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  • Crítica | Jurassic World: Domínio – Final de franquia medíocre com boas cenas de ação

    Crítica | Jurassic World: Domínio – Final de franquia medíocre com boas cenas de ação

    Jurassic World: Domínio se encarregou de finalizar sua trilogia traçando conexões mais fortes com Jurassic Park de forma mal trabalhada, com participações gratuitas e com inconsistências de roteiro da própria trilogia e a franquia como um todo.

    Sinopse: Jurassic World: Domínio acontece quatro anos após a destruição da Ilha Nublar. Os dinossauros agora vivem – e caçam – ao lado de humanos em todo o mundo. Esse frágil equilíbrio remodelará o futuro e determinará, de uma vez por todas, se os seres humanos continuarão sendo os principais predadores em um planeta que agora compartilham com as criaturas mais temíveis da história.

    Jurassic World: Domínio - Final de franquia medíocre com boas cenas de ação
    Jurassic World: Domínio | Universal Pictures

    Pra deixar claro, a sinopse acima vende o filme mais pela expectativa do público do que público quer ver do que pela própria trama em si. Jurassic World: Domínio limita o coexistência de humanos e dinossauros em um mundo moderno e como isso os afeta de fato. O roteiro de Emily Carmichael e Colin Trevorrow opta por explicações fáceis como uma narração e manchetes de jornais que atualizam o espectador sobre a situação mundial causada pelo domínio global dos dinossauros e suas incontáveis espécies.

    Essa é uma técnica muito usada para enxugar a trama e ainda manter o espectador ciente de acontecimentos que ocorrem fora da tela mas que ainda geram impacto para a trama. Quando bem trabalhada, esse artifício beneficia o desenvolvimento do filme trazendo respostas necessárias. Em Jurassic World: Domínio o método se encaixa de maneira positiva, mas tira todo o impacto dos acontecimentos deixados por “Reino Ameaçado”, praticamente ignorando de certa uma continuidade para a trama do segundo filme da nova trilogia da franquia, algo muito parecido com o que aconteceu com a nova trilogia de Star Wars.

    Colin Trevorrow reabriu a franquia Jurassic Park de forma coesa inserindo o grande clássico na cultura pop para toda uma nova geração. No segundo filme, tivemos a saída do diretor, que foi substituído por Juan Antonio Bayona, que optou por decisões criativas diferentes. Agora com o retorno de Trevorrow, ‘Domínio’ deixa claro que os planos do cineasta eram bem diferentes, tirando o peso da trama de Bayona, que por sinal era mais interessante, causando uma incoerência e inconsistência para a trilogia Jurassic World, finalizando a história de maneira decepcionante e medíocre, diferente do que foi feito no início.

    Jurassic World: Domínio - Final de franquia medíocre com boas cenas de ação
    Bastidores de Jurassic World: Domínio | Universal Pictures

    A impressão que fica é de que Jurassic World: Domínio trata a coexistência de humanos e dinossauros como algo do tipo “não posso ignorar porque é algo que já não dá pra remover, mas também não precisamos torná-la a trama central”. Trevowrroy e Carmichael decidem focar numa trama humana e familiar desinteressante com toques de “O Clone” de Glória Perez, que teria potencial se o filme não fosse sobre dinossauros.

    Apesar dos pesares, a direção do cineasta é satisfatória para o que o filme se propõe, mesmo que de forma errada pela sua prticipação no roteiro do longa. O diretor consegue extrair o máximo da tensão em ótimas cenas em que dinossauros perseguem humanos e o pavor e claustrofobia quando não há escapatória dos dentes e das garras dessas criaturas.

    O destaque fica pra trilha sonora de Michael Giaccino que dá o tom pro filme com uma sonoridade marcante que muitas das vezes se sobressai, atraindo mais o espectador pra imersão do filme. Por diversas vezes o filme é cansativo, mas a trilha sonora de Giaccino reacende a vontade de quem fica plantado na poltrona pelas longas duas horas e vinte e sete minutos.

    Jurassic World: Domínio - Final de franquia medíocre com boas cenas de ação
    Bastidores de Jurassic World: Domínio | Universal Pictures

    A volta do elenco original segue o péssimo padrão do que a Marvel Studios vem fazendo em suas atuais produções (a nível de comparação), querendo garantir bilheteria em cima de nostalgia para abafar a má qualidade e incoerência da fase atual de sua franquia. A volta de Jeff Goldblum, Laura Dern e Sam Neill é meramente gratuita e a trama de seus personagens toma tempos preciosos para desenvolver a escala global de ‘Domínio’, reduzindo a trama mais uma vez para um ambiente limitado com poucas explorações, tomando o posto de trama principal. De certa forma, a volta da Dra. Ellie Sattler e do Dr. Ian Malcom até que se complementam, mas Alan Grant fica perdido, limitando o personagem à retomada de um romance clichê que facilmente poderia ter sido cortada do filme.

