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  • Crítica | Bungo Stray Dogs – 4° temporada – investe no gênero investigativo recheado de plot twist’s

    Crítica | Bungo Stray Dogs – 4° temporada – investe no gênero investigativo recheado de plot twist’s

    A nova temporada de Bungo Stray Dogs começa de forma parecida com a terceira, com o uso do passado de alguns dos personagens, para depois remeter ao presente da estória. Além de o vilão principal da narrativa, desta temporada, ser o personagem Dostoievski, o anime não investe no protagonismo e da rivalidade dos personagens Atsushi Nakajima e Ryunosuke Akutagawa. Akutagawa, na verdade, não marcou presença em nenhum momento na nova temporada.

    O personagem Osamu Dazai está presente na temporada de forma diferenciada comparada as outras temporadas, sendo mais calculista e estando na maioria da trama em debate com Fyodor. As cenas de puro diálogo, que poderiam saturar ao longo do tempo, conseguem prender o espectador que não se cansa das reviravoltas apresentadas por toda a temporada. Temporada que, facilmente, tem o maior número número de plots do que as passadas.

    Existe aqui um desenvolvimento maior das organizações, sendo a Agência de Detetives e a Máfia do Porto, que acabam rivalizadas com uma organização do governo. Com muitos personagens inéditos, cada um apresentado tem o desenvolvimento necessário para que não pareça ter um desenvolvimento displicente. Além desses personagens serem melhor elaborados na futura temporada, que será lançada ainda este ano.

    Bungo Stray Dogs lançou o último episódio de sua nova temporada na última semana de março. A 5° temporada tem estreia ainda esse ano (2023).
    Bungo Stray Dogs | Crunchyroll

    Único personagem que parece ter tido um início agilizado demais foi o personagem Sigma. Sigma apresenta ser um personagem de muita importância no fio narrativo da jornada para a próxima temporada, mas apareceu em pouco menos de 2 episódios. Além de não ter tido tanto tempo de tela quanto poderia ter.

    Bungo Stray Dogs investe por completo na ação nessa nova temporada, deixando a dramaticidade e a jornada interna de seus personagens de lado, e adicionando em outros que sempre se mostraram coadjuvantes. Além da ação, o anime faz questão de dar mais espaço ao personagem Ranpo Edogawa, dando um ar investigativo, flertando com o gênero noir, nos primeiros episódios.

    É necessário acentuar que o anime deixa completamente de lado o ar cômico que era proposto em certos momentos na narrativa. Na nova temporada, Bungo Stray Dogs faz questão de apresentar uma presença mais séria, e brincando com o espectador no que esse “pega pega” vai resultar. O anime, mesmo com muitas reviravoltas, consegue não ser confuso, algo bastante positivo. Mesmo a quantidade de informações sendo mais vasta do que as outras temporadas, o espectador não perde a atenção em nenhum momento que a narrativa esta correndo.

    Bungo Stray Dogs lançou o último episódio de sua nova temporada na última semana de março. A 5° temporada tem estreia ainda esse ano (2023).
    Bungo Stray Dogs | Crunchyroll

    A nova temporada apresenta um diálogo mais maduro e denso com o seu espectador, elaborando questões ligadas a tortura psicológica e suicídio. Mesmo sendo abordado em 2 episódios apenas, a aplicação desses assuntos na narrativa dão uma camada com profundidade para a futura temporada e para o futuro de alguns personagens. Mesmo a nova temporada mostrando mais ação e peso em certos momentos, ela não apresenta uma violência gráfica pesada como em outras cenas das outras temporadas.

    A nova ameaça do governo, os Cães de Caça, mesmo tendo presença e nível de poder igual (ou até maior) que os outros grupos que fazem parte da narrativa, não criam um sentimento de ligação com o espectador, sendo bom ou ruim. O grupo, mesmo um dos integrantes sendo um dos pontos fortes da temporada, não faz jus como antagonistas da nova temporada. Algo que é salvo pela presença de Fyodor na narrativa, que, mesmo preso, consegue demonstrar um antagonismo com presença e captando o interesse do espectador, para saber oque ele realmente quer em sua jornada.

    A 4° temporada de Bungo Stray Dogs oferece algo diferente de suas outras temporadas, sem se perder em novos investimentos narrativos e conseguindo entreter o espectador com um quebra cabeça que será apenas finalizado na próxima temporada.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

    Depois da crítica da 4° temporada de Bungo Stray Dogs, leia também:

  • Crítica | “Air” faz com que o espectador sinta emoção ao comprar um tênis Nike

    Crítica | “Air” faz com que o espectador sinta emoção ao comprar um tênis Nike

    Air começa captando o espectador à tela para os anos 80 nos Estados Unidos. Seja com clipes de rap, com acontecimentos que marcaram a história e com bastantes momentos que marcaram a cultura pop. Além disso, conecta todos esses pontos com as diferentes marcas que o filme faz questão de cutucar de forma irônica: Com a Adidas e a Converse.

    A obra lembra, seja nos movimentos de câmera até na construção do espaço em que a história se passa na maior parte do tempo (escritório da área de basquete da Nike), o filme Argo, que também foi dirigido por Ben Affleck. Entretanto, o filme consegue ter um tom e um diálogo com o espectador de forma completamente diferente de sua outra obra citada a pouco.

    Um dos pontos que chama a atenção no filme, é como o humor tem timing e acidez na medida certa que a história se propõe a fazer, além de não idealizar tanto os responsáveis pela criação de um dos tênis mais famosos da história da Nike, o Air Jordan.

    Air é dirigido pelo ator Ben Affleck e vai ser lançado no dia 5 de Abril na plataforma Amazon Prime.
    Air | Warner Bros. Pictures

    O espetador que estiver esperando ver um filme sobre o Michael Jordan vai, provavelmente, se decepcionar. Até pelo fato de que a história não é sobre ele. E sim, sobre a aposta de uma marca sobre um atleta, sabendo dos riscos que pode pagar com tal decisão. Decisão que é o principal fio condutor para a jornada e desenvolvimento de todos os personagens com maior espaço de tela.

    O jogo de cena dos 4 personagens que fazem parte dessa tentativa de fazer o Air Jordan acontecer, ou não, que são Phil Knight, Sonny Vaccaro, Howard White e Rob Strasser (interpretados pelos atores Ben Affleck, Matt Damon, Chris Tucker e Jason Bateman) consegue acontecer de forma efetiva. Algo que surpreende o espectador que está acostumado com os outros trabalhos de Affleck, e que não espera uma criação de relação entre personagens de forma tão afetuosa e carregada de humor. Além de sentir empatia pelos quatro personagens, o espectador investe seu emocional de toda aquela tentativa aconteça.

    O trabalho de Viola Davis, como Deloris Jordan, mostra uma relação de mãe com uma presença de seriedade notável, que consegue não chegar ao nível de algo estereotipado, oque é muito presente em filmes sobre esse estilo de narrativa. Sem contar o fato de que é uma personagem que não apresenta tanto diálogo na narrativa. Todavia, sempre que Viola aparece, sabe-se que sua presença faz muita diferença em tal cenário, até mais do que a do filho Michael Jordan.

    Air é dirigido pelo ator Ben Affleck e vai ser lançado no dia 5 de Abril na plataforma Amazon Prime.
    Air | Warner Bros. Pictures

    Claro que o filme decaí em certos momentos abordando a ideia ilusória de uma empresa perfeita, com seus ideais e o discurso do sonho americano que o espectador com mais bagagens sobre o estilo de filme proposto já previa que fosse acontecer. Mas, tem o lado positivo de o filme não forçar tanto essa imagem, e se aprofundar mais nas relações entre os personagens, do que os ideais fantasiosos norte-americanos.

    O filme também tenta algumas coisas diferenciadas com movimentos de câmera em apenas uma cena, que é a única sequência onde Marlon Wayans aparece(como o personagem George Raveling) que tem um diálogo com o personagem Sonny. O diálogo funciona, mas a direção por volta dele se diferencia de forma pouco eficaz com o resto da obra.

    Mesmo com essas pequenas problemáticas, o filme funciona como se fosse uma linda poesia que seduz o espectador ao universo Nike. O espectador, principalmente os fãs de basquete, vão assistir à esse como uma narrativa que entrega a satisfação que esperam tanto receber no final das contas. Um filme que faz o espectador queira voar, como Michael Jordan conseguia com seu tênis Air Jordan.

    Nota: 4/5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | Urso do Pó Branco não investe tanto no “absurdo” quanto deveria

    Crítica | Urso do Pó Branco não investe tanto no “absurdo” quanto deveria

    O filme Urso do Pó Branco consegue capturar o espectador com seu começo, uma introdução satisfatória sobre a época em que a estória está acontecendo, com uma musica de rock anos 70, governo Nixon e o figurino dos personagens, e não demora para mostrar para qual caminho o filme vai tomar quando se trata de proposta.

    Porém, mesmo em sua proposta, a diretora se mostra com medo de investir naquilo que o espectador está esperando: que é a violência fantástica que um urso drogado pode causar. Algo que é afetado pelo excesso de narrativas. Por incrível que pareça, é um filme que faz questão de colocar muitos arcos envolta da droga que caiu em tal espaço por acidente.

    Mesmo a introdução do filme avisando de forma explicita ao expectador que não é uma obra para ser levada tanto a sério, existe construções de narrativas com fio dramático que não ajudam em contexto nenhum as outras narrativas que são mais cômicas e cativantes ao público. Vide o arco dos personagens Daveed, Eddie e Stache(interpretados por O’Shea Jackson Jr., Alden Ehrenreich e Aaron Holliday) que tem o arco mais cômico de todo filme, mesmo as cenas que o Urso não está presente. Cena que tem a participação do Delegado Bob(interpretado por Isiah Whitlock Jr.)

    Urso do Pó Branco é dirigido pela diretora e atriz Elizabeth Banks e é o último trabalho do ator Ray Liotta, que faleceu em 26 de maio, do ano passado(2022).
    Urso do Pó Branco | Universal Pictures

    A direção consegue captar bons planos fotográficos ao longo da narrativa e tem um trabalho funcional em seu conjunto técnico. Mesmo que as sequências que são gravadas a noite sejam feitas de forma desleixada, e bastante escura, algo que distancia o espectador da obra no momento em que tem que forçar a vista, para poder enxergar oque está acontecendo em cena.

    A participação do personagem Syd(interpretado por Ray Liotta) e o arco da Sara com a Dee Dee(interpretadas por Keri Russell e Brooklynn Prince) são desnecessários, além de serem o fio condutor dramático desnecessário para essa obra, que em nenhum momento exige isso, atrapalham toda a condução da narrativa que funcionaria naturalmente, e de forma muito mais efetiva, sem ambos.

    O personagem Henry(interpretado por Christian Convery) consegue ser um alívio cômico bem utilizado no início da trama, mas que acaba se perdendo pelo arco que foi citado no último parágrafo. E o arco envolvendo a relação pai e filho dos personagens Syd e Eddie é mal desenvolvido e aplicado. Principalmente, pela direção tentar mostrar dramaticidade entre dois personagens que não tem nem tempo de cena juntos para criar alguma carga dramática sequer.

    Urso do Pó Branco é dirigido pela diretora e atriz Elizabeth Banks e é o último trabalho do ator Ray Liotta, que faleceu em 26 de maio, do ano passado(2022).
    Urso do Pó Branco | Universal Pictures

    Obviamente, não esquecendo do Urso, as cenas de morte e violência são o ponto chave do filme ser “suportável”, principalmente as cenas envolvendo a ambulância e a Guarda Florestal Liz(interpretada por Margo Martindale) com o grupo de delinquentes na barraca. O filme podia navegar no absurdo que é proposto com as cenas de violência e com o arco dos personagens que estão em busca da Droga, mas ao tentar investir em outros arcos dramáticos e deixar de lado oque o espectador está buscando no filme, torna só mais uma obra mal aproveitada no que poderia ter tido uma fácil resolução.

    Urso do Pó Branco tem violência, mas nem tanto; é engraçado, mas envolve um drama mal realizado e tem um trabalho técnico satisfatório, mas apenas isso. Mesmo sendo um filme que consiga tirar algumas gargalhadas, peca ao tentar entreter o espectador, até mesmo com o mínimo. Sendo só mais uma obra esquecível ao espectador, que, de longe, terá sua expectativa correspondida.

    Nota: 2/5

    Assista ao Trailer:


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  • Zona Fantasma: Junji Ito investe no Terror Sobrenatural depois da crise da Covid-19

    Zona Fantasma: Junji Ito investe no Terror Sobrenatural depois da crise da Covid-19

    Muitos que são próximos do trabalho do autor, sabem de sua inspiração de um dos mestres do Terror, H.P. Lovecraft. Junji Ito sempre demonstrou ao longo de suas obras a importância do terror cósmico criado pelo autor citado. Mas, Ito também faz questão de enfatizar como se diverte fazendo contos contendo o terror sobrenatural. Enquanto em Sensor(2019) o autor seguia a linha do terror cósmico, aqui ele faz questão de seguir um caminho completamente diferente. Zona Fantasma mostra um investimento de Ito no terror dentro do círculo religioso.

