7ª arte.

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    Hollywood / Netflix

    Mas, não é somente os sonhos que alimentam essa história. Podemos ver isso com os personagens que simbolizam o preço cruel que muitos pagam para ter seu nome nos créditos finais de um filme. Existe o outro lado; um lado mais ‘podre‘! Qual o preço da fama? A minha ideia, vale mais que o meu reconhecimento? Quanto custa produzir um filme que quebra os padrões da indústria cinematográfica, durante os anos de 1940? São estas e muitas outras indagações que o enredo vai destrinchando, enquanto os “monstros” que habitam esse meio aparecem.

    A primeira grande sacada da produção está em sua abertura. Colocando os personagens para “escalar”, literalmente, o letreiro de Hollywood. Observamos como é difícil chegar ao topo e ganhar um espaço a luz do sol. É aqui que temos o primeiro contato com o otimismo, que mais tarde ganhará um peso maior no decorrer da temporada.

    Com um elenco de peso, que destrói a cada cena, com certeza eu passaria horas e horas elogiando um por um!

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    Hollywood / Netflix

    David Corenswet (que interpreta o personagem Jack Castello) é o primeiro rosto, dentre os protagonistas, a ganhar nossa atenção. O ator carrega um carisma grande, que oscila entre o drama e o humor. Darren Criss (lembrado até hoje por fazer o Blaine em Glee) sempre mergulha fundo em seus trabalhos, e aqui não é diferente; ele consegue fazer os holofotes se direcionarem para os bastidores, dando vida ao diretor Raymond Ainsley. A atriz Samara Weaving constrói sua Claire Wood com naturalidade; ambiciosa, a princípio, ela vai ganhando novas nuances, mostrando um lado humano nos episódios finais.

    O time de veteranos é um show à parte! Patti LuPone, Joe Mantello e Holland Taylor mostram como são feras da atuação. Mesmo em papéis coadjuvantes, eles roubam a cena toda vez que aparecem. É genuíno quando um roteiro sabe aproveitar ao máximo seu elenco, e extrair atuações a altura da carreira de cada um. E isso, Hollywood faz com maestria.

    Viola Davis, ao receber um Emmy por seu excepcional papel na série How to get away with murder, disse o seguinte: “A única coisa que diferencia as mulheres negras de qualquer outra pessoa é a oportunidade“. Esse poderoso discurso retornou a minha mente, enquanto assistia Hollywood. Se em 2015, tais palavras precisavam ser proclamadas, imagina na década de 40.

    Hollywood minissérie
    Hollywood / Netflix

    Os personagens Archie Coleman (interpretado pelo ator Jeremy Pope) e Camille Washington (vivida pela Laura Harrier) se tornam figuras centrais, quando a série aborda o racismo enraizado no mundo do cinema.

    Para Archie, a cor de sua pele é transformada em justificativa para que ele não receba os créditos por seu trabalho. Já Camille, mesmo sendo a melhor atriz em um teste, descobre que sua raça a impede de ser ‘protagonista de um filme‘. É no desenvolvimento destes personagens que Hollywood mostra como o racismo atua na frente das câmeras e nos bastidores. O que eleva ainda mais esse debate são as atuações de ambos os atores. Jeremy, com sua naturalidade que transborda, e Laura, cujo olhar transmite muito sobre o lado emocional de sua personagem.

    Na composição técnica, a minissérie acerta e muito! Os figurinos sempre se destacam, assim como o cabelo e a maquiagem, situando nosso olhar para o período em que se passa narrativa. A fotografia, nas cenas que mostram os bastidores, tem o dever de filmar aquilo que está sendo filmado; e isso é feito com muito beleza; uma cena em especial, que envolve a letra ‘H’ do letreiro de Hollywood, expõe na tela a magia do cinema, perante os olhos dos espectadores. A trilha é como um ser onipresente, pontuando momentos chaves da história, inclusive nas cenas que mostram as “cenas gravadas“.

    Hollywood minissérie
    Hollywood / Netflix

    No fim, Hollywood abraça mais a ficção, do que a realidade, criando finais que não aconteceram no mundo real. Essa liberdade criativa, que pinta uma Hollywood como um quadro cheio de cores, apenas mostra que no olhar de Ryan Murphy existe um filtro chamado “positividade”. Está lá, ao longa de 7 episódios, o racismo, o assédio, a homofobia, a xenofobia e o machismo que imperou o mundo da fama. Acontece que a minissérie apresenta resoluções quiméricas para alguns conflitos.

