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  • Crítica | Aterrorizante 2 é o terror gore que continua potente na atualidade

    Crítica | Aterrorizante 2 é o terror gore que continua potente na atualidade

    O palhaço ART continua sendo a maior ameaça do filme(interpretado pelo mesmo ator David Howard Thornton) sendo uma figura sobrenatural que aterroriza jovens no dia das bruxas. Mas o filme é complementado com a jornada de uma estudante que não sabe se ART é real, e se deve enfrentá-lo.

    O filme, assim como o primeiro, continua com uma estética fria, mas com muita mistura de cores como azul e laranja desbotadas, e com um trabalho mais delicado na direção de arte e efeitos práticos que a primeira obra. Aterrorizante 2 mostra ter mais orçamento que o primeiro filme, e o diretor faz questão de mostrar isso na obra.

    As cenas de violência são parte do entretenimento da obra, mesmo elas sendo muitas vezes gratuitas, algo que persiste desde o primeiro longa. Mas o diretor consegue injetar uma narrativa com novos personagens que consegue fazer o espectador torcer por eles. Algo que dá errado com frequência em filmes do gênero.

    Aterrorizante 2 continua tendo o diretor e roteirista Damien Leone como responsável desde o curta com mesmo nome, que depois virou o primeiro longa "Aterrorizante", de 2016.
    Aterrorizante 2 | A2 Filmes

    Um dos pontos da obra que faz o espectador criar uma conexão diferenciada na obra é a capacidade da violência ser mostrada na tela de forma cômica em certas cenas, junto com a atuação de David Howard Thornton. Não esquecendo as seguintes atuações:

    Lauren LaVera (como Sienna Shaw); Elliot Fullam (como Jonathan) e Sarah Voigt(como a mãe de Sienna). As interpretações citadas conseguem criar empatia por cada personagem e sentir quando se perde um deles, algo difícil em um filme que não foca em algo dramático em sua proposta geral.

    A introdução da nova personagem, A Garota Pálida (interpretada por Amelie McLain) acontece de forma mal medida, e sua presença não é tão aterrorizante e forte como a do palhaço ART. Mesmo tendo a sua função mínima na condução da narrativa.

    Aterrorizante 2 continua tendo o diretor e roteirista Damien Leone como responsável desde o curta com mesmo nome, que depois virou o primeiro longa "Aterrorizante", de 2016.
    Aterrorizante 2 | A2 Filmes

    Aterrorizante 2 também contém uma trilha sonora que nos remete a filmes de fantasia e aventura dos anos 80, feita completamente por teclado além de um bom trabalho de figurino. Algo acentuado na sequência final da obra com as fantasias de Halloween.

    A obra em seu conjunto consegue executar aquilo que é proposto desde o primeiro filme. Mesmo com um tempo a mais desnecessário, e com a saturação de cenas violentas, o filme consegue divertir o espectador apreciador do gênero de terror gore. Claro, para os que não se sentem a vontade em ver cenas de extrema violência, sendo a maioria de mutilação, pode não ser a melhor experiência.

    A cena pós-crédito dá a entender que vai ocorrer um terceiro filme, ainda com a ameaça do palhaço ART. Porém, o diretor demonstrou nesse filme que faz questão de executar uma obra com mais de 2 horas com mais da metade do filme sendo cenas de violência gráfica.

    Aterrorizante 2 continua tendo o diretor e roteirista Damien Leone como responsável desde o curta com mesmo nome, que depois virou o primeiro longa "Aterrorizante", de 2016.
    Aterrorizante 2 | A2 Filmes

    No primeiro filme, até a penúltima sequência do segundo, o diretor pode estar sugerindo o como a violência pode ser uma forma de entretenimento para muitos espectadores. Algo que faz sentido com a utilização do personagem Jonathan, que é um garoto jovem fascinado por coisas macabras e assassinatos. Um retrato trágico de muitos jovens nos Estados Unidos, mas que não deixa de ter sua parcela de realidade.

    Porém, é possível observar que o filme não se trata de algo denso em seu discurso, mesmo com o excesso de violência. É um filme que segue o simples discurso de mostrar para o espectador a experiência que ele tanto procura, mas com uma linha narrativa sustentável até certo ponto, e não algo displicente.

    Mas, se a ideia do diretor é fazer mais uma obra, que contenha os mesmos elementos, e que não seja algo saturado, deve ter muito cuidado para não chegar ao ponto da saga Halloween, onde ninguém mais liga para oque vai acontecer com Michael Myers.

    Nota: 3/5

    Assista ao trailer:

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  • Crítica | Babilônia tenta ser um épico Hollywoodiano, mas se perde no caminho

    Crítica | Babilônia tenta ser um épico Hollywoodiano, mas se perde no caminho

    Damien Chazelle já é conhecido, mesmo com apenas 3 longas executados, como um forte apreciador do cinema clássico hollywoodiano e do gênero musical Jazz. A estética de Babilônia não foge dos quesitos citados, e são fortemente utilizados como fio condutor da obra.

    O diretor tenta criar uma conexão da música, com a estética de figurinos das décadas de 20 e 30, cores saturadas sem sair da medida e com uma montagem frenética. Montagem que começa a ficar de lado conforme a jornada dos 3 personagens protagonistas.

    O filme começa com uma sequência frenética em uma festa que representa de forma eficaz aquilo que estamos prontos para ver na tela, uma aventura por trás das câmeras e sem escrúpulos. Porém, o diretor tenta se mostrar habilidoso em vários sentidos, esquecendo de tentar capturar o espectador para a jornada dos três personagens. Fazendo com que o filme se prolongue mais do que o necessário.

    O filme é escrito e dirigido pelo jovem diretor Damien Chazelle, que foi responsável por obras conhecidas na última década, como: LaLa Land(2016) e Whiplash(2014). Em Babilônia , Chazelle mostra a trajetória do cinema mudo, para o falado, da ascensão a queda das estrelas naquela época.
    Babilônia | Paramount Pictures

    Falando sobre o ator Diego Calva, que interpreta um dos três protagonistas, Manny Torres: seu personagem é a principal conexão do espectador com a estória mostrada, sendo um indivíduo imigrante e que esta fascinado em saber como é viver e trabalhar por trás do espetáculo cinematográfico mudo. É um personagem que funciona na maioria do longa, até o momento que mostra sua jornada romântica e pautas sociais. Momentos nos quais o diretor não mostra saber muito bem oque fazer com ele na obra.

    Brad Pitt é o ator, que interpreta o personagem Jack Conrad, que mostra estar mais se divertindo no filme. Fazendo um ator famoso que cai em decadência ao começar a era do cinema falado. Não atoa, seu personagem tem singularidades com o protagonista do filme O Artista(2011). É uma pena que seu desfecho na obra tenha sido executado de forma triste e preguiçosa.

    Margot Robbie chama a atenção em cenas mais frenéticas e de dança. Porém, Chazelle utiliza da imagem exagerada da personagem como instrumento sexual para o filme, deixando de lado o desenvolvimento de assuntos pautados durante a obra sobre a relação dela com o pai, jogo e drogas. Se tornando apenas mais uma forma básica de narrativa para conduzir a estória do personagem Manny.

    O filme é escrito e dirigido pelo jovem diretor Damien Chazelle, que foi responsável por obras conhecidas na última década, como: LaLa Land(2016) e Whiplash(2014). Em Babilônia, Chazelle mostra a trajetória do cinema mudo, para o falado, da ascensão a queda das estrelas naquela época.
    Babilônia | Paramount Pictures

    Os personagens Sydney Palmer e Anna May Wong, interpretado pelos atores Jovan Adepo e Li Jun Li, são utilizados pelo diretor para abordar termas sociais, como racismo e homofobia, nos Estados Unidos nos anos 30. Porém, eles são pouco aprofundados na tela e mostram os temas citados da forma mais rápida possível.

    Como se o diretor quisesse se justificar por ter colocado Ryan Gosling, um homem branco e heterossexual, como o salvador do Jazz em Lala Land. E agora, simplesmente, mostra o assunto. É como se Chazelle falasse que está ciente de que preconceito existia na época, porém, não desviem o olhar do resto.

    A trajetória envolvendo a personagem de Margot Robbie, Manny Torres, e o personagem do também produtor Tobey Maguire, James McKay, é extremamente desnecessária. Além de fazer o espectador se cansar do discurso inicial da trama. A beleza dos bastidores, a loucura que era fazer cinema e a precarização por trás dos sets, que é trabalhada de forma humorística na obra.

    O filme é escrito e dirigido pelo jovem diretor Damien Chazelle, que foi responsável por obras conhecidas na última década, como: LaLa Land(2016) e Whiplash(2014). Em Babilônia, Chazelle mostra a trajetória do cinema mudo, para o falado, da ascensão a queda das estrelas naquela época.
    Babilônia | Paramount Pictures

    No final das contas, Chazelle mostra que sabe dirigir, mostra sua paixão pelo cinema clássico, sua paixão pelo mesmo, e sabe conduzir um filme. Mas o diretor ainda se mostra imaturo para trabalhar certos temas, medir suas pirotecnias técnicas, e foco em sua narrativa. Ao sair da sessão, me remeti a uma ideia que bato na tecla faz bastante tempo sobre o audiovisual: as vezes menos, é mais. Tentou entregar um épico, e foi nos dado apenas uma cansativa carta de amor ao cinema.

    Nota: 2,5/5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | Emancipation é uma contraditória mensagem cristã com romantização da Guerra

    Crítica | Emancipation é uma contraditória mensagem cristã com romantização da Guerra

    A produção da Apple TV consegue criar um clima existencialista e melancólico com uma fotografia com mais frames e com baixíssima saturação. Juntando o fato da história contada se passar durante a Guerra Civil dos Estados Unidos e como o filme trabalha os castigos nos quais os escravos são obrigados a passar.

    Will Smith consegue atuar como um escravo vindo do Haiti de forma convincente, mesmo o roteiro não ajudando com excessos de clichês e com frases motivacionais cristãs, em meio a uma narrativa que demonstra um lado de extremo peso sobre uma falta de humanidade no povo majoritariamente branco dos EUA no final do século XIX.

    Além do discurso problemático que o filme transborda, a utilização mal medida dos clichês, e uma atuação de antagonista que é o mais puro estereotipo esperado de um personagem malvado em um filme sobre escravidão(o personagem Fassel, interpretado pelo ator Ben Foster), o filme não sabe medir seu tempo e aproveitamento durante a narrativa.

    A nova produção da Apple TV, Emancipation, tenta contar uma história baseada em fatos reais. Porém, o filme acaba sendo uma triste execução de mais um filme sobre escravidão com seguimento cristão.
    Emancipation | Apple TV

    Sem contar o fato de que Emancipation tenta exaltar a participação de homens negros livres, ou refugiados de fazendas do sul, como soldados no front. O ato de romantizar a utilização de homens que acabam de se tornar livres como soldados fica ainda mais ridículo com uma trilha sonora forçada e cenas de câmera lenta, quase como uma propaganda pró guerra.

    A obra também contém furos de roteiro explícitos e desrespeitosos até com os espectadores leigos do mundo cinematográfico, tendo facilitações narrativas baratas e utilização de cenas densas de forma desleixadas.

    Mesmo a parte técnica sendo feita de forma delicada, o roteiro e outros problemas já citados transformam a experiência de ser uma homenagem a um sobrevivente de tempos caóticos em mais um filme simplista, e uma propaganda barata sobre a força da fé cristã.

    Nota: 1,5/5

    Assista ao Trailer:

    Emancipation | Apple TV

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  • Crítica | Pinóquio mostra a inocência da infância utilizada como forte instrumento para o fascismo

    Crítica | Pinóquio mostra a inocência da infância utilizada como forte instrumento para o fascismo

    Pinóquio consiste na história que a maioria já conhece pelas várias adaptações, sendo a mais popular a da Disney(1940), porém, com muitas mudanças narrativas e de textura com o formato de execução da obra. A própria jornada melancólica do personagem Gepetto(dublado pelo ator David Bradley) consegue fisgar o espectador para essa aventura de 2 horas.

    A obra não tem aquela atmosfera densa e esverdeada da maioria dos filmes do mesmo diretor, mas, mesmo assim, o filme não é isento de personagens com áureas macabras, como os personagens antagonistas: Conde Volpe(dublado pelo ator Christoph Waltz) e o Podestá(dublado pelo ator Ron Perlman).

    A ambientação criada em conjunto com uma paleta de cores amarelada cria um clima entristecido, expressando os tempos de guerra presentes, e as figuras místicas são caracterizadas quase como criaturas bíblicas. Sendo fadas que parecem caracterizadas de forma angelicais belas, mas bizarras.

    A nova obra de Guillermo Del Toro, "Pinóquio" consegue ser uma obra exemplar em explicar para o público infantil os efeitos da Segunda Guerra Mundial, utilizando da fantasia junto a beleza técnica do Stop Motion.
    Pinóquio | Netflix

    Tendo a mistura de asas com vários olhos, e a mistura de corpos animalescos. A dublagem da atriz Tilda Swinton ajuda bastante na construção dessas figuras citadas.

    A dublagem, e a construção narrativa, do personagem protagonista, Pinóquio(dublado por Gregory Mann), não é o ponto forte do filme, mesmo não sendo esse o foco da obra. Mostra uma figura inocente, em formato de madeira, e sem pintura alguma, mostrando o lado mais fantasioso do personagem em comparação com as outras versões criadas.

    Porém, a forma que trabalham o protagonista como uma criança que não faz questão de se enquadrar no cenário fascista da Itália de Mussolini e ainda criticá-lo cara a cara ao que seria o líder supremo na época, dá uma potencia fenomenal em sua jornada. Dando um peso a mais para esse filme não ser apenas mais uma adaptação para um publico infantil, mas para fazer eles entenderem como o assunto “guerra” e “manipulação” é algo de extrema seriedade, sem perder o tom de aventura.