    Começando pelo fato de que o mangá contém 4 contos, oque é um pequeno número para quem está habituado com volumes bastante volumosos, todos giram em torno de um seguimento espiritual. Sejam questões envolvendo luto, até reencarnação e falsas profecias. É possível enxergar uma crítica irônica a religião católica no conto “Madonna”, que se mostra o mais explícito dos 4 contos de Zona Fantasma.

    O traço do Junji Ito continua fazendo jus ao resto de seu trabalho, mas, nessa obra, Ito faz questão de criar mais uma atmosfera aterrorizante que fisga o leitor, do que desenhos mirabolantes de criaturas sem um formato específico, ou que façam os personagens perderem a cabeça. Junji Ito decide capturar o leitor com o terror do desconhecido sobre certos acontecimentos.

    Zona Fantasma é um dos últimos trabalhos do mangaka Junji Ito, que foi distribuído internacionalmente pela Viz Media. No Brasil, vai ser distribuído pela Pipoca Nanquim no final de 2023.
    Zona Fantasma | Viz Media

    Um outro ponto importante sobre essa obra que é uma surpresa: Zona Fantasma é uma coleção de contos com pouquíssima violência gráfica. Até mesmo em um dos contos que gira em torno de memorias e sonhos de um serial killer, “Slumber”. Os outros contos tem um traço denso nas expressões dos personagens, algo esperado em sua obra, e dando ênfase ao ambiente. Ambiente que funcionam quase como um personagem a mais nos outros 3 contos: Weeping Womam Way, Madonna e The Spirit Flow of Aokighara.

    Nesses 3 contos citados, tem investimentos diferentes nos traços de Junji Ito, como por exemplo: todos eles acontecem em sua maioria de dia, os personagens tem seu rosto bastante exposto a luz, e ambos são consequentes de um passado caótico que não tem ligação com os personagens protagonistas. Algo que responde os protagonistas sobre esse medo do que eles não estão compreendendo.

    Sem contar que o ator utiliza nesses contos a ideia de auto sacrifício, ou até mesmo o suicídio, para algo muito maior, oque também entrega o terror psicológico aos protagonistas, e, claramente, aos leitores. O terror captura os leitores também por aspectos culturais do Japão, como a ideia de auto cobrança, as questões espirituais, até mesmo locais, como o bosque Aokigahara. Bosque que é muito utilizado para pessoas se matarem completamente isoladas da sociedade, e que se encontra no nome de um dos contos. Além de, provavelmente, ter influenciado o conto Weeping Womam Way, mesmo de forma indireta.

    Zona Fantasma é um dos últimos trabalhos do mangaka Junji Ito, que foi distribuído internacionalmente pela Viz Media. No Brasil, vai ser distribuído pela Pipoca Nanquim no final de 2023.
    Zona Fantasma | Viz Media

    O conto que mais destoa de toda a obra é “Slumber”. Junji Ito volta a brincar de forma aguçada com as sombras e o “bate e volta” do que é realidade e ficção. “Slumber” remete bastante a outro conto do autor, que foi adaptado para a série animada “Junji Ito Collection” na Crunchyroll, Longos Sonhos. Ambos os contos trabalham a ideia de imersão dentro do sonho, mas “Sumbler” fica mais contido no que seria ou não reais as memórias de um assassino.

    Junji Ito, em seus comentários finais de Zona Fantasma, diz que decidiu passar parte da quarentena trabalhando no mangá, e muitos deles tinham caminhos muito diferentes do que acabou resultando. Porém, é possível ver o como a pandemia e a quarentena fazem parte dessa obra. O medo de não saber oque pode acontecer amanha, a ideia de um inimigo invisível e o estar enclausurado em um espaço, que pode acabar te enlouquecendo. Zona Fantasma simboliza um dos seus trabalhos mais calmos, mas prova: que até mesmo nos lugares mais calmos e isolados, os pesadelos insistem e existir.

    Nota: 5/5

    Assista ao Trailer do Manga:

    Depois da crítica de Zona Fantasma, leia também:

  • Crítica | Shazam: Fúria dos Deuses é um dos filmes mais cômicos do gênero. Não, não é um filme da Marvel

    Crítica | Shazam: Fúria dos Deuses é um dos filmes mais cômicos do gênero. Não, não é um filme da Marvel

    Shazam: Fúria dos Deuses não tenta desenvolver tanto o universo DC, sendo um filme que tem uma formula narrativa convencional dos filmes de super-herói e que faz graça de si mesmo o tempo que for necessário. Algo que é feito de forma orgânica e sem utilização da metalinguagem. Mesmo o filme passando por certos problemas de condução da narrativa, o filme consegue ter uma execução satisfatória e satisfazer um público que não sabe oque esperar do futuro da DC nos cinemas.

    A obra consegue ser carregada pelo humor e pelo jogo de atuação entre três personagens: Shazam, Mago Shazam e Fred(interpretados por Zachary Levi, Djimon Hounsou e Jack Dylan Grazer). A forma que o humor e a relação deles é aplicada consegue trazer um efeito natural de algo cômico ao filme, sem ser algo simplesmente forçado. Algo que os filmes da Marvel tem sofrido bastante crítica negativa sobre.

    É necessário apontar que o filme é um filme de super-herói cômico, mas que consegue medir o seu estilo para não ter que seguir um outro caminho satírico, como a série The Boys. O filme consegue ter sua identidade própria sem ter que ir para caminhos extremos para um humor gratuito para forçar uma cativação do público mais jovem, nem ir para um caminho de um humor ácido para cativar um público mais maduro. Shazam: Fúria dos Deuses consegue funcionar no meio termo, sem nenhuma preocupação.

    Shazam: Fúria dos Deuses é dirigido pelo mesmo diretor do primeiro filme, David F. Sandberg, e lança hoje, 16 de Março, nos cinemas.
    Shazam: Fúria dos Deuses | Warner Bros. Pictures

    A obra, mesmo não se levando muito a sério na forçada narrativa de Super-Herói, sofre dos problemas convencionais. Seja na construção de antagonistas forçados em busca de vingança, com uma atuação bastante rasa da atriz Lucy Liu, e até mesmo no desenvolvimento de certas cenas de heroísmo envolvendo a família adotiva de Billy(ainda interpretado por Asher Angel). As cenas de drama familiar e as cenas envolvendo a Personagem Kalypso(interpretada por Lucy Liu) são cenas que aparentam ser completamente deslocadas. Cenas que tentam carregar bastante dramaticidade, em um filme que, se não fosse por essas cenas, seria um filme de comédia.

    A introdução da personagem Anthea é feita de forma organizada na narrativa, e o plot envolvendo a personagem consegue ter uma execução satisfatória para o espectador, mesmo não sendo um dos pilares da narrativa. Mas, a jornada romântica dos personagens Fred e Anthea consegue acontecer de forma cativante para narrativa, mesmo não acrescentando muito à jornada principal, ajuda na construção de amadurecimento do personagem Fred.

    O ator Zachary Levi continua seguindo seu modus operandi do primeiro filme como Personagem Shazam. Existe uma tentativa de mostrar seu sofrimento como diálogos internos e externos, com sua irmã Mary(interpretada por Gracy Caroline), mas que não funcionam no mesmo tom que o resto da obra propõe. Além de que esse conflito interno mal aparece ao longo da obra, e só volta na resolução para a criação de um cenário mais dramático. Cenário dramático que funcionaria de forma mais satisfatória, se tais cenas fossem mais adequadas, ou melhor exploradas.

    Shazam: Fúria dos Deuses é dirigido pelo mesmo diretor do primeiro filme, David F. Sandberg, e lança hoje, 16 de Março, nos cinemas.
    Shazam: Fúria dos Deuses | Warner Bros. Pictures

    O conjunto técnico na obra é funcional, até mesmo nos efeitos especiais. OS efeitos não são mal executados, muito da obra tem um CGI satisfatório na maior parte do tempo, algumas cenas tem um trabalho de efeitos chamativos de forma positiva. Mas em outras é possível enxergar um trabalho feito as pressas, seja com a tela verde sendo apenas um fundo mal desenvolvido em certos momentos, ou algumas cenas com envolvimento de monstros. Além do trabalho de efeitos, o filme no quesito técnico, assim como o primeiro, não tenta se aventurar muito em outros sentidos.

    Shazam: Fúria dos Deuses consegue ser um filme convencional, com bastante humor aplicado de forma madura, e que consegue ser um bom entretenimento nas salas de cinema. Mesmo sofrendo de problemas que são previsíveis em filmes do mesmo gênero, o filme não se leva tanto a sério, e consegue cativar o espectador pelo básico proposto.

    Nota: 3/5

    Assista ao Trailer:

    Depois da crítica de Shazam: Fúria dos Deuses, leia também:

  • Crítica | “Top Gun: Maverick” é uma belíssima homenagem nostalgica

    Crítica | “Top Gun: Maverick” é uma belíssima homenagem nostalgica

    “Top Gun: Maverick” consegue ser um filme blockbuster exemplar, além de ser um dos casos raros: onde a continuação consegue ser muito melhor do que o primeiro filme. Não só pelo quesito de narrativa, como técnico também. Sendo no desenvolvimento dos personagens até as cenas de voo, o filme consegue capturar o espectador com uma direção e montagem matura e focada, e com simplicidade.

    O primeiro Top Gun, de 1986, é um filme com uma fotografia exageradamente saturada e com um roteiro que chega a ser incômodo de tão mal escrito e infantil. Além da romantização armamentista dos EUA na época, fim da Guerra Fria, o filme serviu mais para servir de vitrine para rostos de jovens bonitos entrando na nova Hollywood.

    Mesmo o filme sendo horrendo, foi responsável por nos apresentar Tom Cruise e ao seu legado. Que, querendo ou não, tem um tremendo legado em filmes blockbusters e fazendo cenas sem dublê, pensando no prazer do espectador ver aquilo como é, de forma belíssima e sem ir para o caminho forçado dos filmes de ação que muitos atores se afundam no currículo.

    Top Gun: Maverick tem a direção de Joseph Kosinski, e que surpreendeu o mundo com sua bilheteria de quase 1,5 bilhões de dólares. O filme também está indicado à cinco categorias do Oscar desse ano, sendo uma delas, Melhor Filme.
    Top Gun: Maverick | Paramount Pictures

    Em Top Gun: Maverick, o filme não tenta fugir muito do convencional da narrativa, mas faz questão de falar de como o mundo está mudando no quesito tecnológico e dos novos rostos que querem se aventurar da mesma forma que Maverick se aventurou por tantos anos. E agora, se encontra mentor desses novos rostos.

    Tom Cruise mostra um Maverick mais maduro, mesmo adorando quebrar regras, tentando corrigir erros do passado e sempre se mantendo próximo da figura que ele tanto rivalizava no primeiro filme, o personagem Ice(interpretado pelo Val Kilmer). Val não tem tanta participação do filme, mas ganha uma boa homenagem em sua pequena participação, já que o ator perdeu sua voz por um câncer de garganta há alguns anos.

    A relação dos personagens jovens Bradshaw e Hangman(interpretados por Miles Teller e Glen Powell) é similar ao que foi Maverick e Ice no primeiro filme, mas menos artificial, algo bastante importante para a trama. E a jornada de redenção de Maverick e Bradshaw é muito bem construída, seja ela no asfalto e até mesmo nos voos, existe uma direção e uma montagem sem pirotecnias baratas, mas que entregam bastante veracidade sobre oque esta acontecendo entre os dois.

    Top Gun: Maverick tem a direção de Joseph Kosinski, e que surpreendeu o mundo com sua bilheteria de quase 1,5 bilhões de dólares. O filme também está indicado à cinco categorias do Oscar desse ano, sendo uma delas, Melhor Filme.
    Top Gun: Maverick | Paramount Pictures

    A trajetória romântica do personagem Maverick com a personagem Penny(interpretada pela atriz Jennifer Connelly) não acrescenta muito a narrativa, mas não acontece de forma desplicente. É possível ver os atores se divertindo fazendo seus papéis, e entendendo que oque acontece é mais uma homenagem ao filme anterior do que a importância do presente em si mostrado na tela. Algo que pode distanciar um pouco o espectador na jornada de Maverick, mas nada que seja tão incomodo que afete a experiência do filme.

    As cenas de aviação são uma experiência a parte, causando uma tensão e um incômodo ao espectador necessário. Colocando o mesmo em uma posição extremamente próxima aos personagens, algo criado em conjunto da direção geral, com o trabalho de montagem e um trabalho muito delicado no som. Som que, por ventura, tem um trabalho de mixagem exemplar e calculado. Sem se aventurar muito, mas, quando precisa se aventurar, faz um trabalho de imersão nível visual do que foi Avatar: O Caminho da Água.

    Top Gun: Maverick é um filme que tem suas problemáticas narrativas como o primeiro, mas que consegue criar empatia pelos personagens apresentados e causar um efeito imersivo ao espectador de entender o como é estar dentro de um avião de combate. Uma belíssima homenagem à Tom Cruise e aos filmes de puro entretenimento dos anos 80 Norte-Americanos.

    Nota: 3,5 / 5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | Elvis é um show pirotécnico raso, salvo por Austin Butler

    Crítica | Elvis é um show pirotécnico raso, salvo por Austin Butler

    Elvis é um filme que se mostra com uma grandiosidade na direção de arte e com um excesso de edição que é de extrema saturação. Muitos espectadores vão possivelmente se cansar só de ficar olhando muito o tempo o filme que tenta a todo tempo mostrar quase um circo com o tanto de movimento de câmera, câmera lenta, mudanças de cortes, e excesso de cores o tempo todo, parecendo mais um videoclipe com mais de 2 horas do que realmente uma obra cinematográfica.