    Dern veste mais uma vez a pele de sua personagem e se mostra bem a vontade e feliz por isso. Apesar dos pesares, quem se destaca nesse retorno é Goldblum que fica responsável pelas melhores tiradas cômicas em momentos apropriados, com seu jeito irreverente quase difícil de distinguir quem é o ator e quem é o personagem; sem dúvidas é o principal personagem de sua carreira.

    já no elenco novato, Chris Pratt fica mais perdido que cego em tiroteio, com seu personagem apático que pouco importa e não causa sentimento algum ao espectador. Bryce Dallas Howard é quem se sobressai dando novas camadas à sua personagem que era o oposto em outros filmes, e dessa vez o protagonismo é seu. o resto é classificado como figuração que marca presença pra encaixar pontas soltas na trama.

    Jurassic World: Domínio - Final de franquia medíocre com boas cenas de ação
    Bastidores de Jurassic World: Domínio | Universal Pictures

    Excepcionalmente, saindo um pouco do foco crítico e técnico, focando mais no público geral e fazendo uma perspectiva, é importante frisar que para quem busca diversão e entretenimento o filme pode ser uma baita experiência pelas ótimas cenas de ação que o filme tem. Jurassic World: Domínio continua a tradição dos novos blockbusters que se tornam uma experiência e que são feitos para serem assistidos no cinema, de preferência em uma sala especial como IMAX, XPlus ou 4DX.

    Jurassic World: Domínio peca em seu desenvolvimento, escolhas criativas, nostalgia gratuita e traz um final sem peso e sem a escala épica que um final de franquia merece, principalmente uma que moldou toda uma geração de cinéfilos e foi responsável por reinserção na cultura cinematográfica de uma nova geração. O longa se salva da frustração pública pela qualidade impecável de sua trilha sonora e dos momentos de ação que são compensatórios. Partindo pra suposição, se o final de ‘Reino Ameaçado’ fosse o final de ‘Domínio’, a história do terceiro filme poderia ter se encaixado melhor, finalizado bem a franquia e com um final que abriria margem para spin-offs e quem sabe uma série.

    Nota: 2,5/5

    Assista ao trailer:
  • Crítica | De volta ao baile- Rebel Wilson protagoniza divertida comédia sobre popularidade e amadurecimento

    Na nova comédia romântica da Netflix “De volta ao baile”, conhecemos Stephanie, uma jovem capitã das líderes de torcida que sofre um acidente em uma apresentação e fica em coma por 20 anos, perdendo consequentemente as últimas duas semanas de seu colegial e o tão sonhado título de rainha do baile da escola. Ao acordar, já adulta, estabelece uma forma bastante incomum de retornar à sua própria vida: corre atrás de poder viver as duas semanas no colégio e o baile que perdeu, no corpo de uma adulta em seus quase 40 anos de idade, mas com a mente adolescente. Podemos reconhecer vários elementos de outros enredos aqui, mas, apesar do roteiro clichê, o filme diverte com seus momentos hilários e o timing cômico já conhecido de Rebel Wilson, a atriz que interpreta a protagonista em sua idade adulta.

    A atriz Rebel Wilson, já conhecida pelos telespectadores assíduos de comédias românticas como Escolha Perfeita(2012), Megarromântico(2019), Missão Madrinhas de casamento(2011) e Trapaceiras(2019) brilha agora como a protagonista adulta que precisa superar o que lhe foi tomado para que possa seguir em frente. Analisando a sinopse de cara, percebemos que ,não fosse o enfoque cômico predominante na atuação de Rebel e no enredo como um todo, “De volta ao baile” poderia facilmente ser um filme de drama com ênfases específicas nas consequências traumáticas que o turbilhão de realidade após anos de coma, pode representar na vida de uma adolescente no corpo de adulta.

    Na nova comédia romântica da Netflix "De volta ao baile", conhecemos Stephanie, uma jovem capitã das líderes de torcida que sofre um acidente em uma apresentação e fica em coma por 20 anos, perdendo consequentemente as últimas duas semanas de seu colegial e o tão sonhado título de rainha do baile da escola. Ao acordar, já adulta, estabelece uma forma bastante incomum de retornar à sua própria vida: corre atrás de poder viver as duas semanas no colégio e o baile que perdeu, no corpo de uma adulta em seus quase 40 anos de idade, mas com a mente adolescente. Podemos reconhecer vários elementos de outros enredos aqui, mas, apesar do roteiro clichê, o filme diverte com seus momentos hilários e o timing cômico já conhecido de Rebel Wilson, a atriz que interpreta a protagonista em sua idade adulta.
    De Volta ao Baile | NETFLIX

    Felizmente a história de Stephanie conseguiu comover sem beirar o drama melancólico e conseguiu divertir bastante sem querer ser mais do que é: uma comédia romântica colegial sobre aceitação, amizade e amadurecimento, como todas as melhores comédias românticas são.

    É interessante que 9 entre 10 filmes escolha o ambiente escolar para tratar de assuntos importantes para a adolescência, já que é neste ambiente que o jovem passa a maior parte de seu tempo. Na configuração atual do colégio de Stephanie(Rebel Wilson), quando ela retorna depois de 20 anos de seu último contato com os corredores do colegial, há um enorme esforço em modificar a forma como o jovem é cobrado em ser popular e não ser o “excluído”. Vemos sob os olhos perplexos de incredulidade da protagonista que a tentativa, de reprimir o comportamento dos adolescentes, forma uma corrente de positivismo nada natural. Como se tentassem reprimir algo natural no contexto social da vida no colégio e na sociedade.