    O conjunto da obra, para alguns, pode soar como “fantasioso ao extremo”. Para outros, soará como uma representação de um “passado ideal” para o mundo da sétima arte. Não é pecado fantasiar uma estrada de tijolos amarelos para aqueles que lutaram por um espaço sob os holofotes e alcançaram a fama.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Disque Amiga Para Matar – 2ª Temporada.

  • Crítica | Beastars: O lobo bom — 1ª Temporada desconstrói o principal vilão das fábulas

    Crítica | Beastars: O lobo bom — 1ª Temporada desconstrói o principal vilão das fábulas

    Desde pequenos, consumimos histórias, sejam elas no formato literário, audiovisual ou até mesmo através do famoso “conta uma história para mim?“. A grande maioria teve uma infância recheada de fábulas (histórias curtas protagonizadas por animais com comportamento humano). Em muitas delas, o ‘mau‘ ganhou um rosto animalesco: o animal peludo que sempre uiva para a lua cheia. É com essa premissa que o anime Beastars – O lobo bom reinventa a fábula do ‘Lobo Mau‘ em sua 1ª temporada.

    Sinopse de Beastars – O Lobo bom:

    Em um mundo povoado por animais antropomórficos, herbívoros e carnívoros coexistem. Para os adolescentes da Escola Cherryton, a vida escolar é cheia de esperança, romance, desconfiança e incertezas. O personagem principal é Legoshi, um lobo, membro do clube de teatro. Apesar de sua aparência assustadora, ele tem um coração bem gentil. Por boa parte de sua vida, ele sempre foi objeto de medo e ódio dos outros animais, e já se acostumou com esse estilo de vida.

    Mas logo ele acaba se envolvendo mais com seus colegas de classe, que tem suas próprias porções de inseguranças, e vê sua vida escolar mudar lentamente.

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    Beastars – O lobo bom / Orange / Netflix

    Com toques filosóficos e uma narrativa madura, a 1ª temporada do anime Beastars – O lobo bom está disponível no catálogo da Netflix. E vale cada episódio. Com um enredo que humaniza o comportamento animal e animaliza o comportamento humano, a trama submerge mil e uma analogias sociais.

    Produzido pelo estúdio Orange, o anime é baseado no manga ilustrado e roteirizado por Paru Itagaki. A história está fazendo muito barulho do outro lado mundo. E agora, no ocidente, o anime está conquistando a atenção de muitos.

    Sabe-se que a principal função de uma fábula é educar as crianças, conscientizando-as através da moral, que sempre possui um paralelo com a nossa realidade. Acontece que o anime Beastars desconstrói o estigma que sempre acompanhou o lobo. E não são poucas as histórias que transformaram esse personagem no antagonista.

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    Beastars – O lobo bom / Orange / Netflix

    Sabe aquela famosa cena do filme Shrek 2, em que a Fada Madrinha cita diversas obras que não possuem ‘Ogros’? O mesmo vale para as histórias com “lobos bons”. Pois bem, vamos para uma análise à lá Fada Madrinha. Chapeuzinho Vermelho? Nenhum lobo bom! Os Três Porquinhos? Nenhum lobo bom! O Lobo e os Sete Cabritinhos? Nenhum lobo bom! O Lobo e o Cordeiro? Nenhum lobo bom!

    As fábulas de Esopo construíram esse personagem como um ser maléfico, feroz, impiedoso, rancoroso e faminto. E como será contar uma narrativa que reinterpreta esse personagem sem tais características?

    Dizer que Beastars é um “Zootopia para adultos” é minimizar toda a originalidade que o roteiro entrega! Com uma trama densa e repleta de camadas, o texto fictício usa e explana os fatos sociais, ao simular situações reais do nosso cotidiano dentro da narrativa.

    No primeiro episódio, ocorre um assassinato de um aluno herbívoro. Logo, os olhares acusatórios recaem sobre todos os alunos carnívoros, como se todos eles fossem capazes de sucumbir ao instinto. Só nesse ponto, podemos ver como o anime faz uma releitura sobre os estereótipos, o preconceito e o racismo. O plot ainda consegue tempo para contar uma história de amor e uma história de suspense. E, em alguns momentos, flerta com o humor e o drama.