    A nova obra de Guillermo Del Toro, "Pinóquio" consegue ser uma obra exemplar em explicar para o público infantil os efeitos da Segunda Guerra Mundial, utilizando da fantasia junto a beleza técnica do Stop Motion.
    Pinóquio | Netflix

    Mesmo a obra possuindo cenas musicais, que não são muito orgânicas junto a narrativa, “Pinóquio” é uma obra que carrega uma forte importância de ser apresentada e apreciada para ambos os públicos. Del Toro se aventura, e acerta na sua maioria, em algo for a de sua zona de conforto, e entrega um belo espetáculo poético no formato audiovisual.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao Trailer:

    Leia também: Pinóquio, os clássicos nunca morrem

  • O Menu mostra como a arte se tornou simples consumo, e nada mais

    O Menu mostra como a arte se tornou simples consumo, e nada mais

    Em O Menu, um casal decide visitar um dos restaurantes mais requisitados pela alta sociedade, junto com um grupo de pessoas influentes em diversas áreas, mas acabam percebendo que algo de estranho está acontecendo no meio desse grande evento. Evento que tem como responsável o Chefe Slowik (interpretado pelo ator Ralph Fiennes). O questionamento é: como os clientes vão reagir para conseguir fugir desse restaurante? Que se encontra em uma ilha.

    Na direção, temos Mark Mylod, que dirigiu também What’s Your Number?(2011), e na produção temos Adam Mckay, que foi responsável por filmes notáveis; sendo diretor dos seguintes filmes: Don’t Look Up(2021); A Grande Aposta(2015); Vice(2018) e o filme de comédia Anchorman(2004). Além de ser produtor de outro lançamento esse ano, também no gênero de terror e suspense, Fresh (lançado pela Star+).

    O filme tem uma premissa simples de reféns presos em um lugar sem escapatória, sendo partes de um jogo sádico de um responsável majoritário no território. Porém, a beleza do filme se enquadra no sarcasmo e o como a direção lida com os personagens com esse sentimento. Temos a personagem Margot (interpretada pela atriz Ana Taylor-Joy) que se mostra a mais humilde entre os clientes, e a com a melhor percepção de que algo não está certo na ilha. A relação da personagem com o Chef são um dos pontos que fazem o filme ter uma dinâmica com um bom desenvolvimento entre ambos.

    Os outros personagens tem rápidos desenvolvimentos ao longo da trama, mas sem faltar nada do que o espectador tenha necessidade de saber. E o filme, mesmo tendo uma criação fotográfica, e da direção de arte, de um clima denso e escurecido, com contrastes brancos, ele consegue entregar um humor em certos momentos que funciona. Nenhuma piada entregue no filme é feita de forma gratuita, assim como é entregue as cenas de violência.

    Em O Menu, um casal decide visitar um dos restaurantes mais requisitados pela alta sociedade, junto com um grupo de pessoas influentes em diversas áreas, mas acabam percebendo que algo de estranho está acontecendo no meio desse grande evento. Evento que tem como responsável o Chefe Slowik (interpretado pelo ator Ralph Fiennes). O questionamento é: como os clientes vão reagir para conseguir fugir desse restaurante? Que se encontra em uma ilha.
    O Menu | Searchlight Pictures

    O Menu constrói, dentro do suspense criado pela atmosfera e pelos personagens, uma forte crítica a uma sociedade que não faz questão de apreciar e digerir arte; e sim ,em consumir. Algo que também é notado pelos planos detalhes sobre os alimentos prontos, como se fossem programas culinários. Sendo visto como um simples produto televiso, assim como programas de disputa culinária. Essa crítica também existe na existência e nos diálogos dos personagens presentes no restaurante.

    Para quê consumir tal obra; Por quê ir tanto para um lugar e não apreciar oque tem de melhor; A necessidade de ir para um lugar para simplesmente ser reconhecido como alguém do alto padrão e ser uma figura que precisa manter certa imagem. Para o Chef, tudo isso é uma piada de mal gosto. E nenhum dos presentes liga para oque é a arte necessariamente, na sua forma mais pura.

    Mesmo tendo algumas mortes com desenvolvimento apressado de certos personagens, e uma parte do arco que poderia ter sido acertada de forma mais delicada. O Menu é uma obra que consegue fazer um bom entretenimento, sem perder a sua postura em criticar uma sociedade que não sente uma real ligação com a arte, e sem nenhum respeito ao artista.

    Nota: 4/5

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  • Até os Ossos: Um romance trágico entre predadores

    Até os Ossos: Um romance trágico entre predadores

    Do diretor Luca Guadagnino, responsável pelo remake de Suspira(2018) e por Me Chame Pelo seu Nome(2017), Até os Ossos é uma história de amor entre Maren Yearly e Lee, que vivem se refugiando de um lugar para o outro nos Estados Unidos por causa de seus costumes canibalescos. Em busca de sua mãe por respostas sobre tal necessidade, Maren se junta a Lee em uma viagem de carro para conseguir entender sua natureza.

    A obra mostra um cenário de um Estados Unidos, por volta dos anos 80, seguindo o ponto de vista de quem seriam os “excluídos” ou os “incompreendidos” pela sociedade por seguirem um estilo de vida considerado animalesco. O canibalismo não demora para aparecer no filme. Logo nos primeiros 10 minutos aparece uma cena do ato, sendo ela bem detalhada na forma gráfica e sonora. Cena que, é o ponto inicial para fazer toda a trajetória da personagem Maren (interpretada pela atriz Taylor Russel).

    Claro que o filme tem cenas com bastante violência gráfica, mas não a ponto de ser algo trabalhado para causar incômodo de forma apelativa. Até pelo fato de que a violência, é uma pequena parcela do que todo o conjunto da obra tem para apresentar. Principalmente com o desenvolvimento do personagem Lee (interpretado pelo ator Timothée Chalamet), envolvendo sua família e o como ele tenta lidar com seu passado.

    É apresentado diversos cenários, ligando a vários personagens coadjuvantes que vão aparecendo ao longo da viagem do casal protagonista. Nesses diferentes personagens, em diferentes momentos do filme, mostra-se como cada um deles lida com a natureza sem explicação que eles tem dentro de si. Sendo alguns simples viajantes de estrada, ou alguém que tenha passado toda a vida sozinho, em busca de sobrevivência. Nesse sentido, o filme funciona logo em sua introdução, mostrando várias pinturas de paisagens como a nossa forma de interpretação, como espectador, da imagem pintada para a filmada.

    Até os Ossos: Como é a experiência de um romance trágico entre predadores?
    Até os Ossos | Vision Distribution

    A obra tenta se aventurar um pouco pela montagem, mas de forma desproporcional com o resto do filme, se mostrando perdida em querer criar alguma importância em meio a narrativa. Algo que não é tão necessário, até pelo fato da obra funcionar com uma montagem linear simples. Algo que a fotografia faz diferente, demonstrando planos gerais (com muita utilização de paisagens naturais), planos conjuntos com cores quentes (porém, desbotadas) e sendo utilizada poucas vezes na mão. Com esse conjunto, mesmo com a montagem, o filme consegue criar um ambiente quase apocalíptico na jornada do casal.

    O trabalho de cada personagem, até mesmo os secundários, tem um desenvolvimento de qualidade. O mesmo serve para o personagem Sully (interpretado pelo ator Mark Rylance) que se destaca pela presença quase mística, mas que acaba sendo utilizado como um facilitador para o final, que poderia ter um desenvolvimento mais calmo. Mesmo o ato final sendo realizado sem nenhum furo, poderia ter tido um pouco mais de tempo para criar um ápice para o fim da jornada do casal.

    A obra pode ser considerada um Roadmovie, misturado com romance Shakespeariano e com pitadas de terror gore. Consegue entreter o espectador, na mesma forma que consegue instigar muitos questionamentos:

    Até os Ossos: Como é a experiência de um romance trágico entre predadores?
    Até os Ossos | Vision Distribution

    Seria a obra uma alusão ao vício de heroína de décadas atrás? Seria simplesmente um retrato de uma sociedade capitalista que não sacia sua fome nem devorando de sua própria carne? Como é simpatizar com personagens que precisam devorar outros para continuarem a existir e a estarem juntos? Uma obra que nos coloca em viagem junto com esse casal em busca de respostas e ensopados de sangue.

    Nota: 4/5

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  • Noite Infeliz: Na corda bamba, nova obra da Universal Pictures tenta agradar a todos os públicos, mas falha

    Noite Infeliz: Na corda bamba, nova obra da Universal Pictures tenta agradar a todos os públicos, mas falha

    Obra produzida pela Universal Pictures, protagonizada por David Harbour, começa propondo um filme de natal mais satírico. Porém, acaba aceitando, de forma acovardada, uma experiência que funcione para crianças. Mesmo o filme carregando cenas de muita violência e com conflitos que não são apropriados para a idade que tenta se promover ao longo da história

    O filme conta a história de um Papai Noel que se encontra infeliz em um mundo de crianças consumistas. E, ao entregar alguns presentes e diversas casas, uma delas, de uma família muito rica, sofre um assalto em grupo de assaltantes infiltrados. O tal Papai Noel, planeja, de alguma forma, salvar a menina Trudy, e sua família, na noite de Natal. A obra é dirigida por Tommy Wirkola e é distribuída pela Universal Pictures.

    Noite Infeliz não foge da proposta mostrada nos trailers, em ser um filme de ação em meio a uma noite natalina. Porém, o filme, realmente, tem uma violência gráfica bastante acentuada. Oque não é o real problema da obra por completo. David Harbour, por exemplo, carrega um humor sarcástico durante a obra que é bem medido e é um dos pontos fortes do filme. Porém, o filme tem uma mistura de tramas, e de desenvolvimento parcial de personagens, que faz o filme se alongar sem necessidade e sem muito acrescentar em seu discurso.

    A trama familiar envolvendo o casal Jason e Linda (interpretados por, Alex Hassel e Alexis Louder) tenta compor um romance deturpado por questões entre os personagens, porém, o casal não vende a química necessária e se mostram deslocados em uma trama que não deve ser levada tanta a sério. Algo que o romance tenta fazer em um filme que não tem romance como tema central. Algo que é acertado no personagem Morgan Lightstone, interpretado por Cam Gigandet, que serve como um alívio cômico estereotipado de “ator bonito bobão”, mas consegue trabalhar de forma simples o roteiro, sem demonstrar humor de forma forçada.

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    Noite Infeliz | Universal Pictures

    O personagem de John Leguizamo, Scroge, junto com os outros que fazem parte do grupo de assaltantes, são exatamente o retrato dos vilões de filmes infantis, porém, com bastante palavrões. Tentativa triste para fazer jovens com mais de 12 anos rirem por ouvirem palavrões, algo que foi feito de forma repetitiva pelo personagem Scroge. O personagem ainda tenta ter algum desenvolvimento mais pessoal dentro do roteiro, mas que no final das contas: não acrescentou nada a obra, e não nos envolveu mais com o personagem durante o longa.

    No quesito técnico, o filme tem cenas de ação dirigidas com segurança e com efeitos práticos, e ensaios de luta, que são executados de forma que cativa o espectador a violência da obra, sem ela ser gratuita. O trabalho de som é bem detalhado, seja ele em pequenos momentos cômicos, diferente da trilha sonora. Trilha que se repetia e invadia muitos momentos do filme, a ponto dela começar e entregar mais irritação que conforto desejado. É necessário dizer que é possível, em cenas simples, reparar a utilização da tela verde. Um contraste sem motivo, pelo fato de que em outras cenas, os efeitos são detalhados e imersivos, como o plano final, por exemplo.

    Ênfase pelo trabalho de relação entre a personagem Trudy, interpretada pela Leah Brady, e o Papai Noel, que conseguem demonstrar time cômico e transmitir sentimento de empatia em ambos os personagens, principalmente em cenas de dialogo entre ambos. O mesmo para o trabalho da dupla das personagens Linda e Alva, interpretada por Edi Patterson, que tem poucos momentos cômicos que funcionam, diferente da sua maioria. Contando as cenas com o personagem Bert, interpretado pelo Alexander Elliot, que também existe com o intuito de ser um alívio cômico, mas que parece perdido na maior parte do tempo.

    Noite Infeliz consegue entregar cenas de violência, carregadas de sangue, com pitadas de humor. Mas não consegue cativar o espectador em relação aos personagens, nem a trama em si. Resultando em uma experiência monótona, com clichês entediantes, e sendo mais um filme de natal morno. Pelo simples fato da produção tentar agradar gregos e troianos, e tanto vender para os dois públicos. Mas com poucas chances de conseguir agradar um ou outro.

    Nota: 2/5

    Assista ao Trailer:

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  • “Tubarão: Mar de Sangue” mira em uma história séria, mas acerta em uma narrativa rasa

    “Tubarão: Mar de Sangue” mira em uma história séria, mas acerta em uma narrativa rasa

    O longa tenta criar uma narrativa dramática, mas não apresenta os recursos necessários.

    Filmes de desastres causados por animais marinhos, como tubarões e piranhas, estão presentes na história do cinema. Inclusive, essa estética de terror fez bastante sucesso nos anos 70. “Tubarão: Mar de Sangue”, dirigido por James Nunn (Tiro Certo), entra em uma esfera parecida com essa e entrega um roteiro semelhante às outras obras do gênero. Contudo, em 2022, talvez essas tramas não façam mais sentido para o público, ainda mais quando a narrativa tenta ser levada a sério.

    A história não poderia ser mais clichês, cinco amigos estão de férias em uma praia e, então, o grupo resolve pegar jet-skis e passear no mar. O óbvio acontece, os jovens sofrem um acidente e ficam ilhados no meio do oceano enquanto um tubarão os persegue, procurando presas para se alimentar. Para completar a tragédia, um dos personagens machuca a perna e deixa um rastro de sangue no mar. Assim como em outros filmes do gênero, o vilão é o animal, que parece estar possuído por alguma coisa e sedento por sangue. Dessa forma, o grupo precisa achar uma maneira de se manterem vivos e retornarem para a costa.

    tubarão: mar de sangue
    Foto: Divulgação

    A maior parte das cenas de ação do filme são bem fantasiosas, fora de qualquer realidade. O que seria comum em uma obra dos anos 70 ou 80, mas em 2022, esse estilo é batido e não pega o público da mesma forma. Claro que nem todos os longas são feitos para serem levados a sério, podemos citar “Sharknado” aqui. Mas no caso de “Tubarão: Mar de Sangue”, a premissa do diretor parece fazer uma narrativa convincente e, até mesmo, chocante para o público. Isso torna o filme, mais uma vez, falho.