    Na nova comédia romântica da Netflix "De volta ao baile", conhecemos Stephanie, uma jovem capitã das líderes de torcida que sofre um acidente em uma apresentação e fica em coma por 20 anos, perdendo consequentemente as últimas duas semanas de seu colegial e o tão sonhado título de rainha do baile da escola. Ao acordar, já adulta, estabelece uma forma bastante incomum de retornar à sua própria vida: corre atrás de poder viver as duas semanas no colégio e o baile que perdeu, no corpo de uma adulta em seus quase 40 anos de idade, mas com a mente adolescente. Podemos reconhecer vários elementos de outros enredos aqui, mas, apesar do roteiro clichê, o filme diverte com seus momentos hilários e o timing cômico já conhecido de Rebel Wilson, a atriz que interpreta a protagonista em sua idade adulta.
    De Volta ao Baile | NETFLIX

    Nesse ponto o amadurecimento de Stephanie( Rebel Wilson) teve que ser condensado entre as diversas situações que ela se propõe a viver em sua nova oportunidade de recuperar o tempo perdido. E é essa a beleza indireta do enredo de “De volta ao baile”. Aprendendo ou não a lição, a vida segue. E Stephanie sabe que mesmo que não tenha sentido que seu tempo passou, os traumas e a realidade a obrigam a aceitar e entender o que deve ser feito dali em diante.

    A Netflix tem investido bastante nesse nicho, por saber que os telespectadores adoram os clássicos mas também gostam de novidades, seja em relação à novos aspectos a serem abordados em cada história, seja na apresentação de uma nova geração de atores. E essa troca entre diferentes gerações, quando presente em um mesmo filme como “De volta ao baile”, faz toda a diferença. Tanto pela identificação dos telespectadores com o personagem que se encontra em sua provável faixa etária, quanto pela troca entre os próprios personagens. E esse filme usa essa troca de uma forma muito inteligente e auto referencial, unindo elementos da cultura pop, dos filmes do gênero e da constante evolução do que é ser popular no contexto estudantil.

    Na nova comédia romântica da Netflix "De volta ao baile", conhecemos Stephanie, uma jovem capitã das líderes de torcida que sofre um acidente em uma apresentação e fica em coma por 20 anos, perdendo consequentemente as últimas duas semanas de seu colegial e o tão sonhado título de rainha do baile da escola. Ao acordar, já adulta, estabelece uma forma bastante incomum de retornar à sua própria vida: corre atrás de poder viver as duas semanas no colégio e o baile que perdeu, no corpo de uma adulta em seus quase 40 anos de idade, mas com a mente adolescente. Podemos reconhecer vários elementos de outros enredos aqui, mas, apesar do roteiro clichê, o filme diverte com seus momentos hilários e o timing cômico já conhecido de Rebel Wilson, a atriz que interpreta a protagonista em sua idade adulta.
    De Volta ao Baile | NETFLIX

    O elenco juvenil de “De volta ao baile” está afiadíssimo, brilhando mesmo em papéis secundários, cada um deixando aquele gostinho de “queria acompanhar mais a vida desde personagem”. Atores como Joshua Colley( Yaz), Avantika Vandanapu(Janet Singh), Angorie Rice ( a jovem Stephanie) , Ana Yi Puig ( a jovem Tiff) e Jade Bender ( Bri Loves) com certeza terão protagonismos em novas produções, pela popularidade de “De volta ao baile”. Um ganho tanto para a plataforma quanto para os telespectadores.

    Uma comédia divertidíssima que irá encantar tanto a nova geração quanto os amantes de clássicos da comédia romântica. Não pelo ineditismo das discussões ou pela ausência de clichês. Mas com conter tudo o que uma boa comédia romântica merece ter: bons personagens, protagonista cativante, trilha e cenas hilárias e uma lição a ensinar.

    De volta ao baile” está disponível na Netflix.

    Nota: 3,5/5
    Assista ao trailer:
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  • Crítica | O Soldado que Não Existiu – História real sobre um plano baseado em blefe e “fake news” na 2ª Guerra Mundial

    Filme baseado em uma operação crucial para o fim da 2ª Guerra Mundial, “O soldado que não existiu” conta os detalhes da Operação Mincemeat, orquestrada pelo tenente do exército britânico Charles Cholmondeley(Matthew Macfadyen) e pelo juiz Ewen Montagu( Colin Firth) na esperança de enganar os nazistas sobre os futuros movimentos do exército britânico e assim dominar os territórios necessários para enfraquecer o poderio de Adolf Hitler. A operação, que na tradução literal de seu nome chamava-se Carne Moída, consistiu em forjar cartas com informações confidenciais endereçadas entre forças opostas à Hitler e fazer o conteúdo delas chegar ao conhecimento dos nazistas através de um cadáver de um soldado britânico supostamente abatido em combate.