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    Beastars – O lobo bom / Orange / Netflix

    Cada personagem caminha um longo trajeto durante os doze episódios da 1ª temporada. Legoshi, o protagonista de Beastars, caminha no sentido contrário. Lutando dia e noite contra o seu instinto, ele desafia a ordem natural de sua existência como predador. Tímido, pensativo e gentil, ele é um membro do teatro da escola que prefere ficar nos bastidores, deixando, literalmente, os holofotes para os outros.

    Como protagonista, seu arco de personagem ganha nossa atenção de imediato. O carisma que emana dele é sutilmente alavancado pelas narrações em off do mesmo. Pensando muito e falando pouco, somos os únicos que sabem o que realmente se passa na cabeça do Lobo Bom. Seus dilemas, escolhas, medos e desejos despertam nossa admiração.

    Haru, a coelha charmosa e de olhar sereno, é a responsável por sacudir o mundo de Legoshi. Imediatamente, o texto usa a nossa falsa percepção a respeito da personagem, para cutucar nosso “pré-conceito”, pois idealizamos uma imagem imediata dela, que é quebrada logo no final do 2º episódio.

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    Beastars – O lobo bom / Orange / Netflix

    Stephenie Meyer, autora de Crepúsculo, uma vez escreveu em seus livros “e então o leão se apaixonou pelo cordeiro“. Substituindo os animais, e abandonando a metáfora, a 1ª temporada de Beastars nos encanta com uma história de um lobo que se apaixona por uma coelha.

    Com uma trilha impecável e um roteiro brilhante, o anime mantêm sua qualidade no quesito estético. Muitas pessoas torcem o nariz quando escutam o termo “computação gráfica” e “animes” na mesma frase. Mas, Beastars é uma prova viva de que animações orientais conseguem extrair o melhor da tecnologia computadorizada, para assim elevar o visual de uma obra. Você pode perceber o excelente resultado nos mínimos detalhes, como os olhos e as movimentações dos personagens. Assim como as cenas que mesclam a silhueta de Legoshi com os cenários e outros personagens, enquanto escutamos sua voz off.

    Outra coisa muito importante! Eu sei que a Netflix oferece o botão “pular a abertura“. No entanto, não faça isso! É um pecado não assistir a abertura em stop-motion do anime, que encanta toda vez que é assistida.

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    Beastars – O lobo bom / Orange / Netflix

    Quem matou Tem, a alpaca?” é essa a principal indagação que catapulta os personagens na direção dos principais conflitos. O assassinato do herbívoro persiste por um longo tempo, mas em algum momento perde força, caindo no esquecimento, mesmo citado vez aqui, vez acolá.

    Um pensamento popularmente propagado diz o seguinte: “O lobo sempre será mau, se você continuar a ouvir só a versão da Chapeuzinho Vermelho“. Essa frase representa muito bem o brilhantismo que Beastars possui, ao tornar o lobo um protagonista, enquanto discuti a eterna dicotomia sobre “bem e mal“; e como reconhecemos e definimos cada um deles.

    Construindo uma história de amor, cujo alicerce são elementos fantásticos e sombrios, esse é um dos poucos animes que abraça a criatividade e pensa fora da caixinha. Audacioso, divertido e diferente. Belo, tanto no visual, quanto no roteiro, Beastars é capaz de agradar (quase) todos.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao trailer da 1ª Temporada:

    https://www.youtube.com/watch?v=Dlcr3ZXalFA

    Veja também: Crítica | Jack Ryan – 1ª Temporada.

  • Crítica | Jack Ryan – 1ª Temporada

    Crítica | Jack Ryan – 1ª Temporada

    Produção original da Amazon Prime, “Jack Ryan” marca a quinta aparição audiovisual do famoso analista da CIA – criado por Tom Clancy – e entrega John Krasinski sob o manto de um herói realista que supera todas as convenções do gênero e se mantém crível durante toda a sua jornada.