    A ideia da narrativa ser carregada pela jornada dos últimos dias do empresário Colonel Tom, interpretado Tom Hanks (que foi indicado apior atuação em 2022 pelo Framboesa de Ouro) é algo interessante, mas o coloca como protagonista de uma obra na qual quem deveria ser o protagonista real é a figura do Elvis, que por si só exige o protagonismo de uma obra que fala sobre ele. Além de sua interpretação ser extremamente forçada e a direção transforma-lo em uma figura antagonista de filme de aventura. Oque é extremamente errado, já que é uma obra biográfica.

    Porém, o filme tem o seu lado positivo de mostrar um lado de uma realidade sobre o Elvis Presley que muitos deixam de lado, a influência de Elvis na cultura Black Music e o como ele se sente extremamente ligado a tal cultura. Cultura que foi a verdadeira base para ele ter decolado, seja na música e até mesmo em seus movimentos. Funciona de um lado, mas de outro falha, como uma falsa amizade criada de Elvis com BB King(interpretado pelo ator Kelvin Harrison) que nunca existiu, mas o filme fez questão de criar sem nenhum motivo aparente.

    Elvis é dirigido pelo diretor Baz Luhrmann e está indicado à 6 oscars. Sendo dois deles, Melhor Ator e Melhor Filme.
    Elvis | Warner Bros. Pictures

    São ótimas as aparições de artistas que são realmente os pais e mães do rock, como Little Richard e Sister Rosetta Tharpe(interpretados por Alton Mason e Yola), mas que não apresentam o tempo de tela que realmente deveriam ter. Porém, a cena musical em que eles aparecem tem uma boa direção e uma construção de roteiro com o espaço e trabalho de desenvolvimento do protagonista um pouco mais que satisfatório.

    Ágora, falando sobre oque realmente mantém essa pirotecnia mal medida com uma linha narrativa bastante confusa em sua construção: Austin Butler. Sua atuação é carrega em sua dança e até em seus pequenos diálogos, e olhares, o como ele pesquisou e treinou para fazer o papel de Símbolo de uma era musical.

    Tirando o excesso de maquiagem desnecessário que colocam seu personagem a quase todo momento, seu trabalho é de uma exatidão e de um trabalho tão focado que para quem já observou seus shows e videoclipes, vê um trabalho e desenvolvimento de respeito a figura que interpreta. É possível falar que o filme não seria nada além de uma grande bagunça se não fosse pelo trabalho duro da atuação exemplar de Austin como Elvis Presley.

    Elvis é dirigido pelo diretor Baz Luhrmann e está indicado à 6 oscars. Sendo dois deles, Melhor Ator e Melhor Filme.
    Elvis | Warner Bros. Pictures

    Mas, como a maioria do filmes, não importa o quanto você tenta suprir de um lado para salvar o filme, a obra jamais será salva com um roteiro mal escrito, ou desenvolvido. E Elvis sofre de forma exaustiva com esse problema, seja nos diálogos, ou no desenvolvimento do protagonista em conjunto com o personagem “maquiavélico” interpretado por Hanks.

    Mesmo o filme carregando uma adaptação bastante fidedigna de eventos televisionados e filmados com Elvis, o filme se afoga em sua afobação de jornada mal medida de dois personagens que diferem em estilo e trabalho árduo de atuação(diferença discrepante) e de caminhos a seguir, como uma direção que quer agradar ao público jovem, até os fãs do cantor, mas não consegue sair de um resultado pouco satisfatório e imaturo.

    Nota: 2 / 5

    Assista ao Trailer:

    Depois da crítica de Elvis, leia também:

  • Crítica | “Avatar: O Caminho da Água” faz aquilo que propõe, um espetáculo audiovisual

    Crítica | “Avatar: O Caminho da Água” faz aquilo que propõe, um espetáculo audiovisual

    O último filme de James Cameron( Avatar: O Caminho da Água ) mostra de forma concisa o porquê de tanta demora da estreia da continuação da maior bilheteria da história do cinema. Além do fato da evolução dos efeitos especiais, Cameron não se contenta com oque ele criou no primeiro filme. Cameron faz questão de mostrar que quer construir um universo detalhado dentro do que foi apresentado na primeira obra.

    É possível enxergar isso, não pelo trabalho dos personagens, mas pelo trabalho de criação de um meio ambiente tão belo. James Cameron se mostrou sempre ativo sobre pautas ambientais, até mesmo em vindas ao Brasil, e aqui é o grito dele sobre a importância de preservar tamanha beleza que o ser humano faz questão de destruir. E consegue fazer isso de forma magistral, utilizando do entretenimento.

    Sobre a construção de narrativa, é algo um pouco mais ousado. Ousadia que as vezes resulta em algo empolgante para o futuro da saga Avatar, mas em outros pontos, atrapalha a obra em si. Começando pela volta do mesmo antagonista do primeiro filme, que fazem uma explicação, porém é uma facilitação narrativa que desconecta o espectador um certo momento na narrativa.

    Avatar: O Caminho da Água é dirigido e escrito pelo diretor James Cameron. O filme está com 4 indicações ao Oscar, sendo uma delas de Melhor Filme.
    Avatar: O Caminho da Água | 20th Century Studios

    Porém, a atuação de Stephen Lang, como Coronel Milles, faz com que o espectador deixe de lado tal facilitação e volta a investir sua atenção a esse figura. Figura que agora mostra um dialeto sobre oque acredita no certo e tentando se conectar com seu filho Spider, interpretado pelo ator Jack Champion.

    O filme também faz questão de investir em novos personagens centrais, que são os filhos do casal protagonista do primeiro filme, Jake Sully e Neytiri(interpretados pelos atores Sam Worthington e Zoë Saldaña). Mesmo o protagonismo mudando de lugar, os personagens jovens conseguem fisgar o espectador para nadar nessa nova jornada que vai ser apresentada ao longo dos outros filmes. Acentuando o trabalho da atriz Sigourney Weaver, que interpreta Kiri, uma personagem de 14 anos de forma excepcional. Provavelmente, um dos melhores desenvolvimentos de personagem da saga até o momento.

    A introdução de um novo universo dentro de Pandora com os novos personagens também é desenvolvido de forma delicada e apresenta novos personagens com bastante espaço e carga dramática. O trabalho da atriz Kate Winslet, como Ronal, mesmo tendo uma camada de efeitos especiais em cima de sua figura real, consegue transmitir dramaticidade e veracidade na atuação. Executando de forma exemplar, oque pode ser uma das cenas mais dramáticas do filme.

    Avatar: O Caminho da Água é dirigido e escrito pelo diretor James Cameron. O filme está com 4 indicações ao Oscar, sendo uma delas de Melhor Filme.
    Avatar: O Caminho da Água | 20th Century Studios

    O filme consegue se manter constante, mesmo com bastantes cenas de ação. Cenas de ação que em nenhum momento afogam o filme em pura saturação pirotécnica. Conseguem ser dirigidas e bem editadas com boa decupagem e sem nenhum plano construído de forma displicente, mesmo com toda a construção sendo de efeitos especiais.

    Mesmo Avatar: O Caminho da Água sendo um filme com uma narrativa linear sólida, e com uma construção de universo exemplar, o filme necessita da experiência em sala de cinema. Caso o espectador tente ver o filme na sala de casa, mais da metade da experiência que o filme propõe vai ser perdida. Cameron faz questão de afirmar com essa obra que certos filmes só conseguem ser completamente bem apreciados na sala de cinema, e Avatar: O Caminho da Água é um deles.

    O último filme de James Cameron, mesmo tendo seus deslizes de facilitação narrativa para prolongamento de seu universo e as vezes se contentando apenas com sua exploração de universo com artifícios técnicos, consegue ser um espetáculo audiovisual único nas telas de cinema. Onde, mesmo que o espectador não lembre muito da estória contada, jamais se esquecerá do mundo fantástico de Pandora.

    Nota: 3,5 / 5

    Assista ao trailer:

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  • Crítica | Os Banshees de Inisherin: Não é porque você não vê a Guerra, que ela não existe

    Crítica | Os Banshees de Inisherin: Não é porque você não vê a Guerra, que ela não existe

    Os Banshees de Inisherin é uma obra que prefere se comunicar nas entrelinhas de um espaço em conjunto com as relações humanas, do que se comunicar de forma direta ao espectador sobre uma pauta específica na qual a obra vai seguir em diante.

    É necessário reparar que a estória acontece em uma ilha no Oeste da Irlanda, nos mesmos anos que que estava acontecendo a Guerra de Independência. Mesmo a Irlanda se tornando independente do Reino Unido, começa um conflito entre dois países, fazendo com que a Irlanda se torne dois países.

    Mas o que tem a ver esse cenário com o filme? É possível ver ao longo da obra que tem algo de errado com o cenário daquela narrativa, não só a relação dos personagens protagonistas. O estranhamento começa com as pessoas da ilha seguindo suas vidas de forma monótona e sem mudarem sua rotina, mesmo com uma guerra sanguinária acontecendo em uma curta distância da ilha, mas ninguém fala nada sobre.

    Os Banshees de Inisherin apresenta uma narrativa conturbada em uma ilha, no Oeste da Irlanda, onde Pádraic quer entender o porquê de seu melhor amigo, Colm, não querer mais ser seu amigo, sem nenhum motivo aparente. O filme é dirigido por Martin McDonagh.
    Os Banshees de Inisherin | TSG Entertainment

    A personagem Siobáh(interpretada pela atriz Kerry Condon) é a única personagem que demonstra alguém que está inconformada com aquela vida e com aquelas pessoas. Enquanto seu irmão Pádraic(interpretado por Colin Farrell) não está compreendendo oque acontece em sua volta, algo que é apresentado logo nos primeiros minutos do filme com o diálogo entre ele e o seu melhor amigo Colm(interpretado por Brendan Gleeson).

    Mal comparando, o filme trabalha o diálogo de narrativa e espectador de forma parecida com o filme A Fita Branca(2009), de Michael Haneke. Porém, esse filme é conduzido e moldado de forma muito mais suave e leve do que a obra citada a pouco. O filme também utiliza do elemento da “morte” que paira sobre um lugar, e que as pessoas não fazem ideia do que está por vir, mas é algo que já está certo de chegar.

    Elemento que é trabalhado de forma parecida, quase idêntica , à obra O Sétimo Selo(1957), de Ingmar Bergman. Onde a morte está sobre um cenário de chegada iminente da peste negra, enquanto aqui, é o existencialismo e a falta de aceitação de que o conflito já existe, mesmo o ignorando da forma que der.

    Os Banshees de Inisherin apresenta uma narrativa conturbada em uma ilha, no Oeste da Irlanda, onde Pádraic quer entender o porquê de seu melhor amigo, Colm, não querer mais ser seu amigo, sem nenhum motivo aparente. O filme é dirigido por Martin McDonagh.
    Os Banshees de Inisherin | TSG Entertainment

    Os Banshees de Inisherin tem uma fotografia que captura a ilha como um espaço quase paradisíaco, sendo em sua maioria espaços rurais e fortemente esverdeados. Até mesmo nas cenas mais dramáticas, a fotografia não muda sua proposta, o mesmo sobre a direção de arte e efeitos. Algo que faz sentido, pois entra no contexto da falsidade que está em meio aquela população, mas que não é tão positivo para o espectador. Pois mantém a narrativa de forma morna, até mesmo em momentos específicos.

    Essa falta de altos e baixos na obra, faz com que certos simbolismos fiquem apenas boiando na narrativa. E começa a fazer com que o espectador, simplesmente, foque mais na relação dos dois protagonista do que o cenário envolta, que tem um forte contexto com que está proposto no roteiro.

    Algo que afeta até mesmo a significância do personagem Dominic(interpretado pelo Barry Keoghan), que se mostra nas entrelinhas da narrativa, mas que no final, não cria uma forte conexão com o espectador, que nem ao menos vê muita diferença dele na narrativa ou não.

    Os Banshees de Inisherin apresenta uma narrativa conturbada em uma ilha, no Oeste da Irlanda, onde Pádraic quer entender o porquê de seu melhor amigo, Colm, não querer mais ser seu amigo, sem nenhum motivo aparente. O filme é dirigido por Martin McDonagh.
    Os Banshees de Inisherin | TSG Entertainment

    Mesmo o filme tendo um forte simbolismo mostrando a conexão de uma relação de dois amigos se esvaindo com a guerra que acontece ao lado, Os Banshees de Inesherin acaba se afundando em uma apatia criada sobre o cenário por conta da direção e por uma falta de mudança de tom quando se fala do roteiro propriamente dito. Sendo sustentado pela atuação de Colin Farrel e Brendan Gleeson, que são o verdadeiro chamariz da obra dirigida por Martin McDonagh.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | Entre Mulheres: Uma ótima ideia, mas mal aplicada

    Crítica | Entre Mulheres: Uma ótima ideia, mas mal aplicada

    Entre Mulheres começa com uma premissa que rapidamente fisga o espectador, com a narração vinda de uma menina que ainda está na barriga da mãe e apontando um momento no qual ela ainda não se encontrava presente como o resto das mulheres em cena. Algo que consegue ser feito de forma delicada, já que o tema proposto do filme é algo de extrema densidade.

    O filme não tenta se aventurar muito no quesito técnico. Sua introdução lembra bastante o tipo de narrativa que é proposta em 12 homens e Uma Sentença(1957), mas rapidamente o formato muda e a proposta da direção caminha para um caminho um pouco diferente. Caminho que mais atrapalha o filme do que o ajuda.

    A obra apresenta um estilo de imagem desbotada com cores puxadas para o cinza e o verde, mostrando um espaço sem vida e um lugar que aparenta ser melancólico. Algo que agrega parcialmente à narrativa, mas não de forma tão construtiva. A decupagem, o trabalho de som, e da direção de arte, são funcionais aqui, tudo fica de lado fora a atuação de boa parte do elenco feminino.

    Entre Mulheres está indicado ao Oscar 2023 por Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado. O filme é dirigido por Sarah Polley e estreado dia 2 de Março aqui no Brasil.
    Entre Mulheres | United Artists

    Todo o elenco feminino, ou parte dele, faz um ótimo trabalho com um material escrito de forma rasa quando se trata de diálogo. Principalmente a personagem de Rooney Mara, Ona, que tem um papel de protagonista, mas é a principal condutora de diálogos expositivos do filme.

    A forma de diálogo dela com as outras personagens femininas, quase como uma figura angelical (oque considero problemático, vide que é uma jovem que está grávida de um estupro e ainda fala sobre perdão para os homens que cometem as atrocidades com as outras mulheres na obra) além de tornar a obra pouco orgânica nas cenas de debate, faz com que o espectador não esteja conectado bastante com ela.

    Problema que é em certa parte resolvido pelas atuações das personagens interpretadas por Jessie Buckley e Claire Foy(Mariche e Salome) que apresentam mais revolta, e as atuações mais fidedignas sobre oque as personagens passam e o dolorido de qualquer que seja a escolha de todas as mulheres que estão no debate. A performance das personagens tem uma mediação indireta das personagens mais velhas, sendo as personagens Agata e Greta(interpretadas por Judith Ivey e Sheila McCarthy), que conseguem, com o material que tem, marcar uma forte presença na obra. Provavelmente, as personagens que conseguem criar uma áurea de admiração aos espectadores.

    Entre Mulheres está indicado ao Oscar 2023 por Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado. O filme é dirigido por Sarah Polley e estreado dia 2 de Março aqui no Brasil.
    Entre Mulheres | United Artists

    A obra consegue fazer momentos bastante densos com cenas sangrentas, falando exatamente sobre o tema estupro(sem em nenhum momento mostrá-lo de forma explicita, oque é positivo), e consegue mostrar com atuação e montagem, a agonia de ser mulher naquele ambiente. Onde todas as personagens, até mesmo as muito novas, conseguem mostrar com os olhares o quão intenso e pesado é esse sentimento de viver em um lugar que sempre pode estar em perigo, independente da idade.

    O personagem Melvin é trabalhado de forma bastante problemática. Mostrando basicamente que um estupro ocorrido foi como uma catapulta para se assumir um homem transexual. Oque não fazer o menor sentido, pelo simples fato de que a época retratada, provavelmente, ele seria descriminado facilmente pelas personagens protagonistas, que são cristãs fervorosas.

    O cristianismo no filme não agrega de forma positiva no roteiro, mesmo sendo retrato de uma época onde a religião tinha uma forte potência. Mas o debate sobre perdão e moral aqui são elaborados de forma razoável, sendo debatido bastante durante a obra. Aparece, mas não é muito bem desenvolvido, algo que aparece de forma chamativa na obra.

    Entre Mulheres está indicado ao Oscar 2023 por Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado. O filme é dirigido por Sarah Polley e estreado dia 2 de Março aqui no Brasil.
    Entre Mulheres | United Artists

    Entre Mulheres é um filme que apresenta uma ideia necessária de debater no dia a dia, sobre um tema muito presente, e apresenta uma discussão sobre o peso da moral religiosa em uma sociedade. Mas é elaborado de forma funcional e mostra pouquíssima criatividade na sua execução.

    Nota: 2,5/5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | Creed 3 é um nocaute no telespectador, o mais emocional, feroz e pessoal até então

    Crítica | Creed 3 é um nocaute no telespectador, o mais emocional, feroz e pessoal até então

    Adonis Creed (Michael B. Jordan) dominou o mundo do boxe, prosperando em sua carreira e vida familiar, é aí que Damian (Jonathan Majors), um amigo de infância e ex-prodígio do boxe retorna após cumprir pena na prisão, ele está ansioso para provar que merece sua chance no ringue. O confronto entre ex-amigos é mais do que apenas uma luta e, para acertar as contas, Adonis deve colocar seu futuro em jogo para lutar contra Damian, um lutador que não tem nada a perder.

    Fica claro a paixão que Michael B. Jordan tem por essa franquia, em seu primeiro filme assinando a direção ele mostra isso em cada frame, demonstrando que se ele quiser ele tem um longo caminho a seguir como diretor.

    Foto: Instagram
    Foto: Instagram

    Creed 3 tem a melhor coreografia de luta dentre todos os demais filmes, com muita inspiração em animes, Michael B. Jordan acertou em cheio tanto na direção quanto na atuação, mas é Jonathan Majors que rouba a cena como o melhor vilão da franquia.

    A direção de Jordan é pesada, assim como os socos de Creed, ele te faz sentir a força em cada golpe desferido, traz referências modernas mas também homenageia o passado, tudo isso acompanhado de uma trilha alucinante que traz o impacto de uma obra que ao mesmo tempo que é comovente é brutal. As influências de Jordan o ensinaram bem demais.

    Creed III | Foto: Warner Bros. Pictures
    Creed III | Foto: Warner Bros. Pictures

    Existe uma nova dinâmica nas sequências de luta, Michael B. Jordan cita o anime japonês como uma influência para trazer algo jamais visto na franquia. As lutas em Creed III são excelentes, coreografadas e executadas com perfeição, a experiência no IMAX é nocauteadora.

    O enredo é previsível, sim, mas já é desde Rocky 2, então isso não atrapalhou minha experiência e como fã da franquia eu saí do cinema muito satisfeito com tudo o que me foi apresentado e com um gosto de quero mais, pela forma que tudo funciona tão bem no filme, seja Adonis, Damian, a relação de Creed com a família, tudo!

    Tessa Thompson e Mila Davis-Kent fornecem a Adonis algo pelo que lutar como sua esposa Bianca e sua filha Amara, ambas impressionando nos momentos mais tranquilos que compartilham como uma família. Jonathan Majors é um dos melhores atores da atualidade e é tão dinâmico quanto seu personagem Damian “The Diamond” Anderson. Ele é o melhor vilão de toda a franquia, mas não tenho certeza se ele deveria ser visto como um vilão, ele é apenas alguém que perdeu 18 anos da sua vida atrás das grades e agora não mede nenhum esforço para conquistar a vida que sempre sonhou. Você sente a dor de Damian e é isso que era necessário para contar sua história.

    Creed III | Foto: Warner Bros. Pictures
    Creed III | Foto: Warner Bros. Pictures

    Quero acrescentar que adorei a maneira como eles incorporam a língua de sinais nisso ao escalar alguém que é realmente surdo, a filha de Creed Amara (Mila Davis-Kent). Tanto Michael e Tessa (Bianca), aprenderam isso para o filme e foi transparecido para a tela de uma forma natural. Além disso, ela é uma pequena lutadora! Se houver mais filmes a serem feitos nesta franquia, não me surpreenderia que o foco fosse Amara ou Damian. 

    Certamente não é fácil caminhar em um território tão familiar ao fazer o nono filme da franquia, mas Jordan se encarregou de evitar quaisquer problemas ao pular na cadeira de diretor de Creed III, a continuação da icônica franquia Rocky/Creed parece mais renovada do que nunca, graças a performances incríveis e novas abordagens emocionantes para a ação dentro do ringue.

    Creed III | Foto: Warner Bros. Pictures
    Creed III | Foto: Warner Bros. Pictures

    Muito mais do que um filme sobre boxe, é a humanidade do boxeador que é mais explorada, se tornando emocional devido ao passado de Adonis, que causa atrito em casa e no ringue. Também há tempo para uma montagem de treinamento, é claro, que segue a tradição de chegar ao topo, só que dessa vez não são as escadarias da Filadélfia. 

    Creed III marca uma estreia fantástica na direção de Michael B. Jordan e outra entrada estelar na franquia Rocky/Creed. Dois dos melhores atores de sua geração frente a frente, mas o elemento adicional do IMAX torna este filme imperdível nos cinemas.

    Nota 4/5

    Assista ao trailer:

    Entenda porque Stallone não está no terceiro filme!

    Ainda não viu Creed? Confira os filmes anteriores da franquia aqui e aqui!

  • Crítica | Chainsaw Man é o resultado da mistura de hormônios e violência, em puro entretenimento

    Crítica | Chainsaw Man é o resultado da mistura de hormônios e violência, em puro entretenimento

    “Chainsaw Man” é um anime que foi desenvolvido pelo estúdio Mappa, que mostra uma jornada um pouco diferente do que seria a luta de humanos contra demônios. Principalmente, pela jornada e características do personagem protagonista. Temos Denji, que é possível considerá-lo um anti-herói, pelo fato de seu objetivo de sobrevivência durante toda a primeira temporada é algo sexual e supérfluo e não se importa com nada além de seu simples objetivo.

    Começando pelo design do anime, que é feito com uma textura delicada e diferenciada. Bem diferente dos animes convencionais, o traço do anime se mostra mais artificial, mas em um bom sentido, já que estamos falando da construção de um universo bastante perturbador, assim como seu protagonista.

    O anime tem um traço que lembra até animes produzidos pela plataforma Netflix, onde o ambiente e os personagens são feitos quase lembrando personagens de animações dos anos 2000. Porém, com um trabalho de pós muito detalhado, acentuando bastante a expressão dos personagens, a construção de paisagens e a direção da animação em cenas de ação. Que é um dos chamarizes para o espectador ficar tão focado na animação.

    O anime "Chainsaw Man" é a adaptação de uma série de mangá, escrita por Tatsuki Fujimoto. Denji é um jovem que carrega dividas de seu pai, e mata demônios para poder pagar a dívida que seu pai deixou, porém sua história toma um rumo completamente diferente do que ele esperava.
    Chainsaw Man | Crunchyroll

    Existe um excelente trabalho de design, no traço e profundidade criada, nas criaturas que são os principais antagonistas dessa temporada. Algumas lembrando criaturas da autoria do mangaka Junji Ito, com muitos tentáculos, ou construções circulares misturadas com espirais em certos momentos, demonstrando o mais puro caos. Caos no qual é algo bem presente no anime.

    Mas, Chainsaw Man tem uma representação de caos na medida certa e sem ser algo saturado. Algo difícil de fazer, tendo um protagonista que é metade humano e demônio, com um objetivo sexual, e sua parceira, Power, que é um demônio que não tem nenhum objetivo exato para si própria, mas gosta de proteger sua gata de estimação.

    Mesmo com bastante violência, personagens loucos e muita ação, a animação não se afoga na mesma loucura que ela faz questão de produzir para o expectador. Conseguindo criar momentos que sejam de tensão, dramáticos, e simpatia por quase todos os personagens que fazem parte da estória.

    O anime "Chainsaw Man" é a adaptação de uma série de mangá, escrita por Tatsuki Fujimoto. Denji é um jovem que carrega dividas de seu pai, e mata demônios para poder pagar a dívida que seu pai deixou, porém sua história toma um rumo completamente diferente do que ele esperava.
    Chainsaw Man | Crunchyroll

    A animação não faz muita questão de explicar a existência dos demônios que aparecem, e explica apenas o porquê de um dos personagens ser um caçador de demônios, Aki Hayakawa, por um flashback em um único episódio. Algo diferente, mas que não afeta a experiência do expectador na hora de ver a temporada por completo do anime.

    O anime pode desagradar algumas expectadoras por certas piadas e comportamentos machistas do personagem protagonista, ou como são sensualizadas as personagens femininas na obra. Algo que é enfatizado para mostrar a infantilidade do personagem Denji, que tem apenas 16 anos e é o mais novo na narrativa.

    Essas cenas em específico caem em excesso, perdendo muitas vezes a graça. Mesmo muitas dessas cenas sendo para enfatizar a face boba e infantil de Denji, em alguns momentos em específico começa a serem cenas deslocadas do resto do que esta acontecendo na hora. Porém, existe a relação de Denji com a personagem Himeno, que consegue criar um balanço de maturidade sobre a jornada sexual do protagonista que faz o espectador se interessar pelos próximos episódios.

    O anime "Chainsaw Man" é a adaptação de uma série de mangá, escrita por Tatsuki Fujimoto. Denji é um jovem que carrega dividas de seu pai, e mata demônios para poder pagar a dívida que seu pai deixou, porém sua história toma um rumo completamente diferente do que ele esperava.
    Chainsaw Man | Crunchyroll

    “Chainsaw Man” consegue entregar um espetáculo de violência e humor adulto para fãs de anime e animações mais voltadas para o público adulto. Mesmo a série tendo seus percalços, sendo no humor envolvendo as questões sexuais de Denji e em alguns momentos a qualidade da animação não estar correspondendo á outros episódios da mesma temporada, o anime satisfaz com grandeza o espectador que curte o gênero, e cria expectativas para o resto da jornada, para saber se os caçadores de demônios vão conseguir matar o Demônio da Arma.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | A Baleia: Como é estar encalhado em seu passado

    Crítica | A Baleia: Como é estar encalhado em seu passado

    Escrita em 2014, “A Baleia” fala sobre Charlie, um homem com obesidade, que tenta se aproximar da filha. Filha na qual ele não fala há 8 anos, depois de ter deixado o casamento e decidir viver em um outro relacionamento, com um homem. O filme representa, também, a volta do ator Brendan Fraser às telas de cinema, oque foi um dos pontos que mais chamou a atenção dos espectadores sobre esse filme.

    “A Baleia” é dirigido de forma que lembra bastante uma peça. Até pelo fato de que o filme se passa, basicamente, em um único ambiente, que é a casa de Charlie, e a câmera faz questão de captar o ambiente em conjunto com o protagonista, ou outros personagens perto do mesmo. Não esquecendo do formato de imagem 4:3 que é adotado na obra, para o espectador estar se sentindo exatamente nesse ambiente claustrofóbico. Sem contar a necessidade do diretor de explicitar ao espectador que estamos vendo à um filme, não uma peça.

    Brendan Fraser, mesmo com muita maquiagem, consegue fazer uma interpretação delicada e carregada de arrependimentos, solidão, melancolia e cansaço de um indivíduo que não se sente mais vivo depois da perda de seu companheiro. Fazendo ele criar um transtorno alimentício, e vivendo com obesidade mórbida. Sua atuação é feita de forma introspectiva na maior parte do longa, mas não fica contido nas cenas nas quais é exigido maior dramaticidade. Algo que ele consegue chegar com exatidão.

    Um dos últimos lançamentos da A24, em parceria com Daren Aronofsky e protagonizado pelo ator Brendan Fraser, "A Baleia" é uma narrativa baseada em uma peça de mesmo nome.
    A Baleia | A24

    É necessário citar aqui o trabalho de atuação das duas personagens que mais contracenam com o protagonista: Sua filha, Ellie, e sua melhor amiga, Liz (interpretadas por Sadie Sink e Hong Chau). Ambas fazem um trabalho de bastante peso, onde uma personagem já perdeu seu irmão por um suicídio e está a ponto de perder seu melhor amigo, e uma filha que carrega uma forte carga de ódio pelo abandono de seu pai aos 8 anos de idade. Ódio no qual ela joga sobre todos que estão a sua volta, até mesmo um passáro que faz companhia ao seu pai pela janela.

    A personagem Liz, mesmo tendo um forte peso dramático, e bem desenvolvida ao longo da obra que não desperdiça sua performance, cria uma pequena problemática em uma figura que é enfermeira, sendo uma facilitadora à péssima alimentação de Charlie, oque é algo chamativo na obra, até pela forma como Charlie se alimenta.

    Enquanto a filha Ellie, mesmo demonstrando um lado de extrema violência e falta de piedade a figura de um pai que mostra estar bastante debilitado, consegue mostrar de forma introspectiva, assim como na atuação de Brendan, a saudade que ela sente da presença de seu pai no seu dia-a-dia.

    Um dos últimos lançamentos da A24, em parceria com Daren Aronofsky e protagonizado pelo ator Brendan Fraser, "A Baleia" é uma narrativa baseada em uma peça de mesmo nome.
    A Baleia | A24

    Porém, a parte da narrativa que envolve a personagem com o personagem Thomas (interpretado pelo ator Ty Simpkins) é executada de forma acelerada. Oque foi desnecessário, já que Sink tem total controle de sua atuação, e não teve tanto espaço quanto poderia ter. Mesmo que no final da obra, ela tenha sido bem recompensada por isso.

    A ideia da alegoria da Baleia, de um ser simples, mas que está empacado em um lugar e consegue observar além das entrelinhas que se limitam, seja à escrita, como na imagem, já que o formato aqui é cinematográfico, consegue criar uma forte conexão ao espectador. Não ligando a ideia da Baleia com a obesidade, mas o peso do passado, da perda e de nossos erros, que deixa o indivíduo sem forças para querer seguir em frente.

    O filme também faz questão de cutucar o falso puritanismo e a religião cristã, que critica de forma árdua o quão a ideia de “Bem” para cada ser humano e visto de forma completamente diferente. E como esse “Bem” pode ser capaz de destruir a vida de outros, que na visão por trás do puritanismo das boas ações a outro, é uma tentativa de corretivo. Algo que é não é tão bem medido na jornada do personagem Thomas consigo mesmo nem com o protagonista Charlie.

    Um dos últimos lançamentos da A24, em parceria com Daren Aronofsky e protagonizado pelo ator Brendan Fraser, "A Baleia" é uma narrativa baseada em uma peça de mesmo nome.
    A Baleia | A24

    “A Baleia” é uma obra que consegue criar um forte debate sobre como existe tanta vida em pessoas que o mundo faz questão de destruir. Sejam elas gordas, ou homossexuais, elas podem estar se escondendo em pequenas casas. E nessas pequenas casa, pode se encontrar muita vida. Vida, que, infelizmente, não querem chegar perto. Ou, ao menos, saber se tem vida nelas.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania diverte mas não atinge seu potencial máximo

    Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania diverte mas não atinge seu potencial máximo

    Sinopse: Em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania Scott, Hope, Cassie, Janet e Hank são puxados para o reino quântico e lá descobrem que não estão ali por acaso. Juntos deverão lutar contra Kang, o Conquistador, um vilão imponente que deseja mais do que aparenta.

    A Marvel Studios construiu um grandioso universo cinematográfico ao longo de quinze anos, com seus altos e baixos. O estúdio foi responsável por trazer filmes grandiosos, com grande apelo público, transformando os filmes crossover em eventos nos cinemas ao redor do mundo.

    Apesar disso, certamente toda a construção até aqui não é perfeita, mas o saldo final é positivo, principalmente pelo fato do estúdio ter trazido uma mudança significativa em Hollywood, no que se refere ao lançamentos de blockbusters; uma era pré e pós-Marvel, que ajudou a moldar o mercado cinematográfico como conhecemos hoje.

    Depois de uma saga bem executada como a Saga do Infinito, que durou cerca de onze anos, e inseriu Thanos no hall da fama de melhores vilões da cultura pop, ao lado de Darth Vader, Exterminador do Futuro, Lord Voldemort, Sauron e diversos outros, muita expectativa se criou para o que a Marvel Studios viria trazer na atual saga, entitulada de Saga do Multiverso.

    Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania diverte mas não atinge seu potencial máximo
    Vingadores: Ultimato | Marvel Studios

    O novo vilão do universo cinematográfico da Marvel, apresentado em Loki (série do Disney+), está de volta e continua sendo desenvolvido, agora em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. Kang, o Conquistador, interpretado pelo talentoso Jonathan Majors é o vilão principal do novo filme protagonizado por Paul Rudd.

    Apesar de um trabalho bem executado na parte artística por Majors em dar vida ao vilão, A Marvel Studios ainda não conseguiu tirá-lo do raso, e muito disso se deve ao desperdício de tempo por escolher uma linha narrativa que deixou o vilão em off durante toda a fase 4, quando decidiu focar em tramas isoladas, que não conversam com o desenvolvimento do tema abordado nessa nova saga.

    Muitos podem dizer que Thanos também seguiu da mesma forma, mas a partir do momento em que foi apresentado na cena pós-créditos de Os Vingadores, diversos elementos que ligavam o personagem ao seu destaque futuro, e o principal deles eram as joias do infinito, estavam presente para deixar o público ciente de que ele ainda estava ali, mesmo que não aparecesse em tela trazia uma sensação de perigo eminente.

    Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania diverte mas não atinge seu potencial máximo
    Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania | Marvel Studios

    Apresentar o vilão principal da Saga do Multiverso em um filme do Homem-Formiga eleva o status do heróis dentro do UCM, inclusive trazendo uma forte ligação com a volta de Scott e a forma que os Vingadores usaram para voltar no tempo em Ultimato. A ideia de multiverso apresentada em 2019 estava ligada diretamente ao reino quântico e Quantumania, que deveria ser um filme dedicado a desenvolver isso, deixa tudo de lado para centralizar a história na relação de Scott, Cassie e Janet, além de deixar Kang só nos carões.

    A direção de Peyton Reed ainda continua muito bem, e reafirma que não teria outra pessoa melhor para trabalhar o personagem-título em uma trilogia que desenvolve bem seu protagonista, mas o roteiro e as escolhas do estúdio deixam claro que o principal vilão da Saga do Infinito foi inserido no filme errado.

    Para aqueles que não gostam de “nerf” (enfraquecimento) de personagens, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania abusa disso no que se refere aos poderes de Kang. Obviamente o vilão não poderia estar no seu auge aqui, mas é fácil perceber ao final da sessão, que Scott Lang e sua trupe não teriam a menor chance se o roteiro não fosse o facilitador com diversas conveniências.

    Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania diverte mas não atinge seu potencial máximo
    Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania | Marvel Studios

    Além de todo o erro envolvendo o vilão e as conveniências do roteiro, o filme não sabe quem desenvolver. É a relação de pai e filho de Scott e Cassie ou os mistérios que cercam a volta de Janet ao reino quântico?

    Ainda que o filme tenha problemas de identidade e não consiga atingir seu potencial máximo, assim como os dois filmes anteriores do Homem-Formiga a diversão é garantida e boas gargalhadas são tiradas do público, apesar de aqui o tom ser bem mais sério.

    O longa conta com um visual quase impecável, com efeitos especiais que são bem trabalhados, seguindo contra o fluxo das últimas produções lançadas pela Marvel Studios que nos últimos anos vem sofrendo com ondas de críticas por algo que em um passado recente fazia bem demais e era referência.

    Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania diverte mas não atinge seu potencial máximo
    Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania | Marvel Studios

    Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania certamente vai ser um filme que vai dividir opiniões. É um filme que é trabalhado em cima de expectativas altas, principalmente pela ciência do público em saber como o final da saga do Multiverso vai culminar, e culpa disso é do próprio Kevin Feige.

    Vai ser mais um filme que será lembrado pela relevância das duas cenas pós-créditos exibidas, responsáveis por fazer o público esquecer que Quantumania não é tão bom assim.

    Nota: 2/5

    Assista ai trailer:

    Leia mais sobre Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania:
  • Crítica | “Batem à Porta” é a junção de alegorias baratas com homofobia explicita

    Crítica | “Batem à Porta” é a junção de alegorias baratas com homofobia explicita

    A narrativa do último filme de Shyamalan é sobre um casal gay que vai passar um tempo em uma casa no meio da floresta com sua filha adotiva, Wen( interpretada por Kristen Cui). O casal Eric e Andrew, interpretados pelos atores Jonathan Groff e Ben Aldridge, é imposto a escolher, por um grupo de quatro desconhecidos armados, a ter que sacrificar um dos três para salvar o mundo do apocalipse.

    O filme consegue começar com calma, criando um ambiente de tensão em um lugar ensolarado e com planos fechados nos rostos dos dois primeiros personagens que aparecem. Uma técnica diferente, mas que se satura ao longo da obra que tem muitos planos parecidos colocando o rosto, sem teto, fechado no plano de forma central.

    A obra não demora para ser direta naquilo que se propõe, que é a tensão e a violência psicológica proposta no trailer e na própria sinopse. Até os momentos de violência conseguem ter uma construção delicada em pequenas cenas que são concluídas com exatidão. É possível ver um trabalho organizado de decupagem na obra, como em outros filmes do mesmo diretor.

    Batem à Porta é dirigido e coo-escrito pelo diretor M. Night Shyamalan, e distribuído pela Universal Pictures. Seu último filme foi Tempo, de 2021.
    Batem à Porta | Universal Pictures

    Porém, o filme acaba se afundando por completo no final. Claro que o filme trabalha a homofobia que os personagens protagonistas sofrem, das cenas que representam o presente, até os flashbacks expositivos, que não tem muita utilidade para o resto da obra em geral. Mas, mesmo o assunto sendo algo previsível de aparecer e ser debatido ao longo do filme, Shyamalan trabalha esse assunto de forma resumida e imatura, finalizando a obra como algo decadente de se ver.

    Além do fato de abordar uma das suas assinaturas, que não preciso nem dizer qual é, o diretor transforma uma estória de suspense em uma barata alegoria religiosa cristã nos seus 15 minutos finais. Não só o resulta um filme mal escrito, o filme trata de forma displicente o casal protagonista. Resumindo tudo de mal que acontece com eles como se fosse um “mal necessário”.

    O filme em seu conjunto técnico consegue um trabalho satisfatório, mas que acaba ofuscado em um trabalho de CGI terrivelmente executado. Parecendo que a pós produção estava correndo a todo vapor só para lançar o filme na data prevista.

    Batem à Porta é dirigido e coo-escrito pelo diretor M. Night Shyamalan, e distribuído pela Universal Pictures. Seu último filme foi Tempo, de 2021.
    Batem à Porta | Universal Pictures

    Oque não faz muito sentido, pelo resto do trabalho técnico ter sido executado de forma pelo menos madura e delicada. Principalmente o trabalho de som, que é feito de forma sutil, a ponto de sentir a respiração dos personagens.

    O trabalho de fotografia não fica de fora, tirando o excesso de close-ups desnecessários, consegue criar tensão e construções delicadas de certos planos. Mesmo tendo alguns erros de continuidade na obra, só é algo notável caso for rever a obra, por um pequeno detalhe. Detalhe que não é um dos principais problemas dessa obra.

    Batem á Porta é um filme que poderia ser uma boa estória de suspense, com personagens que conseguem fazer uma atuação justa à obra, e com um trabalho técnico satisfatório.

    Batem à Porta é dirigido e coo-escrito pelo diretor M. Night Shyamalan, e distribuído pela Universal Pictures. Seu último filme foi Tempo, de 2021.
    Batem à Porta | Universal Pictures

    Mas se afoga em uma alegoria religiosa barata, se tornando um discurso cristão homofóbico e triste para o espectador que esperava uma obra com um mínimo de maturidade de um diretor com longa data de produções que, mesmo não sendo perfeitas, conseguiam satisfazer o espectador, sem decepcioná-lo de forma tão rasa como essa obra.

    Nota: 2/5

    Assista ao trailer:


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  • Crítica | Triângulo da Tristeza: Para levar uma Palma de Ouro em Cannes, basta fazer um textão de Facebook

    Crítica | Triângulo da Tristeza: Para levar uma Palma de Ouro em Cannes, basta fazer um textão de Facebook

    A obra de Ruben Östlund, Triângulo da Tristeza, começa com um discurso direto e irônico sobre o ridículo da vida pessoal entre um casal de influenciadores digitais e modelos, Carl e Yaya (interpretados por Harris Dickinson e Charlbi Dean). O casal ganha uma viagem de Iate com pessoas da alta sociedade, seja vendedores de fertilizantes e um casal que vende armas para grandes potências. Mas ninguém se mostra preparado para oque vai acontecer nessa louca viagem.

    O filme em questão de técnica não apresenta nada de muito especial. Seja na edição, na fotografia, nas atuações ou até mesmo em outros pontos, não é o forte da obra. Algo que também não é compensado com o roteiro, que é o principal problema do filme.

    Triângulo da Tristeza tenta ser um grito contra o capitalismo de toda a forma possível, seja no drama, na sátira, até com sequências escatológicas, mas é a obra se auto satura e se mostra como uma forte exposição o tempo todo.

    Triângulo da Tristeza é dirigido por Ruben Östlund, também dirigiu The Square: A Arte da Discórdia. Filme que, também, levou a Palma de Ouro de Melhor Filme em 2017.
    Triângulo da Tristeza |  AB Svensk Filmindustri

    A obra consegue acertar em certos pontos como musicas famosas em plataformas como TikTok tocando na festa do Iate, alguns diálogos envolvendo o ator Woody Harrelson, que faz o Capitão, e é um das poucos pontos positivos da obra, e algumas cenas envolvendo os empregados do iate com o casal russo Dimitry e Vera (interpretados por Zlatko Buric e Sunnyi Melles).

    O Capitão que precisa estar sempre alcoolizado para sobreviver à um barco cheio de pessoas nas quais ele mostra sentir completo nojo e repulsa, um empresário de fertilizantes que ironiza sua profissão para os outros viajantes, e o diálogo entre ambos mostra explicitamente o significado do filme. Mesmo sendo um discurso bastante óbvio, ele se torna problemático com o desenvolvimento desses personagens com a introdução da personagem Abigail (interpretada pela atriz Dolly de Leon).

    Abigail representa a classe pobre, que é obrigada a trabalhar em um barco cheio de milionários que não sabem fazer o mínimo para conseguir sobreviver, e se mostra um forte símbolo de resistência. Que no final é tratada de uma forma bastante mal resolvida.

    Triângulo da Tristeza é dirigido por Ruben Östlund, também dirigiu The Square: A Arte da Discórdia. Filme que, também, levou a Palma de Ouro de Melhor Filme em 2017.
    Triângulo da Tristeza |  AB Svensk Filmindustri

    O desenvolvimento dessa personagem em conjunto com o casal de influenciadores e como ela trata os outros que estão com ela em certo momento, mostra aquela ideia explicita de o oprimido querendo se tornar opressor e dono do seu próprio mundo.

    Essa resolução da personagem, do casal com Abigail, e a displicência com os outros personagens que estão com eles, mostra um roteiro que não sabe lidar com seus personagens. Muito menos como fazer uma resolução rápida para uma história que se prolongou em certo ponto para exprimir um discurso tão simplista e, politicamente, óbvio.

    O filme também tenta fazer, de forma relativamente parecida com TÁR(2022), uma crítica à Geração Z e seus posicionamentos sociais, aqui sendo o foco o movimento feminista no meio de influenciadores digitais. Além do discurso político ser executado de forma displicente, o filme tenta tratar a ideia do machismo contra o feminismo com cenas de diálogos pouco orgânicos, e em momentos mal medidos durante a narrativa.

    Triângulo da Tristeza é dirigido por Ruben Östlund, também dirigiu The Square: A Arte da Discórdia. Filme que, também, levou a Palma de Ouro de Melhor Filme em 2017.
    Triângulo da Tristeza |  AB Svensk Filmindustri

    Triângulo da Tristeza é uma carta satírica sobre o mundo neocapitalista, que quer fazer piadas com todos que fazem parte desse cenário real e desastroso da modernidade. Mas é mal escrito, não consegue chamar a atenção do espectador nem mesmo nos quesitos técnicos e mostra uma verdade decadente dos festivais de cinema.

    Hoje, o discurso político básico sobre sociedade é o principal chamariz para Premiações, mesmo elas sendo escritas por adolescentes impulsivos nas redes sociais e em suas bolhas burguesas e elitistas.

    Nota: 2/4

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | Tár é um “Beijo no Asfalto” que zomba da Geração Z

    Crítica | Tár é um “Beijo no Asfalto” que zomba da Geração Z

    O novo filme de Todd Field não demora para mostrar exatamente oque significa seu discurso. A obra Tár começa com um diálogo bastante extenso e com muito peso teórico histórico musical, em que Cate Blanchett entrega uma aula de atuação por mostrar alguém que sabe, realmente, do que esta falando.

    A entrevista inicial mostra um forte contraste da personagem com os novos tempos. Mostrando alguém que não está muito interessada no mundo digital e nas discussões sociais que acontecem nele. Mesmo sendo só um trecho da entrevista, é uma pitada do que estamos prontos para ver.

    Tár consegue demonstrar algo que lembra bastante algumas características de obras vindas de diretores como Luis Buñel e Jean Renoir, mostrando uma faceta suja e ridícula por trás do mundo artístico que se finge de civilizado e conversas falsas sobre conhecimentos teóricos, fantasiados e disfarçando interesses pessoais e profissionais.

    Novo filme de Todd Field, coloca Cate Blanchett como a Maestro Tár. A atriz é indicada como Melhor Atriz para o Oscar 2023.
    Tár | Universal Pictures

    Essa parcela da narrativa é mostrada de forma sútil pelos personagens Eliot Kaplan(interpretado por Mark Strong), Andris Davis(interpretado por Julian Glover) e Francesca Lentini(interpretada pela Noémie Merlant) que conseguem mostrar de forma sutil, sendo na forma de diálogo ou por olhares, oque eles realmente querem falar ou pensar sobre.

    O filme começa de forma bastante confusa, abordando personagens com comportamentos perturbadores, que mal aparecem em cena, em conjunto com a vida pessoal da personagem Tár. O filme tenta capturar o espectador com o elemento de se instigar a entender oque está acontecendo, mas faz isso de forma mal dosada e, em certos momentos, pouco desenvolvido no peso dramático que a cena precisa.

    Esse problema acontece em várias sequências, pois a direção tenta compor muitos estilos de direção e de construções para uma obra que na própria narrativa já contem muito conteúdo no qual o espectador fica atento, principalmente nos diálogos. E o filme se afoga em plano-contra-plano para mostrar os diálogos, botando o espectador em um estado de canseira, porque começa a não entender pra que tanto se esse tanto não esta ajudando na composição do resto da obra.

    Novo filme de Todd Field, coloca Cate Blanchett como a Maestro Tár. A atriz é indicada como Melhor Atriz para o Oscar 2023.
    Tár | Universal Pictures

    Além de que é possível perceber que o filme tem uma adição de cenas que são simplesmente para mostrar a habilidade do diretor em mostrar que consegue fazer um filme calmo com quase 3 horas de duração. Algo que não faz sentido, pelo fato de que a obra carrega uma potência emocional carregada por Cate Blanchett que não precisa de muito mais para se entender oque esta proposto desde o início.

    A obra, também, carrega uma forte crítica aos efeitos do que a Geração Z é capaz de fazer com o indivíduo(a) que não segue a mesma linha de raciocínio sobre temas sociais ligados a objeto de estudo. A ideia de como é fácil construir uma fake news sobre alguém com uma simples edição e com boatos pela internet, mostra o quão um ser social está escravo de uma geração que não faz questão de apurar fatos, além de destruírem a carreira de alguém por simples discordância. Mostrando que “O Beijo no Asfalto” de Nelson Rodrigues não está muito distante de nossa realidade.

    Mas, agora, não mais o julgamento das pessoas dos anos 50, até mesmo anos 90. Porém, uma geração carregada de jovens falso puritanos, que estão dispostos a te afundar caso não seja “correto” como eles. Uma crítica justa, e que recebe um bom desfecho comparado com a construção da narrativa de outros personagens e da jornada da protagonista durante o meio da narrativa, que o roteirista, e diretor, não parece saber que caminho está interessado em tomar. Mesmo com sua maturidade técnica.

    Novo filme de Todd Field, coloca Cate Blanchett como a Maestro Tár. A atriz é indicada como Melhor Atriz para o Oscar 2023.
    Tár | Universal Pictures

    Claro que escrevo sem colocar a personagem Tár em um pedestal de personagem inocente. Pelo contrário, ela se mostra errando, mentindo e com um lado considerado até tóxico em certos momentos. Mas a beleza da personagem, que é complementada pela atuação majestosa de Cate Blanchett, é exatamente esse ponto: Tár se mostrando um ser humano com erros e acertos, e ela tem noção disso. Algo que pode implicar com alguns e simpatizar com outros espectadores, até por ser um personagem construído para isso.

    Tár, mesmo sendo uma obra que tenta construir um ar de complexidade de forma desnecessária, consegue ser impactante e irônica em alguns de seus momentos. Além, de Cate Blanchett provar, mais uma vez, ser uma forte aposta na premiação como Melhor Atriz no Oscar de 2023.

    Nota: 3/5

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  • Crítica | Glass Onion: Um pega-pega com boa montagem e produção

    Crítica | Glass Onion: Um pega-pega com boa montagem e produção

    Glass Onion: A Knives Out Mystery não tenta fugir da formula do primeiro filme, mas consegue se diferenciar com uma forma técnica de montagem para contar o novo mistério e com uma produção muito mais vasta no quesito visual que a obra anterior.

    Daniel Craig como Detetive Benoit Blanc ainda mantém sua forte presença, com pouca utilização de sua áurea mais cômica, sendo mais sarcástico com os novos personagens. Além de seu desenvolvimento na trama, que é um dos pontos fortes da narrativa que conecta o espectador ao que esta acontecendo no momento.

    O filme funciona como uma forte crítica às figuras bilionárias, se passando como figuras fortes e poderosas, mas que se mostram no cenário real como pessoas inseguras, pouco inteligentes, falsamente alternativas e “sanguessugas” das formas mais bizarras possíveis.

    O filme Glass Onion: A Knives Out Mystery continua tendo no roteiro e direção de Rian Johnson, assim como em Entre Facas e Segredos(2019). Mas tendo sua sequência com distribuição pela Netflix, e com novos nomes no elenco.
    Glass Onion: A Knives Out Mystery | Netflix

    Além do trabalho de atuação de Daniel Craig e Janelle Monáe( que interpreta a personagem Cassandra Brand), o resto do elenco, mesmo sendo nomes de peso, não passam nem carisma e nem presença na trama. Existe uma construção de arco para ligar todos eles de uma forma sentimental consistente, mas a relação potente do filme não passa dos dois personagens já citados e do personagem Miles Bron(interpretado pelo ator Edward Norton).

    Falando especificamente do personagem Miles Bron: sua construção de personagem dentro da narrativa se mostra como uma forte sátira à um bilionário muito conhecido na atualidade, com ideias absurdas e tentando se mostrar um gênio filantrópico. Sua relação com a personagem Cassandra é um dos motivos do filme funcionar até sua resolução.

    O trabalho técnico na direção de arte e na construção de um espaço quase sagrado para bilionários tem um forte impacto dentro da relação dos personagens enquanto estão naquela ilha e oque eles representam. Como tantas mentiras, interesses e outros jogos, que representam tanta sujeira, se apresentam em um espaço tão limpo. Um contraste interessante da imagem que se vende e oque é a verdade entre os arbustos.

    O filme Glass Onion: A Knives Out Mystery continua tendo no roteiro e direção de Rian Johnson, assim como em Entre Facas e Segredos(2019). Mas tendo sua sequência com distribuição pela Netflix, e com novos nomes no elenco.
    Glass Onion: A Knives Out Mystery | Netflix

    Mesmo a obra em seu conjunto geral estando funcionado de forma operante satisfatória, o filme tem uma premissa que começa a desacelerar com o abandono de uma dinâmica mais orgânica entre os atores e do excesso de diálogos investigativos. Principalmente pelo fato de que é, realmente, difícil fazer personagens bilionários insuportáveis continuarem interessantes por 2 horas e 20 minutos.

    É de possível entendimento que fazer um filme que funcione no mesmo estilo que Entre Facas e Segredos, dificilmente, traria o mesmo resultado que o filme anterior. Porém, mesmo sendo filme que se desgasta por si mesmo, a obra continua sendo um entretenimento satisfatório para que se interessa pelo estilo investigativo estilo Agatha Christie.

    Para outros que não são muito próximos ao gênero, é possível se divertir com o humor satírico que a obra carrega em vários momentos pelo ponto de vista do detetive Benoit Blanc, mesmo tendo um desfecho não tão potente quanto o esperado desde a premissa.

    O filme Glass Onion: A Knives Out Mystery continua tendo no roteiro e direção de Rian Johnson, assim como em Entre Facas e Segredos(2019). Mas tendo sua sequência com distribuição pela Netflix, e com novos nomes no elenco.
    Glass Onion: A Knives Out Mystery | Netflix

    Rian Johnson mostrou em seus últimos filmes seu interesse em misturar narrativas com discursos políticos potentes e o entretenimento investigativo, sendo em Entre Facas e Segredos, Star Wars: O Último Jedi(2017), e agora com Glass Onion.

    Porém, sua falta de medida de como misturar tais assuntos se mostra de forma prevalente no presente. Consequentemente, resultando como seu último filme. Um entretenimento, facilmente, esquecível.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | Regra 34 é um discurso multifacetado, mal executado

    Crítica | Regra 34 é um discurso multifacetado, mal executado

    A obra de Júlia Murat, Regra 34, tenta falar de alguns assuntos delicados, sendo eles focados em pautas sexuais ou raciais, para o espectador da forma mais crua e direta possível. O problema, que envolve principalmente a direção e a equipe de roteiro, é que o filme se afoga em cenas com os diálogos menos orgânicos e mais apelativos possíveis.

    Os diálogos nas aulas de direito, no bar, entre os amigos, tudo parece uma cena dirigida de forma rasa e infantil. Lembrando até cenas de novela em alguns momentos. Fazendo com que o espectador, que esperava um discurso potente, fique tediado depois de 40 minutos de filme.

    Além do problema da direção, que é o mais chamativo, as partes técnicas funcionam em modo funcional, para não dizer básico, ou fraco. O som fica bastante baixo em certas ocasiões, fazendo a gente não entender oque certos personagens estão falando. O filme consegue errar até na construção de planos básicos. Além de que não tem nada muito chamativo além, para poder substituir pelo menos esse vácuo.

    Regra 34 é um filme dirigido pela diretora Júlia Murat, sobre uma estudante de direito, Simone(interpretada pela atriz Sol Miranda) que quer se aventurar no universo das práticas BDSM. Testando a prática na internet, ou com amigos próximos.
    Regra 34 | Imovision

    Voltando para o roteiro: Regra 34 tenta discursar sobre Racismo, BDSM e Machismo, mas não consegue se aprofundar, e nem finalizar, nenhum deles de forma pelo menos rápida. Os discursos sobre os tópicos raciais e sexistas parecem que foram escritos por alguém com pouquíssima maturidade. A ponto de alguns espectadores terem se retirado da sessão em que eu estava presente.

    O tema BDSM no filme, é abordado, mas trabalhado de uma forma infantil e mal dosado. A trajetória da protagonista junto ao tema, e sua jornada pessoal dentro do curso que estuda(além do caso de agressão a mulher que ela acompanha ao longo de parte da narrativa), é algo que não se encaixa e nem se embate. Um filme que acaba juntando temas profundos e jogando em uma piscina rasa.

    Nem mesmo as atuações conseguem dar algo de positivo para obra, já que, em sua maioria, os atores parecem engessados ou limitados pela produção. As vezes tentam entregar uma boa atuação em cenas sexuais mais fortes, mas só entregam algo mais apelativo para falar do que se trata o BDSM ou causar desconforto de forma fácil ao espectador.

    Regra 34 é um filme dirigido pela diretora Júlia Murat, sobre uma estudante de direito, Simone(interpretada pela atriz Sol Miranda) que quer se aventurar no universo das práticas BDSM. Testando a prática na internet, ou com amigos próximos.
    Regra 34 | Imovision

    O trabalho das atrizes Lorena Comparato e Isabela Mariotto(que interpretam as personagens: Lucia e Nat) fazem as amigas conselheiras de Simone, mas que aparecem por pouco tempo(e o tempo que aparecem, acrescentam pouco, ou nada, para a narrativa).

    O ator Lucas Andrade(interpreta o personagem Coyote) é oque mais aparece em cena, contando as cenas sexuais com a personagem Simone, mas que tem pouquíssima profundidade. Fazendo com que o espectador não se conecte tanto com o personagem, a ponto de criar empatia por ele. Problema igual é presente na própria protagonista.

    Regra 34 é uma tentativa de grito político, que tenta agrupar tudo e todos. Porém, a sua execução é feita de forma rasa e infantil; o trabalho técnico é feito de forma simples e com pouca criatividade; as atuações são mal desenvolvidas, assim como os personagens; tenta causar um desconforto e criar uma sensualidade, mas não consegue chegar perto do que diretores como Nagisa Oshima(Império da Paixão e Império dos Sentidos), Ingmar Bergman(Gritos e Sussurros, Persona e Monika e o Desejo), Lars Von Trier(Anticristo e Ondas do Destino), Agnes Vardá(As Duas Faces da Felicidade), entre outros(as), que já fizeram(minimamente, de forma madura) e entediante.

    Nota: 0,5/5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | Holy Spider: Como seria se Ted Bundy fosse iraniano?

    Crítica | Holy Spider: Como seria se Ted Bundy fosse iraniano?

    O filme de Ali Abbasi, Holy Spider, consegue trabalhar o seu discurso político em conjunto com um thriller psicológico, de forma que o filme consegue fisgar o espectador e questioná-lo sobre oque tem ocorrido nesses últimos meses no Irã. Sendo mais audacioso em colocar vítimas que são prostitutas em um país com uma cultura extremamente machista e violenta.

    O filme, mesmo sendo em um país com muito calor e com bastante claridade, o filme se passa em sua maioria nas noites de uma cidade do Irã. Além da utilização de uma iluminação esverdeada neon em contraste com outras de ambientação. A câmera e o som tem um trabalho bem coloquial, sem tentar se aventurar muito em movimentos ou uma edição rebuscada. Algo positivo para um filme que quer ser direto sobre o tema com o espectador.

    É necessário falar também o trabalho de atuação de Zar AMir Ebrahimi e Mehdi Bajestani(que interpreta o personagem Saeed) que conseguem criar uma conexão com o espectador em momentos de suspense, angústia e de forte tensão. Separados, ou juntos, conseguem atuar de forma realista e delicada, sem se perderem em nenhum momento. O roteiro, em certas partes da narrativa, é oque atrapalha o trabalho da dupla em Holy Spider.

    Holy Spider é dirigido pelo diretor Ali Abbasi (Border de 2018), e conta a história, baseada em fatos reais, sobre a repórter Rahimi(interpretada pela atriz Zar Amir Ebrahimi) que busca respostas sobre um serial-killer de prostitutas em uma cidade do Irã.
    Holy Spider | O2 Filmes

    Holy Spider não saí, e nem tenta sair, de um convencional filme sobre Serial-Killers. Se espera algo de novo da obra que fuja do modus operandi sobre filme de assassinos em série produzidos, e dirigidos, em solo norte-americano, não será aqui que você irá encontrar. Além de algumas facilitações narrativas que estragam aquilo que o básico poderia entregar tudo que o espectador pede.

    Sem contar o fato das cena de assassinato que são explicitas. Explicitas sem necessidade e de forma que caminha para um desrespeito às vítimas e às mulheres daquele país. Quase como uma ênfase infantil de mostrar o quão o antagonista é cruel, mesmo com o espectador sabendo disso logo de cara.

    Porém, o roteiro consegue trabalhar a ideia do machismo religioso dentro do país de uma forma não muito orgânica, mas funcional para a obra. A ideia de como cada um vê o antagonista, como veem oque ele acredita como uma missão sagrada, e uma visão diferenciada para o ocidente ver algo nesse estilo na religião muçulmana.

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    Holy Spider | O2 Filmes

    A tentativa de tentar mostrar um lado mais humanitário do antagonista com sua família é algo que funciona na narrativa, e consegue criar camadas a mais até a quase resolução da obra. Além de também criticarem a polícia moral existente no país, algo que é construído na relação da protagonista Rahimi com o policial Rostami(interpretado pelo ator Sina Parvaneh).

    Um personagem que tem uma forte utilização, mesmo aparecendo pouco em cena, é o filho e filha de Saeed. Mesmo sendo crianças em cena, conseguem entregar ao espectador o impacto do legado construído pelo antagonista e o como eles refletem de forma absurda nessa sociedade oriental específica.

    Isso acontece na última sequência do filme, com uma estética audiovisual bastante diferente da estética de todo o longa. Sendo utilizada uma imagem com menos qualidade e mais granulada, como uma câmera manual, com fita, entre os anos 2000 e 2001.

    Holy Spider é dirigido pelo diretor Ali Abbasi (Border de 2018), e conta a história, baseada em fatos reais, sobre a repórter Rahimi(interpretada pela atriz Zar Amir Ebrahimi) que busca respostas sobre um serial-killer de prostitutas em uma cidade do Irã.
    Holy Spider | O2 Filmes

    Holy Spider consegue ser um filme satisfatório de thriller investigativo, mas falha em tentar transmitir a potência discursiva que o filme tenta trazer sobre pautas sociais, questões machistas e perturbadoras sobre a obsessão por trás da religião. Mas, mesmo com seus pesares, o filme ainda funciona para o entretenimento e discussão política depois da sessão.

    Nota: 3/5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | Dois Dias, Uma Noite: Sua saúde mental, não vale Mil Euros

    Crítica | Dois Dias, Uma Noite: Sua saúde mental, não vale Mil Euros

    A obra Dois Dias, Uma Noite conta a história de Sandra, que ficou de licença do trabalho por causa da depressão. Quando ela esta curada e saudável para trabalhar, fazem uma votação em seu local de trabalho, para saber se seus companheiros preferem um bônus de mil euros ou a permanência de Sandra no trabalho. Ela tem apenas o fim de semana, para convencer seus companheiros de votarem a favor dela.

    Dois dias, Uma Noite é um filme tecnicamente simples. Sendo em sua maioria feito por câmera na mão e com cores bastante frias e pouco contrastadas. O som tem um trabalho delicado e no resto de sua composição, a direção não tenta se aventurar muito. Até pelo fato de que o peso da obra está no roteiro e nas atuações, a técnica entrega o necessário.

    A narrativa consegue criar uma tensão tênue entre a protagonista e o espectador, criando ansiedade para saber o resultado dessa corrida contra o tempo, para Sandra saber se vai conseguir continuar com seu emprego ou não.

    Dois Dias, Uma Noite é um filme francês, de 2014, escrito e dirigido pelos irmãos Luc e Jean-Pierre Dardenne. A atriz Marion Cotillard foi indicada ca categoria Melhor Atriz no Oscar de 2015 pela sua interpretação como Sandra.
    Dois Dias, Uma Noite | Imovision

    A relação da personagem Sandra com seu marido, Manu (interpretado pelo ator Fabrizio Rongione) é um pilar condutor de toda a obra, até sua resolução. A conversa que ambos tem indo de um lugar para o outro de carro, em casa e em momentos que Sandra se mostra em crise, consegue dar uma forte camada a obra. Sem contar, que sempre nos lembra que estamos vendo uma protagonista que acaba de sair de uma depressão.

    A obra também mostra de forma delicada o como cada pessoa reage ao pedido pessoal de Sandra para pensar no próprio voto. Sendo muitos indecisos, com medo, ou por questões próprias, ficando contra a parede. E cada ator, e atriz, soube fazer muito bem cada sentimento necessário em cena.

    O filme tem uma resolução leve demais, comparada com toda a densidade da obra. Fazendo com que o espectador fique desapontado pelo quanto se investiu emocionalmente na personagem. Mas, mesmo o final tendo sua leveza, ele carrega em seu penúltimo diálogo a pesada crítica que esse filme grita em seu todo.

    Dois Dias, Uma Noite é um filme francês, de 2014, escrito e dirigido pelos irmãos Luc e Jean-Pierre Dardenne. A atriz Marion Cotillard foi indicada ca categoria Melhor Atriz no Oscar de 2015 pela sua interpretação como Sandra.
    Dois Dias, Uma Noite | Imovision

    Quanto vale um funcionário em uma empresa? Quanto é necessário se humilhar para conseguir sobreviver no mudo neocapitalista? Companheiros de trabalho, são “realmente” companheiros? A obra serve como um chamariz para mostrar o como muitos indivíduos se vendem por um simples bônus financeiro. E como são facilmente trocáveis.