    Não bastasse a história já ser interessantíssima pelo contexto histórico e pela forma como foi minunciosamente arquitetada, se tornando uma verdadeira aula de espionagem e estratégia, a adaptação mais recente, feita pela Netflix, sobre a Operação Mincemeat contou com a direção de John Madden( Shakespeare Apaixonado) e seu cuidado em fazer qualquer história algo marcante e satisfatório de assistir. Mesmo estando em um contexto de guerra, a atenção do filme “O soldado que não existiu” está nos detalhes, dos espaços de reunião ao bares festivos, das ruas pouco iluminadas aos sussurros entre espiões. Muito se fala na guerra mas o horror gráfico não ocorre, deixando o telespectador com a melhor parte: os bastidores.

    Filme baseado em uma operação crucial para o fim da 2ª Guerra Mundial, "O soldado que não existiu" conta os detalhes da Operação Mincemeat, orquestrada pelo tenente do exército britânico Charles Cholmondeley(Matthew Macfadyen) e pelo juiz Ewen Montagu( Colin Firth) na esperança de enganar os nazistas sobre os futuros movimentos do exército britânico e assim dominar os territórios necessários para enfraquecer o poderio de Adolf Hitler. A operação, que na tradução literal de seu nome chamava-se Carne Moída, consistiu em forjar cartas com informações confidenciais endereçadas entre forças opostas à Hitler e fazer o conteúdo delas chegar ao conhecimento dos nazistas através de um cadáver de um soldado britânico supostamente abatido em combate.
    Johnny Flynn como Ian Flemming em “O Soldado que Não Existiu”| Netflix

    No primeiro momento do filme, o narrador Ian Flemming(Johnny Flynn) já explica que na história existem sempre versões: um lado, visto por todos e outro lado oculto, que poucos sabem sobre o que ou como ocorreu. E é a parte oculta, esta mais interessante de se debruçar e compartilhar, é a que seria mostrada no filme. Ian Flemming foi um militar, escritor e jornalista britânico que anos depois criaria e escreveria romances sobre o agente secreto mais conhecido no mundo todo: James Bond. Mas naquele momento da história, apesar de já se encantar em relatar em palavras os trabalhos que realizava na divisão de Inteligência da Marinha Britânica, aparece como um mero espectador e participante indireto da operação.

    Sem adiantar muito sobre o que acontece em meio à operação, é importante destacar as atuações de Colin Firth como o juiz Ewen Montagu, Matthew Macfadyen como o tenente Charles Cholmondeley e Kelly Macdonald como Jean Leslie. A troca entre os três, seja nas interações diretas, seja nos olhares dá a história aquele ar dramático romântico de triângulo amoroso que pode até não ter existido na realidade, mas que acaba tornando as relações ali construídas em prol de um meticuloso plano, uma verdadeira aventura também romântica. Foi uma inserção hollywoodiana em um contexto sério que valeu muito a pena acompanhar.

    Filme baseado em uma operação crucial para o fim da 2ª Guerra Mundial, "O soldado que não existiu" conta os detalhes da Operação Mincemeat, orquestrada pelo tenente do exército britânico Charles Cholmondeley(Matthew Macfadyen) e pelo juiz Ewen Montagu( Colin Firth) na esperança de enganar os nazistas sobre os futuros movimentos do exército britânico e assim dominar os territórios necessários para enfraquecer o poderio de Adolf Hitler. A operação, que na tradução literal de seu nome chamava-se Carne Moída, consistiu em forjar cartas com informações confidenciais endereçadas entre forças opostas à Hitler e fazer o conteúdo delas chegar ao conhecimento dos nazistas através de um cadáver de um soldado britânico supostamente abatido em combate.
    Colin Firth como Ewen Montagu em ” O Soldado que Não Existiu”| Netflix

    Outro detalhe maravilhoso inserido na narrativa de “O Soldado que Não Existiu” que faz com que o caso fique até mais interessante é a necessidade que os personagens tiveram em construir todo o histórico de vida do soldado anônimo cujo cadáver usariam na operação. O cadáver precisava ter nome e sobrenome, função, história, amores, jeito de viver e de pensar. E cada um dos personagens inseridos no seleto grupo dos que arquitetavam a operação, deu seu toque, seu pitaco. Como um livro escrito por vários escritores, cada um deixando um pouco de si para que aquele cadáver não fosse um desconhecido qualquer e sim alguém com uma história para contar.

    O irônico é que até hoje a identificação do cadáver utilizado na Operação Mincemeat e que teve sua história contada no filme “O Soldado que Não Existiu”, nunca foi feita. O codinome dado à ele pela equipe de inteligência da operação, “Major William Martin” foi o colocado em seu túmulo e a história escrita à muitas mãos sobre seus sonhos, planos, atos e amores não passou de um genial plano de espionagem, blefe e, por que não ” fake news” dos britânicos que cooperou diretamente para o fim da 2ª Guerra Mundial. O soldado que não existiu, realmente existiu, mas como um herói anônimo, que morreu por envenenamento e após a morte contribuiu para a tão almejada paz, ainda que temporária.