    Após ser vivido nas telas do cinema por Alec Baldwin, Harrison Ford, Ben Affleck e Chris Pine, a quinta abordagem do personagem seguiu por um caminho diferente das demais e, agora, a nova versão foi adaptada para o serviço de streaming da Amazon. Protagonizado por John Krasinski, (“Um Lugar Silencioso”), “Jack Ryan” aposta na reformulação do famoso agente e em uma trama viciante que conjura todos os elementos de uma grande ação para se firmar entre as grandes produções de 2018.  

    Jack Ryan
    Jack Ryan / Amazon Prime Video

    Na primeira temporada de “Jack Ryan”, a série de TV criada por Carlton Cuse e Graham Roland assume uma narrativa ousada e cativante. Na trama, quando o promissor analista da CIA começa a seguir uma série de transações bancárias do Oriente Médio e analisar padrões de comunicação suspeitos, grandes pistas sobre uma organização terrorista e suas estratégias intrincadas de ataque são reveladas. Buscando respostas e planos de ação, Ryan deixa o escritório e é atirado em campo para seguir e desvendar os rastros da perigosa e crescente cúpula extremista.

    Feito para o streaming em uma narrativa de 8 episódios, o desenvolvimento da série ocorre de maneira tão instigante quanto o de seus personagens. Respondendo à altura ao plano da Amazon para o resgate do personagem de Tom Clancy, o elenco extremamente qualificado entrega performances memoráveis e em sintonia com toda a produção. A dualidade da série é caracterizada pelo embate entre a dupla heroica de Jack Ryan e James Greer (Wendell Pierce) e o antagonista Bin Suleiman (Ali Suliman), que protagonizam um verdadeiro e mortal jogo de xadrez.

    Jack Ryan
    Jack Ryan / Amazon Prime Video

    A premissa da nova série de ação da Amazon Prime é conhecida e se aventura em um tema delicado para se desenvolver. Abordando o terrorismo religioso como foco central e uma ameaça global em potencial desenvolvimento, “Jack Ryan” foge das abordagens prévias feitas à história de Tom Clancy – mesmo que, para isso, tenha que se ater à diversos clichês do gênero. Feitos para impulsionar o roteiro na direção certa e encaminhar o telespectador na jornada do agente secreto, todos os estereótipos da ação são bem executados e coesos, de modo que a série, como um todo, funcione grandiosamente.

    Contudo, é seu protagonista quem deve levar os maiores créditos.

    Desde a sua criação – em meados dos anos 80 -, Jack Ryan sempre foi atrativo e se destacou em meio a tantos outros personagens no mundo da espionagem. O fato é que ele não é um típico agente secreto, mas um analista que deve e quer trabalhar atrás de uma mesa – apesar de seu extenso treinamento militar. A porção certeira de “humanidade” injetada no personagem o faz ser mais realista e crível do que todos os outros aos quais estamos acostumados, rendendo-lhe uma boa dose de engajamento e identificação com grande parte do público espectador. Jack é mais cérebro do que músculos e tem tantos medos e problemas quanto nós.

    Jack Ryan
    Jack Ryan / Amazon Prime Video

    Citado anteriormente, o antagonista de Jack Ryan, Bin Suleiman, é responsável por dar o toque final a tudo que foi construído por Carlton Cuse e Graham Roland. Vilão de muitas camadas, ele é o personagem necessário para elevar todas as dimensões da trajetória narrativa da série. Intenso intelectualmente e radical em suas ações, a jornada do antagonista é tão bem desenvolvida quanto a do próprio analista da CIA e forma um personagem perigoso e que realmente dá ao espectador a sensação de um verdadeiro perigo iminente.

    “Jack Ryan” é o resgate do personagem clássico de Tom Clancy. Reinventado para o público moderno, a série da Amazon Prime foi uma aposta alta que deu certo. Sucesso em diversos aspectos, os oito episódios sobre o famoso analista da CIA estão disponíveis na plataforma de streaming e garantem uma maratona mais do que satisfatória.

    Nota: 4,5/5

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  • Crítica | Frozen 2

    Crítica | Frozen 2

    Frozen 2 inova mais uma vez no conceito da não existência de um vilão e um par romântico para uma das protagonistas como um dos elementos principais da trama.

    Pode-se dizer que é uma história de amizade, coragem, companheirismo e amor. Não tão aguardado quanto o primeiro filme, mas a sequência mostra as irmãs em lados opostos (não como inimigas), mas cada qual buscando pela sua própria luta.