    Tentar criar uma história séria em cima de uma obra rasa não funciona. As atuações não são boas, mas os papéis dados aos atores também são superficiais e toscos, o que torna quase impossível entregar um bom trabalho. Nenhum personagem tem uma história ou qualquer profundidade ao longo da trama. São cinco universitários, mas nem mesmo o curso de cada um deles é descrito. O filme entrega apenas um pequeno dilema romântico (e clichê), que também é mal explorado. Até mesmo os adolescentes de “American Pie” são mais bem escritos e conseguem passar certo carisma aos telespectadores.

    Crítica Tubarão: Mar de Sangue

    O filme não ultrapassa nada além de universitários que foram em uma viagem para curtir, mas acabaram se envolvendo em uma situação fatal. Nenhum diálogo é interessante e nenhuma parte da obra passa qualquer drama, embora a situação seja extremamente dramática, pois todos correm risco de vida. Ainda assim, não é sequer possível sentir empatia por ninguém na trama. Durante a trama, existem momentos tensos e bastantes sangrentos, alguns com CGI bem feito, outros não. Mas nem nessas horas o telespectador consegue se envolver na trama, por ser muito rasa.

    tubarão: mar de sangue
    Foto: Divulgação

    Veja também: Crítica de Pantera Negra

    Além disso, o ritmo da obra também é massante, os jovens se perdem em meio ao oceano antes dos 20 minutos de tela. A partir daí, a trama apenas se repete e não sai do lugar até os momentos finais. A melhor parte é que o longa não ultrapassa uma hora e meia, pois a história é cansativa e parece andar em círculos até a última cena.

    Pode ser que esse estilo de filme não caiba mais nos dias atuais, já é quase impossível fazer um bom longa nesse gênero, que seja convincente e dramático, temos alguns exemplos medianos, como “Águas Rasas”, mas que não saem da média também. Talvez a ideia de jovens atacados por animais marinhos deva ficar no passado ou se manter nos padrões mais “toscos” do cinema.

    Mas a realidade é que “Tubarão: Mar de Sangue” se prestasse apenas a ser um terror tipo B, um filme trash ou até mesmo um besteirol, como “Todo Mundo em Pânico”, talvez a obra fosse mais convincente. O problema é tentar levar a história a sério, o que James Nunn estava claramente tentando ao conduzir a história. Portanto, o maior erro do longa foi, talvez, ter se prestado a uma seriedade, que não pôde ser conduzida ou construída ao longo da trama. Embora o filme se passe em alto mar, com o perdão do trocadilho, a história é mais rasa que qualquer praia.

    Nota: 1/5

  • Nada de Novo no Front – Netflix decide uma produção mais ousada, mas necessária, para falarmos sobre Guerra

    Nada de Novo no Front – Netflix decide uma produção mais ousada, mas necessária, para falarmos sobre Guerra

    Um dos últimos lançamentos da plataforma, Netflix tenta demonstrar com muita técnica, e ação, as consequências da Primeira Guerra Mundial sobre a vida de jovens inocentes. Mas não te impacta tanto, em alguns aspectos, como a versão de 1930

    A obra, dirigida por Edward Berger, lançada pela Netflix, conta a história de Paul e seus companheiros se inscrevendo para serem soldados da pátria alemã contra os franceses no front. O filme não demora para mostrar conflito, sangue e violência logo nos primeiros minutos de introdução.

    Além de um desenvolvimento com planos detalhes, que acabam falando muito sobre oque significa ser um soldado em uma guerra, onde milhões de jovens foram mortos de um dia para o outro. A parte de introdução dos personagens protagonistas tem algumas semelhanças com o clássico de 1930. Mas, em sua maioria, o filme parece completamente outro. E isso é algo positivo.

    A obra que acaba de ser lançada, tem um pouco menos de desenvolvimento dos personagens comparada com a de 1930, dirigida por Lewis Milestone. A própria introdução do clássico faz com que o espectador tenha uma forte simpatia por aqueles jovens que vão à guerra, tendo uma marcha dos soldados alemães nas ruas, enquanto o professor discursa para os alunos sobre a “honra” de lutar essa guerra em nome do país. A obra da Netflix começa de forma ágil, sem se aprofundar tanto na introdução desses jovens para o front.

    Nada de Novo no Front - Netflix decide uma produção mais ousada, mas necessária, para falarmos sobre Guerra.
    Nada de Novo no Front | Netflix

    Algo positivo para os amantes de filmes de guerra com ação gratuita, mas não tanto para aqueles que querem sentir uma conexão próxima dos personagens. Algo que, infelizmente, vale para todos. Mesmo o filme tendo muitas cenas sangrentas e de conflito, e sendo uma obra de 2 horas e meia, dificilmente o espectador pode sentir uma melancolia acentuada quando um deles é ferido ou morto em combate. Algo resultante pela falta de cenas de diálogo e entrosamento entre os soldados.

    O filme tem sua construção de realidade executada pelas questões técnicas: a fotografia, que é bem dividia sendo ela na mão ou não; o trabalho de cores que decide acentuar o azulado e o cinza, para o desenvolvimento de um espaço que lembre um limbo pouco esperançoso; uma trilha que é utilizada de forma acentuada, sendo ela feita por algo como um sintetizador, ou teclado, e a maquiagem, que desenvolve bastante os traços de longos dias dos personagens, como se a guerra estivesse “tatuada” em seus rostos.

    Sem contar, a imensa importância de esse filme ser feito por alemães, algo que não foi feito pela obra clássica, mesmo a língua não sendo um problema. Porém, alemães contando a história de alemães traz uma camada a mais no filme de imensa importância.

    Nada de Novo no Front | Netflix

    A atuação de Felix Kammerer, junto com a direção fotográfica e a maquiagem, tentam resultar em uma estética que lembre bastante o filme Vá e Veja de Elem Klimov, filme de 1985, feito na antiga URSS. As obras em questões de narrativa lembram bastante uma a outra, falando sobre a relação de jovens soldados impactados pela guerra. Mas é necessário colocar que, os filmes falam de guerras diferentes, em cenários diferentes, sendo ambas impactantes.

    Porém, por motivos diferentes. Não esquecendo que, oque faz a obra de Elem Kilmov ser tão impactante é a decisão de mostrar toda a podridão que o ser humano pode chegar a fazer em um cenário de guerra, utilizando um protagonista para mostrar todo esse caminho. Algo que afeta e cria uma bagunça na construção geral de Nada de Novo no Front.

    Mesmo o filme se perdendo em como medir a estética que quer chegar e desenvolvendo mais personagens secundários do que o próprio protagonista, com seus companheiros, a obra consegue demonstrar o terror da guerra de forma direta e necessária, principalmente no cenário mundial que nos encontramos. Netlix, finalmente, se permite em navegar em obras mais sérias e feita de forma mais delicada em que a maioria de suas produções.

    filme nada de novo no front imagem divulgacao netflix
    Nada de Novo no Front | Netflix

    Uma experiência aterrorizante, mas não tanto a ponto de entrar naquele universo, e com um controle de direção necessário, deixando de lado as relações e o diálogo, para mostrar um cenário de guerra mais próximo, como uma tentativa de simulação de algo que não é um espetáculo. Guerra é um terror, que só mata os inocentes, e não os culpados.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer:

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  • Andor demora para engrenar, mas quando chega lá, nos arrebata

    Andor demora para engrenar, mas quando chega lá, nos arrebata

    Amor, sacrifício e revolução tratados de maneira exemplar em Andor.

    Andor, criação de Tony Gilroy (dos filmes da franquia Bourne), é uma produção de suspense e espionagem dentro do universo Star Wars. Acompanhado do androide K-2S0 (Alan Tudyk), Cassian Andor (Diego Luna) embarca numa nova aventura, tendo como pano de fundo os primeiros dias da Rebelião contra o Império. A série se passa cinco anos antes dos eventos de Rogue One: Uma História Star Wars (de 2016, pelo mesmo diretor), onde Andor foi piloto e agente de inteligência da Aliança Rebelde, líder da Rogue One, unidade que, naquela ocasião, tentou roubar os planos da Estrela da Morte. O resto é história.

    O Cassian Andor de Diego Luna realmente não é um protagonista cativante, sempre sisudo e de respostas curtas e grossas, mas serve como símbolo de um viés que não se curva a nada nem a ninguém e que, se necessário, é capaz de matar para sobreviver ou para realizar a missão do jeito que se deve (como revelado nos primeiros minutos), e pelo qual, todos os demais personagens orbitam.

    Com um elenco engajadíssimo, Andor é povoado de personagens marcantes e envolventes, muito bem distribuídos em diversos núcleos com frentes distintas, seja de uma atuação mais direta, seja nas artimanhas políticas. Além de Diego Luna, a produção ainda conta com nomes como Adria Arjona, Kyle Soller, Faye Marsay, Alex Lawther, Varada Sethu, Ebon Moss-Bachrach, James McArdle, Forest Whitaker, além de destaques dos impressionantes Andy Serkis, Genevieve O’Reilly, Fiona Shaw, Denise Gough e o lendário Stellan Skarsgård.

    Andor demora para engrenar, mas quando chega lá, nos arrebata
    Andor | Lucasfilm, Disney+

    Tratando sobre amor, sacrifício e revolução de maneira exemplar, a obra sabe dosar seus diálogos literários com suntuosas sequências de ação, de espionagem e drama, com uma competência técnica de encher os olhos, tanto no CGi, quanto nos maquinários, cenários e figurino. De texto mais adulto e sem a necessidade dos Jedi, a história não tem tempo para o humor, abrindo mão de seus populares alienígenas, criaturas e robôs, que comumente fazem parte da civilização (eles até existem, mas surgem de maneira tímida aqui e ali), o que pode ser interpretado como certa descaracterização dos elementos comuns de Star Wars (no qual o primoroso Mandaloriano encontra melhor equilíbrio).

    Por outro lado, a série encontra na temática da rebelião, o cerne que serviu de ponto de partida para George Lucas mais de quarenta anos atrás quando da criação de Uma Nova Esperança, no qual essa premissa mira, acertando todos os alvos.

    Entre os grandes destaques da produção, estão o monólogo de Luthen com um infiltrado, os momentos de Cassian e Kino Loy na prisão, o discurso poderoso de Maarva durante um velório, além do grande caos formado no clímax em Ferrix, que distribui as repercussões daquele evento com ganchos interessantíssimos para o futuro da série.

    Andor demora para engrenar, mas quando chega lá, nos arrebata
    Andor | Lucasfilm, Disney+

    Andor tem um início lento e moroso, sem grandes avanços, que demora para dizer ao que veio. Portanto, é recomendável que se assista a série da maneira como ela foi apresentada: aos poucos, um episódio por semana. O consumo do enredo fica mais palatável e interessante dessa forma. A partir do sexto episódio, muitos elementos interessantes e fundamentais são apresentados e começam a acontecer. Quando o público percebe, já foi arrebatado. E por mais que saibamos o destino do rebelde que dá título a série, é interessante acompanhar tudo o que o motivou para chegar até ali e de como isso se desenrolou. Em um dos melhores materiais já realizados em Star Wars.

    Nota 4,5/ 5

  • Depois do Universo: Clichês e obviedade ofuscam a história do filme

    Depois do Universo: Clichês e obviedade ofuscam a história do filme

    Nem mesmo a química entre os protagonistas supera a previsível narrativa do longa.

    Romances adolescentes não costumam estar entre as produções mais famosas do Brasil. É aí que entra a novidade em “Depois do Universo”. Embora o longa seja focado na paixão entre dois jovens adultos, a narrativa vem recheada de elementos dos filmes “teen”, comumente produzidos nos Estados Unidos. A história, dirigida por Diego Freitas, passa pela vida de Nina (Giulia Be), uma jovem pianista que sonha em tocar na Orquestra Sinfônica Brasileira. Mas tem a vida complicada pelo lúpus. Quando a doença afeta seus rins e a garota precisa fazer hemodiálise até conseguir um transplante, ela entra na vida de Gabriel (Henry Zaga).

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    Gabriel é o médico residente do hospital e vai acompanhar a jovem durante seu tratamento. A história dos dois acontece de forma comum no cinema, quase como um amor à primeira vista. Antes de se conhecerem profundamente, ambos já estão apaixonados e arriscando muito um pelo outro. Mas existe um entrave nessa relação, com medo da morte e sem esperanças para o futuro, Nina não quer ser um peso na vida do rapaz.

    O médico, por outro lado, sempre vê o lado bom das coisas e não se importa de enfrentar o conselho de ética do hospital, que condena seu romance para ficar ao lado da pianista. A narrativa, então, une os jovens em uma espécie de metáfora, que trabalha dois pólos extremos, positivo e negativo, Gabriel com sua visão de mundo sempre colorida e Nina com seu pessimismo constante. Apenas pela sinopse já é possível traçar um paralelo com outros filmes do gênero, principalmente “A Culpa é das Estrelas”, de 2014.

    depois do universo critica
    Química entre o casal é o ponto mais alto do filme. – Foto: Reprodução/Nerflix

    À medida que o filme se desenvolve, é preciso relevar inúmeros detalhes. Que, em certo momento, deixam de ser apenas detalhes. O longa trabalha 90% do tempo com clichês de filmes norte-americanos. O romance entre os adultos remete mais a uma paixão de adolescente, fora de qualquer realidade palpável. Desde o momento em que o casal se conhece até os créditos finais, Depois do Universo é recheado de momentos já vistos em outras produções. Os diálogos entre os personagens são fracos e muito distantes da vida real. No entanto, a própria construção dos personagens é fraca. Todos os presentes no longa são muito pouco, ou quase nada, explorados, isso inclui os protagonistas, que não tem nem uma história aprofundada. Não é possível saber nada além do básico do casal. O filme não entra em detalhes sobre suas famílias, histórias ou infância etc.