    Filme baseado em uma operação crucial para o fim da 2ª Guerra Mundial, "O soldado que não existiu" conta os detalhes da Operação Mincemeat, orquestrada pelo tenente do exército britânico Charles Cholmondeley(Matthew Macfadyen) e pelo juiz Ewen Montagu( Colin Firth) na esperança de enganar os nazistas sobre os futuros movimentos do exército britânico e assim dominar os territórios necessários para enfraquecer o poderio de Adolf Hitler. A operação, que na tradução literal de seu nome chamava-se Carne Moída, consistiu em forjar cartas com informações confidenciais endereçadas entre forças opostas à Hitler e fazer o conteúdo delas chegar ao conhecimento dos nazistas através de um cadáver de um soldado britânico supostamente abatido em combate.
    Colin Firth como Ewen Montagu e Matthew Macfadyen como Charles Cholmondeley em ” O Soldado que Não Existiu” | Netflix

    Mas o que o setor de Inteligência Britânica escreveu nas cartas que acabaram enganando os nazistas? Pistas falsas dizendo que os próximos alvos das forças armadas britânicas e americanas seriam a Grécia e Sardinia. Porém o próximo movimento dos Aliados seria na Sicília, onde chegaram e se instalaram sem grandes dificuldades, colapsando o regime de Mussolini e se tornando um dos principais fatores que auxiliaram no golpe contra as forças fascistas e o consequente fim da 2ª guerra mundial. Não é spoiler, é história.

    O filme O Soldado que Não Existiu está disponível na Netflix.

    Nota: 5/5
    Assista ao trailer:

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  • Crítica | Stranger Things – 4ª temporada: Volume 1

    Crítica | Stranger Things – 4ª temporada: Volume 1

    Em nova temporada da sensação da Netflix, Stranger Things traz novos personagens, efeitos especiais extremamente avançados e os anos 80’s ainda mais cool

    Stranger Things é, de fato, uma das maiores produções da Netflix. E muito disso se deve ao elenco que brilha desde o primeiro episódio. Acompanhar o crescimentos dos atores e dos personagens faz com que criemos um carinho ainda maior pela série, e talvez seja por isso que o número de telespectadores da série só aumenta.

    Após três anos de hiato, Strangers Things volta com tudo em sua quarta temporada, respondendo tudo o que ficou solto no final da terceira. Com Eleven (Millie Bobby Brown) indo embora de Hawkins junto com a família de Will (Noah Schapp), as coisas acabam mudando um pouco. Crescer já não é uma tarefa fácil, fazer isso longe dos amigos e em uma realidade que até pouco tempo não era a sua, é ainda mais difícil.

    Stranger Things
    Divulgação / Stranger Things

    Na primeira parte da quarta temporada vemos Eleven tentando se encaixar na vida de uma adolescente normal, tentando fazer amizade com as patricinhas da escola e manter o seu relacionamento a distância com o Mike (Finn Wolfhard), além de ter que lidar com o fato de que Hopper (David Harbour), seu pai postiço, está “morto”.

    As aspas utilizadas no texto acima não é nenhum spoiler, já que o capitão foi visto nos teaser divulgados.

    Além de El, Jonathan (Charlie Heatin) e Nancy (Natalia Dyer) também estão com a difícil missão de manter o relacionamento a distância, principalmente agora tendo que escolher qual faculdade cursar e todas aquelas incertezas que temos ao entrar na vida adulta. Max (Sadie Sinik), Dustin (Gaten Matarazzo), Lucas (Caleb McLaughin) e Steve (Joe Keery) também estão tentando levar suas vidas, agora com novos interesses e focados em apenas uma coisa: levar uma vida comum e sem monstros.

    Stranger Things
    Divulgação / Stranger Things

    Mas, nem tudo são flores em Hawkins. Logo no primeiro episódio descobrimos que uma nova criatura – e ainda mais assustadora- anda rondando as crianças e adolescentes da pacata cidade, causando toda uma destruição que pensávamos ter ficado para trás. A aparição dessa nova criatura faz com que os amigos se juntem novamente para acabar de vez com o mundo invertido. Mas será que eles são capazes de conseguir fazer isso sozinhos?

    Além do novo monstro, novos personagens são apresentados, uns que com certeza muitos vão amar, e outros que deixarão aquela pulga atrás da orelha. A quarta temporada de Stranger Things foi dividida em duas partes, a primeira será lançada ainda essa semana, dia 27. Em sua primeira parte, a série conseguiu provar mais uma vez que seus criadores realmente souberam viver e aproveitar os anos 80. Tudo é sempre muito nostálgico, a trilha sonora e os looks são impecáveis, não tem como negar.

    Stranger Things
    Divulgação / Stranger Things

    Os efeitos especiais e toda a produção estão de tirar o fôlego, com uma fotografia incrível, digníssima de Stranger Things. A única coisa que vem me desanimando desde a segunda temporada são os personagens da Eleven e do Will, que, mesmo sendo os principais e mais afetados com tudo que acontece na cidade, conseguem ser os mais “chatinhos” no quesito história e desenvolvimento com os outros personagens.

    Por fim, a primeira parte da quarta temporada de Stranger Things entregou tudo o que prometeu, e podemos esperar muito mais vindo aí!

    A primeira parte da 4ª temporada de Stranger Things estreia dia 27 de maio na Netflix.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Pureza – Filme baseado em história real faz uma denuncia ao trabalho escravo no Brasil

    Crítica | Pureza – Filme baseado em história real faz uma denuncia ao trabalho escravo no Brasil

    O longa, estrelado por Dira Paes, é um chamado de ação para que o público se torne um aliado na luta abolicionista no país.