    Voltamos primeiro ao passado delas, a sinopse já deixa claro que não é uma viagem ao futuro, a uma trama nova, mas sim, uma viagem ao passado e ao conhecimento dos poderes de Elsa e dos seus ancestrais: “De volta à infância de Elsa e Anna, as duas garotas descobrem uma história do pai, quando ainda era príncipe de Arendelle. Ele conta às meninas a história de uma visita à floresta dos elementos, onde um acontecimento inesperado teria provocado a separação dos habitantes da cidade com os quatro elementos fundamentais: ar, fogo, terra e água. Esta revelação ajuda Elsa a compreender a origem de seus poderes.”

    Crítica | Frozen 2
    Frozen 2 | Walt Disney Pictures

    E é isso mesmo. Desde os primeiros minutos, com a primeira canção “All Is Found” a rainha Iduna (Evan Rachel Wood) mostra que Anna e Elsa (Kristen Bell e Idina Menzel) teriam um caminho a trilhar. Já adultas e vivendo bem em Arendelle, Elsa ouve um chamado e temos a performance da música mais famosa da sequência “Into the Unknown” – pela Idina Menzel e a cantora Aurora – a música não é uma “Let It Go”, o grande sucesso do primeiro filme, mas entrega o que promete o título da canção. Elsa não sabia que estava perdida. Que precisava encontrar algo. Ela tinha um chamado. Um chamado para o desconhecido.

    É aí que começa a jornada das duas irmãs. Ambas tinham feito uma promessa de fazerem tudo juntas e é isso que elas decidem fazer: irem em busca de suas origens juntas, ao lado delas, vão Kristoff (Jonathan Groff) – completamente apaixonado por Anna – o boneco de neve Olaf (Josh Gad) em sua fase de amadurecimento mas sem perder o humor e a rena Sven, partem em busca de descobrirem o mistério que as cerca.

    Temos uma neblina, uma floresta em que os habitantes não vêem o céu há anos e a introdução de novos personagens: as pessoas da tribo Northuldra, entre elas, Yelena, a líder e protetora da tribo, Ryder, um dos habitantes que tenta ajudar Kristoff em uma missão quase impossível, Honeymaren, uma das habitantes que será amiga de Anna e uma salamandra pra lá de especial. Além da tribo dos Northuldra, ficaram na floresta o tenente Mattias e boa parte dos seus soldados, todos de Arendelle.

    Crítica | Frozen 2
    Frozen 2 | Walt Disney Pictures

    Todos esses personagens são importantes para a história, mas sem desviar o foco de Anna e Elsa.
    Os números musicais são importantes, como “When I Am Older” em que Olaf fala sobre o amadurecimento e o medo de crescer e Kristoff “Lost In The Woods” sobre o seu amor por Anna, mas não são o foco principal da história, custa-se dizer que foram necessários para mostrar a linha que se seguiria para os coadjuvantes.

    Já avançando na história, quando as duas irmãs e Olaf estão num impasse em que Elsa entendeu o seu real propósito e onde teria que ir, Anna decide que seu dever é ir com a irmã por causa da promessa que fizeram, mas Elsa vê que ela tem que fazer aquilo sozinha e que o momento de Anna chegaria e não seria com ela. É quando as duas se separam e Elsa segue sozinha para o seu destino que envolve encontrar o quinto elemento.

    Enfrentando ondas gigantes, cavalos marinhos e memórias do passado, Elsa entendeu que tudo estava relacionado aos seus poderes e como ela os usaria a partir de então. Por outro lado, Anna entendeu que sua missão era seguir sozinha sem a irmã para enfrentar seus próprios medos e é o que ela faz, sem Olaf, porque ele está interligado com Elsa e depois de a irmã sofrer um grave acidente com seus poderes, Anna segue sozinha e performa “The Next Right Thing”, uma canção sobre si mesma e enfrentar tudo o que vier.

    Crítica | Frozen 2
    Frozen 2 | Walt Disney Pictures

    Separadas e quase no fim do filme, mesmo longe, as irmãs Elsa e Anna estão ligadas e precisam usar o elo que as une para libertar o povo da escuridão da floresta encantada e entenderem o seu passado. Quando finalmente elas entendem o que aconteceu e o porquê, o povo de Arendelle e até elas próprias podem viver em paz, porque o que estava escondido lhes foi mostrado.