    Essa crítica se concluí a cada sequência de Sandra falando com seus companheiros, até seus superiores. O como a personagem Sandra reage do início da jornada, até sua quase resolução, mostra uma exaustão na qual ela mesma vai se questionando, se tudo aquilo era realmente tão necessário e importante como ela pensava.

    Além de abordar o como as pessoas veem alguém que acaba de ter passado por um quadro depressivo, como se fosse incapaz de trabalhar da mesma forma que antes. Contado também como é importante reparar as pessoas que apoiam ou não a protagonista. É visível nos pontos de diferença de classe e etnia, mostrando uma visão social sobre a França na última decada.

    Dois Dias, Uma Noite é um filme francês, de 2014, escrito e dirigido pelos irmãos Luc e Jean-Pierre Dardenne. A atriz Marion Cotillard foi indicada ca categoria Melhor Atriz no Oscar de 2015 pela sua interpretação como Sandra.
    Dois Dias, Uma Noite | Imovision

    Mesmo o filme não terminando da forma potente que ele mesmo se propaga ao longo de sua narrativa. Dois Dias, Uma Noite faz um trabalho exemplar em mostrar a faceta de um mundo sujo, no qual o trabalhador é obrigado a sobreviver.

    Nota: 4/5

    Assista ao Trailer:

    Depois da crítica de Dois Dias, Uma Noite, leia também:

  • Crítica | O Milagre: Uma critica à cegueira causada pelo fanatismo religioso

    Crítica | O Milagre: Uma critica à cegueira causada pelo fanatismo religioso

    O Milagre, produzido pela Netflix, conta a passagem da enfermeira Lib Wright, interpretada pela atriz Florence Pugh, na Irlanda, para um serviço de vigilância sobre uma garota, chamada Anna O’Donnell. Que apresenta estar sem comer durante meses, como um milagre católico. O objetivo da presença de Lib é comprovar se o acontecimento é real ou manipulado pela família da garota, que é fervorosamente cristã

    O filme começa com uma apresentação metalinguística sobre a narrativa que estamos prontos a ver na tela, fazendo uma transição de um set de filmagem presente, até o tempo que a história acontece. Trajetória que acontece em um plano sequência de menos de 2 minutos. Claro objetivo de mostrar o filme como uma obra fictícia em que o espectador está sendo convidado a crer no ocorrido ou não. Algo que é abordado de forma nem muito sutil e nem muito agregador ao valor da obra completa (Ato de quebra da quarta parede também é utilizado para isso em um diálogo pouco orgânico durante a narrativa).

    O enredo é apresentado como um drama dividido em duas partes, sendo a jornada da personagem protagonista com o luto por uma perda familiar, e tendo que se dopar em um pequeno ritual todas as noites antes de dormir; e a visão dela sobre a garota que é voltada de forma mais realista, pelo fato de não ser religiosa como a família de Anna, que também teve a perda de seu irmão, que se apresenta de forma agonizante, com seus olhos pintados em um retrato da família. Colocando o espectador ciente sobre a importância desse personagem, naquilo que está acontecendo.

    O Milagre: Netflix se mostra capaz em produzir uma obra madura em criticar a cegueira causada pelo fanatismo religioso
    O Milagre | Netflix

    A fotografia do filme conversa bastante com a jornada da protagonista, principalmente nas transições e na utilização de cores em contraste, sendo azul, a cor do único figurino da protagonista em toda a obra, e o verde, sendo do espaço com pouca saturação e da natureza. Um simbolismo de que, mesmo uma personagem com um forte controle emocional e calma, está em um ambiente em que algo de muito errado e desconforto está acontecendo em sua volta.

    Os cantos e a respiração reverberada na trilha sonora do filme, também compõe essa dualidade de algo milagroso, mas escondido, sem saber se é um canto ou um grito, uma respiração de calma, ou de ansiedade pelo que está acontecendo. Sem contar que é uma voz doce, como a da personagem Anna. Que é, durante a narrativa, obrigada a seguir o milagre, de forma opressora, sendo psicológica ou pelo afeto.

    A obra demonstra ao longo da narrativa, as possíveis consequências, de formas dramáticas e indo até para um caminho de terror (utilizando da interpretação da atriz Elaine Cassidy, a mãe de Anna, Rosaleen O’Donnell; e a fotografia fria e desconfortável criada a partir da pouca saturação e da trilha sonora) sobre o fanatismo religioso sobre a figura infantil feminina no final do século XIX. Época que se deu origem ao niilismo, e o começo de uma geração que não está com os pés tão fincados na fé como a de seus pais e avós, demonstrando que existe algo muito de errado no meio dessa “” que as famílias tanto perpetuavam.

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    O Milagre | Netflix

    Algo que é demonstrado na fotografia captando a protagonista, seja nos planos caminhando em meio a natureza, e nos planos dela comendo. Seja em frente a uma janela, quando tem algo a se revelar, ou na frente de uma escada, quase cogitando sendo um milagre dos céus, mesmo tendo algo estranho nos degraus negros que se tem que subir para acreditar.

    A narrativa é instigante e a interpretação de Florence Pugh e Kila Lord Cassidy, que demonstram o desconforto sobre o que está acontecendo e que algo precisa ser falado entre elas, mas de outra forma, sem ser pelo caminho da realidade. Mas o filme tenta se aventurar de algumas formas para prender o espectador, e para demonstrar maturidade, que fogem do sentido narrativo do filme em maior parte do tempo.

    Sendo os principais pontos: A jornada afetuosa da personagem Lib com o repórter interessado no milagre, que acontece de forma apressada; a utilização de artimanhas audiovisuais como quebra da quarta parede, e a metalinguagem, que não tem nenhum motivo que agregue o discurso posto pelo resto do filme. É como se o diretor quisesse nos lembrar que o filme é uma ficção, mas separando o espectador mais que o aproximando.

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    O Milagre | Netflix

    Mas, mesmo com pequenos casos de excessos, o filme demonstra maturidade e beleza em sua execução, com um bom trabalho técnico, e um bom desenvolvimento de personagens, de mãos dadas com as interpretações das personagens principais.

    Nota: 3,5/5

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  • Crítica | Aftersun: Como o primeiro longa de uma diretora se torna um dos melhores filmes de 2022?

    Crítica | Aftersun: Como o primeiro longa de uma diretora se torna um dos melhores filmes de 2022?

    Aftersun é uma obra que não necessita, e nem tenta, se aventurar em pirotecnias audiovisuais. Não é cercado de efeitos, movimentos de câmera e, muito menos, reviravoltas em seu roteiro. O filme logo no começo já fala do que vai se tratar. Uma semana de férias de Sophie(interpretada pela atriz Frankie Corio) e seu Pai(interpretado pelo ator Paul Mescal).

    A narrativa mostra uma relação bem próxima de ambos, além de mostrar, nos detalhes, o como um personagem de mostra tão distante do outro. Sophie ainda não repara nisso, pois tem apenas 11 anos. Mas mesmo aos 11, mostra um pouco de sua figura amadurecendo nessa semana com o pai. Seja no que ela repara aos poucos, como os adolescentes que ela aproveita o hotel, até um garoto de mesma idade que brinca com ela em um vídeo game.

    O pai, ao mesmo tempo que se mostra uma figura paterna atenta e cheia de vida, mostra em rápidas cenas o tamanho de sua angústia. Angústia na qual ele não quer mostrar a sua filha ainda tão jovem. É nesse contraste entre ambos os personagens que faz o filme ter uma força arrebatadora, sem em nenhum momento o filme botar os personagens falando sobre isso.

    O primeiro longa da diretora Charlotte Wells conta a narrativa de Pai e filha que passam uma semana de férias juntos. Mas Sophie, depois de anos, se lembra aos poucos desses momentos.
    Aftersun | A24

    Além de um diálogo de Sophie com o Pai, em que ela pergunta sobre algo que ela mesma esta pensando, e o Pai, simplesmente, cospe a pasta de dente que estava em sua boca enquanto estava escovando os dentes. Seu cuspe vai direto no seu rosto refletido, e ele só responde: “E aí, está pronta?”.

    Nessa cena, mostra um autodesprezo de sua figura e reage da maneira mais rápida, para sair com sua filha como se nada tivesse acontecendo em sua cabeça. Esses tipos de cena acontecem mais de uma vez, e de formas diferentes. Seja o pai cortando o braço sem querer, retirando o seu gesso, ou com o Pai no banheiro sozinho, tentando respirar fundo com uma toalha molhada na cabeça.

    Além de um roteiro que cria uma narrativa, que se segue em completa calma. A montagem consegue seguir a media certa em discussão entre presente e passado, mostrando o como foi importante para a personagem de Sophie mais velha(interpretada pela atriz Celia Rowlson-Hall) aquela semana que ela passou com o pai.

    O primeiro longa da diretora Charlotte Wells conta a narrativa de Pai e filha que passam uma semana de férias juntos. Mas Sophie, depois de anos, se lembra aos poucos desses momentos.
    Aftersun | A24

    A ideia do filme de trabalhar a nostalgia daquela semana na personagem em um formato de sonho como se fosse uma festa louca cheia de flashes, faz com que o espectador sinta muita empatia pela protagonista. Que coloca o expectador na tela refletindo em como esses pequenos momentos, ou devaneios, são os momentos em que, as vezes, nos faz lembrar de quem mais amamos. E, muitas dessas vezes, esses que amamos já não estão mais aqui para nos abraçar.

    O contraste também acontece com edição e mixagem de músicas como Under Pressure de David Bowie e Queen, e a música Tender da banda Blur. Tendo as vezes uma mudança de tempo na música, ou isolamento de vocais de outra, mudando de um passado exato para uma fantasia recente.

    Aftersun coloca o espectador para refletir sobre como o tempo é curto e como realmente amamos aquele que achamos demonstrar tão bem nosso amor, seja de filho ou dos pais; o como certos momentos da vida podem fazer parte de sua vida por anos; qual é a potência de registrar momentos nos quais nunca mais poderemos vivenciar da mesma forma que foi e como o filme consegue comprovar oque o diretor Martin Scorsese disse: “Quanto mais pessoal é o filme, melhor ele vai ser.”

    O primeiro longa da diretora Charlotte Wells conta a narrativa de Pai e filha que passam uma semana de férias juntos. Mas Sophie, depois de anos, se lembra aos poucos desses momentos.
    Aftersun | A24

    Aftersun é o cinema na sua forma mais forte e honesta que uma cineasta poderia entregar.

    Nota: 5/5

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  • Crítica | Os Fabelmans é Delicado, íntimo e puro. Spielberg traz às telas uma ode a sétima arte em sua obra mais intrínseca até então

    Crítica | Os Fabelmans é Delicado, íntimo e puro. Spielberg traz às telas uma ode a sétima arte em sua obra mais intrínseca até então

    Nesta quinta-feira (12) chega aos cinemas Os Fabelmans, onde Spielberg conta um pouco mais da sua história e tudo o que o influenciou a trilhar esse caminho.

    Quando dizemos que Steven Spielberg é um dos maiores diretores da história, não há discussão da sua importância para a sétima arte, em Os Fabelmans ele apresenta um pouco mais de tudo aquilo que por bem ou por mal fez ele chegar nesse patamar nos dias de hoje.

    E apesar de sua inspiração realmente serem histórias reais da vida do diretor, o filme tem suas liberdades poéticas e romantiza seu personagem principal e todos os que o rodeiam para criar uma história mais do que agradável ao público.

    Os Fabelmans
    Os Fabelmans | Foto: Universal Pictures

    Os Fabelmans conta a história de Sammy (Gabriel LaBelle) e como a sua paixão por cinema e o ato de criar seus próprios filmes foi surgindo ao longo dos anos. Logo na primeira cena vemos Sam e seus pais Burt (Paul Dano) e Mitizi (Michelle Williams) na fila do cinema e seu pai explica com detalhes a tecnicalidade do que é o cinema, logo depois Sam assiste ao seu primeiro filme e de cara já se apaixona.

    Muito mais do que contar mais um pouco de sua história, Spielberg conta uma história de relações, sejam familiares ou não, tudo é muito delicado de uma maneira em que conseguimos facilmente criar empatia e ver os personagens como nossa família também.

    Os Fabelmans
    Os Fabelmans | Foto: Universal Pictures

    Os Fabelmans é uma carta de amor ao cinema e com o prêmio de Melhor Filme no Globo de Ouro é um dos fortes candidatos da Academia para esse ano. No final das contas Spielberg nos apresenta o que pode ser sua despedida da cadeira de diretor e como a crença e o suporte aos seus filhos pode criar algo fabuloso de verdade para o mundo.

    E se realmente vimos sua despedida em Os Fabelmans, eu amei o quão profundamente pessoal isso parecia, e se o lendário diretor encerrar sua carreira naquela cena final, ele pode cavalgar ao pôr do sol e colher suas flores, ele mereceu.

    Os Fabelmans
    Os Fabelmans | Foto: Universal Pictures

    Possivelmente mais um clássico de Spielberg e se eu fosse você não deixaria de assistir, enquanto isso confira outros trabalhos do diretor aqui e aqui.

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    Nota 4,5/5

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