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    Como nem os principais têm a relevância necessária, com os coadjuvantes a história é pior ainda. Os personagens secundários têm pouquíssima abordagem e estão no longa para comentar ou orquestrar o romance principal. Em mais de duas horas de tela, só é possível narrar um breve romance, que poderia ter sido desenvolvido em bem menos tempo, dado que o filme não aborda muita coisa além disso. Todo longa é bastante previsível, é fácil entender o que acontece em cada sequência. Nem mesmo o final que deveria ser uma surpresa é, de fato, inesperado. Todo o filme caminha para uma obviedade.

    Depois do Universo até chega a tangenciar assuntos de suma importância, como o lúpus e, principalmente, as dificuldades enfrentadas por aqueles que estão na fila para transplante de órgãos no Brasil. Contudo, essa abordagem também é superficial. Com isso, o tema necessário é deixado de lado e, no lugar, temos a retração de um romance de sessão da tarde.

    depois do universo critica
    Foto: Reprodução/Netflix

    As atuações do filme são boas, a estreante das telas, a cantora Giulia Be, faz um trabalho convincente e carismático, assim como seu parceiro Henry Zaga. O ponto mais alto do filme é a química que o casal entrega. Os dois conseguem passar uma emoção e segurar o público em algumas cenas de romance. No entanto, essa conexão não é suficiente para revelar o restante da história. Os coadjuvantes, embora tenham papéis com pouca relevância, também fazem boas atuações no longa, mas sem o devido destaque também.

    O final de Depois do Universo, embora seja previsível, consegue ser uma parte um pouco interessante e causar certo impacto, pela maneira como as últimas cenas são conduzidas. No entanto, até mesmo essa parte fica perdida em meio a tantos clichês e obviedades do longa. Por fim, Depois do Universo tinha ideia com potencial interessante, mas deixou de ser explorada e se tornou apenas um filme comum, que parece imitar produções “teen” dos Estados Unidos.

    Nota 1,5/5

  • Pantera Negra: Wakanda Para Sempre entrega mais que melancolia em filme feito com carinho

    Pantera Negra: Wakanda Para Sempre entrega mais que melancolia em filme feito com carinho

    Ryan Coogler faz de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre uma terapia em grupo para a superação do luto entre seus personagens e o público.

    O novo filme solo do Pantera Negra já estava escrito para lidar com o luto, de acordo com Ryan Coogler. O longa se passaria após a volta de T’challa em Vingadores: Ultimato, onde o herói lidaria com o sentimento de luto pelo tempo perdido, dos cinco anos que ficou ‘blipado’.

    Após a morte de Chadwick Boseman, o filme teve que ser reescrito para lidar com a ausência de seu protagonista, visto que a Marvel nunca cogitou reescalar outro ator para o personagem ou até mesmo trazer Chadwick em CGI; com isso, T’challa também é dado como morto logo nos primeiros minutos de filme.

    A partir daí, a trama se desenrola na recuperação do luto do povo de Wakanda pelo seu rei e a ascensão de um novo Protetor em meio as dificuldades causadas pelas consequências deixadas no longa anterior.

    Pantera Negra: Wakanda Para Sempre entrega mais que melancolia em filme feito com carinho
    Pantera Negra: Wakanda Para Sempre | Marvel Studios

    O que mais surpreende em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, é que o filme não é apenas sobre quem será o novo personagem-título, mas sobre o desenvolvimento de Wakanda em meio a essa perda trágica. O material promocional já indica isso, com o foco sempre direcionado ao povo wakandano e principalmente o co-protagonismo de Shuri, Ramonda, Okeye e Nakia, algo também que pode ser notado no título do filme.

    Com isso, consequentemente, a Marvel Studios tem mais uma produção de mega destaque representativo em um filme dominado pelas mulheres, visto que o núcleo de coadjuvantes também é praticamente dominado por elas, incluindo Riri Williams e a Dora Milage Anika. Tudo de forma natural, visto que o Pantera Negra de Chadwick Boseman sempre esteve envolto pela maioria delas.

    Apesar disso tudo, o filme ainda tem uma preocupação da passagem inevitável e inesperada do manto do protetor de Wakanda, que todos sabiam com obviedade que seria de Shuri. Apesar de todas as polêmicas envolvendo Letitia Wright, a atriz entrega o seu melhor trabalho até então com uma atuação carregada de sentimento.

    Pantera Negra: Wakanda Para Sempre entrega mais que melancolia em filme feito com carinho
    Pantera Negra: Wakanda Para Sempre | Marvel Studios – Imagem exclusiva da Empire Magazine

    Ryan Coogler, diretor e co-roteirista, transforma o luto em combustível para criar um filme sentimental e melancólico mas que não se perde na tristeza, se permitindo também celebrar a importância de Chadwick para o UCM, o que fica claro nos primeiros minutos na retratação da cultura wakandana.

    Os diálogos entre os personagens a respeito de T’challa transpassam a tela para também integrar o público na superação do luto por Chadwick e mudar o sentimento do espectador em relação a perda. Após a sessão o sentimento que fica é de aceitação e entendimento de que como na cultura ali apresentada, Chadwick viverá pra sempre através do legado deixado.

    Apesar disso tudo, Wakanda Para Sempre ainda segue a linha da fórmula Marvel, com piadinhas e conexões com o passado, principalmente referenciando situações do primeiro filme, como também o futuro, com um cameo específico que instiga para o que vem a seguir.

    Pantera Negra: Wakanda Para Sempre entrega mais que melancolia em filme feito com carinho
    Ryan Coogler na Premiere mundial de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

    Todavia, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre também se preocupa em trazer entretimento, seguindo a linha de padronagem do universo cinematográfico da Marvel. O filme é repleto de momentos de ação e cenas bem elaboradas. O destaque fica com o povo da cidade submarina de Talocan , Okoye e Riri Williams em sua armadura. Ainda também trazendo momentos de leveza com tiradas cômicas que funcionam nos momentos certos.

    E por falar em Talocan, Namor segue uma adaptação quase beirando a originalidade, claramente uma jogada para diferenciar o personagem do Aquaman da DC, o qual já teve destaque em dois filmes da concorrência. O destino do personagem pode desagradar os fãs mais fervorosos, mas é inegável que a essência do personagem ainda permanece ali.

    Tenoch Huerta toma o personagem para si e entrega uma atuação digna e envolvente. Namor mostra para o que veio e é fácil entender seu ponto de vista de mesmo indo de desencontro com o dos protagonistas e que suas ações causem marcas tristes e permanentes no futuro da franquia.

    A origem de Talocan é simples, porém eficiente, e a cidade submarina é bem apresentada. Em meio ao que fazer para trazer originalidade para esse núcleo e se distanciar do que já foi apresentado antes, adaptar o mesmo como uma descendência dos Astecas remete a visuais belíssimos e uma cultura interessante para explorar futuramente e mesmo assim a essência do povo atlante também está lá.

    Pantera Negra: Wakanda Para Sempre entrega mais que melancolia em filme feito com carinho
    Pantera Negra: Wakanda Para Sempre | Marvel Studios – Imagem exclusiva do Fandango

    Pantera Negra: Wakanda Para Sempre tem uma direção incrível, um roteiro eficiente e um design de produção belíssmo. A fotografia é contemplativa em diversos momentos, principalmente quando envolve o povo de Talocan. além disso o filme conta com uma trilha sonora potente de Ludwig Göransson que se complementa bem às cenas elevando todo o sentimentalismo; um dos favoritos para a próxima temporada de premiações.

    A respeito do CGI, aqui temos um trabalho muito melhor executado em relação ao primeiro filme, que trouxe um dos piores efeitos especiais da história do UCM. Indo ao contrário de praticamente toda essa fase 4 que pecou nesse quesito, Wakanda Para Sempre faz bom uso da ferramenta, mesmo que deslize uma vez aqui e outra ali.

    Por fim, é fácil dizer que o longa entregou tudo o que prometeu: emoção, ação, piadas padrão Marvel, e a preparação do terreno para desenvolver seus personagens futuramente, além de principalmente honrar o legado de Chadwick Boseman. Com um reinício forçado, a Marvel Studios e Ryan Coogler conseguiram fazer o melhor que puderam e o que estava em seu alcance.

    Nota: 5/5

  • Crítica | House of The Dragon – 1ª Temporada

    Crítica | House of The Dragon – 1ª Temporada

    A Casa do Dragão ou House of The Dragon conta a história de 172 anos antes de Daenerys Targaryen nascer e se tornar uma das principais lideranças de Westeros. 

    Quando a HBO confirmou que estaria desenvolvendo um spin-off de Game of Thrones, série de maior sucesso da emissora, inicialmente o público ficou dividido. Isso porque o fim da série original tinha deixado um gosto amargo na boca dos espectadores.

    Apesar dessa desconfiança inicial, as notícias sobre House of the Dragon logo nos seus estágios iniciais começaram a repercutir, e logo os fãs ficaram ansiosos para essa nova jornada no mundo grandioso de Westeros.

    Baseada no livro Fogo & Sangue de George R. R. Martin, House of the Dragon narra a história do conflito em Westeros, conhecido como a Dança dos Dragões. Situada quase dois séculos antes dos eventos da série original, acompanhamos a guerra civil que acontece enquanto os meio-irmãos Aegon II (Tom Glynn-Carney) e Rhaenyra (Milly Alcock, Emma D’Arcy) almejam o trono após a morte do pai Rei Viserys I (Paddy Considine). Rhaenyra é a filha mais velha e legítima herdeira de seu pai, contudo, Aegon é o filho homem de um segundo casamento, o que acaba gerando uma crescente tensão entre dois clãs Targaryen sobre quem tem o verdadeiro direito ao trono. 

    Crítica: House of The Dragon - 1ª Temporada
    Paddy Considine e Milly Alcock como Viserys e Rhaenyra Targaryen na primera fase de House of the Dragon | Foto: HBO Max

    Diferente do que vemos na série original, o enredo de House of the Dragon é o conflito familiar, dessa forma a série foca toda sua atenção em Porto Real, com menos personagens e uma trama mais concisa. Assim fazendo com o que o espectador se envolva muito mais rápido aos personagens e seus dilemas.

    Com isso, a série consegue ter uma narrativa muito mais amarrada, qual é o conflito principal da série? A sucessão! A temporada inteira investe nisso, em quem vai ficar no lado de quem, qual é a motivação dos personagens para lutar para cada lado e qual caminho seguir. E claro, repleto de traições e reviravoltas.

    Além disso, o livro Fogo & Sangue, em que a série é baseada, é um livro de relatos, ou seja, muito do que é escrito no livro pode ter acontecido de maneiras diferentes. Assim, os roteiristas precisaram criar diálogos e modificar certos acontecimentos do livro para conseguir fechar algumas lacunas, e também para a história fazer sentido na mídia em que está sendo adaptada.

    Porém, existe um pequeno problema, o roteiro. O texto simplório da série é nítido, não chega a ser ruim, mas é fraco em comparação a série original. Na verdade, lembra muito as últimas temporadas de Game of Thrones, onde os roteiristas ultrapassaram os livros e precisaram seguir com os próprios pés.

    Crítica: House of The Dragon - 1ª Temporada
    Emma D’arcy e Olivia Cooke como Rhaenyra Targaryen e Alicent Hightower em House of the Dragon | Foto: HBO Max

    “Ah mas não deveríamos comparar as séries, são coisas completamente diferentes!” Não, não são! A própria série se interliga em seus acontecimentos, e até mesmo na abertura. Estamos falando sobre uma série do universo das Crônicas Gelo e Fogo, então comparações vão acontecer.

    Outra problema, que ´tanto é do roteiro, quanto da montagem da série, é a passagem de tempo. Durante toda a temporada temos passagens de tempo abruptas que atrapalham um pouco no desenvolvimento da trama. Meses e anos são passados durante os episódios de forma corrida. As vezes isso é dito apenas em pequenos diálogos que muitas vezes o expectador não tão atento deixa passar despercebido.

    Em certo episódio temos um grande acontecimento em um casamento, que deixa diversas lacunas abertas. Mas no episódio seguinte temos uma passagem de 10 anos, onde não vemos as consequências de nada que ocorreu.

    Porém, na minha concepção não atrapalhou o envolvimento na série. Os atores conseguem entregar tanta verdade em seus papéis que você logo se desprende dos problemas e embarca na jornada.

    A história, a extensão do universo e os personagens são o grande atrativo da série. Por ser muito mais focada em um grande núcleo o show consegue ser grandioso, e ao mesmo tempo mais contido.

    Além disso, House of the Dragon entrega grandes acontecimentos em cada episódio de sua primeira temporada, surpreendendo até mesmo quem é um leitor dos livros e conhece a passagem da Dança dos Dragões.

    Crítica: House of The Dragon - 1ª Temporada
    Paddy Considine como Viserys Targaryen em House of the Dragon | Foto: HBO Max

    Por fim, a série traz tudo que o fã da obra do George R. R. Martin aguarda, como o mesmo falou, a série faz até melhor que o livro em alguns momentos. Apesar do final ser um pouco controverso para os fãs, mas é aquilo, o que é o jogo dos tronos sem um pouco de subversão de expectativas né?

    House of the Dragon é uma série de fantasia e drama de ótima qualidade, com um ótimo elenco e momentos de tirar o folego. Apesar de alguns problemas, é um show empolgante, impactante e intrigante e merece toda atenção de quem foi ou é fã do universo das Crônicas de Gelo e Fogo.

    Nota: 4,5/5

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  • Critíca | Adão Negro – Violento e sarcástico, o anti-herói da DC chega com os dois pés na porta!

    Critíca | Adão Negro – Violento e sarcástico, o anti-herói da DC chega com os dois pés na porta!

    Adão negro é uma força implacável que não tem vergonha de infligir brutalidade em qualquer um que fique no seu caminho, longa chega aos cinemas nesta quinta (20).

    Uma palavra que exemplifica Adão Negro é hype! A mais nova adaptação dos quadrinhos da DC chega aos cinemas nesta quinta, rodeado de expectativas e uma campanha que fez jus ao tamanho de Dwayne Johnson, que desde o início abraçou o personagem e agora finalmente apresenta sua melhor versão ao público.