    Não tão empolgante quanto o primeiro, mas com uma boa história e bom desenvolvimento, Frozen 2 é um prato cheio sobre confiança e dar o primeiro passo para sua auto-descoberta.

    Nota: 3,5/5

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  • Crítica | Disque Amiga Para Matar – 2ª Temporada

    Crítica | Disque Amiga Para Matar – 2ª Temporada

    Disque Amiga Para Matar é uma produção da Netflix que junta perfeitamente o drama com a comédia ácida e atuações impecáveis, além de ter uma história pra lá de interessante. A 2ª temporada estreou hoje e você definitivamente precisa assistir.

    Disque Amiga Para Matar teve a sua primeira temporada em maio de 2019, e apresentou a história de amizade entre Jen Harding ( Christina Applegate), uma corretora de imóveis e Judy  Hale ( Linda Cardellini), professora de oficina de artes em um asilo, que se conheceram em um grupo de apoio a pessoas que estão enfrentando o luto. Jen, que ficou viúva após o marido Ted ser atropelado  por um motorista que nem sequer prestou socorro, vive agora obcecada em encontrar o assassino de seu marido, e vê em Judy um ombro amigo, já que ela em primeiro momento se identifica como viúva também, fato que é desmentido logo no primeiro episódio quando conhecemos o seu ex-noivo Steve Wood (James Marsden).

    O mistério envolvendo a aproximação e o interesse que Judy tem por Jen e seus dois filhos são apresentados em flashbacks durante o decorrer da série, e não demora muito para percebemos que há algo de errado nisso. Mesmo com a amizade sendo nova, Judy acaba indo morar na casa da piscina e antigo estúdio do marido de Jen,  e a série segue se desenvolvendo ao mostrar o crescimento da amizade entre as duas, falando sobre o luto de uma forma diferente, e apresentando Judy como a assassina de Ted, tendo como cúmplice Steve.

    Disque Amiga Para Matar
    Disque Amiga Para Matar | Netflix

    Deixando os filhos de Jen em segundo plano durante a primeira temporada, a série se construiu bem ao apresentar a personagem como mãe e profissional. Contendo bastante ironia durante a season finale, não faltou motivos para o publico pedir uma segunda temporada. O roteiro bem escrito e a  ótima atuação das protagonistas são um show a parte, tendo até indicação da Christina Applegate ao Emmy, a forma como o suspense aumenta e a comédia é deixada de lado em alguns episódios nos deixa ainda mais curiosos e aliviados por terem dado continuidade a história.

    O que esperar da segunda temporada?  Sem tantos spoilers, Eu diria que como a primeira, a segunda vai te fazer pedir por mais e mais, é o tipo de série que nunca vence, e que nos prende de uma maneira que nos envolve na história, desejando que ela nunca acabe. O crescimento dos personagens é visto perante seus atos, trazendo a tona o amadurecimento tanto na relação quanto no individual de cada um.

    A segunda temporada mostra as duas amigas enfrentando os desafios e se envolvendo em mais escândalos após o incidente sangrento do ultimo episódio da primeira temporada, apresentando Judy e Jen fortalecendo seus laços, sem conseguir fugir das confusões e tendo que lidar com mais mentiras envolvendo suas vidas. Além disso, podemos ver Jen lidando bem com o papel de mãe, dando mais atenção aos seus filhos, que ganharam mais espaço na nova temporada e que não conseguiram ficar de fora de toda essa bagunça.

    Disque Amiga Para Matar
    Disque Amiga Para Matar | Netflix

    Com a aparição de novos personagens, as duas lutam ainda mais para manter a verdade dos acontecimentos só entre elas, o que parece difícil tendo a policia e curiosos interessados em desvendar todos os mistérios.

    Não é atoa que Disque Amiga para Matar tem sido bem recebida pelos críticos, é uma abordagem diferente para o assunto, impecável nas reviravoltas e no seu desenvolvimento. A atuação é ímpar, o profissionalismo das atrizes é impressionante, o que não é novidade vindo da Christina Applegate  e Linda Cardellini. Agora, o que nos resta é esperar ansiosamente por uma continuação á altura, sem perder a essência e a acidez.

    A segunda temporada já está disponível na Netflix.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer: