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  • CRÍTICA | Dois é Demais em Orlando – Um é bom, dois é engraçado demais

    CRÍTICA | Dois é Demais em Orlando – Um é bom, dois é engraçado demais

    Em “Dois é Demais em Orlando”, João, um adulto que se comporta como criança, e Carlos Alberto, uma criança que se comporta como adulto, embarcam em uma viagem cheia de desencontros, em um dos maiores parques temáticos do mundo: a Universal. Mas mesmo com suas diferenças, o par forma uma aliança inusitada, que acaba os ajudando a superar inseguranças pessoais, como o medo de montanhas-russas e piscinas.

    Dirigido por Rodrigo Van Der Put, o longa estrela o hilário Eduardo Sterblitch, como o amante de quadrinhos fascinado por Jurassic World, especialmente a velociraptor Blue. Em uma performance escandalosa, o ator carrega o filme, não apenas por sua fisicalidade, mas também através da empatia criada pelo seu personagem desde o início da trama. Pois aprendemos sobre sua forte relação com parques de diversões e atrações temáticas, devido a sua proximidade com seu pai, que faleceu pouco tempo após um evento traumático envolvendo uma montanha-russa.

    Dois é Demais em Orlando - Um é bom, dois é engraçado demais

    Dois é Demais em Orlando | H2O Filmes

    O mesmo também pode ser dito sobre o ator mirim que interpreta Carlos Alberto, Pedro Burgarelli. Não só encarna uma criança com mente adulta, mas também mostra a frustração de conviver com alguém completamente diferente de si mesmo, enquanto espera por seu pai.

    Com isso, a colisão das duas personalidades gera momentos cômicos memoráveis. Além disso, Anderson, frustrado dentista com torcicolo, é um divertido antagonista, interpretado por Daniel Furlan, que fará de tudo para conseguir o quarto com uma gloriosa vista para uma montanha situada no complexo de piscinas.

    Em contrapartida, o decorrer da história é bem familiar, já visto em outras obras semelhantes, além de cair em diversos clichês do gênero comédia, como os personagens principais se separando momentaneamente, após uma mentira ser descoberta. Porém, o carisma dos atores e uma ótima filmagem feita no próprio parque e resort da Universal, fazem de “Dois é Demais em Orlando” uma divertida comédia moderna.

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  • CRÍTICA | Monarch: Legado de Monstros é uma saga onde a humanidade enfrenta seus próprios monstros

    CRÍTICA | Monarch: Legado de Monstros é uma saga onde a humanidade enfrenta seus próprios monstros

    Laços familiares, segredos antigos e titãs colossais se entrelaçam em ‘Monarch: Legado de Monstros’.

    A série original da Apple TV tem como objetivo nos oferecer uma visão mais humana do desastre conhecido como “G-day”, mostrando as consequências deixadas por Godzilla após sua passagem por San Francisco. A premissa inicial despertou grande interesse, prometendo uma narrativa épica. No entanto, “Monarch: Legado de Monstros” não corresponde totalmente a essa expectativa.

    A trama acompanha três gerações de uma família enquanto descobrem uma ligação profunda com os gigantes que devastaram sua cidade natal. Após a batalha destruidora entre Godzilla e os Titãs, San Francisco se encontra em ruínas, revelando uma ameaça que afeta todo o mundo. Nesse cenário caótico, a família é confrontada com uma verdade desconcertante: eles e as criaturas estão ligados por uma organização secreta chamada Monarch, cujas raízes remontam aos anos turbulentos da década de 1950 nos Estados Unidos. Enquanto tentam desvendar os mistérios de seu passado, também enfrentam o desafio de proteger seus entes queridos em um mundo onde os monstros refletem aspectos essenciais da humanidade.

    Monarch: Legado de Monstros é uma saga onde a humanidade enfrenta seus próprios monstros

    Monarch: Legado de Monstros

    A narrativa se desdobra em duas linhas temporais, explorando tanto o presente da Monarch quanto seu passado. Na linha do tempo passada, que é um ponto forte da trama, conhecemos Lee, um agente militar encarregado de proteger dois cientistas, Keiko e Billy, incumbidos de estudar os monstros e coletar provas de sua existência. Na linha do tempo presente, três protagonistas, Cate, Kentaro e May compartilham uma ligação com o passado da Monarch.

    No entanto, assim como nos filmes do Monsterverse, a série também peca ao desenvolver personagens que carecem de carisma, o que pode resultar em um certo desinteresse por parte do público, especialmente daqueles que esperam principalmente cenas de trocação franca entre os titãs.

    Apesar disso, o fator primordial da série reside nos momentos em que os grandiosos titãs entram em cena, proporcionando sequências de ação frenéticas e visualmente impressionantes. É uma pena que esses momentos sejam escassos ao longo da primeira temporada. No entanto, as aparições dos titãs são acompanhadas por um CGI impecável, o que contribui para a experiência visual da série

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  • CRÍTICA | O Problema dos 3 Corpos tece um enredo envolvente entre mistérios cósmicos e dramas pessoais arrastados

    CRÍTICA | O Problema dos 3 Corpos tece um enredo envolvente entre mistérios cósmicos e dramas pessoais arrastados

    O Problema dos 3 Corpos mantêm os espectadores num misto de emoções enquanto exploram as fronteiras do desconhecido.

    A adaptação do aclamado livro de Cixin Liu, “O Problema dos Três Corpos”, para uma série de oito episódios pela Netflix tem gerado considerável interesse, especialmente por ser liderada pelos controversos criadores de Game of Thrones, David Benioff e DB Weiss. Apesar das desconfianças iniciais sobre a abordagem dos dois diretores, é difícil não se empolgar com a trama, dada a popularidade do livro, diversas premiações vencidas e a promessa de uma adaptação que levará grande interesse tanto os fãs ocidentais quanto um público mais jovem.

    A história se desenrola em meio à Revolução Cultural na China, no final da década de 1960, e segue um grupo diversificado de astrofísicos, militares e engenheiros que se unem em um projeto ousado: estabelecer comunicação com formas de vida extraterrestres. Cinquenta anos depois, as repercussões dessa decisão reverberam na humanidade, colocando-a em perigo por forças além de sua compreensão. Agora, o mundo deve enfrentar uma visita inesperada, enquanto cientistas contemporâneos exploram os segredos e mistérios do projeto original para entender o que está realmente acontecendo.

    O Problema dos 3 Corpos tece um enredo envolvente entre mistérios cósmicos e dramas pessoais arrastados

    O Problema dos 3 Corpos | Netflix

    O ponto central da série são os cinco protagonistas, apelidados de “Oxford Five”, devido ao seu conhecimento excepcional e destaque na faculdade de Oxford. Auggie Salazar, Jack Rooney, Jin Cheng, Will Downing e Saul Durand são amigos ligados pela ciência, mas a falta de desenvolvimento individual na história é uma falha notável. Enquanto alguns têm uma participação significativa na trama, outros parecem aparecer apenas ocasionalmente para reforçar sua presença.

    O início da série é cativante, especialmente com a introdução de um dos destaques da trama que é o investigador Da Shi, liderado por Thomas Wade, um homem influente nos serviços de inteligência, que investiga os misteriosos suicídios de cientistas, que dê certa forma, foram mortes totalmente suspeitas e com uma ligação entre si. Essa aura de mistério instiga a curiosidade do público de uma forma positiva na trama, mas mistérios esses que são resolvidos precocemente nos primeiros episódios. No entanto, para aqueles que preferem uma narrativa mais direta, a série se destaca ao evitar enrolações excessivas.

    O Problema dos 3 Corpos tece um enredo envolvente entre mistérios cósmicos e dramas pessoais arrastados

    O Problema dos 3 Corpos | Netflix

    Ao decorrer dos episódios, a série acaba perdendo o foco no que realmente interessava, que era a questão da tensão entre os humanos e os alienígenas, para destacar a dramatização de personagens mal construídos durante os últimos episódios, passando uma sensação de episódios totalmente arrastados.
    Apesar dos problemas de desenvolvimento de personagens, a série atinge um visual muito bom e fiel ao que se era esperado em relação aos livros, principalmente mostrando sobre a ambientação da China antiga, e cenas de ação de tirar o fôlego.

    Ao todo, O Problema dos 3 Corpos cumpre bem seu papel no quesito gênero sci-fi, trazendo elementos científicos interessantes e nos deixando com aquele gostinho de “quero mais” para uma possível segunda temporada, pois ainda há muito a ser contado e mistérios a serem resolvidos.

  • CRÍTICA | Matador de Aluguel não faz nada que o torne especial

    CRÍTICA | Matador de Aluguel não faz nada que o torne especial

    Em Matador de Aluguel, remake do filme de 1989 com o mesmo nome, acompanhamos um ex-lutador de UFC que é convocado por uma moça para trabalhar como segurança de uma taberna para dar um jeito em alguns encrenqueiros. Tudo isso, para descobrir que tem um podre bem mais fundo pra ser resolvido.

    A partir disso, o filme dirigido por Doug Liman nos leva de volta a clássica história do homem branco carrancudo que é chamado para resolver os problemas de qualquer pessoa e presenteia o espectador com muita cena de luta. O que já leva o filme a cair num clichê bem exprimido por Hollywood que te leva a se questionar do motivo para um remake de uma obra que fazia sentido décadas atrás, mas que atualmente se encontra ultrapassada, principalmente por estar clara a busca do público por filmes do gênero com um universo que soe diferente e traga coreografias de luta vibrantes, como é o caso da franquia John Wick. Sendo esta, uma oportunidade perdida de reinventar mais a roda em qualquer aspecto.

    Matador de Aluguel não faz nada que o torne especial
    Matador de Aluguel | Prime Video

    Não haverá comparações para com a obra original por conta deste que vos fala nunca ter conferido ela, então de acordo com o que foi visto nessa atualização de Matador de Aluguel, é triste notar que haja uma falta de simpatia e criatividade para trabalhar seu protagonista em meio à situação que se encontra. Além de criar a ideia de um lutador que vai conseguir enfrentar qualquer combate, falta na obra uma humanização para nos importarmos com ele, destrinchar o protagonista com medos e anseios, em vez da superficialidade de cenas pequenas onde tenta se matar, fala que não presta pra uma mulher e interage com uma garota mais nova pra nos levar a entender que é um cara bacana. É compreensível a existência desses momentos pela ação que vão influenciar nele, mas isso apenas influencia em entendermos pra que caminho a obra seguirá.

    Com isso, a participação do lutador Conor McGregor como antagonista atrapalha ainda mais a profundidade do longa-metragem com seu exagero agoniante de alguém que quer chamar atenção, não liga pra nada e surge pra irritar todos ao seu redor, incluindo quem assiste, já que além do corpo forte, não transparece um pingo de veracidade em suas reações perante o que lhe acontece. Diferente de Jake Gyllenhaal que, mesmo soando forçado ao parecer que quer ser descolado e visto como um Rambo, apresenta trejeitos, sorrisos e respostas que o deixam palpável e agradável de acompanhar, ficando notável que ele sente cada golpe que dá e recebe.

    Matador de Aluguel não faz nada que o torne especial
    Matador de Aluguel | Prime Video

    O que leva ao ponto mais positivo da obra, já que ela realmente precisava ser atrativa em algum ponto que a diferenciasse do comum, e se tratando da coreografia de luta e da movimentação da câmera nas cenas de ação, é difícil você não se sentir parte daquilo, já que ela se mexe como se estivesse acompanhando cada ato realizado pelos lutadores, trazendo poucos cortes rápidos que dificultam um entendimento do que está acontecendo como se buscasse esconder falhas de um combate mal feito. Felizmente, essas partes são divertidas de acompanhar, lembrando bastante o que o James Wan realizou no sétimo filme da franquia Velozes e Furiosos.

    Matador de Aluguel acaba sendo mais um daqueles filmes que recebe uma repaginada e falha em conquistar um público mais novo, trazendo na verdade apenas a vontade de conferir a primeira versão dessa história para comparar e talvez encontrar erros neste, já que normalmente é o que acontece. Mesmo que a fotografia traga planos que exaltem a beleza do local em que foi gravado e a direção traga uma câmera próxima dos personagens, a falta de um roteiro esforçado para ajudar o público a se importar com o que ocorreu leva a um esquecimento quase instantâneo após os créditos finais subirem.

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  • CRÍTICA | Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo é o filme “mais Snyder” para o bem e para o mal

    CRÍTICA | Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo é o filme “mais Snyder” para o bem e para o mal

    A primeira parte de Rebel Moon é Zack Snyder em sua mais pura essência com um épico repicado, com crise de identidade e sem sentimento.

    Um elenco super estrelado é um chamariz para audiência, mas será que tanto talento junto consegue segurar um filme? A resposta é não, e a culpa disso é de Zack Snyder que, apesar de fazer uma direção inspirada, peca no roteiro e na montagem.

    O famoso (ou famigerado para muitos) diretor executa o trabalho de sua vida como diretor e escritor de Rebel Moon, porém é a sua megalomania que prejudica o desenvolvimento de sua obra. O problema não está nas diversas cenas em câmeras lentas, na fotografia escura ou no CGI, mas sim na mania de fazer longas produções que claramente não serão aceitas por nenhum estúdio.

    A primeira parte de Rebel Moon corre contra o tempo para apresentar os personagens que vão compor o esquadrão rebelde tornando a conexão do público com os personagens algo inexiste. Ao fim, pouco importa quem vive e quem morre, os plots não geram impacto, justamente pela falta de tempo de tela e desenvolvimento das motivações. Alguns personagens que geravam grandes expectativas são jogados para escanteio e servem apenas para poses imponentes e fazer carão.

    É tudo tão rápido, que o filme acaba deixando de desenvolver a construção de mundo, que aqui se faz tão importante quando desenvolver os personagens. A trama geopolítica do filme não desenvolve e diminui o impacto dos antagonistas.

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    Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo | Netflix

    O que salva em Rebel Moon são as cenas de ação bem filmadas – mérito ao Snyder – o trabalho de coreografia das cenas de luta, o CGI (que falha poucas vezes) e o charme de Sofia Boutella, que carrega o filme nas costas. A apresentação do trailer da parte 2 também é algo que serviu como um complemento, para vislumbre do expectador de que tudo que faltou no primeiro pode ser inserido no futuro.

    Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo acaba se tornando um filme que quer ser mais épico do que realmente é, com personagens sem carisma. O longa sofre de uma grave crise de identidade: quer ser Star Wars, 300, Liga da Justiça, mas não executa nada tão bem quanto suas referências. É inegavel que existe um potencial, mas a falta de habilidade de Snyder em trabalhar com uma duração curta prejudica sua obra, deixando a sensação que Rebel Moon funcionaria melhor como série.

    Nota: 1,5 de 5

    Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo está disponível na Netflix

  • CRÍTICA | Barbie – Uma festa inundada de rosa que te convida a entrar na extravagância criativa de Gerwig

    CRÍTICA | Barbie – Uma festa inundada de rosa que te convida a entrar na extravagância criativa de Gerwig

    Um dos filmes mais esperados de 2023, Barbie chega aos cinemas nesta quinta (20), repleto de referências e reflexões transformadas em um longa hilário e imperdível.

    O que realmente significa ser humano? Segundo as experiências de uma boneca que vive em um mundo de faz de conta, construído no ideal fantasioso que a Barbie representa, a resposta é: um mundo de mulheres utópicamente lindas que podem ser o que elas quiserem. 

    Uma mulher rompendo o ideal fantasioso ao se transportar para o nosso mundo e descobrir que tudo o que a representava não parecia significar muito em um mundo enterrado no patriarcado.

    Barbie | Warner Bros.
    Barbie | Warner Bros.

    Essa é a premissa de Barbie, que desde seu início gerou muito burburinho pela internet, seja pelo seu elenco, sua diretora, muitos se perguntaram se realmente esse era um filme que iriam querer ver no cinema, depois de ter assistido eu digo fortemente que sim, vá ao cinema assistir Barbie.

    Dos visuais magnificamente fantasiosos de BarbieLand à sátira categórica da sociedade moderna americana, tudo funciona perfeitamente. Roteiro, performances, músicas, é tudo um pacote maluco de purpurina, emoção, riso que eu queria que não acabasse nunca.

    Barbie | Warner Bros.
    Barbie | Warner Bros.

    Barbie é um filme belamente estranho, pode ser uma grande junção de bobagens, mas é o tipo de bobagem que brota de uma total aceitação do absurdo. Um absurdo no sentido existencial, sobre a falta de sentido em todos os âmbitos da vida, o mundo sempre aderindo a estruturas que parecem servir apenas para nos manter sofrendo.

    No final esta é uma história extremamente humanista, usando o brinquedo mais icônico do mundo para explorar o valor da alegria humana e faz tudo isso ancorado por atuações incríveis de Margot Robbie e Ryan Gosling.

    Barbie | Warner Bros.
    Barbie | Warner Bros.

    As atuações da Barbie são simplesmente fantásticas, Greta Gerwig (Lady Bird, Adoráveis Mulheres) montou um elenco fenomenal que traz profundidade e complexidade aos seus personagens. Cada ator oferece um retrato notável, imergindo o público em um mundo onde sonhos e aspirações ganham vida.

    A química deles é palpável, adicionando camadas de autenticidade e emoção à narrativa. Margot Robbie é perfeita assim como a sua personagem uma Barbie estereotipada enfrentando uma crise existencial. Ryan Gosling rouba o cena como Ken, possivelmente em uma das melhores atuações de sua carreira.

    O estilo distinto de direção de Gerwig brilha desde o primeiro segundo de filme, infundindo o memo com um charme autêntico e revigorante, combinando sem esforço elementos de inteligência, capricho e introspecção, resultando em um longa que é divertido e instigante. A atenção de Gerwig aos detalhes e sua capacidade de capturar as nuances das emoções humanass elevam a Barbie a novos patamares.

    Repleto de diálogos afiados, observações perspicazes e uma compreensão profunda da experiência humana, o roteiro também assinado pela diretora encanta. Ela explora temas de empoderamento, identidade, família e a busca dos próprios sonhos com incrível sensibilidade e inteligência. A narrativa vai se desenrolando de uma maneira que envolve e causa impacto nos espectadores.

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    Barbie | Warner Bros.

    O design de produção, os figurinos e a cinematografia do filme são de tirar o fôlego, um mundo visualmente impressionante e imersivo foi criado, cada quadro é meticulosamente trabalhado, mostrando a atenção de Gerwig aos detalhes e sua capacidade de criar uma atmosfera vibrante e encantadora. É tanta coisa na tela que eu tenho certeza que perdi algo no meio do caminho.

    Em resumo, a Barbie de Greta Gerwig é um triunfo do cinema. Com sua visão artística única, ela criou um filme que transcende os limites da marca Barbie, referencia clássicos do cinema, faz piada com absolutamente tudo e oferece uma experiência cinematográfica poderosa. Apenas mais uma prova do imenso talento de Gerwig e sua capacidade de contar histórias convincentes com autenticidade, humor e emoção.

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    Barbie | Warner Bros.

    No fim, Barbie aborda temas pesados, mas está longe de ser um filme profundo e repleto de reflexões, acima de tudo é extremamente divertido, um programa de fim de semana ótimo para o público de todas as idades. Um longa imperdível para quem aprecia boas risadas e uma nova visão de um personagem icônico.

    Veja outros trabalhos da diretora aqui e aqui.

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    Nota 4,5/5

    Assista ao trailer:

  • CRÍTICA | Oppenheimer – Uma realização cinematográfica como poucas vezes vimos

    CRÍTICA | Oppenheimer – Uma realização cinematográfica como poucas vezes vimos

    Chega aos cinemas de todo o Brasil nesta quinta (20), Oppenheimer, o mais novo épico do aclamado diretor Christopher Nolan. 

    Sintetizar Oppenheimer a apenas mais um filme de guerra é uma enorme simplificação, no longa Nolan de fato enxerga e transmite uma das histórias mais importantes da humanidade, a criação da bomba atômica.

    Uma tragédia anunciada sobra a natureza humana, o impulso inato de provar que podemos sim controlar o incontrolável, mostrando vulnerabilidade, emoção e humanidade tão crus que traz a tona um certo ar de empatia para com o personagem principal.

    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures
    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures

    Vemos a história de Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), que foi o diretor do Laboratório Nacional de Los Alamos durante a Segunda Guerra Mundial e normalmente é creditado como o “pai da bomba atômica” por seu papel no Projeto Manhattan, o empreendimento de pesquisa e desenvolvimento que criou as primeiras armas nucleares.

    O filme desconstrói sua mentalidade e seu personagem de uma forma que é tão naturalmente fascinante e cheia de camadas, abordando as implicações morais de suas ações e o tormento que ele sofreu como resultado de sua criação.

    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures
    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures

    Nas telas vemos o melhor desempenho da carreira de Cillian Murphy, ele hipnotiza o público a cada fala de seu personagem, realmente vive o personagem e o seu peso para a história. Em geral temos excelentes atuações, com Robert Downey Jr. liderando o grupo de coadjuvantes, em um papel que deve lhe render uma indicação merecida ao Oscar, tão esplêndido quanto Murphy, faz muito com o que poderia ter sido apenas mais um personagem. Sem esquecer da deslumbrante Emily Blunt vivendo o papel de esposa de Oppenheimer, Kitty, que quando acionada entrega com louvor.

    Isso também se aplica a todo o restante do elenco, são tantos nomes, inúmeras histórias, é literalmente um desfile de talentos. Todos os atores transmitem complexidade infinita e emoções tão variadas, profundas e sinceras, há tantos momentos em que você genuinamente esquece que está assistindo atores e está apenas vendo esses humanos tão danificados, tão vulneráveis na tela e o que eles alcançam aqui é simplesmente transcendental.

    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures
    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures

    Oppenheimer é um deleite visual, um dos mais impressionantes que já vi (em IMAX a sensação é estonteante), você realmente sofre com o que está vendo, há momentos que o filme gera uma tensão tão pura e descarada que deixa o público completamente em choque.

    Cada aspecto técnico está no auge absoluto de sua arte, fazendo de Oppenheimer uma obra prima, é impressionante como este filme é complexo em todos os aspectos, desde os cenários, som de cair o queixo até a edição e cinematografia impecáveis.

    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures
    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures

    Ludwig Göransson (Pantera Negra, Creed) mais uma vez prova que ele é um dos nossos melhores compositores na indústria, com outra trilha extraordinária que está entre as suas melhores, se não a melhor, facilmente uma das melhores partes do filme.

    A cinematografia magnífica de Hoyte van Hoytema (Interstellar, Ela), a edição notavelmente complexa e atenção aos detalhes em cada aspecto da narrativa, de Jennifer Lame (Hereditário, Frances Ha) se juntam novamente a Nolan, para demonstrar o melhor trabalho que já fizeram em suas carreiras e realmente contribuem para a experiência visceral do começo ao fim.

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    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures

    Nolan mais uma vez mostra todo o seu domínio absoluto da arte e da ciência do cinema e lembra a todos que ele realmente é um dos melhores que já existiu, seu roteiro está repleto de excelentes diálogos e é estruturado de uma forma bem ritmada e coesa que parece quase hermética. Contando com uma precisão quase sem precedentes que realmente faz você dimensionar tanta emoção em cada e absolutamente todos os quadros do início até o final.

    Oppenheimer tem pouquíssimas falhas que passam longe de impedir o longa de ser uma obra-prima genuína, quase não seu tempo de execução de 3 horas passando, houve alguns momentos, especificamente no início do terceiro ato, que comecei a sentir um pouco, mas foi só.

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    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures

    Oppenheimer é demais para se digerir, seja pela sua duração de 3 horas e um minuto, seja pelo peso da história sendo contada, um épico extenso que aposta tanto no peso dos diálogos e em seus personagens que chega a ser arbitrário. Felizmente temos Nolan na cadeira de direção que dá ao público uma experiência cativante e consistente do início ao fim, entregando um dos melhores filmes do ano.

    Mais uma vez Nolan brincou de fazer cinema!

    Veja outros trabalhos do aclamado diretor aqui e aqui.

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    Nota 4,5/5

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  • CRÍTICA | Herói de Sangue poderia ser um grandioso filme de Guerra, mas se acomoda nos ombros de Omar Sy

    CRÍTICA | Herói de Sangue poderia ser um grandioso filme de Guerra, mas se acomoda nos ombros de Omar Sy

    Herói de Sangue não foge do esperado vindo de filmes de época ligados à Primeira ou Segunda Guerra Mundial. Tendo uma vasta produção, e uma qualidade técnica que enfatiza a narrativa, o filme poderia desenvolver muitas camadas sobre as questões históricas envolvendo a França no continente africano e da utilização de homens inocentes como armas de guerra e instrumentos para sua vitória em combate, mas não se aprofunda tanto quanto poderia.

    Tal problemática acontece também por conta do desenvolvimento do personagem Thierno, que é o filho do protagonista Bakary. Os conflitos internos de Thierno são algo que chegam a beirar o absurdo. Como um personagem que é retirado de sua família de origem, e é usado para lutar uma guerra que não tem nada a ver com ele ou seu país, briga com seu pai para lutar ao lado daqueles que são os seus verdadeiros inimigos? Além de não fazer o menor sentido, chega a ser desrespeitoso com aqueles que foram mortos na Primeira Guerra Mundial nas mesmas circunstâncias.

    Mesmo o filme carregando esse discurso contraditório e confuso de não saber se quer “homenagear” a pátria francesa ou criticá-la, a obra tem atuações e uma produção efetiva. Além de ter um lado positivo da obra mostrar que a França não foi nenhuma figura puritana em certa época, o filme consegue ter sequências fortes de conflito armado e de ação, sem ser algo exagerado como o de costume e com uma construção de espaço e momento completamente sóbria.

    Herói de Sangue é dirigido por Mathieu Vadepied e tem estreia programada para o dia 19 de Julho de 2023.
    Herói de Sangue | Synapse

    Quando digo sóbria, respondo que é como se o filme conseguisse mostrar a época e o momento de forma exata, sem a utilização ou construção de planos e sequências que necessitam explicar tal momento. A direção é direta e seca ao querer mostrar que o importante em toda a narrativa é a relação pai e filho e os conflitos entre eles que vão em uma crescente pelo que cada um acredita, ou quer para o outro.

    O filme tem um conjunto técnico de sucesso e consegue com a simplicidade da direção fotográfica captar a atenção do espectador, mesmo com seus problemas narrativos. A direção tenta agregar certos simbolismos à obra, mas nada consegue disfarçar o caminhar do discurso proposto na narrativa. Até mesmo a ideia do “oprimido querer ser o opressor” é algo aplicado aqui de forma muito apressada e sem o tempo necessário de construção de tal personagem sobre o espaço e o momento que o tornam assim.

    Necessário acrescentar que o filme se sustenta pela atuação de Omar Sy, que consegue se mostrar como um pai atencioso, mas nunca esquecendo suas origens e a vontade de voltar para a casa. Além do fato de que os conflitos são potencializados pela atuação do mesmo, pois os restos das atuações funcionam em tal cenário, mas não conseguem ocupar a mesma presença que o trabalho de Omar Sy.

    Herói de Sangue é dirigido por Mathieu Vadepied e tem estreia programada para o dia 19 de Julho de 2023.
    Herói de Sangue | Synapse

    Herói de Sangue é apenas mais um filme de Guerra esquecível, que não serve nem para critica a França pelo que ela fez a homens inocentes de outro continente, nem como uma provocação para discutir sobre os ocorridos da Primeira Guerra, ou até mesmo uma conversa mínima e sustentável da conexão com a realidade atual que tenta ser abordada no final. Porém, é um filme que tem cenas de ação e conflito eficazes e que servem para colocar a obra com um mínimo de entretenimento.

    Nota: 2/5

    Assista ao Trailer:

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  • CRÍTICA | Sobrenatural : A Porta Vermelha mostra que Patrick Wilson aprendeu a dirigir ao longo de seus trabalhos com James Wan

    CRÍTICA | Sobrenatural : A Porta Vermelha mostra que Patrick Wilson aprendeu a dirigir ao longo de seus trabalhos com James Wan

    O filme Sobrenatural: A Porta Vermelha é o quinto filme da franquia que teve começo com a direção de James Wan, responsável por outras franquias como Jogos Mortais e Invocação do Mal. Patrick Wilson que atuou em parte da franquia Sobrenatural e Invocação do Mal, decide assumir a direção do quinto filme e mostra que não apenas atuou nos filmes com James Wan, como aprendeu muito com sua direção.

    Sobrenatural: A Porta Vermelha carrega muitas características vindas dos filmes de Wan, sejam os zoons lentos no espectador para criação de suspense no espectador, até mesmo no trabalho de maquiagem e de luz o filme tem uma grande influência da antiga direção. Para quem viu o último filme de terror de Wan, “Maligno”(2021), se lembra do grande número de vezes que a direção utiliza das luzes com cores vermelha e azul, e esse filme não perde a chance de utilizar desse artifício a quase todo momento.

    O filme utiliza do velho artifício frágil da colega de quarto que além de servir de par romântico, também é responsável pela carga cômica do filme. Em sua maioria é utilizada de forma displicente e apenas com uma facilidade narrativa para certas coisas acontecerem ao personagem Dalton (interpretado por Ty Simpkins).

    Sobrenatural: A Porta Vermelha é o quinto filme da franquia que começou em 2010. O filme é protagonizado e dirigido por Patrick Wilson.
    Sobrenatural: A Porta Vermelha | Sony Pictures

    Mesmo com os artifícios de facilidade narrativa, e com basicamente Patrick Wilson tentando fazer de tudo que é jeito para seguir uma linha de direção quase idêntica ao antigo pai da franquia, o filme consegue ter uma construção de narrativa satisfatória e com algumas cenas com uma direção aguçada e que conseguem assustar o espectador com eficácia. Além da utilização da ligação do estudo de pintura de Dalton com o terror que acontece ao seu redor, é algo sútil e que funciona.

    Agora, é necessário dizer que não tem nenhuma atuação aqui que seja chamativa na obra em geral. Até mesmo Patrick Wilson mostra estar no conforto dos tantos filmes de terror que já fez e que não faz questão de mostrar nada de novo ao espectador nesse quesito. Necessário enfatizar que o trabalho de maquiagem também não foi um dos melhores, as vezes causava mais uma vontade de rir da cena do que se surpreender, ou se assustar com ela.

    Em certos momentos o filme chega a cansar o espectador no meio da narrativa, mas consegue criar um encerramento em uma das últimas sequências com exatidão e com uma criação de espaço e atmosfera que segura o espectador para saber o como vai finalizar toda a loucura apresentada. Além de ter uma simbologia bela de como a porta foi aberta e como foi sua resolução, tendo uma ligação da relação entre o pai e filho protagonistas.

    Sobrenatural: A Porta Vermelha é o quinto filme da franquia que começou em 2010. O filme é protagonizado e dirigido por Patrick Wilson.
    Sobrenatural: A Porta Vermelha | Sony Pictures

    Mesmo o filme sendo carregado de problemas na condução narrativa com os personagens, a forma que lida com o humor, e as atuações funcionais, o filme consegue ser um entretenimento satisfatório e longe de parecer algo pretensioso ou preguiçoso. Sem contar que estamos falando da primeira direção de Patrick Wilson, que superou muitas expectativas comparado com o que a crítica achou dos dois filmes anteriores (necessário apontar que esses filmes não tiveram a direção do James Wan).

    Sobrenatural: A Porta Vermelha tem muitos erros pontuais, mas não se mostrar um filme displicente aos olhos do espectador que consegue se divertir em alguns momentos, até mesmo ter sustos muito bem calculados pela direção. Patrick Wilson continua mostrando que tem muito o que aprender ainda para chegar à ser um diretor com habilidade, mas mostra que tem talento em seu primeiro filme nas sutilidades. Sutilidades que ajudam a manter o filme uma obra satisfatória ao espectador em busca de apenas um filme de terror qualquer em algum cinema perto.

    Nota: 3/5

    Assista ao Trailer:

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  • CRÍTICA | 3° Temporada de Demon Slayer é a que tem mais ação até o momento

    CRÍTICA | 3° Temporada de Demon Slayer é a que tem mais ação até o momento

    Demon Slayer se provou capaz de emocionar e impressionar o espectador com uma arte magnífica, criação dramática e densa de personagens, além de um conjunto geral maduro e envolvente para o público pré-adolescente ao adulto. Em sua última temporada, Demon Slayer mostrou a tamanha vontade de impressionar o espectador com muitos episódios carregados de ação, e com lutas feitas com traços aguçados, além de um trabalho de efeitos especiais eficaz, mesmo as vezes sendo exagerado. Exagero que acaba invadindo a simplicidade bela da animação, mas que não afeta tão negativamente a experiência do espectador com a obra presente.

    A direção da animação continua sendo a do mesmo diretor das duas últimas, Haruo Sotozaki. Haruo tem uma incrível capacidade que é de surpreender muitos aqueles que acompanham outros animes, ou até mesmo séries streaming / televisivas: consegue fazer uma temporada, de uma única linha narrativa, diferente uma da outra. Assim como a primeira temporada é uma imensa e dramática introdução dos três companheiros (Tanjiro, Inosuke e Zenitsu), e a segunda carrega uma dramaticidade mais madura por conta de questões como perda e frustração, a terceira consegue ir para um caminho completamente diferente.

    Um dos pontos que faz a temporada ser muito diferente das outras, é que ela não tem o foco narrativo em Tanjiro, mas em seu amadurecimento ao lutar com outros dois Hashimas que enfrentam conflitos completamente diferentes de Tanjiro. Sendo eles: Mitsuri e Muichiro. Além da temporada ter um discurso indireto muito importante em que as personagens femininas presentes nessa temporada são as mais fortes de todos personagens apresentados, como a Mitsuri.

    O último episódio da terceira temporada de Demon Slayer foi ao ar no dia 18 de Junho(2023) na Crunchyroll.
    Demon Slayer | Crunchyroll

    Nezuko mesmo não aparecendo muito em essa temporada, ela faz parte do plot principal, e gancho, para a quarta temporada. Então sua ausência tem uma justificativa plausível, além de dar espaço narrativo de desenvolvimento para os novos personagens. É importante dizer para alguns espectadores que irão assistir esperando a mesma dramaticidade das duas últimas temporadas que a mesma carga dramática acontece apenas no último episódio. A temporada fez questão no desenvolvimento de conflito físico e introspectivos de personagens novos e nos irmãos protagonista, e não em lutas que carreguem ansiedade de perda de mais algum personagem que cause a mesma comoção ocorrida com a morte do hashima KyoJuro.

    Mesmo a temporada sendo carregada com muito humor nas relações entre Tanjiro e os outros personagens secundários, o espectador vai observar a narrativa com muito mais seriedade por conta da ausência do personagem mais chorão e barulhento de todos, Zenitsu. A sua ausência pode ter sido um utensílio para fazer os criadores do anime a reverem a abordagem do personagem que, mesmo sendo um utensílio de humor, atrapalha muitas vezes o prazer do espectador em querer sentir a narrativa sem um garoto gritando e chorando a todo tempo.

    A abertura e fechamento da série tiveram músicas muito mais animadas e carismáticas em comparação com a temporada anterior, o que é um casamento certo com uma animação que é carregada de humor e ação. Muitos espectadores podem não achar que a abertura é do mesmo nível que a primeira, que marcou muitos de seus fãs, mas consegue satisfazer e trazer um ar de ação mais denso que é o proposto pela última temporada.

    O último episódio da terceira temporada de Demon Slayer foi ao ar no dia 18 de Junho(2023) na Crunchyroll.
    Demon Slayer | Crunchyroll

    Mesmo a temporada tendo alguns exageros com seus efeitos especiais, e com um excesso desnecessário no quesito sexual da personagem Mitsuri, a temporada consegue ser um deleite aos fãs que buscam ação desenfreada e uma satisfação artística que todos amam em Demon Slayer. A quarta temporada está em produção, e esperamos ver qual novidade vai ser entregue para os espectadores sedentos para saber o futuro dos irmãos protagonistas.

    Nota: 4/5

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  • CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS – Terra Querida é uma ótima ideia, jogada no lixo

    CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS – Terra Querida é uma ótima ideia, jogada no lixo

    O filme Terra Querida fala de uma família simples, que busca apenas sobreviver em um território que vive a batalha de Jenipapo, que aconteceu um pouco depois da independência do Brasil. A família é composta por um pai, uma mãe duas filhas e dois filhos, que passam por dificuldades e desafios maiores a cada momento que a narrativa ocorre.

    Terra querida é carregado de referências cinematográficas clássicas, seja do cinema de faroeste do John Ford, ao cinema novo com referências a Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos. A estética criada pela construção de certos planos e a ideia da contemplação do espaço colocando os personagens nanicos, quase como peças de xadrez em um jogo de miséria, consegue colocar o espectador nesse clima existencialista e pessimista, mesmo com a utilização de cores fortes ao longo da obra.

    A obra carrega um potencial com bastante embasamento na formação e captura de seus planos, até mesmo na construção de sequências internas existe algo denso ali proposto ao espectador. Mas muitos problemas se encontram no quesito técnico e na forma que a narrativa acaba se perdendo até sua resolução.

    Terra Querida foi indicado em várias categorias na Segunda Edição do Festival de Cinema de Vassouras. Mas não venceu nenhuma. O filme é a primeira direção de Franklin Pires.
    Terra Querida | Franklin Pires

    Além da obra jogar o seu discurso existencialista e pessimista do sertão em meio a uma guerra fora, os pontos técnicos tem erros que mostram um amadorismo quase assustador. Seja no som, na edição de som, nos figurinos, na maquiagem, etc. Terra Querida carrega um potencial que poderia ser uma estória emblemática, de um momento que muitos nem sequer sabem que aconteceu. Mas o filme se perde na sua própria proposta narrativa, estética e até mesmo em formato.

    A obra, que é um filme, acaba se decaindo no sentido estético e interpretativo, virando quase um produto televisivo, vide novelas evangélicas da Record. Até mesmo a trilha sonora, que mostra estar falando do sertão, começa a se aventurar em outros campos sonoros que fogem completamente a proposta seguida da imagem. Além das cenas de drones que se repetem mais de quatro vezes, o filme tem um péssimo trabalho de pós produção, principalmente quando se trata de som e trabalho de cor. O que é triste, já que a cor faz parte de uma das camadas de importância ao discurso primordial do longa.

    Mesmo com a criação de personagens femininas fortes, todos os personagens tem uma condução de narrativa escritas como se estivessem pela metade. Seja no objetivo de uma das filhas de proteger a família como seu pai, o romance que a outra filha vive com outro soldado que mal dá para enxergar o que está acontecendo, e o filho caçula que não sere para NADA em toda a narrativa. Se retirassem o personagem, a trajetória de todos os personagens funcionária da mesma forma.

    Terra Querida foi indicado em várias categorias na Segunda Edição do Festival de Cinema de Vassouras. Mas não venceu nenhuma. O filme é a primeira direção de Franklin Pires.
    Terra Querida | Franklin Pires

    As cenas de conflito físico as vezes conseguem ter uma prática satisfatória, compensando outras que parecem terem sido feitas as pressas. Alguns simbolismos criados em alguns planos são completamente deixados de lado, sejam os soldados de brinquedo dos irmãos, até mesmo a mãe catatônica em sua própria casa pegando fogo. Terra Querida poderia ser um épico de uma batalha que poucos conhecem na história do Brasil, mas acaba se resultando em um trabalho pouco profundo, e executado de forma bamba, se balançando entre uma prática preguiçosa, e quase prepotente.

    Nota: 1/5

    Assista ao Trailer:

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  • CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS – Capitão Astúcia consegue ser um filme para toda a família, mesmo abordando um tema delicado

    CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS – Capitão Astúcia consegue ser um filme para toda a família, mesmo abordando um tema delicado

    Capitão Astúcia conta a estória do avô de Santhiago, que começa a ter pequenos surtos de aventura com seu neto. Ao mesmo tempo Santhiago passa por uma crise emocional por ter que se lembrar de seu passado como pianista prodígio e ter sua família o pressionando à isso. Mas, ao longo de suas aventuras com seu avô, ele começa a entrar em uma jornada de drama familiar, intrapessoal e muito além do que o mesmo acreditava que poderia chegar.

    O filme tem a direção de Filipe Gontijo, e é protagonizado pelos atores Fernando Teixeira e Paulo Verlings. Claro, o filme segue uma proposta inicial que se segue até o fim sem se desvincular no sentido dramático e até mesmo cômico. É uma obra que faz questão de enfatizar, seja nas atuações e na utilização de cores, que Capitão Astúcia faz questão de ser um filme que enquadre todos os públicos. Mas isso não o torna uma obra perdida narrativamente, mas ao contrário.

    O filme não só tem a intenção de provocar a discussão sobre como viver a vida dependendo de sua idade, mas também falar sobre a dificuldade de viver como um idoso. Adicionando o fato de como vive um idoso que começa a demonstrar sintomas de doenças como demência, e a visão da família, e próximos sobre isso. Claro que o filme não tenta investir tanto nessa camada, até porquê o filme ficaria muito mais voltado para o público adulto, e a pouco já tivemos um filme que abordasse tal tema: “Meu Pai“(2020).

    Capitão Astúcia estava em competição na Segunda Edição do Festival de Cinema de Vassouras, e o ator Fernando Teixeira recebeu o prêmio de Melhor Ator de Longa Metragem de Ficção.
    Capitão Astúcia | O2 Play

    As interpretações no geral não são o quesito forte do filme, mesmo em alguns momentos exigirem uma elevação no nível da atuação. Mas o filme consegue demonstrar uma boa execução nos efeitos práticos e na edição, mesmo com alguns erros de continuidade em certas sequências. Os efeitos especiais são poucos, mas feitos de forma delicada, o que faz um casamento certeiro com o conjunto estético da obra.

    As cenas que tentam mostrar o Capitão Astúcia combatendo o crime, ou brigando com um policial, são cenas que exigiam uma condução na direção para que se tornassem mais simbólicos do que se resultou. Mesmo sendo cenas que aparentemente faziam a função de ajudar ao ápice da conclusão, elas poderiam executar um potencial de carga emocional que foi deixado de lado. Por falar no personagem Policial, o tratamento de sua figura como principal ameaça mais atrapalhou a condução dos personagens do que facilitou para chegar logo ao final dramático. Além da atuação do personagem que é algo caricato a ponto de ser constrangedor.

    Nívea Maria, mesmo fazendo uma personagem cativante, mais sobra do que acrescenta algo à obra. Até mesmo sua relação com o Capitão Astúcia é algo que é conduzido e dirigido de forma tão corrida, que não consegue criar nem mesmo uma importância sobre o que vai acontecer com a relação deles no final da obra. Porém, é necessário enfatizar o trabalho nos pontos cômicos da obra, quem em sua maioria funcionam, e muito bem.

    Capitão Astúcia estava em competição na Segunda Edição do Festival de Cinema de Vassouras, e o ator Fernando Teixeira recebeu o prêmio de Melhor Ator de Longa Metragem de Ficção.
    Capitão Astúcia | O2 Play

    Capitão Astúcia, mesmo sendo um filme com problemas pontuais e técnicos, consegue satisfazer o espectador com um discurso belo, abraçando o espectador e a beleza nas relações familiares que, em muitos casos, acontecem nas entrelinhas do tempo, ou até mesmo na nostalgia de um instrumento musical, ou mesmo em páginas abandonadas de quadrinhos.

    Nota:3,5/5

    Assista ao trailer:

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  • CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS – Vermelho Monet mostra uma conexão entre paixão e pintura, mas tenta fugir de se assumir como um filme brasileiro

    CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS – Vermelho Monet mostra uma conexão entre paixão e pintura, mas tenta fugir de se assumir como um filme brasileiro

    Vermelho Monet conta a estória de um pintor português falsário, que é casado com uma mulher debilitada. O pintor Johannes tem uma fixação por mulheres ruivas, mas nenhuma consegue ajudar a aguçar seu lado criativo para pintar. E por acidente, acaba focado em uma atriz ruiva, Florence Lizz, que tem um caso com uma antiga parceira de Johannes, Antoinette Léfèvre, e começa uma conexão entre os três em busca da criação da pintura perfeita.

    O filme não foge da proposta de construir os planos fotográficos baseados em pinturas, algo que dá uma camada forte de beleza sobre a obra. Mesmo o filme sendo encharcado de uma construção de luz e sombra se resultando em uma pintura contínua, a obra peca por alguns pequenos aspectos que acabam resultando em muitos pontos falhos, mesmo não muito chamativos.

    A trilha do filme, mesmo funcionando na maioria do tempo, acaba invadindo muitas cenas que necessita silêncio e cautela na percepção do som sobre pequenos movimentos que aparecem em alguns dos planos, principalmente quando acontecem pinturas, e a montagem paralela de cenas sexuais, e sensuais, com Johannes pintando suas obras. Além do excesso de cenas que são utilizadas apenas a instabilidade de vida e mental sobre o pintor, que mesmo bem feitas, acabam saturando o filme.

    Vermelho Monet é dirigido por Halder Gomes e foi exibido no dia 21 de junho (2023) no Festival de Cinema de Vassouras.
    Vermelho Monet | GloboFilmes

    Não só esses pontos, como existe uma questão de uma fuga de identidade do filme parecer não querer assumir que é uma produção brasileira, contando que a personagem mais idealizada sexualmente e a única outra personagem brasileira é uma criminosa, torna o filme uma proposta meio problemática. Mas não são problemas que afetam tanto a obra a ponto de atingir de forma negativa a narrativa, mas que atrapalham a conexão do espectador brasileiro com a obra.

    Sem contar que o filme conta com um problema de casting, pelo fato de que a atriz Samantha Heck Müller não tem uma atuação potente para estar em conjunto com a dupla Maria Fernanda Cândido e Chico Díaz, que dão uma aula de atuação e são os pontos fortes do filme se manter para não se afundar em algo monótono e indiferente. Algo muito positivo, mostrando que a direção não estava displicente em focar apenas nas construções pirotécnicas, fazendo a mise-en-scène ser executada de forma madura e plausível ao longo de suas duas horas de prática.

    O filme mesmo tendo muita das construções de plano sendo conectados com pinturas, a direção não fica no conformismo em querer apenas focar na questão contemplativa da obra, mas faz questão de conduzir a obra com metalinguagem teatral e com a conexão dessa linguagem com a ação entre os personagens. É quase como se a relação dos personagens com os planos baseados em pintura fossem executados como uma dança, criando uma conexão poética para muitos espectadores, mas que pode entediar muitos aqueles que não tem interesse nesse jogo de linguagem e da forma que os personagens brincam com isso.

    Vermelho Monet é dirigido por Halder Gomes e foi exibido no dia 21 de junho (2023) no Festival de Cinema de Vassouras.
    Vermelho Monet | GloboFilmes

    Falo a respeito de que o filme, por conta de uma trilha invasiva, uma atriz que não chega ao mesmo nível de seus dois parceiros e a ideia da falta de identidade do país de origem da produção faz o filme ter uma conexão seleta de conexão com aqueles que o assistem, pois muitos vão acabar se cansando com a narrativa que não é carregado de conflitos, mas de entrelinhas teóricas e poéticas.

    Vermelho Monet é uma experiência sensorial e teórica envolvente, que as vezes falha por algumas escolhas. Mas a obra continua bela e potente em sua execução e em seu resultado belo, e melancólico.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

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  • CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS -Não Sei Quantas Almas eu Tenho tenta tratar uma estória vampiresca como Abel Ferrara, mas falha em todos os sentidos

    CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS -Não Sei Quantas Almas eu Tenho tenta tratar uma estória vampiresca como Abel Ferrara, mas falha em todos os sentidos

    O filme “Não Sei Quantas Almas Eu Tenho” é dirigido e produzido pelo conhecido cineasta independente Cavi Borges, e conta a estória de uma mulher que trabalha na área química junto ao seu companheiro. Ao longo de sua pesquisa, ela começa a ter um interesse doentio em questionar e a lutar contra a morte. Em meio a sua jornada, um homem misterioso imortal, que lembra a figura do Drácula, começa a se aproximar dela e entram em uma relação amorosa, perigosa e incerta sobre o futuro de ambos. Um pelo amor, e a outra em desafiar a morte.

    O filme no sentido narrativo e nos quesitos de construção de atmosfera existencialista lembra bastante a obra O Vício(1995) dirigida pelo famoso diretor Abel Ferrara. Além da protagonista ser também ter o objetivo de entendimento e questionamento sobre a morte, mostra o quão a mesma começa a se perder de si mesma e de sua sanidade ao longo dessa jornada. Porém, no sentido de execução, ambos são em variados pontos completamente diferentes quando se fala de execução.

    O filme de Cavi Borges tenta criar uma dramaticidade poética com métodos funcionais e preguiçosos, tentando conectar o espaço tropical, ou épico, com a relação dos personagens protagonistas. É como se a narrativa lembrasse o filme de Ferrara, mas o diretor buscasse uma resposta imagética da narrativa utilizando o método contemplativo do espaço do mesmo jeito que Terrice Malick faz, mas de forma menos profissional e com uma construção desproporcional e sem uma boa conexão com resto.

    O filme Não Sei Quantas Almas Eu Tenho foi exibido no Festival de Cinema de Vassouras. A obra tem a direção de Cavi Borges e Patrícia Niedermeier.
    Não Sei Quantas Almas Eu Tenho | Cavídeo

    Mesmo certos momentos apresentando uma boa fotografia, e um trabalho de som eficiente, não tem nada que possa ser muito aproveitado aqui na obra. Seja na narrativa, nas interpretações, na montagem e em todo o resto, a obra se mostra como um trabalho onde todos os pontos apresentados ou são executados pela metade, ou que não se tem um controle de direção em tomar certas decisões, seja nas sequências e construções de planos fotográficos, e muito menos no discurso narrativo proposto. Discurso que é tratado como se fosse algo inferior a pirotecnia desnecessária que tenta chamar a atenção do espectador, mas que acaba mais incomodando aqueles que estão vendo do que os coloca dentro de tal estória.

    É um tema com muitas camadas para se trabalhar, seja no sentido existencialista, até mesmo niilista, quando se aborda o tema “morte”, tratar algo natural como se fosse uma doença, o questionamento sobre o como a moral pode aos poucos se apagando de acordo com o seu vício por imortalidade, a ideia da imortalidade como algo ameaçador ou quase uma maldição.

    Tantos pontos que poderiam ser facilmente implementados à obra, mas, além de serem abordados, eles são deixados completamente de lado por um romance sem emoção e por excessos de planos contemplativos desnecessários sobre um espaço que pouco convém a narrativa.

    O filme Não Sei Quantas Almas Eu Tenho foi exibido no Festival de Cinema de Vassouras. A obra tem a direção de Cavi Borges e Patrícia Niedermeier.
    Não Sei Quantas Almas Eu Tenho | Cavídeo

    Não Sei Quantas Almas Eu Tenho é uma tentativa de fazer uma releitura do clássico Drácula de Bram Stoker, mas a direção e a produção se mostram que quiserem investir em apenas um minúsculo ponto além da proposta original, transformando o filme em algo monótono, sem emoção, e deixando toda uma filosofia e discussão de lado, para se tornar um filme esquecível.

    Nota: 1/5

    Assista à entrevista de Cavi Borges e Patrícia Niedemeyer para Leela:

    Depois da crítica de Não Sei Quantas Almas Eu Tenho, leia também:

  • CRÍTICA | The Flash – Repleto de referências e divertido, o filme não é perfeito, mas entrega uma ótima experiência ao espectador.

    CRÍTICA | The Flash – Repleto de referências e divertido, o filme não é perfeito, mas entrega uma ótima experiência ao espectador.

    Chega aos cinemas nesta quinta (15) o mais novo filme do velocista escarlate, trazendo o conturbado Ezra Miller no papel de Flash e representa uma ode a toda a história que conhecemos do herói e seus universos até agora.

    A maior e melhor história do Flash nos quadrinhos sempre foi e sempre será  Ponto de Ignição, adaptada diversas vezes para outras mídias, tanto animação, quanto para a tv, a história é mais uma vez adaptada, agora para as telonas, trazendo o plano de fundo do herói já apresentado em Batman vs Superman e Liga da Justiça, The Flash chega aos cinemas para se tornar a obra definitiva de Ponto de Ignição, a mais grandiosa e ousada de todas.

    Ezra Miller viveu tempos conturbados durante e após a gravação do longa, abuso, assédio, agressão, o ator viveu dias difíceis quanto ao não cancelamento do filme, mesmo após todas as acusações, ele afirmou que está buscando reabilitação na forma de um tratamento para “questões complexas de saúde mental”. Em outubro do ano passado o ator voltou para regravar algumas cenas do longa e agora finalmente temos sua versão final.

    The Flash | Foto: Warner Bros.
    The Flash | Foto: Warner Bros.

    O filme acompanha a história de Barry Allen, nosso querido herói Flash que apesar de velocista luta para não se atrasar para o trabalho todos os dias, logo depois de voltar de Gotham onde ajudou Bruce Wayne (Ben Affleck), os dois conversam na porta do apartamento de Barry e o mesmo, introduz a ideia de voltar no tempo e de alguma forma evitar a morte de sua mãe (Maribel Verdú, O Labirinto do Fauno), o morcego logo o alerta para não tentar fazer isso, pois qualquer fio de cabelo que ele mude de lugar o universo pode entrar em colapso.

    Flash não dá ouvidos a Bruce e na mesma noite volta no tempo para tentar fazer com que sua mãe viva no futuro onde ele está, a partir daí entramos em um looping de coisas dando errado uma atrás da outra e a aventura do herói escarlate começa a degringolar bagunçando a linha temporal como um todo.

    The Flash | Foto: Warner Bros.
    The Flash | Foto: Warner Bros.


    A princípio o filme é muito divertido e Ezra está muito bem no papel de flash, tanto na sua versão mais jovem, quanto na versão mais velha, todo o elenco de apoio também entregam uma boa atuação e o roteiro “simples” funciona até certo ponto e se perde do meio pro final, mas quando se mexe com viagem no tempo e multiverso, a confusão sempre estará presente.

    Michael Keaton retorna ao seu icônico papel de Batman, completamente louco das idéias após anos combatendo o crime, ele finalmente não tem mais crimes a combater em Gotham e preso dentro da mansão Wayne ele foi ficando cada vez mais solitário e maluco. É quando os dois Barrys chegam, para resgatar o herói adormecido dentro de Keaton e assim poderem unir forças para derrotar o vilão recém chegado na terra, Zod, o vilão de Homem de Aço (2013).

    The Flash | Foto: Warner Bros.
    The Flash | Foto: Warner Bros.

    Para combater alguém tão poderoso quanto Zod, eles procuram incessantemente por Kal-el, o Superman daquele universo, mas acabam achando no lugar sua prima, Kara Zor El, que está presa em uma prisão de segurança máxima na Rússia, em uma cela escura eles a resgatam e correm para a luz solar para que Kara consiga enfim usufruir de sua força máxima e assim os 4 heróis partem para dar fim ao plano de terraplanagem de Zod.

    Dirigido por Andy Muschietti (It: A Coisa), The Flash apresenta bons planos e uma direção concisa, assim como vimos em It, mas até o filme do palhaço apresenta efeitos visuais melhores do que vemos no longa, para mim a impressão é de que faltou tempo para finalizar tudo, em alguns momentos ele é bom, mas oscila grotescamente durante todo o filme. A Fotografia de Henry Braham (Guardiões da Galáxia 2, Malévola) por outro lado traz um ar muito dinâmico para o filme, condizendo com a história do velocista. 

    The Flash | Foto: Warner Bros.
    The Flash | Foto: Warner Bros.

    A trilha composta por Benjamim Wallfisch empolga e referencia outras trilhas como a de Danny Elfman para o Batman, mas com um tom muito mais atual que combinou muito com o filme. O roteiro é assinado triplamente, por Christina Hodson (Aves de Rapina) John Francis Daley e Jonathan Goldstein (Homem-Aranha De Volta ao Lar e Dungeons & Dragons), com toda a viagem por multiversos o roteiro se perdeu em alguns momentos mas entrega um final no mínimo coerente.

    Pós cabine de The Flash a falação foi grande, havia uma dualidade entre como o filme estragou tudo que veio anteriormente e como o filme é cômico e empolgante, minha visão é de que finalmente temos um filme solto das amarras da DC, assim como foi O Esquadrão Suicida, que ousa em apresentar histórias inovadoras no meio de vários universos e entrega uma boa experiência ao espectador que vai sair do cinema ao menos entretido. No fim The Flash não é a melhor obra da DC até então, mas está bem longe de ser a pior também, um filme cômico, cativante e tocante, pois quem não chorar na cena que o Flash está arrumando a linha do tempo não tem coração!! 

    The Flash | Foto: Warner Bros.
    The Flash | Foto: Warner Bros.

    Faça igual o herói escarlate e vai correndo pro cinema, definitivamente The Flash vale muito o ingresso!

    Veja outros trabalhos do diretor aqui e aqui.

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    Nota 3,5/5

    Assista ao trailer:

  • CRÍTICA | A Pequena Sereia consegue entreter, mesmo sendo mais uma apelação nostálgica da Disney

    CRÍTICA | A Pequena Sereia consegue entreter, mesmo sendo mais uma apelação nostálgica da Disney

    A Pequena Sereia da versão original em animação não é um filme tão marcante como as outras feitas pelo mesmo estúdio. É um filme que tem sua marca por algumas músicas e pelos traços de cabelos ruivos e delicados da protagonista, mas sempre foi longe de ser uma personagem fortemente simbólica em comparação com as outras princesas em formato de animação dos estúdios Disney. Algo que aquele que vos escreve tentou deixar de lado ao ver a obra nova em formato live action.

    Em questão narrativa, o filme lembra bastante o original, mas tenta arrumar mais artimanhas ligadas à humor com personagens secundários. Métodos que, no geral, até funcionam para capturar o espectador ou tornar o filme um pouco mais cativante ás novas gerações. O CGI do filme claramente é exagerado, mas não tem como ter outra interpretação, até pelo fato de que tivemos a pouco tempo Avatar: O Caminho da Água. Filme que precisou de anos de produção para alcançar tal efeito fenomenal entregue ás telas. É impossível entregar um resultado meramente parecido em um filme que, nota-se, parece que foi completamente feito em estúdio.

    Quando digo que é um filme que foi feito claramente em estúdio, não estou querendo enfatizar o óbvio, mas avisar ao espectador que: se está pensando em encontrar uma obra cinematográfica que tenha certa beleza ao se ver na tela, essa será a maior decepção no final da sessão. Pois o filme parece, no quesito técnico, interpretativo e em produção, uma filmagem de série voltada para o público infantil. É como se fosse um produto voltado para se passar na televisão, no antigo canal Disney Channel, não em uma tela de cinema. Algo que, além de raso, é quase desrespeitoso e feio de ser executado em uma tela de cinema.

    A Pequena Sereia é um filme live action da animação clássica de 1989. A Ariel é interpretada pela atriz Halle Bailey e é mais uma produção da Disney.
    A Pequena Sereia | Disney

    Oque consegue salvar a obra em ser algo pelo menos cômico ao espectador, é o contraste da atuação madura e dramática de Halle Bailey e da dublagem dos personagens secundários feitos de CGI. Tal contraste, faz o filme funcionar para cativar o público em busca de uma certa nostalgia de fácil busca e para fisgar algumas risadas do público mais infantil, mas que é estragado pela necessidade do filme usar os efeitos especiais em geral como o principal fator de todo o filme funcionar. Algo que torna o filme uma obra, visivelmente, preguiçosa.

    Os trabalhos de atuação, fora o da atriz protagonista, fica entorno de algo entretido até o carisma mais baixo possível de ser entregue (acentuando nesse ponto específico, o trabalho do ator Jonah Hauer-King, como Príncipe Eric). É possível encontrar um mínimo de esforço vindo dos personagens Ursula e o Rei Tritão (interpretados por Melissa McCarthy e Javier Bardem) que mostram saber estar em um filme de fraco empenho, mas que querem fazer algo com pelo menos algum peso de atuação para o público, oque Bardem consegue, simplesmente, com sua presença, que faz jus ao personagem.

    É necessário enfatizar todos os erros cometidos de forma estética e técnica pela obra, pois o final tem uma resolução rasa e uma resposta melodramática por conta de todos os conjuntos de erros apontados anteriormente. Além desse filme fazer parte de uma resposta da Disney em simplesmente conseguir dinheiro de forma ridiculamente fácil, com apelação nostálgica e afirmando cada vez mais a crise criativa que os grandes estúdios dos EUA estão fazendo questão de mostrar como não ligam para isso contanto que continue a pagar por obras como essa.

    A Pequena Sereia é um filme live action da animação clássica de 1989. A Ariel é interpretada pela atriz Halle Bailey e é mais uma produção da Disney.
    A Pequena Sereia | Disney

    A Pequena Sereia é só mais um filme live action raso dos estúdios Disney, que não se preocupa em nada além de querer abraçar o espectador com músicas nostálgicas, cenas musicais compostas da forma mais artificial possível e sendo salvo por alguns momentos cômicos responsáveis pelo trabalho de dublagem por trás de seres em CGI.

    Nota: 2,5/5

    Assista ao Trailer:

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  • CRÍTICA | Homem-Aranha: Através do Aranhaverso consegue sair da fórmula Marvel de cinema, e consegue ser um dos melhores filmes de 2023

    CRÍTICA | Homem-Aranha: Através do Aranhaverso consegue sair da fórmula Marvel de cinema, e consegue ser um dos melhores filmes de 2023

    Homem-Aranha: Através do Aranhaverso não se distancia muito do primeiro filme no quesito de execução técnica, e no que se distancia, o torna melhor e uma experiência forte ao espectador. Claro que o filme carrega muito Fan-Service, mas a obra não se mantém apenas por isso, ao contrário do que foi o filme com Tom Holland, Homem Aranha: Sem Volta Para Casa.

    O filme consegue mostrar uma evolução do protagonista, Miles Morales e da personagem Gwen Stacy, que continuam a ter uma construção de narrativa objetiva e sem exageros cômicos, mostrando mais a faceta humana sobre pontos envolvendo moral e confusão sobre tudo que estão passando.

    O Antagonista, o vilão Mancha, supera em todos os quesitos oque foi o Rei do Crime no primeiro filme. Seja no sentido de objetivo, desenvolvimento, e até mesmo conexão com o espectador em sua evolução de um ser cômico, com uma imensa ameaça cósmica, tendo também uma das melhores evoluções de personagem no quesito traço no quesito técnico. Parte técnica que não poupa o espectador em nenhum momento para mostrar oque a produção é capaz de fazer.

    Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é dirigido por Joaquim Dos Santos, Justin K. Thompson e Kemp Powers. O filme foi lançado no dia 1 de Junho deste ano(2023) e foi produzido pela Sony Pictures.
    Homem-Aranha: Através do Aranhaverso | Sony Pictures

    É necessário acentuar que o filme vai além de uma estória de super-herói básica, a direção fez questão de enfatizar nos quesitos técnicos para colocar o espectador imerso em um universo de quadrinhos e de construção nostálgica ao longo da história do personagem Homem-Aranha. Por conta disso, o filme não decaí ao nível dos outros filmes Marvel que tentam seduzir o espectador apenas colocando um símbolo nostálgico barato, nem mantém a narrativa como algo simplesmente funcional.

    O espectador consegue criar empatia e se importar com cada um dos personagens mostrados. Algo que começa de forma sólida e criativa logo na introdução do filme com uma cena envolvendo um dos Aranhas, tocando um instrumento musical e narrando sobre as dificuldades na qual está passando.

    A trilha sonora do filme não está tão chamativa quanto no primeiro filme, mas que faz sentido tal escolha, até porque a construção narrativa é feita de forma bastante minuciosa. Mesmo com muitas referências da estória do Homem-Aranha, o filme não deixa o excesso de referência afundar a narrativa.

    Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é dirigido por Joaquim Dos Santos, Justin K. Thompson e Kemp Powers. O filme foi lançado no dia 1 de Junho deste ano(2023) e foi produzido pela Sony Pictures.
    Homem-Aranha: Através do Aranhaverso | Sony Pictures

    A direção utiliza toda essa história do personagem como símbolo e até mesmo de referências dentro do mundo da internet, como memes, como utensílios para criar uma experiência para todas as idades e gerações que gostem de quadrinhos e daqueles que buscam um aconchego nostálgico de um personagem que fez parte de sua infância quando suas animações passavam na televisão.

    É necessário acentuar o trabalho da dublagem original, que conseguiram dar bastante ênfase nos personagens, principalmente nas sequências mais dramáticas e cômicas. É possível observar a delicadeza da animação em conjunto com os trabalhos de voz dos protagonistas citados no início(Shameik Moore e Hailee Steinfeld) e a adição de um personagem que é o principal fator do filme ter uma construção linear, mesmo com tamanha informação, Miguel O’Hara(dublado pelo ator Oscar Isaac).

    O personagem Miguel O’Hara consegue ser um retrato exato do que oque realmente significa ser um herói, e que ao mostrar tal realidade a protagonista, mostra uma ideia de conflito angustiante, mas com uma linha realista de pensamento, onde começa a discussão sobre oque é mais importante do que manter a ordem de todos os universos coligados. Questão que pretende ter alguma conclusão no próximo filme já confirmado pela Sony Pictures.

    Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é dirigido por Joaquim Dos Santos, Justin K. Thompson e Kemp Powers. O filme foi lançado no dia 1 de Junho deste ano(2023) e foi produzido pela Sony Pictures.
    Homem-Aranha: Através do Aranhaverso | Sony Pictures

    Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é uma experiência imagética inédita, com uma narrativa que consegue se auto sustentar mesmo com tanta informação em uma obra só, com personagens memoráveis e cativando os variados espectadores das mais diversas gerações, fugindo do apelo barato dos outros filmes do MCU.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

    Depois da crítica de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, leia também:

  • CRÍTICA | MIMO Festival – Rebel Dread fala sobre a figura Don Letts, mas não se aprofunda no mundo que o gerou

    CRÍTICA | MIMO Festival – Rebel Dread fala sobre a figura Don Letts, mas não se aprofunda no mundo que o gerou

    Rebel Dread conta a história em um formato documentário básico sobre quem foi Don Letts, um diretor cinematográfico, Dj e músico que viveu sua juventude trabalhando para e em conjunto com bandas punks reconhecidas até hoje, como Sex Pistols, The Clash, entre outras. O autor, aqui presente, cobriu o documentário no MIMO Festival com a presença de Don Letts, que disse logo depois da exibição que não gostava do filme. De acordo com Letts, o filme se fixou na figura dele, mas não no cenário musical e cultural em que ele viveu, e ajudou a gerar tamanha história. Algo que eu concordo.

    O documentário dirigido e roteirizado por William E. Badgley tenta transformar a figura de Don Letts de forma mistificada. Não criticando Don Letts claramente, mas enfatizando que um dos pontos que chama a atenção do espectador do filme é a questão politica e social na época em que o punk nasceu nos anos 70 no Reino Unido. Fator que acaba ficando de lado por conta de uma acentuação de entrevistas e condução na direção em que o foco era como Don Letts era como pessoa, sua vida amorosa e familiar.

    Não atoa, uma das partes que mais chama a atenção do espectador pro filme, é quando o documentário aborda de forma aprofundada seu trabalho com as bandas, fazendo os videoclipes, e até mesmo o como Letts conheceu as bandas e seus integrantes. Algo que funciona em conjunto com as entrevistas de músicos que trabalharam com Letts, tirando algumas outras que ficam enfatizando na imagem “genial” de quem foi Don Letts e como conseguiu chegar até onde chegou.

    Rebel Dread, documentário sobre o cineasta Don Letts, foi exibido no MIMO Festival no dia 17 de Maio (2023). O filme é dirigido e roteirizado pelo William E.Badgley.
    Rebel Dread | Moviehouse Entertainment

    A direção não foge do convencional ao montar e a conduzir o filme como algo premeditado. O lado negativo nessa escolha preguiçosa de direção, foi de não tentar fazer algo que se conecte com o trabalho de direção do Don Letts, oque acaba decepcionando um pouco o espectador em querer se investir mais na narrativa contada. Fazendo com que as entrevistas fossem uma bengala para o filme continuar a andar sem o espectador se entediar com oque a produção entregou.

    Outro lado que afeta a produção é um fator essencial que ficou ausente no produto final: A trilha sonora não chama a atenção do espectador em nenhum momento. Um filme que fala sobre um diretor de videoclipes, que trabalhou como Dj e músico, não se aprofunda nem na direção geral e nem na trilha sonora que são os elementos essenciais para conseguir trabalhar a figura de Don Letts em um documentário? Além de não fazer sentido, a produção acaba se resultando em um trabalho preguiçoso.

    Porém, o documentário consegue seguir uma linha histórica sobre Don Letts de sua juventude, até os tempos atuais, de forma satisfatória e calma. Algo resultado da escolha de direção de seguir uma linha modus operandi de documentário. Mesmo sendo um documentário que não se aventurou, ou se arriscou, em aumentar a força de si mesmo e sobre o cenário em volta de Letts, o filme ainda consegue funcionar em sua maioria.

    Rebel Dread, documentário sobre o cineasta Don Letts, foi exibido no MIMO Festival no dia 17 de Maio (2023). O filme é dirigido e roteirizado pelo William E.Badgley.
    Rebel Dread | Moviehouse Entertainment

    O documentário consegue satisfazer o espectador com entrevistas cativantes e humanizadas de cada um que aparece na tela, utilizando filmagens da antiga Londres e outras filmagens, conseguindo criar um pouco do que foi a atmosfera de um tempo alucinante e doido que jamais vai voltar.

    Rebel Dread é um documentário que consegue comprir o seu papel na risca de se tornar mais um documentário qualquer que passaria na MTV, mas que consegue, por sorte, ser um bom entretenimento e uma forma de conhecer um pouco sobre quem foi o homem por trás da câmera em um dos momentos mais bombásticos da cultura musical.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer:

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  • CRÍTICA | MIMO Festival – Alan é um documentário que mostra o verdadeiro retrato sobre oque é ser artista na periferia

    CRÍTICA | MIMO Festival – Alan é um documentário que mostra o verdadeiro retrato sobre oque é ser artista na periferia

    Alan do Rap é um rapper que tentava ganhar a vida fazendo o trabalho que tanto ama, mas ao longo do seu percurso, Alan acaba aniquilado depois de tanto episódios que o mesmo passou, seja em questão de saúde, até mesmo por questões envolvendo violência e crime. É importante enfatizar que Alan era baiano, então mostra o cenário de rap fora da metrópole brasileira do sudeste, por onde o gênero musical é mais conhecido por conta de figuras como Racionais Mcs e Mv Bill, que aparecem em alguns momentos durante o filme.

    Alan é um filme documentário que utiliza de métodos de linguagem que lembram o início dos anos 2000, seja na sua estética e como a câmera cria conexão com esse personagem, que vive em um barraco caindo aos pedaços, mas que vive em busca de seu sonho. A linguagem utilizada é variada, seja em ligações telefônicas que ficam o fundo da imagem, close ups no rosto de Alan e a utilização frequente de espaços em breu e silenciosos. Os métodos utilizados criam um teor quase Found Footage em cima do que acontece com Alan e com aquilo que ele vai falando ao longo do filme quando entrevistado.

    O filme consegue se manter além da aplicação desses métodos, por conta de quem Alan vai se tornando ao longo de cada capítulo de sua vida, em conjunto com tudo aquilo que vai acontecendo com ele. Algo que agrega bastante a narrativa, são as entrevistas que famosos do cenário musical do gênero comentando e respondendo sobre Alan do Rap. O filme, diferentemente da forma de trabalhar do documentarista Eduardo Coutinho, não tem muita aparição daqueles que estão fazendo o filme, o espaço de tela é quase todo do protagonista do documentário, Alan do Rap.

    Alan (2022) é um documentário dirigido por Diego e Daniel Lisboa. O filme foi exibido no MIMO Festival no dia 17 de Maio (2023).
    Alan | Cavalo do Cão Filmes

    Alan consegue ter sua proposta feita com exatidão principalmente pelo fato da obra não querer se mostrar tecnicamente avançada. Não existe aqui uma filmagem em qualidade 4k, não existe um som capturado de forma detalhada, é uma produção que lembra até mesmo uma estética suja. Estética essa que conversa com a vida e sobrevivência de Alan do Rap no cenário e espaço que ele vive, e os caminhos que o mesmo decide tomar.

    Algo que causa até mesmo certa perplexidade no espectador, é a forma que uma figura como Mano Brown, fala sobre o pedido de ajuda de Alan do Rap para conseguir sobreviver no meio do cenário musical, mesmo que seja fazendo um mínimo para viver. Mano Brown fica desnorteado até responder aos entrevistadores: “Não é sair da cadeia e ir pro rap, e ir pro rap para não entrar na cadeia. Tem muito moleque como ele que é trabalhador. Trabalhador. O cara vacilou no sistema, não posso ajudá-lo. Não posso passar a mão na cabeça dele”.

    O espectador fica com um sentimento de pena pelo fato dessa figura, Alan do Rap, mostrar talento e vontade em trabalhar naquilo que ama, e pagar pelos erros que o mesmo cometeu. E, mesmo vivendo momentos bons em algumas cenas, Alan sempre volta para o mesmo começo. Não conseguir trabalho, passar por problemas de saúde, ter que invadir palcos de eventos para conseguir mostrar seu talento da forma mais rápida possível, como o indivíduo pode não deixar a moral de lado, quando tudo que chega à ele é sofrimento, dor, tristeza e nada de expectativa?

    Alan (2022) é um documentário dirigido por Diego e Daniel Lisboa. O filme foi exibido no MIMO Festival no dia 17 de Maio (2023).
    Alan | Cavalo do Cão Filmes

    Alan é um documentário sólido, consistente e perseverante na forma que trata essa figura do Rap independente. Com a utilização de uma estética e atmosfera que se remete à um outro tempo, consegue ainda se ligar ao espectador dos tempos atuais, por conta de um triste cenário, que continua a existir. Pois Alan do Rap é mais um nesse cenário injusto e, quase utópico, no mundo musical e das artes.

    Nota: 4/5

    Assista ao Trailer:

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  • CRÍTICA | MIMO Festival – Fantasma Neon: quem pensou que trabalhar o tema da precarização do trabalho em formato musical seria uma boa ideia?

    CRÍTICA | MIMO Festival – Fantasma Neon: quem pensou que trabalhar o tema da precarização do trabalho em formato musical seria uma boa ideia?

    Fantasma Neon aborda um tema de extrema importância quando se fala sobre o mundo do trabalho informal e sua precarização no cenário neocapitalista. Ken Loach soube abordar isso de forma exemplar em duas de suas mais famosas obras, Sorry, We Missed You(2019) e Eu, Daniel Blake(2016). Filmes que funcionam pelo simples fato de tratarem esse tema de forma nua e crua, pois não é um tema que dê para exercer algo dramaticamente “belo” e enfeitado, oque acaba tornando o filme Fantasma Neon um filme pouco potente, até mesmo chamativo em sua conversa com o espectador.

    Claro que aqueles que vos escreve não esta ditando regras e obrigações ao diretor responsável, mas se for para falar de um tema tão profundo e delicado, utilizando do método musical, tem que saber muito bem oque está disposto a fazer. O filme também tenta se auto aprofundar com cenas de diálogos expositivos e utilizando de metalinguagem em algumas sequências, para conseguir acrescentar um embasamento dramático para a obra ter alguma potência. Mas o tema em si, a forma que os personagens são trabalhados e conduzidos, em conjunto com o “espetáculo” musical que tenta ser feito em certas cenas, faz com que o filme não funcione em quase nenhum momento, até mesmo no ato de simpatizar, ou conectar, o espectador com o personagem protagonista.

    A produção no quesito técnico consegue exercer certos pontos, mas nada que chame a atenção de quem está vendo. A direção, mesmo nas cenas que é exigido uma decupagem e uma construção imagética sólida, mantém toda sua condição em uma execução funcional e sem criatividade para conversar com a ideia musical por trás da atmosfera deprimida e caótica que o tema trás. É possível dizer que o filme tenta um diálogo honesto sobre um tema delicado, mas a conversa é composta por frases que sempre estão na metade, ou frase de efeito que encontramos no mundo visto pelos usuários do Twitter.

    Fantasma Neon (2021) foi dirigido por Leonardo Martinelli, e foi exibido no MIMO Festival no dia 17 de Maio.
    Fantasma Neon | Pseudo Filmes

    Em tais decorrências, o filme tem, em poucos momentos, um jogo de câmera com as danças dos entregadores que chama a atenção rapidamente, mas nada que consiga efetivar o nível de trabalho que acaba sendo executado. Até mesmo no sentido estético das cenas, e de atmosfera sobre aquele ambiente injusto, Fantasma Neon falha.

    Falha, não no sentido narrativo, que já foi pautado algumas vezes nesse texto, mas pela forma que o diretor tenta entregar a obra como se fosse algo bonito de se passar na TV, até mesmo em um comercial de uma rede de entregas, oque acaba se resultando em uma proposta contraditória.

    A sequência na qual um entregador acaba sendo morto por atropelamento, provavelmente, é uma das cenas que mantém o filme mais conectado com a realidade e que dialoga melhor com o espectador. Mostrando uma face melancolicamente real, onde o indivíduo é escravizado pelo próprio sistema da informalidade, por não ter para onde correr. Algo que não penetra apenas o corpo, mas a mente daqueles que precisam se comportar como motores para sobreviver, sem tempo até mesmo para almoçar.

    Fantasma Neon (2021) foi dirigido por Leonardo Martinelli, e foi exibido no MIMO Festival no dia 17 de Maio.
    Fantasma Neon | Pseudo Filmes

    Fantasma Neon é um filme enfadonho, pouco criativo, e que não se arrisca em seu formato musical, nem narrativo. Apresenta ser uma obra querendo apontar a necessidade de falar sobre o assunto proposto, mas que acaba sendo um retrato triste, trabalhado de uma forma triste. Nada contra a escolha musical, mas se é pra falar da uberização do trabalho, não se deve trabalha-lo como se fosse uma propaganda mal feita para um canal infantil. Não só não condiz com o peso do tema proposto, como o torna um discurso completamente descartável quando tratamos o objetivo com apenas um pouco de técnica, e nada mais.

    Nota: 2,5/5

    Assista ao trailer:

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  • CRÍTICA | MIMO Festival – Letrux: Viver é um Frenesi mostra um lado humano cativante da artista além de sua música

    CRÍTICA | MIMO Festival – Letrux: Viver é um Frenesi mostra um lado humano cativante da artista além de sua música

    O documentário consegue fazer o seu dever quando se trata sobre um artista: torná-lo interessante para além de quem já conhece certo artista. Aquele que vos escreve essa crítica, nunca foi alguém muito próximo da obra de Letrux. Principalmente pelo fato de não ser um grande fã de seu estilo de trabalho musical. Mas, oque importa nesse momento é como esse filme conseguiu me capturar como espectador, mesmo distante de seu trabalho.

    Além do filme não ser algo necessariamente biográfico, a narrativa segue Letrux no momento em que começa a pandemia de Covid 19, quando a cantora decide ir para a casa de férias de sua família em São Pedro da Aldeia, onde decide passar seu isolamento. Nesse isolamento, Letrux fala sobre seus registros familiares, lembranças de alguns shows e relatando sobre cada persona que Letícia Pinheiro de Novaes carrega em si.

    A direção não faz questão de capturar Letrux como uma figura icônica da música brasileira ou com uma vida conturbada. Faz o oposto, apostando em simplesmente filmar uma mulher artista, que ri dos registros familiares filmados pelo seu tio, que fazia tudo com suas primas quando mais nova e que ama seu trabalho, sem medo de falar sobre isso. Sem contar que Letrux tem uma postura muito cômica para falar sobre muitos pontos, mas não a ponto de ser uma figura infantil. Oque fica balanceado quando Letrux decide recitar textos e com a direção que consegue falar do lado artistico da protagonista com artifícios fotográficos, pipas, entre outros.

    Letrux: A Vida é um Frenesi foi exibido no MUMI Festival no dia 17 de Maio(2023) na rede Estação Net de Cinema na cidade do Rio de Janeiro. O filme é dirigido pelo diretor Marcio Debellian.
    Letrux: Viver é um Frenesi | Debê Produções

    Letrux: A Vida é um Frenesi é um documentário que segue uma linha de construção que lembra o estilo de direção de alguns filmes franceses, sejam documentários da Agnes Vardá e da brasileira Renata Pinheiro, não pelo tema tratado, mas como é executado o desenho sobre o tema em especifico. Tornar a protagonista profunda e interessante ao espectador, sem esquecer a necessidade do ambiente em que o personagem principal se encontra.

    São Pedro da Aldeia exala na narrativa, e de forma necessária, pelo fato de que a casa em que Letrux se encontra carrega muito de sua história. O espaço ensolarado, e em sua maioria pouco povoado nos momentos filmados, faz parecer que Letrux encontra o paraíso perfeito para sua nostalgia. Oque fica mais forte ao saber que tudo é capturado em meio a uma pandemia, mostrando a ideia de como o contraste do que se passa na tela e oque realmente está acontecendo além do isolamento da cantora, que mostra o fim de seu isolamento com uma filmagem rápida de um show de 2022, tirando a máscara de proteção para a plateia.

    O filme mostra o momento em que Letrux faz um jogo de adivinhação junto a outra figura por trás das câmeras, para ir de uma persona a outra que resulta a artista hoje. Não é executado de forma orgânica em conjunto com o resto da obra e parece um artifício até mesmo deslocado em comparação com certo tratamento que o conjunto poético e imagético acaba se resultando.

    Letrux: A Vida é um Frenesi foi exibido no MUMI Festival no dia 17 de Maio(2023) na rede Estação Net de Cinema na cidade do Rio de Janeiro. O filme é dirigido pelo diretor Marcio Debellian.
    Letrux: Viver é um Frenesi | Debê Produções

    Letrux: Viver é um Frenesi carrega poesia de forma direta e até mesmo nas suas entrelinhas, constrói uma bela humanidade caótica tragicômica dentro de uma artista musical, e consegue satisfazer espectadores além daqueles que admiram Letícia por sua música. Mesmo com algumas escolhas que desvinculam da beleza propagada pela direção, o documentário continua sendo um grande abraço da tela para quem se encontrava, ou se encontrará, na sala de cinema.

    Nota: 4/5

    Assista ao Trailer:

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  • CRÍTICA | MIMO Festival -Manhã de Domingo podia ser muito mais do que um filme morno, mas não é

    CRÍTICA | MIMO Festival -Manhã de Domingo podia ser muito mais do que um filme morno, mas não é

    Manhã de Domingo conta a estória de uma professora de piano, que está se preparando para um recital. Mas acaba tendo um sonho com sua mãe e ela tenta se conectar ao passado de alguma forma. A ideia da narrativa é algo sedutor ao espectador, porém sua execução deixa a desejar no pouco tempo que a obra tem.

    Mesmo o filme tendo uma direção técnica madura e funcional, o trabalho além do técnico não é algo que instiga o espectador a querer entender, ou até mesmo, ter o tempo para se simpatizar com a situação da protagonista. O mais complicado, se encontra no fato de que não se sabe se o roteiro mesmo esta perdido na sua condução, ou se a montagem é problemática. Oque também não ajuda a obra, pelo simples fato de que o filme é composto, em sua maioria, de planos longos e parados. Algo que não se faz necessário, uma montagem aguçada para tal obra.

    O filme consegue criar um cenário depressivo e melancólico em certas sequências a noite. Algo que se tem grande dificuldade de executar, mas o curta consegue com boas escolhas de enquadramento e iluminação, além de um trabalho de captação de som, especificamente na trilha, que funciona. Mesmo a direção madura para construção de planos do diretor Bruno Ribeiro, o filme não se mantém na beleza imagética, muito menos na execução do roteiro e nas atuações.

    Manhã de Domingo ganhou o Urso de Prata no festival de Berlim de Cinema em 2022, e foi exibido no dia 17 de Maio(2023) no MIMO Festival, que aconteceu no Estação Net Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro.
    Manhã de Domingo | Reduto Filmes

    O roteiro tem uma ideia que necessita de uma profundidade na atuação, na construção de personagens, e que fisgue o espectador a querer entrar nesse descobrimento familiar da protagonista, mas que nunc acontece. Algo que não se pode culpar a atriz principal, ela não tem nem tempo de tela para poder executar algo fora do que a própria condução da narrativa propõe. O diretor parece se perder em contar uma narrativa instigante e, ao mesmo tempo, querer fazer algo que conecte tal ideia narrativa com a contemplação do espaço em que a protagonista faz parte.

    O roteiro não é carregado de diálogos, oque é algo positivo, e não trabalha com tantos personagens em sua condução narrativa. A relação Mãe e Filha com aquilo que pode ter sido um sonho, ou não, instiga o espectador a se perguntar sobre aquilo que aconteceu em certo plano estático, oque depois é abandonado pela resolução da protagonista, com um efeito de nostalgia e luto misturados. Mas que não impacta o espectador a esse ponto, pois o como foi criado tal laço de sentimentos para serem digeridos por aqueles que assistem a obra, não funciona. Não pela ideia, muito menos pelo quesito técnico, mas na direção de como levar tal narrativa.

    Pela falta de uma escolha decisiva sobre a linha do roteiro, o filme parece, até mesmo, inacabado. Não digo que seja um trabalho displicente, existe delicadeza na construção atmosférica proposta pelo diretor, mas que em sua forma de fisgar o espectador a uma narrativa que não sabe se quer ser algo voltado para a ideia de um terror psicológico, ou até mesmo um drama, faz com que o filme falhe tristemente com sua proposta.

    Manhã de Domingo ganhou o Urso de Prata no festival de Berlim de Cinema em 2022, e foi exibido no dia 17 de Maio(2023) no MIMO Festival, que aconteceu no Estação Net Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro.
    Manhã de Domingo | Reduto Filmes

    Manhã de Domingo é uma execução satisfatória no quesito técnico, mas que se perde naquilo que é o mais importante para quem se encontra dentro da sala de cinema: É a relação da narrativa com o espectador. Algo causado, pela falta de organização e condução ou sobre o roteiro, ou sobre oque a direção realmente tinha vontade de capturar com a câmera.

    Nota 2/5

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  • CRÍTICA | MIMO Festival – As Canções de Amor de uma Bixa Velha mostra um ponto de vista diferenciado da velhice

    CRÍTICA | MIMO Festival – As Canções de Amor de uma Bixa Velha mostra um ponto de vista diferenciado da velhice

    As Canções de Amor de uma Bixa Velha mostra, de forma delicada, o dia-a-dia do artista Márcio Januário. Márcio é um homem negro, e gay, e que conta sobre como é a sua vida. Vida, que no momento, se encontra na velhice. O diretor André Sandino Costa decide contar essa narrativa do artista, o fisgando com a câmera de forma pessoal, despojada e querendo mostrar o mundo além da camada da opressão que tal indivíduo sofre.

    O curta é conduzido, na maior parte do tempo, com a câmera na mão e mesclando momentos em que Márcio está fazendo sua performance como cantor, se arrumando, e em sua casa ensaiando com seu parceiro de palco. O filme não tenta se aventurar em nenhum quesito técnico e deixa Márcio Januário a vontade para falar abertamente sobre suas experiências sexuais e como é a velhice para si próprio.

    Mesmo o filme apontando em poucos momentos o tema da velhice propriamente dito, a direção e a conexão criada entre o artista Márcio e o espectador fazem com que o filme crie uma atmosfera onde todo o discurso do protagonista do documentário pareça uma bela conversa, em uma mesa de bar. Oque, obviamente, não é um problema. Até pelo fato de que o diretor não apresenta a necessidade de dramatizar Márcio, mas sim, mostrar uma face humana que certa parcela do povo esquece que existe.

    As Canções de Amor de uma Bixa Velha foi exibido no dia 17 de Maio(2023) no MIMO Festival. O curta é dirigido por André Sandino Costa.
    As Canções de Amor de uma Bixa Velha | Casa do Sandino

    As cenas de ensaio, mesmo com a questão técnica do som que capta os vários desses momentos de forma pouco funcional, mostra um cenário sobre artistas (em sua maioria, sendo desconhecidos) vivendo sua vida de forma normal, sem glamour e simplesmente falando sobre música. E como, até mesmo, elaborar sua música. A fotografia também contém alguns problemas de enquadramento, cortando a cabeça dos entrevistados, mas nada abrupto que afete a experiência de quem esta vendo o documentário.

    Quando Márcio começa a escolher as músicas que vai tocar em seu show, o diretor capta, mas não com tanta ênfase, a ponto do espectador acabar esquecendo sobre as músicas. Pois o espectador se encontra conectado nos outros momentos ditos e pelo discurso do artista Márcio Januário. Mesmo o final não perdendo o fôlego, falta essa parte tão importante que é apresentada até mesmo no título da obra. De que adianta As Canções de uma Bicha Velha ser o nome do curta, se no final da obra essas canções são deixadas de lado pelo próprio diretor?

    Mesmo o curta tendo suas problemáticas técnicas e de condução, a narrativa continua sendo cativante, necessária, e delicada em sua maioria. Algo que acontece, não apenas pelas cenas em que Márcio mostra seu trabalho de forma exemplar, mas pelo discurso que sua presença tem e a forma em que ele conversa com aquele que o entrevista.

    As Canções de Amor de uma Bixa Velha foi exibido no dia 17 de Maio(2023) no MIMO Festival. O curta é dirigido por André Sandino Costa.
    As Canções de Amor de uma Bixa Velha | Casa do Sandino

    As Canções de Amor de uma Bixa Velha tem uma execução técnica e um formato que não tenta se aventurar além daquilo que o espectador espera de uma obra documental. Porém, consegue mostrar a vida de Márcio Januário sem ser mais uma obra LGBTQI+ que necessita colocar de forma desnecessária o drama da opressão de tal figura artística para segurar a atenção do espectador. E sim, mostrar a figura de um homossexual, negro na terceira idade, que carrega e exala no seu cotidiano e em sua arte , tanta vida e alegria com seu talento.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

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  • CRÍTICA | Pânico 6 deixa o terror slasher de lado, e investe no gênero investigativo

    CRÍTICA | Pânico 6 deixa o terror slasher de lado, e investe no gênero investigativo

    Pânico 6 começa de uma forma bastante diferente, comparado aos outros filmes da franquia. A introdução consegue fisgar o espectador com a ansiedade de saber oque vai ocorrer naquele espaço urbano e aglomerado, além do diálogo que acontece no telefone no primeiro ato entre os personagens Laura Crane e Jason Carvey (interpretados pelos atores Samara Weaving e Tony Revolori) que brinca com a lógica da narrativa da forma que é tratada a figura do GhostFace.

    Assim como o segundo filme da franquia, o filme acontece em uma universidade. Não é necessário nem falar de que muito do que é apresentado nesse filme remete ao segundo, mas não é algo que afeta o bastante o espectador para resultar em algo tedioso e premeditado. Até pelo fato de que os personagens policiais apresentados, que são responsáveis pela investigação dos assassinatos, conseguem dar uma ênfase no sentido estético e na atuação, conseguindo dar ênfase a uma narrativa investigativa.

    Para os grandes amantes de uma violência gráfica, esse filme decide seguir um caminho mais sóbrio em fazer tais cenas. Até mesmo as cenas que deveriam apresentar muito mais sangue, são feitas de formas sóbrias e sem mostrar explicitamente nos planos capturados. Mas, a ausência da violência gráfica, é recompensada com cenas de ação e de fugas rápidas que são dirigidas de forma delicada e sem ansiedade para causar no espectador o susto, ou entregar a violência de forma “solta” e apelativa.

    Pânico 6 foi lançado, exatamente, um ano depois do Pânico 5(2022). Ágora, não temos mais a participação da personagem Sydney. Será que os novos personagens dão conta do recado? É oque vamos saber agora.
    Pânico 6 | Paramount Pictures

    A personagem Sam Carpenter e sua irmã Tara Carpenter (interpretadas por Melissa Barrera e Jenna Ortega) são as principais peças dramáticas, que conectam o espectador com as mesmas. Os conflitos entre elas, como cada uma toca suas vidas depois dos acontecimentos de eventos traumatizantes de um ano atrás, e como cada uma delas são afetadas por questões envolvendo o passado e a mídia. Sem contar o fato de que, Sam Carpenter se mostra capaz de ser uma ótima nova protagonista da franquia. Mesmo tendo um desenvolvimento diferente, e com atitudes diferenciadas com as primeiras obras.

    O filme consegue ter uma direção e montagem executadas de forma exemplar, e um trabalho de diálogos orgânico que faz o espectador entrar naquela estória interessado no que vem até eles a cada cena. Algo que é atrapalhado pelos resto dos personagens que são apresentados apenas para pontos de romance na obra, ou para ficar explicando ponto à ponto sobre como os universos cinematográficos funcionam (Mindy Meeks só serviu para isso nesse filme e no último de 2022. Interpretada pela atriz Jasmin Savoy Brown).

    A produção estética do filme não foge do costume, e continua sendo uma narrativa composta em ambientações fechadas, com pouca iluminação e, de preferência, em casas super mal protegidas(como em todos os filmes da franquia, erro que o espectador acaba só aceitando, e continua a aproveitar tal viagem aterrorizante). Necessário apontar que a franquia está chegando ao limite sobre a questão da metalinguagem cinematográfica aplicada em todas as narrativas. Algo que esse filme consegue fazer de forma sóbria e em pequenos atos e diálogos.

    Pânico 6 foi lançado, exatamente, um ano depois do Pânico 5(2022). Ágora, não temos mais a participação da personagem Sydney. Será que os novos personagens dão conta do recado? É oque vamos saber agora.
    Pânico 6 | Paramount Pictures

    O filme se influencia de forma escancarada com o segundo filme da franquia, investe na estética e no trabalho interpretativo no seguimento investigativo, pouca violência explicita, e com um desenvolvimento de protagonista, que faz o espectador se interessar no futuro dela nessa franquia. Sem contar a ideia das máscaras que vão aparecendo a cada assassinato, lembrando até mesmo a ideia do filme Seven: Os sete pecados Capitais, de David Fincher.

    Pânico 6, é um bom filme de suspense e de entretenimento, principalmente aos espectadores mais novos, que não sentiram a experiência de ter visto o segundo filme da franquia, dirigida por Wes Craven. Mesmo com bastantes erros de condução e de dar um novo caminho a franquia, o filme consegue cativar o espectador para a jornada de sobrevivência da personagem Sam.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao Trailer:

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