    Adão Negro inicialmente sofre para encontrar seu caminho, mas uma vez que a Sociedade da Justiça entra em cena tudo fica mais divertido de se assistir. E de fato os personagens do longa merecem destaque, principalmente Aldis Hodge (Gavião Negro) e Pierce Brosnan (Dr. Destino), o segundo inclusive traz suporte para os demais, sempre com sequências marcantes e falas eloquentes, deixando aquele gostinho de quero mais para as futuras produções.

    Adão Negro | Foto: Warner Bros.
    Adão Negro | Foto: Warner Bros.

    Noah Centineo (Esmaga-Átomo) e Quintessa Swindell (Cyclone), completam o grupo de heróis enviados por Amanda Waller para deter a ameaça iminente que atende pelo nome de Teth-Adam, que desperta depois de 5.000 anos para estabelecer uma nova hierarquia de poder na Terra. O Anti Herói de Dwayne Johnson apresenta uma nova dinâmica intrigante para o DCU, o que eu espero de verdade que seja explorado, mais do que foi aqui, por vezes o filme parecia se perder em tantas histórias a serem contadas, mas ainda assim achando seu ritmo do segundo ato pra frente. 

    Com sequências de tirar o fôlego, o visual do filme atrai desde o primeiro frame, trazendo cores brilhantes, cenários míticos e efeitos visuais bem sólidos. Lawrence Sher assina a fotografia e assim como em Joker, é distinta, mas encanta com tudo o que põe na tela.

    Adão Negro | Foto: Warner Bros.
    Adão Negro | Foto: Warner Bros.

    O filme é brutal, em todos os sentidos, em momento nenhum o diretor Jaume Collet-Serra (A Órfã) esconde o fato de que o Adão Negro é uma máquina de matar e não um herói, mas ainda assim é um protetor com boas morais. O roteiro trabalha bem o ‘’heroísmo’’ do personagem e o fato de não precisar ser um herói para libertar seu povo.

    Lorne Balfe compôs a trilha sonora e conseguiu trazer a profundidade, a ira e a fúria do personagem junto com as músicas, principalmente no tema principal do Adão Negro. Por outro lado a edição deixa um pouco a desejar, com cortes muito secos e rápidos em cenas de diálogo onde nenhuma ação acontece, quase como se o filme não conseguisse desacelerar, nem mesmo na edição.

    Adão Negro | Foto: Warner Bros.
    Adão Negro | Foto: Warner Bros.

    The Rock está por toda parte, paixão, coração, criação, realmente um diferencial no filme, ele capturou a essência do Adão Negro dos quadrinhos, você consegue ver a raiva e o ódio através da tela, uma ótima desconstrução do que é ser herói enquanto a DC forja um verdadeiro campeão do povo. Tudo isso aliado a um roteiro mitológico que ecoa pelos de Zack Snyder só poderia culminar em um grande espetáculo para os fãs.

    Esse não é o melhor filme introdutório da DC, mas é um filme importante, que expande o universo de uma maneira que deixa os fãs animados para o futuro, coisa que os DCnautas não sentem há algum tempo. 

    Adão Negro | Foto: Warner Bros.
    Adão Negro | Foto: Warner Bros.

    A melhor coisa sobre Adão Negro é que parece que foi feito pela mãos dos fãs, uma bela continuação para o que foi introduzido anos atrás e a esperança de um futuro melhor para este universo. 

    Ah e se eu fosse você não perderia a cena pós créditos, o cinema inteiro aplaudiu arrepiado!

    Não perca tempo e vá conferir Adão Negro nas telonas! Enquanto isso você pode conferir outros trabalhos do cárismatico The Rock aqui e aqui.

    Nota: 4/5

    Assita ao Trailer:

  • Critica | Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder

    Critica | Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder

    Os Anéis do Poder se situa centenas de anos antes dos eventos de O Senhor dos Anéis, o drama épico produzido pela Prime Vídeo segue personagens tanto familiares, quanto novos, enquanto eles enfrentam o temido ressurgimento do mal na Terra-Média.

    Além da criação dos Anéis, a primeira temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder girou em torno da vingança de Galadriel (Morfydd Clark) contra Sauron. Porém, o enredo da série segue em torno do mistério de quem é o vilão.

    Diferente de tudo que já vimos na tv, a Amazon Studios não poupou investimento na série, você consegue ver isso na tela. É uma das séries mais bonitas já feitas, isso é inegável, os cenários, figurinos e até mesmo caracterização dos personagens são de saltar os olhos. Visualmente a série é impecável.

    Por não conseguir os direitos da Primeira Era (que conta a gênesis da Terra Média), e nem da Terceira Era (onde ocorrem os acontecimentos de O Senhor dos Anéis e O Hobbit). A série da Amazon teve a difícil tarefa de adaptar a Segunda Era, que além de ser uma história de meio, era necessário preencher muitas lacunas. Afinal, a história foi apenas brevemente narrada nos apêndices de O Retorno do Rei.

    Contudo muitas vezes a série falha ao fazer isso, a forma que a série decide contar a história acaba se tornando em alguns momentos exaustiva. O problema maior fica no núcleo de Númenor, apesar de ser importante para o futuro da história, em diversos momentos parece que introduzem enredos apenas para render mais tempo.

    Os Anéis de Poder | Reprodução: Prime Video
    Morfydd Clark como Galadriel em Os Anéis de Poder | Reprodução: Prime Video

    Além disso, o protagonismo exacerbado de Galadriel é cansativo, a personagem é inegavelmente importante para trama, contudo sua atitude incisiva e inconstante acaba fazendo com que o espectador não se identifique com a personalidade mostrada na série. A verdade que mesmo sendo uma personagem essencial, Galadriel muitas vezes não transparece o que diz, suas palavras não encaixam com suas atitudes, e suas atitudes na maior parte do tempo, são apenas vazias.

    Porém diferente de Númenor, todo o núcleo de  Khazad-dûm e dos Pés-Peludos é perfeito, e a série brilha quando dá mais atenção a eles. Os personagens são carismáticos, cativantes e toda a trama que os cercam é envolvente. Existe um momento musical dos Pés-Peludos, antepassados dos hobbits que é emocionante demais.

    Os Anéis de Poder | Reprodução: Prime Video
    Os Anéis de Poder | Reprodução: Prime Video

    Em diversos momentos a série tem deslizes, principalmente em seu ritmo. A montagem dos episódios também deixa a desejar, sendo algumas vezes até confusa. A sensação é que a série, mesmo que tente se distanciar da obra de Peter Jackson, não consegue se desprender dela. Afinal, existem parâmetros de adaptações que só funcionam em longa metragem. Sendo assim, fica a pergunta, era realmente necessário que todos os episódios tivessem mais de uma hora de duração? 

    Contudo, o saldo da série é muito positivo, quando esses pequenos problemas são deixados de lado, você consegue embarcar na jornada desses personagens e se envolver com seu desenvolvimento.

    A verdade é que Anéis do Poder é uma fantasia de muito coração, visualmente incrível, com ótimos personagens, mistérios envolventes e momentos épicos de arrepiar.  Dessa forma, a primeira temporada da série é uma ótima introdução à Terra Média em uma época que ainda não tínhamos visto. Apesar de ter sim problemas, a série é sim grandiosa, e com as próximas temporadas tem capacidade de se tornar ainda melhor.

     Nota: 4/5

    Ouça o CineramaCast:

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  • Crítica | The Umbrella Academy – 3ª Temporada

    Crítica | The Umbrella Academy – 3ª Temporada

    Focando no que funcionou nas temporadas anteriores, a terceira temporada de The Umbrella Academy é mais contida, podendo ser considerada mais do mesmo, mas ainda assim diverte até o último segundo.

    Em uma época repleta de conteúdos baseados em quadrinhos e super-heróis, The Umbrella Academy estreou em 2019 entregando uma história diferente, mesmo com um universo fantástico e protagonistas poderosos e com uma missão de impedir o apocalipse sempre em pauta. A série focava nos fracassos e traumas dos tal heróis, lidando muito mais com a relação disfuncional dos personagens que compõem a familia Hargreeves, e deixando a parte “super” em segundo plano.

    The Umbrella Academy
    The Umbrella Academy – Terceira Temporada | Divulgação: Netflix

    Logo, a série se tornou uma das mais populares da Netflix, chegando até mesmo superar, em seu ano de estreia, a audiência de grandes sucessos da casa como Stranger Things.

    Continuando exatamente a partir do cliffhanger deixado pela segunda temporada. Após salvar o mundo do apocalipse duas vezes a Umbrella Academy retorna para sua casa no presente, com esperança de que a linha do tempo tenha sido consertada. Contudo, devido à sua desastrosa interferência no passado, eles voltam a um presente irreconhecível, com sua antiga casa agora sendo o lar da Sparrow Academy, uma versão diferente da equipe de heróis. Ao ser abordado por seus filhos no passado, Reginald Hargreeves (Colm Feore) viu que fizera uma escolha terrível de adoção, e decide seguir por um rumo totalmente diferente quando os bebês mágicos de 1989 nascem. Mantendo apenas um mebro, Ben (Justin H. Min) em uma versão completamente diferente da que conhecemos nas temporadas anteriores.

    Porém, ao chegarem nesse novo universo, o time descobre que com seus atos no passado, eles criaram um paradoxo temporal. Fazendo o mundo agora enfrentar sua terceira ameaça de aniquilação, dessa forma os antigos e novos Hargreeves terão de encontrar uma forma de trabalharem juntos para impedir o fim da existência.

    The Umbrella Academy
    A Sparrow Academy – The Umbrella Academy – Terceira Temporada | Divulgação: Netflix

    A terceira temporada de The Umbrella Academy decide apostar no caminho que viu que funciona, seguindo o mesmo padrão das outras duas. O foco é a relação familiar, seja em seus arcos individuais ou entre eles mesmos. Afinal, o espectador já conhece esses personagens, já conhece seus dramas, aqui eles ficam no confortável apenas acrescentando pequenas novas camadas.

    Dessa forma, se assim como eu, você ama esses personagens, ama o estilo e a estranheza da série, a terceira temporada é para você. Contudo, se você está aguardando uma renovação e uma nova grande história, talvez você se sinta um pouco desapontado com o rumo da série.

    Tirando o elefante da sala, o terceiro ano acaba sendo o mais inconsistente até aqui, engatando apenas nos seus episódios finais. A decisão de trazer um ar de rivalidade pelos dois times, algo muito aguardado pelos fãs, se torna um tanto cansativo depois de dois episódios. Mesmo com novos personagens com personalidades e poderes interessantes o roteiro e direção acaba não sabendo utilizar eles de maneira que contrastem ou encaixem com os já estabelecidos.

    A trama de um terceiro fim do mundo também é algo que já não salta nossos olhos, se já se tornou cansativo para os personagens que estão vivendo aquilo, para o publico então. E olha que para eles se passaram no máximo três semanas, para gente foi anos.

    https://www.youtube.com/watch?v=uoaC6EXnMOM
    The Umbrella Academy – Terceira Temporada | Divulgação: Netflix

    Ainda assim o saldo dessa temporada é positivo, principalmente nos arcos de Alisson (Emmy Raver-Lampman) e Viktor (Elliot Page). Em todas as temporadas Alisson é a personagem que mais precisou sacrificar algo de sua vida para o mundo ser salvo. Tendo a jornada mais difícil até aqui, apesar de em alguns momentos você até sentir um pouco de desconforto com suas atitudes. Porém toda sua indignação é legitima.

    Enquanto Viktor, apesar de eu ser um tanto critico quanto a atuação do Elliot, não me entendam mal, eu gosto dele, mas acredito que ele sempre entregue o mesmo personagem, ele mesmo. A forma que abordam a transição já nos primeiros episódios, de maneira leve, trazendo uma narrativa que agrada e cativa. Chega ser emocionante ver a reação de alguns personagens, e o apoio que dão ao seu irmão. Além da gente conseguir sentir a felicidade e o conforto do ator no papel.

    É claro que todos os atores estão ótimos em seus respectivos papéis, dando destaque claro ao sempre carismático Robert Sheehan com seu problemático Klaus, e por incrivel que pareça a temporada da um destaque maior a Tom Hopper, que faz Luther, um personagem considerado chato pelos fãs, mais atrativo. Infelizmente das novas adições, como eu disse, o roteiro não deixa muito os personagens se mostrar a ponto de marcar.

    Mesmo com uma temporada mais inconsistente que as outras, o terceiro ano de The Umbrella Academy é cheio de carisma e diverte da mesma maneira. Em contraste com as temporadas anteriores essa é a mais contida de todas, mesmo que a ameaça seja maior do que as outras.

    O final da temporada conclui diversos arcos, entretanto, a série termina deixando uma cena pós créditos e pontas soltas pra uma sequencia, nos deixando imaginar se haverá uma renovação ou não.

    Nota: 4/5

    https://www.youtube.com/watch?v=uoaC6EXnMOM
  • Crítica | Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo – É assim que se faz um filme sobre multiverso!

    Crítica | Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo – É assim que se faz um filme sobre multiverso!

    Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é mais um filme da leva que promete explorar a teoria do multiverso de um ponto de vista comum mas com detalhes originais que transforma a obra em algo divertido e com uma mensagem a ser transmitida.

    Sinopse: Em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, acompanhamos uma imigrante chinesa (Michelle Yeoh) que parte rumo a uma aventura onde, sozinha, precisará salvar o mundo, explorando outros universos e outras vidas que poderia ter vivido. Contudo, as coisas se complicam quando ela fica presa nessa infinidade de possibilidades sem conseguir retornar para casa.

    Crítica | Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo - É assim que se faz um filme sobre multiverso!
    Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo | Diamond Films

    É quase impossível não comparar um filme a outro quando em um período recente temos o lançamento de diversas produções que decidem abordar a mesma temática como foco central de sua trama. Seria injusto comparar? Seria mais injusto ainda comprar um filme de baixo custo com um grande blockbuster? Ao eu ponto de vista a resposta é claramente um sonoro não (e nesse caso está realmente impossível fazer isso).

    Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo conseguiu a façanha de superar um grande blockbuster que há muito prometia e pouco entregou (e creio que vocês sabem sobre qual me refiro). De forma original, o longa dos Daniels representou da melhor maneira a teoria do multiverso se aproveitando apenas da premissa para trazer um filme original apesar de um tema, que quando retratado sempre vem da mesma maneira e com a mesma narrativa. O diferencial aqui é a forma como isso tudo é abordado: extrapolar os limites de sua adaptação do tema, se aproveitando das ideias básicas da teoria, mas também das formas mais absurdas e bizarras, se aproveitando das infinitas possibilidades, mesmo que sejam as mais ridículas possíveis. A vergonha alheia aqui é sem limites.

    Crítica | Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo - É assim que se faz um filme sobre multiverso!
    Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo | Diamond Films

    O filme tem um tom de comédia escrachada, que tira boas gargalhadas, predominante nos dois primeiros atos. Apesar da comédia, o drama não se perde e se mantém como um ótimo recurso para manter o espectador envolvido emocionalmente com os personagens. O roteiro dá conta de progredir em diversos gêneros como o drama, a comédia, o sci-fi, transformando tudo que aborda em ouro de maneira coerente e eficiente.

    Mesmo com um mix de gêneros, as diversas mensagens que o filme apresenta ao espectador é captada de maneira simples quando se entende que Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo trata-se sobre família e autodescoberta. O longa tem uma pegada filosófica sobre o sentido da vida, se encaixando perfeitamente com a proposta de que num infinito multiverso podemos ser mais, ou também podemos ser menos. A ideia central transborda da tela tornando o filme uma experiência pessoal após o fim da sessão e rende bons papos cabeça.

    Além disso o filme aproveita sua temática familiar para abordar de forma sensível temas como sexualidade, ancestralidade e aceitação ao mesmo tempo que consegue dosar com a ciência da teoria multiversal fazendo uma construção de mundo única.

    Crítica | Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo - É assim que se faz um filme sobre multiverso!
    Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo | Diamond Films

    O grande destaque fica para as atuações de Michelle Yeoh, que faz aqui o grande papel de sua carreira, se provando como uma atriz versátil que cabe bem em qualquer papel que se propõe, e Ke Huy Quan que impõe sua presença em diversos momentos. Apesar desses destaques não há um que fique devendo nesse quesito, até mesmo as participações especiais mostram seu máximo potencial, como Jamie Lee Curtis que enche a tela no pouco que aparece.

    O conjunto da obra da parte técnica é incrivelmente bem trabalho. O roteiro é bem elaborado, coeso em seus plots, a trilha sonora é um espetáculo que complementa bem as cenas, o trabalho de coreografias e dublês é esplêndido, e o figurino vem tão bizarro quanto as situações que Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo retrata. Sem dúvida alguma, o que mais chama atenção é a montagem do longa que é muito bem executada e tinha tudo para dar errado dada a complexidade do projeto.

    Crítica | Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo - É assim que se faz um filme sobre multiverso!
    Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo | Diamond Films

    Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é assertivo em sua mensagem, mas principalmente em se manter firme em seu propósito de fazer um filme sobre multiverso, sem deixar isso de lado para focar em tramas repetidas, sem importância, ou dar importância demais á tramas secundárias. O longa de Daniel Kwan e Daniel Scheinert é sincero em sua premissa e um dos grandes acertos de 2022 até o momento, se consagrando como um dos melhores e já entrando nos bolões prematuros da próxima temporada de premiações.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:
  • Crítica | A Hora do Desespero – Suspense se mostra previsível e recheado de clichês

    Crítica | A Hora do Desespero – Suspense se mostra previsível e recheado de clichês

    O filme, estrelado por Naomi Watts, não explora nada interessante no tema abordado. 

    “A Hora do Desespero”, dirigido por Phillip Noyce, é um suspense que tenta provocar grande agonia no telespectador em cerca de 80 minutos. Amy Carr (Naomi Watts) é uma recém viúva e mãe de dois filhos. Sua vida muda, mais uma vez, quando descobre que um atirador entrou na escola de seu filho mais velho, Noah (Colton Gobbo). A personagem, então, tem apenas seu celular para conseguir ajudar Noah, e também para se comunicar com as autoridades. Coincidentemente, uma tragédia, como a do filme, aconteceu há menos de um mês nos Estados Unidos. O que pode ajudar a levantar um debate sobre os recorrentes casos de massacres que ocorrem na sociedade estadunidense.

    crítica a hora do desespero
    Foto: Reprodução

    O filme se passa em poucos cenários, com um pequeno elenco. Watts fica encarregada de atuar sozinha na maior parte da obra, falando com outros apenas pelo telefone móvel. A câmera acompanha os passos de Amy, com a intenção de registrar seu desespero. Além de demonstrar suas dificuldades para entender o que está acontecendo. 

    Noyce escolheu abordar um tema delicado e complicado de trabalhar, já que pode ser fácil cair em clichês quando se fala sobre massacres em escolas. Pois não é difícil acabar entrando em uma narrativa de mocinhos e vilões. Talvez por esse motivo, o filme ficou bastante previsível e muito parecido com vários suspenses que já existem. Já no começo, é possível notar certa monotonia dos acontecimentos, o longa parece dar voltas e não sair do lugar, pelo menos até a metade da obra. Há uma falta de dinâmica, que um filme agoniante pede. Além disso, as reviravoltas não parecem convencer, muito menos pregar peças no público. As dúvidas que o filme propõe são sanadas rapidamente e sem muito esforço. Os “plot twists” não surpreendem, ao final das contas, quase tudo ocorre como o esperado. 

    crítica a hora do desespero
    Foto: Reprodução

    No decorrer da narrativa, o longa consegue criar algumas partes agoniantes, que geram efeito em quem está assistindo. Porém, são momentos breves, que não perduram por tempo suficiente para criar uma atmosfera de suspense. A atuação de Naomi Watts é o maior ponto positivo da obra, a atriz trabalha bem no papel que lhe foi designado. Mas nem seu bom desempenho faz com que o filme convença ou se torne agradável de assistir. Muito disso, porque nem os personagens principais são aprofundados na obra. Todo o filme gira em torno de um único acontecimento e não explora nada além disso, nem mesmo os desdobramentos da situação. 

    crítica a hora do desespero
    Foto: Reprodução

    Noyce poderia, inclusive, usar seu longa para abordar temas mais sensíveis, como o motivo de alguém entrar atirando em uma escola. Existia também a possibilidade de falar sobre o ideal armamentista americano. No geral, esse tema poderia ser usado para causar uma reflexão social. Mas o diretor optou por ficar no cinema mais convencional, sem uma narrativa de risco. Então, o que poderia ser uma história interessante, profunda e bem trabalhada, se tornou apenas mais um filme simples e comum. Em resumo, “A Hora do Desespero” é um suspense maçante, que se mostra previsível do começo ao fim. 

    Nota: 2/5

    Confira o trailer abaixo:

  • Crítica | Jurassic World: Domínio – Final de franquia medíocre com boas cenas de ação

    Crítica | Jurassic World: Domínio – Final de franquia medíocre com boas cenas de ação

    Jurassic World: Domínio se encarregou de finalizar sua trilogia traçando conexões mais fortes com Jurassic Park de forma mal trabalhada, com participações gratuitas e com inconsistências de roteiro da própria trilogia e a franquia como um todo.

    Sinopse: Jurassic World: Domínio acontece quatro anos após a destruição da Ilha Nublar. Os dinossauros agora vivem – e caçam – ao lado de humanos em todo o mundo. Esse frágil equilíbrio remodelará o futuro e determinará, de uma vez por todas, se os seres humanos continuarão sendo os principais predadores em um planeta que agora compartilham com as criaturas mais temíveis da história.

    Jurassic World: Domínio - Final de franquia medíocre com boas cenas de ação
    Jurassic World: Domínio | Universal Pictures

    Pra deixar claro, a sinopse acima vende o filme mais pela expectativa do público do que público quer ver do que pela própria trama em si. Jurassic World: Domínio limita o coexistência de humanos e dinossauros em um mundo moderno e como isso os afeta de fato. O roteiro de Emily Carmichael e Colin Trevorrow opta por explicações fáceis como uma narração e manchetes de jornais que atualizam o espectador sobre a situação mundial causada pelo domínio global dos dinossauros e suas incontáveis espécies.

    Essa é uma técnica muito usada para enxugar a trama e ainda manter o espectador ciente de acontecimentos que ocorrem fora da tela mas que ainda geram impacto para a trama. Quando bem trabalhada, esse artifício beneficia o desenvolvimento do filme trazendo respostas necessárias. Em Jurassic World: Domínio o método se encaixa de maneira positiva, mas tira todo o impacto dos acontecimentos deixados por “Reino Ameaçado”, praticamente ignorando de certa uma continuidade para a trama do segundo filme da nova trilogia da franquia, algo muito parecido com o que aconteceu com a nova trilogia de Star Wars.

    Colin Trevorrow reabriu a franquia Jurassic Park de forma coesa inserindo o grande clássico na cultura pop para toda uma nova geração. No segundo filme, tivemos a saída do diretor, que foi substituído por Juan Antonio Bayona, que optou por decisões criativas diferentes. Agora com o retorno de Trevorrow, ‘Domínio’ deixa claro que os planos do cineasta eram bem diferentes, tirando o peso da trama de Bayona, que por sinal era mais interessante, causando uma incoerência e inconsistência para a trilogia Jurassic World, finalizando a história de maneira decepcionante e medíocre, diferente do que foi feito no início.

    Jurassic World: Domínio - Final de franquia medíocre com boas cenas de ação
    Bastidores de Jurassic World: Domínio | Universal Pictures

    A impressão que fica é de que Jurassic World: Domínio trata a coexistência de humanos e dinossauros como algo do tipo “não posso ignorar porque é algo que já não dá pra remover, mas também não precisamos torná-la a trama central”. Trevowrroy e Carmichael decidem focar numa trama humana e familiar desinteressante com toques de “O Clone” de Glória Perez, que teria potencial se o filme não fosse sobre dinossauros.

    Apesar dos pesares, a direção do cineasta é satisfatória para o que o filme se propõe, mesmo que de forma errada pela sua prticipação no roteiro do longa. O diretor consegue extrair o máximo da tensão em ótimas cenas em que dinossauros perseguem humanos e o pavor e claustrofobia quando não há escapatória dos dentes e das garras dessas criaturas.

    O destaque fica pra trilha sonora de Michael Giaccino que dá o tom pro filme com uma sonoridade marcante que muitas das vezes se sobressai, atraindo mais o espectador pra imersão do filme. Por diversas vezes o filme é cansativo, mas a trilha sonora de Giaccino reacende a vontade de quem fica plantado na poltrona pelas longas duas horas e vinte e sete minutos.

    Jurassic World: Domínio - Final de franquia medíocre com boas cenas de ação
    Bastidores de Jurassic World: Domínio | Universal Pictures

    A volta do elenco original segue o péssimo padrão do que a Marvel Studios vem fazendo em suas atuais produções (a nível de comparação), querendo garantir bilheteria em cima de nostalgia para abafar a má qualidade e incoerência da fase atual de sua franquia. A volta de Jeff Goldblum, Laura Dern e Sam Neill é meramente gratuita e a trama de seus personagens toma tempos preciosos para desenvolver a escala global de ‘Domínio’, reduzindo a trama mais uma vez para um ambiente limitado com poucas explorações, tomando o posto de trama principal. De certa forma, a volta da Dra. Ellie Sattler e do Dr. Ian Malcom até que se complementam, mas Alan Grant fica perdido, limitando o personagem à retomada de um romance clichê que facilmente poderia ter sido cortada do filme.

    Dern veste mais uma vez a pele de sua personagem e se mostra bem a vontade e feliz por isso. Apesar dos pesares, quem se destaca nesse retorno é Goldblum que fica responsável pelas melhores tiradas cômicas em momentos apropriados, com seu jeito irreverente quase difícil de distinguir quem é o ator e quem é o personagem; sem dúvidas é o principal personagem de sua carreira.

    já no elenco novato, Chris Pratt fica mais perdido que cego em tiroteio, com seu personagem apático que pouco importa e não causa sentimento algum ao espectador. Bryce Dallas Howard é quem se sobressai dando novas camadas à sua personagem que era o oposto em outros filmes, e dessa vez o protagonismo é seu. o resto é classificado como figuração que marca presença pra encaixar pontas soltas na trama.

    Jurassic World: Domínio - Final de franquia medíocre com boas cenas de ação
    Bastidores de Jurassic World: Domínio | Universal Pictures

    Excepcionalmente, saindo um pouco do foco crítico e técnico, focando mais no público geral e fazendo uma perspectiva, é importante frisar que para quem busca diversão e entretenimento o filme pode ser uma baita experiência pelas ótimas cenas de ação que o filme tem. Jurassic World: Domínio continua a tradição dos novos blockbusters que se tornam uma experiência e que são feitos para serem assistidos no cinema, de preferência em uma sala especial como IMAX, XPlus ou 4DX.

    Jurassic World: Domínio peca em seu desenvolvimento, escolhas criativas, nostalgia gratuita e traz um final sem peso e sem a escala épica que um final de franquia merece, principalmente uma que moldou toda uma geração de cinéfilos e foi responsável por reinserção na cultura cinematográfica de uma nova geração. O longa se salva da frustração pública pela qualidade impecável de sua trilha sonora e dos momentos de ação que são compensatórios. Partindo pra suposição, se o final de ‘Reino Ameaçado’ fosse o final de ‘Domínio’, a história do terceiro filme poderia ter se encaixado melhor, finalizado bem a franquia e com um final que abriria margem para spin-offs e quem sabe uma série.

    Nota: 2,5/5

    Assista ao trailer:
  • Crítica | De volta ao baile- Rebel Wilson protagoniza divertida comédia sobre popularidade e amadurecimento

    Na nova comédia romântica da Netflix “De volta ao baile”, conhecemos Stephanie, uma jovem capitã das líderes de torcida que sofre um acidente em uma apresentação e fica em coma por 20 anos, perdendo consequentemente as últimas duas semanas de seu colegial e o tão sonhado título de rainha do baile da escola. Ao acordar, já adulta, estabelece uma forma bastante incomum de retornar à sua própria vida: corre atrás de poder viver as duas semanas no colégio e o baile que perdeu, no corpo de uma adulta em seus quase 40 anos de idade, mas com a mente adolescente. Podemos reconhecer vários elementos de outros enredos aqui, mas, apesar do roteiro clichê, o filme diverte com seus momentos hilários e o timing cômico já conhecido de Rebel Wilson, a atriz que interpreta a protagonista em sua idade adulta.

    A atriz Rebel Wilson, já conhecida pelos telespectadores assíduos de comédias românticas como Escolha Perfeita(2012), Megarromântico(2019), Missão Madrinhas de casamento(2011) e Trapaceiras(2019) brilha agora como a protagonista adulta que precisa superar o que lhe foi tomado para que possa seguir em frente. Analisando a sinopse de cara, percebemos que ,não fosse o enfoque cômico predominante na atuação de Rebel e no enredo como um todo, “De volta ao baile” poderia facilmente ser um filme de drama com ênfases específicas nas consequências traumáticas que o turbilhão de realidade após anos de coma, pode representar na vida de uma adolescente no corpo de adulta.

    Na nova comédia romântica da Netflix "De volta ao baile", conhecemos Stephanie, uma jovem capitã das líderes de torcida que sofre um acidente em uma apresentação e fica em coma por 20 anos, perdendo consequentemente as últimas duas semanas de seu colegial e o tão sonhado título de rainha do baile da escola. Ao acordar, já adulta, estabelece uma forma bastante incomum de retornar à sua própria vida: corre atrás de poder viver as duas semanas no colégio e o baile que perdeu, no corpo de uma adulta em seus quase 40 anos de idade, mas com a mente adolescente. Podemos reconhecer vários elementos de outros enredos aqui, mas, apesar do roteiro clichê, o filme diverte com seus momentos hilários e o timing cômico já conhecido de Rebel Wilson, a atriz que interpreta a protagonista em sua idade adulta.
    De Volta ao Baile | NETFLIX

    Felizmente a história de Stephanie conseguiu comover sem beirar o drama melancólico e conseguiu divertir bastante sem querer ser mais do que é: uma comédia romântica colegial sobre aceitação, amizade e amadurecimento, como todas as melhores comédias românticas são.

    É interessante que 9 entre 10 filmes escolha o ambiente escolar para tratar de assuntos importantes para a adolescência, já que é neste ambiente que o jovem passa a maior parte de seu tempo. Na configuração atual do colégio de Stephanie(Rebel Wilson), quando ela retorna depois de 20 anos de seu último contato com os corredores do colegial, há um enorme esforço em modificar a forma como o jovem é cobrado em ser popular e não ser o “excluído”. Vemos sob os olhos perplexos de incredulidade da protagonista que a tentativa, de reprimir o comportamento dos adolescentes, forma uma corrente de positivismo nada natural. Como se tentassem reprimir algo natural no contexto social da vida no colégio e na sociedade.

    Na nova comédia romântica da Netflix "De volta ao baile", conhecemos Stephanie, uma jovem capitã das líderes de torcida que sofre um acidente em uma apresentação e fica em coma por 20 anos, perdendo consequentemente as últimas duas semanas de seu colegial e o tão sonhado título de rainha do baile da escola. Ao acordar, já adulta, estabelece uma forma bastante incomum de retornar à sua própria vida: corre atrás de poder viver as duas semanas no colégio e o baile que perdeu, no corpo de uma adulta em seus quase 40 anos de idade, mas com a mente adolescente. Podemos reconhecer vários elementos de outros enredos aqui, mas, apesar do roteiro clichê, o filme diverte com seus momentos hilários e o timing cômico já conhecido de Rebel Wilson, a atriz que interpreta a protagonista em sua idade adulta.
    De Volta ao Baile | NETFLIX

    Nesse ponto o amadurecimento de Stephanie( Rebel Wilson) teve que ser condensado entre as diversas situações que ela se propõe a viver em sua nova oportunidade de recuperar o tempo perdido. E é essa a beleza indireta do enredo de “De volta ao baile”. Aprendendo ou não a lição, a vida segue. E Stephanie sabe que mesmo que não tenha sentido que seu tempo passou, os traumas e a realidade a obrigam a aceitar e entender o que deve ser feito dali em diante.

    A Netflix tem investido bastante nesse nicho, por saber que os telespectadores adoram os clássicos mas também gostam de novidades, seja em relação à novos aspectos a serem abordados em cada história, seja na apresentação de uma nova geração de atores. E essa troca entre diferentes gerações, quando presente em um mesmo filme como “De volta ao baile”, faz toda a diferença. Tanto pela identificação dos telespectadores com o personagem que se encontra em sua provável faixa etária, quanto pela troca entre os próprios personagens. E esse filme usa essa troca de uma forma muito inteligente e auto referencial, unindo elementos da cultura pop, dos filmes do gênero e da constante evolução do que é ser popular no contexto estudantil.

    Na nova comédia romântica da Netflix "De volta ao baile", conhecemos Stephanie, uma jovem capitã das líderes de torcida que sofre um acidente em uma apresentação e fica em coma por 20 anos, perdendo consequentemente as últimas duas semanas de seu colegial e o tão sonhado título de rainha do baile da escola. Ao acordar, já adulta, estabelece uma forma bastante incomum de retornar à sua própria vida: corre atrás de poder viver as duas semanas no colégio e o baile que perdeu, no corpo de uma adulta em seus quase 40 anos de idade, mas com a mente adolescente. Podemos reconhecer vários elementos de outros enredos aqui, mas, apesar do roteiro clichê, o filme diverte com seus momentos hilários e o timing cômico já conhecido de Rebel Wilson, a atriz que interpreta a protagonista em sua idade adulta.
    De Volta ao Baile | NETFLIX

    O elenco juvenil de “De volta ao baile” está afiadíssimo, brilhando mesmo em papéis secundários, cada um deixando aquele gostinho de “queria acompanhar mais a vida desde personagem”. Atores como Joshua Colley( Yaz), Avantika Vandanapu(Janet Singh), Angorie Rice ( a jovem Stephanie) , Ana Yi Puig ( a jovem Tiff) e Jade Bender ( Bri Loves) com certeza terão protagonismos em novas produções, pela popularidade de “De volta ao baile”. Um ganho tanto para a plataforma quanto para os telespectadores.

    Uma comédia divertidíssima que irá encantar tanto a nova geração quanto os amantes de clássicos da comédia romântica. Não pelo ineditismo das discussões ou pela ausência de clichês. Mas com conter tudo o que uma boa comédia romântica merece ter: bons personagens, protagonista cativante, trilha e cenas hilárias e uma lição a ensinar.

    De volta ao baile” está disponível na Netflix.

    Nota: 3,5/5
    Assista ao trailer:
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  • Crítica | O Soldado que Não Existiu – História real sobre um plano baseado em blefe e “fake news” na 2ª Guerra Mundial

    Filme baseado em uma operação crucial para o fim da 2ª Guerra Mundial, “O soldado que não existiu” conta os detalhes da Operação Mincemeat, orquestrada pelo tenente do exército britânico Charles Cholmondeley(Matthew Macfadyen) e pelo juiz Ewen Montagu( Colin Firth) na esperança de enganar os nazistas sobre os futuros movimentos do exército britânico e assim dominar os territórios necessários para enfraquecer o poderio de Adolf Hitler. A operação, que na tradução literal de seu nome chamava-se Carne Moída, consistiu em forjar cartas com informações confidenciais endereçadas entre forças opostas à Hitler e fazer o conteúdo delas chegar ao conhecimento dos nazistas através de um cadáver de um soldado britânico supostamente abatido em combate.

    Não bastasse a história já ser interessantíssima pelo contexto histórico e pela forma como foi minunciosamente arquitetada, se tornando uma verdadeira aula de espionagem e estratégia, a adaptação mais recente, feita pela Netflix, sobre a Operação Mincemeat contou com a direção de John Madden( Shakespeare Apaixonado) e seu cuidado em fazer qualquer história algo marcante e satisfatório de assistir. Mesmo estando em um contexto de guerra, a atenção do filme “O soldado que não existiu” está nos detalhes, dos espaços de reunião ao bares festivos, das ruas pouco iluminadas aos sussurros entre espiões. Muito se fala na guerra mas o horror gráfico não ocorre, deixando o telespectador com a melhor parte: os bastidores.

    Filme baseado em uma operação crucial para o fim da 2ª Guerra Mundial, "O soldado que não existiu" conta os detalhes da Operação Mincemeat, orquestrada pelo tenente do exército britânico Charles Cholmondeley(Matthew Macfadyen) e pelo juiz Ewen Montagu( Colin Firth) na esperança de enganar os nazistas sobre os futuros movimentos do exército britânico e assim dominar os territórios necessários para enfraquecer o poderio de Adolf Hitler. A operação, que na tradução literal de seu nome chamava-se Carne Moída, consistiu em forjar cartas com informações confidenciais endereçadas entre forças opostas à Hitler e fazer o conteúdo delas chegar ao conhecimento dos nazistas através de um cadáver de um soldado britânico supostamente abatido em combate.
    Johnny Flynn como Ian Flemming em “O Soldado que Não Existiu”| Netflix

    No primeiro momento do filme, o narrador Ian Flemming(Johnny Flynn) já explica que na história existem sempre versões: um lado, visto por todos e outro lado oculto, que poucos sabem sobre o que ou como ocorreu. E é a parte oculta, esta mais interessante de se debruçar e compartilhar, é a que seria mostrada no filme. Ian Flemming foi um militar, escritor e jornalista britânico que anos depois criaria e escreveria romances sobre o agente secreto mais conhecido no mundo todo: James Bond. Mas naquele momento da história, apesar de já se encantar em relatar em palavras os trabalhos que realizava na divisão de Inteligência da Marinha Britânica, aparece como um mero espectador e participante indireto da operação.

    Sem adiantar muito sobre o que acontece em meio à operação, é importante destacar as atuações de Colin Firth como o juiz Ewen Montagu, Matthew Macfadyen como o tenente Charles Cholmondeley e Kelly Macdonald como Jean Leslie. A troca entre os três, seja nas interações diretas, seja nos olhares dá a história aquele ar dramático romântico de triângulo amoroso que pode até não ter existido na realidade, mas que acaba tornando as relações ali construídas em prol de um meticuloso plano, uma verdadeira aventura também romântica. Foi uma inserção hollywoodiana em um contexto sério que valeu muito a pena acompanhar.

    Filme baseado em uma operação crucial para o fim da 2ª Guerra Mundial, "O soldado que não existiu" conta os detalhes da Operação Mincemeat, orquestrada pelo tenente do exército britânico Charles Cholmondeley(Matthew Macfadyen) e pelo juiz Ewen Montagu( Colin Firth) na esperança de enganar os nazistas sobre os futuros movimentos do exército britânico e assim dominar os territórios necessários para enfraquecer o poderio de Adolf Hitler. A operação, que na tradução literal de seu nome chamava-se Carne Moída, consistiu em forjar cartas com informações confidenciais endereçadas entre forças opostas à Hitler e fazer o conteúdo delas chegar ao conhecimento dos nazistas através de um cadáver de um soldado britânico supostamente abatido em combate.
    Colin Firth como Ewen Montagu em ” O Soldado que Não Existiu”| Netflix

    Outro detalhe maravilhoso inserido na narrativa de “O Soldado que Não Existiu” que faz com que o caso fique até mais interessante é a necessidade que os personagens tiveram em construir todo o histórico de vida do soldado anônimo cujo cadáver usariam na operação. O cadáver precisava ter nome e sobrenome, função, história, amores, jeito de viver e de pensar. E cada um dos personagens inseridos no seleto grupo dos que arquitetavam a operação, deu seu toque, seu pitaco. Como um livro escrito por vários escritores, cada um deixando um pouco de si para que aquele cadáver não fosse um desconhecido qualquer e sim alguém com uma história para contar.

    O irônico é que até hoje a identificação do cadáver utilizado na Operação Mincemeat e que teve sua história contada no filme “O Soldado que Não Existiu”, nunca foi feita. O codinome dado à ele pela equipe de inteligência da operação, “Major William Martin” foi o colocado em seu túmulo e a história escrita à muitas mãos sobre seus sonhos, planos, atos e amores não passou de um genial plano de espionagem, blefe e, por que não ” fake news” dos britânicos que cooperou diretamente para o fim da 2ª Guerra Mundial. O soldado que não existiu, realmente existiu, mas como um herói anônimo, que morreu por envenenamento e após a morte contribuiu para a tão almejada paz, ainda que temporária.

    Filme baseado em uma operação crucial para o fim da 2ª Guerra Mundial, "O soldado que não existiu" conta os detalhes da Operação Mincemeat, orquestrada pelo tenente do exército britânico Charles Cholmondeley(Matthew Macfadyen) e pelo juiz Ewen Montagu( Colin Firth) na esperança de enganar os nazistas sobre os futuros movimentos do exército britânico e assim dominar os territórios necessários para enfraquecer o poderio de Adolf Hitler. A operação, que na tradução literal de seu nome chamava-se Carne Moída, consistiu em forjar cartas com informações confidenciais endereçadas entre forças opostas à Hitler e fazer o conteúdo delas chegar ao conhecimento dos nazistas através de um cadáver de um soldado britânico supostamente abatido em combate.
    Colin Firth como Ewen Montagu e Matthew Macfadyen como Charles Cholmondeley em ” O Soldado que Não Existiu” | Netflix

    Mas o que o setor de Inteligência Britânica escreveu nas cartas que acabaram enganando os nazistas? Pistas falsas dizendo que os próximos alvos das forças armadas britânicas e americanas seriam a Grécia e Sardinia. Porém o próximo movimento dos Aliados seria na Sicília, onde chegaram e se instalaram sem grandes dificuldades, colapsando o regime de Mussolini e se tornando um dos principais fatores que auxiliaram no golpe contra as forças fascistas e o consequente fim da 2ª guerra mundial. Não é spoiler, é história.

    O filme O Soldado que Não Existiu está disponível na Netflix.

    Nota: 5/5
    Assista ao trailer:

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  • Crítica | Stranger Things – 4ª temporada: Volume 1

    Crítica | Stranger Things – 4ª temporada: Volume 1

    Em nova temporada da sensação da Netflix, Stranger Things traz novos personagens, efeitos especiais extremamente avançados e os anos 80’s ainda mais cool

    Stranger Things é, de fato, uma das maiores produções da Netflix. E muito disso se deve ao elenco que brilha desde o primeiro episódio. Acompanhar o crescimentos dos atores e dos personagens faz com que criemos um carinho ainda maior pela série, e talvez seja por isso que o número de telespectadores da série só aumenta.

    Após três anos de hiato, Strangers Things volta com tudo em sua quarta temporada, respondendo tudo o que ficou solto no final da terceira. Com Eleven (Millie Bobby Brown) indo embora de Hawkins junto com a família de Will (Noah Schapp), as coisas acabam mudando um pouco. Crescer já não é uma tarefa fácil, fazer isso longe dos amigos e em uma realidade que até pouco tempo não era a sua, é ainda mais difícil.

    Stranger Things
    Divulgação / Stranger Things

    Na primeira parte da quarta temporada vemos Eleven tentando se encaixar na vida de uma adolescente normal, tentando fazer amizade com as patricinhas da escola e manter o seu relacionamento a distância com o Mike (Finn Wolfhard), além de ter que lidar com o fato de que Hopper (David Harbour), seu pai postiço, está “morto”.

    As aspas utilizadas no texto acima não é nenhum spoiler, já que o capitão foi visto nos teaser divulgados.

    Além de El, Jonathan (Charlie Heatin) e Nancy (Natalia Dyer) também estão com a difícil missão de manter o relacionamento a distância, principalmente agora tendo que escolher qual faculdade cursar e todas aquelas incertezas que temos ao entrar na vida adulta. Max (Sadie Sinik), Dustin (Gaten Matarazzo), Lucas (Caleb McLaughin) e Steve (Joe Keery) também estão tentando levar suas vidas, agora com novos interesses e focados em apenas uma coisa: levar uma vida comum e sem monstros.

    Stranger Things
    Divulgação / Stranger Things

    Mas, nem tudo são flores em Hawkins. Logo no primeiro episódio descobrimos que uma nova criatura – e ainda mais assustadora- anda rondando as crianças e adolescentes da pacata cidade, causando toda uma destruição que pensávamos ter ficado para trás. A aparição dessa nova criatura faz com que os amigos se juntem novamente para acabar de vez com o mundo invertido. Mas será que eles são capazes de conseguir fazer isso sozinhos?

    Além do novo monstro, novos personagens são apresentados, uns que com certeza muitos vão amar, e outros que deixarão aquela pulga atrás da orelha. A quarta temporada de Stranger Things foi dividida em duas partes, a primeira será lançada ainda essa semana, dia 27. Em sua primeira parte, a série conseguiu provar mais uma vez que seus criadores realmente souberam viver e aproveitar os anos 80. Tudo é sempre muito nostálgico, a trilha sonora e os looks são impecáveis, não tem como negar.

    Stranger Things
    Divulgação / Stranger Things

    Os efeitos especiais e toda a produção estão de tirar o fôlego, com uma fotografia incrível, digníssima de Stranger Things. A única coisa que vem me desanimando desde a segunda temporada são os personagens da Eleven e do Will, que, mesmo sendo os principais e mais afetados com tudo que acontece na cidade, conseguem ser os mais “chatinhos” no quesito história e desenvolvimento com os outros personagens.

    Por fim, a primeira parte da quarta temporada de Stranger Things entregou tudo o que prometeu, e podemos esperar muito mais vindo aí!

    A primeira parte da 4ª temporada de Stranger Things estreia dia 27 de maio na Netflix.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Pureza – Filme baseado em história real faz uma denuncia ao trabalho escravo no Brasil

    Crítica | Pureza – Filme baseado em história real faz uma denuncia ao trabalho escravo no Brasil

    O longa, estrelado por Dira Paes, é um chamado de ação para que o público se torne um aliado na luta abolicionista no país.

    Para falar “Pureza”, que estreia nos cinemas dia 19 de maio, é preciso abordar o contexto do filme, a escravidão moderna. O longa, antes de mais, é uma denuncia às condições precárias que trabalhadores rurais ainda enfrentam no Brasil. Além disso, a obra é um chamado para que o público se junto a luta contra o sistema escravocrata, que persiste em vários locais do país. A ideia principal do diretor Renato Barbieri ao misturar a ficção e o documentário foi fazer uma denuncia, contando uma história real.

    O longa nacional acompanha a jornada de Pureza Lopes Loyola, mulher que vai em busca de seu filho, Abel (Matheus Abreu), que desapareceu enquanto seguia rumo ao garimpo no Pará, na década de 1990. Dona Pureza (Dira Paes), como é chamada, se emprega em uma fazenda como cozinheira na intenção de encontrar Abel. A mulher descobre, então, que seu filho e muitos outros, estavam trabalhando de forma análoga à escravidão em grandes propriedades rurais no estado. A personagem passa a presenciar a forma brutal como os trabalhadores eram tratados por seus superiores. Após ver torturas e mortes, Pureza ingressa em um movimento abolicionista para libertar pessoas que ainda estavam presas em um sistema escravocrata no Brasil.

    crítica pureza
    Foto: Divulgação

    O filme ainda retrata a negligencia das autoridades politicas com relação às denuncias feitas por Pureza e outros ativistas. Na obra, fica claro que não é do interesse de todos que a escravidão seja abolida no país, principalmente nas regiões periféricas. Por isso, a mãe angustiada precisa ir à busca de provas concretas para comprovar que ainda existem trabalhadores escravizados no Brasil.

    Crítica Pureza

    O elenco faz um belíssimo trabalho, com um destaque especial para Dira Paes, que entra na pele da protagonista e atua perfeitamente bem. A atriz capta o sentimento de amor de uma mãe por seu filho, sem perder sua doçura e, com o perdão do trocadilho, sua pureza. Além de demonstrar a revolta e a luta necessárias para a composição de uma personagem humana, que via atrocidades acontecendo ao seu redor. Vale destacar também que Dona Pureza acompanhou o processo de produção do filme e deu seu aval para tudo que as câmeras capturaram. Além disso, Barbieri foi a campo para conversar com os trabalhadores que foram escravizados e resgatados, com a intenção de ter contato com mais relatos reais.

    crítica pureza
    Dira Paes e Pureza Lopes (Foto: Reprodução/Internet)

    No geral, Renato Barbieri faz um bom trabalho como diretor e leva o espectador a uma reflexão maior após ver o filme. É uma obra para se emocionar com uma história de amor e luta de uma mãe por seu filho, mas também para se revoltar. É quase impossível que o público não se comova com todo o drama real que é representado nos 101 minutos de tela. O longa, inclusive, tem uma boa fluidez, na qual, o telespectador mal vê o tempo passar. A crítica que pode ser feita à obra é justamente essa, ela poderia ser maior, se aprofundando um pouco mais na história, que já é muito envolvente. O diretor poderia ter dado uma atenção especial ao reencontro da mãe com seu filho e detalhado um pouco mais esse momento. O filme deixa uma expectativa sobre o que vem depois do final, o que poderia ter sido mais explorado na tela.

    Contudo, “Pureza” traz junto com sua biografia uma denuncia contra a escravidão moderna, que ainda faz vitimas em todo o país. Não há como desvincular o filme da realidade brasileira e tudo que a obra representa, um chamado para o abolicionismo da escravidão. O longa passa com muita clareza sua mensagem de que a Lei Aurea ainda não é real na prática, mesmo tendo sido assinada 133 atrás.

    Nota: 4/5

    Confira o trailer oficial:

  • Crítica | A Médium – Terror tailandês aborda xamanismo, crenças e carma em um filme intenso e assustador.

    Novo filme de terror do diretor Banjong Pisanthanakun, “A Médium” conta a história de herança mediúnica de uma família tailandesa que mora no nordeste da Tailândia através das lentes de uma equipe de documentaristas. A atual portadora do poder mediúnico-xamânico, Nim ( Sawanee Utoomma) é quem explica como o poder oferecido pela divindade Bayan é transmitido há gerações em sua família e a forma como o utiliza para cuidar de todos os habitantes do lugar. Mas ao acompanhar a médium Nim a equipe começa a testemunhar e registrar mortes inexplicáveis e o comportamento estranho de Mink( Narilya Gulmongkolpech) futura herdeira do dom mediúnico de Nim.

    Com excelentes atuações, boa fotografia e enredo com certos clichês mas com valorosos trunfos , A Médium é intensamente insano. A escolha do diretor Banjong Pisanthanakun (Espíritos- a morte está ao seu lado) em mostrar a história de Nim e sua família em forma de documentário em produção ajuda muito na tensão pois nunca sabemos que rumo os acontecimentos irão tomar, por estarmos tão absortos no caos instalado quanto os estranhos que estão ali só para documentar uma curiosa história. Felizmente o movimento de câmeras alterna entre filmagens de circuito interno de câmeras e filmagens diretas, o que dá mais dinâmica ao que pareceria absurdo filmar de forma direta sem fazer os telespectadores se perguntarem: – por que ainda não fugiram daí?

    Novo filme de terror do diretor Banjong Pisanthanakun, "A Médium" conta a história de herança mediúnica  de uma família tailandesa que mora no nordeste da Tailândia através das lentes de uma equipe de documentaristas. A atual portadora do poder mediúnico-xamânico, Nim ( Sawanee Utoomma) é quem explica como o poder oferecido pela divindade Bayan é transmitido há gerações em sua família e a forma como o utiliza para cuidar de todos os habitantes do lugar. Mas ao acompanhar a médium Nim a equipe começa a testemunhar e registrar mortes inexplicáveis e o comportamento estranho de Mink( Narilya Gulmongkolpech) futura herdeira do dom mediúnico de Nim.
    A Médium | Paris Filmes

    A ambientação do local empresta ao filme toda uma atmosfera única de local com culturas e crenças diferentes e hábitos únicos, o que acaba convertendo os telespectadores em curiosos não só em entender os desdobramentos da história central como conhecer parte da cultura, dos locais de culto e convivência e dos costumes do vilarejo tailandês de Noei. O aparente aspecto bucólico e atrasado de todos os lugares mostrados em A Médium, ao mesmo tempo que cativam em alguns momentos, contribui para os sustos e o terror em outros, dando aquela constante sensação de estarmos presos ali junto da equipe de filmagem. Sem chance de fuga ou salvação.

    A personagem Nim(Sawanee Utoomma), a xamã médium que recebe os documentaristas e os orienta sobre a história ancestral de sua família, passa a ser uma figura de conforto. A aura simpática e acolhedora de protetora da vila acaba transcendendo seus relatos e acaba fazendo com que os telespectadores se sintam seguros por ela estar presente com seus poderes e sabedoria. O contraste perfeito com a atuação de Mink(Narilya Gulmongkolpech), inicialmente uma adolescente cética que não acredita nas heranças mediúnicasde sua família mas que, com o passar das cenas rapidamente se torna a figura mais assustadora e imprevisível do filme.

    Novo filme de terror do diretor Banjong Pisanthanakun, "A Médium" conta a história de herança mediúnica  de uma família tailandesa que mora no nordeste da Tailândia através das lentes de uma equipe de documentaristas. A atual portadora do poder mediúnico-xamânico, Nim ( Sawanee Utoomma) é quem explica como o poder oferecido pela divindade Bayan é transmitido há gerações em sua família e a forma como o utiliza para cuidar de todos os habitantes do lugar. Mas ao acompanhar a médium Nim a equipe começa a testemunhar e registrar mortes inexplicáveis e o comportamento estranho de Mink( Narilya Gulmongkolpech) futura herdeira do dom mediúnico de Nim.
    A Médium| Paris Filmes

    Os olhares e os gestuais tão comuns em filmes envolvendo possessão estão presentes, mas a forma que Narilya os reproduz em sua Mink , no filme A Médium, passa a ser só dela. Algumas cenas durante seus “lapsos” podem ser fortes demais para algumas pessoas, então já fica aqui o alerta. Fechar os olhos é uma válida opção.

    As discussões que acompanham o desenvolvimento de “A Médium” são colocadas sempre como uma verdadeira linha de pensamento e explicação do todo, fundamentais pra entender cada desdobramento, sem peças soltas. Nim inicia o filme explicando a existência de espíritos bons e ruins e também explica que o espírito da deusa Bayan seria fardo de sua irmã Noi( Sirani Yankittikan), que se recusou a aceitar e buscou uma religião que blindasse à ela e a filha Mink de suas supostas obrigações ancestrais. A fé e a descrença, o fardo e a obrigação, as ações benevolentes e os karmas de cada indivíduo, tudo é explicado e bem inserido no enredo.

    Novo filme de terror do diretor Banjong Pisanthanakun, "A Médium" conta a história de herança mediúnica  de uma família tailandesa que mora no nordeste da Tailândia através das lentes de uma equipe de documentaristas. A atual portadora do poder mediúnico-xamânico, Nim ( Sawanee Utoomma) é quem explica como o poder oferecido pela divindade Bayan é transmitido há gerações em sua família e a forma como o utiliza para cuidar de todos os habitantes do lugar. Mas ao acompanhar a médium Nim a equipe começa a testemunhar e registrar mortes inexplicáveis e o comportamento estranho de Mink( Narilya Gulmongkolpech) futura herdeira do dom mediúnico de Nim.
    A Médium| Paris Filmes

    O único ponto negativo do filme foi também um de seus trunfos: a escolha pelo found footage/documentário. Acredito que a história teria ficado muito melhor em certas cenas sem fazer parecer um reality show, pois em momentos de desespero e alarde em torno de uma situação que necessita ajuda de terceiros, os documentaristas se preocupavam em filmar, não em ajudar. Mas foram cenas bem específicas então não interferiram tanto no entendimento ou na experiência imersiva do filme.

    O diretor Banjong Pisanthanakun poderá se orgulhar de mais uma referência boa em seu currículo, antes só conhecido pelo trabalho de direção do já citado “Espíritos- a morte está ao seu lado“, terror tailandês sempre lembrado pelos fãs do gênero de forma saudosista.

    O filme A Médium foi lançado no ano de 2021 e só agora será distribuído nos cinemas brasileiros pela Paris filmes com estreia marcada para dia 19 de maio de 2022.

    Nota: 4/5
    Assista ao trailer:

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