    Para falar “Pureza”, que estreia nos cinemas dia 19 de maio, é preciso abordar o contexto do filme, a escravidão moderna. O longa, antes de mais, é uma denuncia às condições precárias que trabalhadores rurais ainda enfrentam no Brasil. Além disso, a obra é um chamado para que o público se junto a luta contra o sistema escravocrata, que persiste em vários locais do país. A ideia principal do diretor Renato Barbieri ao misturar a ficção e o documentário foi fazer uma denuncia, contando uma história real.

    O longa nacional acompanha a jornada de Pureza Lopes Loyola, mulher que vai em busca de seu filho, Abel (Matheus Abreu), que desapareceu enquanto seguia rumo ao garimpo no Pará, na década de 1990. Dona Pureza (Dira Paes), como é chamada, se emprega em uma fazenda como cozinheira na intenção de encontrar Abel. A mulher descobre, então, que seu filho e muitos outros, estavam trabalhando de forma análoga à escravidão em grandes propriedades rurais no estado. A personagem passa a presenciar a forma brutal como os trabalhadores eram tratados por seus superiores. Após ver torturas e mortes, Pureza ingressa em um movimento abolicionista para libertar pessoas que ainda estavam presas em um sistema escravocrata no Brasil.

    crítica pureza
    Foto: Divulgação

    O filme ainda retrata a negligencia das autoridades politicas com relação às denuncias feitas por Pureza e outros ativistas. Na obra, fica claro que não é do interesse de todos que a escravidão seja abolida no país, principalmente nas regiões periféricas. Por isso, a mãe angustiada precisa ir à busca de provas concretas para comprovar que ainda existem trabalhadores escravizados no Brasil.

    Crítica Pureza

    O elenco faz um belíssimo trabalho, com um destaque especial para Dira Paes, que entra na pele da protagonista e atua perfeitamente bem. A atriz capta o sentimento de amor de uma mãe por seu filho, sem perder sua doçura e, com o perdão do trocadilho, sua pureza. Além de demonstrar a revolta e a luta necessárias para a composição de uma personagem humana, que via atrocidades acontecendo ao seu redor. Vale destacar também que Dona Pureza acompanhou o processo de produção do filme e deu seu aval para tudo que as câmeras capturaram. Além disso, Barbieri foi a campo para conversar com os trabalhadores que foram escravizados e resgatados, com a intenção de ter contato com mais relatos reais.

    crítica pureza
    Dira Paes e Pureza Lopes (Foto: Reprodução/Internet)

    No geral, Renato Barbieri faz um bom trabalho como diretor e leva o espectador a uma reflexão maior após ver o filme. É uma obra para se emocionar com uma história de amor e luta de uma mãe por seu filho, mas também para se revoltar. É quase impossível que o público não se comova com todo o drama real que é representado nos 101 minutos de tela. O longa, inclusive, tem uma boa fluidez, na qual, o telespectador mal vê o tempo passar. A crítica que pode ser feita à obra é justamente essa, ela poderia ser maior, se aprofundando um pouco mais na história, que já é muito envolvente. O diretor poderia ter dado uma atenção especial ao reencontro da mãe com seu filho e detalhado um pouco mais esse momento. O filme deixa uma expectativa sobre o que vem depois do final, o que poderia ter sido mais explorado na tela.

    Contudo, “Pureza” traz junto com sua biografia uma denuncia contra a escravidão moderna, que ainda faz vitimas em todo o país. Não há como desvincular o filme da realidade brasileira e tudo que a obra representa, um chamado para o abolicionismo da escravidão. O longa passa com muita clareza sua mensagem de que a Lei Aurea ainda não é real na prática, mesmo tendo sido assinada 133 atrás.

    Nota: 4/5

    Confira o trailer oficial:

  • Crítica | A Médium – Terror tailandês aborda xamanismo, crenças e carma em um filme intenso e assustador.

    Novo filme de terror do diretor Banjong Pisanthanakun, “A Médium” conta a história de herança mediúnica de uma família tailandesa que mora no nordeste da Tailândia através das lentes de uma equipe de documentaristas. A atual portadora do poder mediúnico-xamânico, Nim ( Sawanee Utoomma) é quem explica como o poder oferecido pela divindade Bayan é transmitido há gerações em sua família e a forma como o utiliza para cuidar de todos os habitantes do lugar. Mas ao acompanhar a médium Nim a equipe começa a testemunhar e registrar mortes inexplicáveis e o comportamento estranho de Mink( Narilya Gulmongkolpech) futura herdeira do dom mediúnico de Nim.

    Com excelentes atuações, boa fotografia e enredo com certos clichês mas com valorosos trunfos , A Médium é intensamente insano. A escolha do diretor Banjong Pisanthanakun (Espíritos- a morte está ao seu lado) em mostrar a história de Nim e sua família em forma de documentário em produção ajuda muito na tensão pois nunca sabemos que rumo os acontecimentos irão tomar, por estarmos tão absortos no caos instalado quanto os estranhos que estão ali só para documentar uma curiosa história. Felizmente o movimento de câmeras alterna entre filmagens de circuito interno de câmeras e filmagens diretas, o que dá mais dinâmica ao que pareceria absurdo filmar de forma direta sem fazer os telespectadores se perguntarem: – por que ainda não fugiram daí?

    Novo filme de terror do diretor Banjong Pisanthanakun, "A Médium" conta a história de herança mediúnica  de uma família tailandesa que mora no nordeste da Tailândia através das lentes de uma equipe de documentaristas. A atual portadora do poder mediúnico-xamânico, Nim ( Sawanee Utoomma) é quem explica como o poder oferecido pela divindade Bayan é transmitido há gerações em sua família e a forma como o utiliza para cuidar de todos os habitantes do lugar. Mas ao acompanhar a médium Nim a equipe começa a testemunhar e registrar mortes inexplicáveis e o comportamento estranho de Mink( Narilya Gulmongkolpech) futura herdeira do dom mediúnico de Nim.
    A Médium | Paris Filmes

    A ambientação do local empresta ao filme toda uma atmosfera única de local com culturas e crenças diferentes e hábitos únicos, o que acaba convertendo os telespectadores em curiosos não só em entender os desdobramentos da história central como conhecer parte da cultura, dos locais de culto e convivência e dos costumes do vilarejo tailandês de Noei. O aparente aspecto bucólico e atrasado de todos os lugares mostrados em A Médium, ao mesmo tempo que cativam em alguns momentos, contribui para os sustos e o terror em outros, dando aquela constante sensação de estarmos presos ali junto da equipe de filmagem. Sem chance de fuga ou salvação.

    A personagem Nim(Sawanee Utoomma), a xamã médium que recebe os documentaristas e os orienta sobre a história ancestral de sua família, passa a ser uma figura de conforto. A aura simpática e acolhedora de protetora da vila acaba transcendendo seus relatos e acaba fazendo com que os telespectadores se sintam seguros por ela estar presente com seus poderes e sabedoria. O contraste perfeito com a atuação de Mink(Narilya Gulmongkolpech), inicialmente uma adolescente cética que não acredita nas heranças mediúnicasde sua família mas que, com o passar das cenas rapidamente se torna a figura mais assustadora e imprevisível do filme.

    Novo filme de terror do diretor Banjong Pisanthanakun, "A Médium" conta a história de herança mediúnica  de uma família tailandesa que mora no nordeste da Tailândia através das lentes de uma equipe de documentaristas. A atual portadora do poder mediúnico-xamânico, Nim ( Sawanee Utoomma) é quem explica como o poder oferecido pela divindade Bayan é transmitido há gerações em sua família e a forma como o utiliza para cuidar de todos os habitantes do lugar. Mas ao acompanhar a médium Nim a equipe começa a testemunhar e registrar mortes inexplicáveis e o comportamento estranho de Mink( Narilya Gulmongkolpech) futura herdeira do dom mediúnico de Nim.
    A Médium| Paris Filmes

    Os olhares e os gestuais tão comuns em filmes envolvendo possessão estão presentes, mas a forma que Narilya os reproduz em sua Mink , no filme A Médium, passa a ser só dela. Algumas cenas durante seus “lapsos” podem ser fortes demais para algumas pessoas, então já fica aqui o alerta. Fechar os olhos é uma válida opção.

    As discussões que acompanham o desenvolvimento de “A Médium” são colocadas sempre como uma verdadeira linha de pensamento e explicação do todo, fundamentais pra entender cada desdobramento, sem peças soltas. Nim inicia o filme explicando a existência de espíritos bons e ruins e também explica que o espírito da deusa Bayan seria fardo de sua irmã Noi( Sirani Yankittikan), que se recusou a aceitar e buscou uma religião que blindasse à ela e a filha Mink de suas supostas obrigações ancestrais. A fé e a descrença, o fardo e a obrigação, as ações benevolentes e os karmas de cada indivíduo, tudo é explicado e bem inserido no enredo.

    Novo filme de terror do diretor Banjong Pisanthanakun, "A Médium" conta a história de herança mediúnica  de uma família tailandesa que mora no nordeste da Tailândia através das lentes de uma equipe de documentaristas. A atual portadora do poder mediúnico-xamânico, Nim ( Sawanee Utoomma) é quem explica como o poder oferecido pela divindade Bayan é transmitido há gerações em sua família e a forma como o utiliza para cuidar de todos os habitantes do lugar. Mas ao acompanhar a médium Nim a equipe começa a testemunhar e registrar mortes inexplicáveis e o comportamento estranho de Mink( Narilya Gulmongkolpech) futura herdeira do dom mediúnico de Nim.
    A Médium| Paris Filmes

    O único ponto negativo do filme foi também um de seus trunfos: a escolha pelo found footage/documentário. Acredito que a história teria ficado muito melhor em certas cenas sem fazer parecer um reality show, pois em momentos de desespero e alarde em torno de uma situação que necessita ajuda de terceiros, os documentaristas se preocupavam em filmar, não em ajudar. Mas foram cenas bem específicas então não interferiram tanto no entendimento ou na experiência imersiva do filme.

    O diretor Banjong Pisanthanakun poderá se orgulhar de mais uma referência boa em seu currículo, antes só conhecido pelo trabalho de direção do já citado “Espíritos- a morte está ao seu lado“, terror tailandês sempre lembrado pelos fãs do gênero de forma saudosista.

    O filme A Médium foi lançado no ano de 2021 e só agora será distribuído nos cinemas brasileiros pela Paris filmes com estreia marcada para dia 19 de maio de 2022.

    Nota: 4/5
    Assista ao trailer:

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  • Crítica | Doutor Estranho no Multiverso da Loucura acerta em alguns pontos mas ressalta os erros da fase 4

    Crítica | Doutor Estranho no Multiverso da Loucura acerta em alguns pontos mas ressalta os erros da fase 4

    Doutor Estranho no Multiverso da Loucura finalmente está chegando aos cinemas mas assim como muitas das produções dessa fase 4 do UCM deve dividir opiniões.

    Sinopse:Em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, do Marvel Studios, o MCU liberta o multiverso e explora seus limites como nunca foi feito antes. Viaje pelo desconhecido com Doutor Estranho, que, com a ajuda de novos e velhos aliados, atravessa insanas e perigosas realidades do Multiverso para confrontar um misterioso novo adversário

    Crítica | Doutor Estranho no Multiverso da Loucura acerta em alguns pontos mas ressalta os erros da fase 4
    Doutor Estranho no Multiverso da Loucura | Marvel Studios

    Um dos magos mais poderosos da Marvel está ganhando seu segundo filme solo após cinco anos de participações espaciais ao longo de lançamentos da Marvel Studios. Dessa vez ele não vem só, e traz consigo a Feiticeira Escarlate para co-protagonizar o filme. Com a saída de Scott Derrickson da direção do projeto solo do mago, o candidato da vez foi Sam Raimi, mesmo diretor da trilogia do Homem-Aranha protagonizada por Tobey Maguire. Com total liberdade criativa, Raimi consegue inserir novos conceitos para o UCM e confirmar que a casa das ideias pode sobreviver ao dar controle criativo para seus cineastas.

    Assinando a direção, o veterano do terror traz as suas características mais fortes para o projeto e é impressionante o quanto a temática casa com o que Sam Raimi tem pra entregar. Apesar de ainda trabalhar sob a famosa fórmula Marvel, o diretor consegue transformar Doutor Estranho no Multiverso da Loucura em algo seu, transbordando “Raiminismo” na tela. Com toques de terror, suspense, muitos jumpscares e violência gráfica, a sequência de Doutor Estranho se sobressai por sair da curva em diversos aspectos técnicos e criativos.

    A trilha sonora de Danny Elfman para Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é um dos pontos centrais do filme e que também merece a atenção do espectador. O trabalho musical do filme compõe as cenas com perfeição e em certo ponto se torna a estrela. já o trabalho sonoro como um todo pode parecer estranho mas vem em uma pegada mais de filme de terror para casar com o tom mais sério e macabro que Sam Raimi decidiu para a produção.

    Crítica | Doutor Estranho no Multiverso da Loucura acerta em alguns pontos mas ressalta os erros da fase 4
    Doutor Estranho no Multiverso da Loucura | Marvel Studios

    Ainda nos pontos altos estão as atuações que servem como um catalizador para prender a atenção do público. O destaque sem sombra de dúvidas fica para Elizabeth Olsen que consegue desmembrar as camadas de sua personagem e nos apresenta uma Wanda completamente surtada e tomada pelo poder do Darkhold. Em certos pontos chega a ofuscar o protagonismo de Benedict Cumberbatch, esse, que por sinal, também não está nada mal.

    Mas partindo para os coadjuvantes, Benedict Wong e Xochitl Gomez, ultrapassam o limite do carisma com Wong ganhando ainda mais espaço para mostrar todo o seu potencial e America Chavez numa introdução que pode agregar demais na abordagem do multiverso mais para frente no UCM. O mais interessante talvez seja a volta de Rachel McAdams, que aqui não está solta como no filme anterior.

    Em relação ao elenco, as participações especiais podem frustrar um pouco com quase todas tendo sido mostradas nos materiais promocionais. Se aproveitando da onda do Multiverso, a Marvel Studios está esbanjando nostalgia para engajar suas novas produções e pelo que parece atender as ideias dos fãs como algo descartável.

    Crítica | Doutor Estranho no Multiverso da Loucura acerta em alguns pontos mas ressalta os erros da fase 4
    Doutor Estranho no Multiverso da Loucura | Marvel Studios

    Ao mesmo tempo em que o roteiro de Michael Waldron inova em aspectos que se adequam a direção de Sam Raimi e traz novidades para o UCM, ele erra em continuar seguindo uma trama reciclada que já ficou batida após 9 episódios de WandaVision. Talvez esse nem seja um erro específico do filme, mas sim de planejamento dos engravatados e “embonezados” da casa. Dar uma redenção para a personagem em seu programa de TV e agora trazê-la como vilã novamente tornou a ideia do filme menos interessante e a constante sensação de “eu já vi algo parecido há pouco tempo”. Essa ideia poderia ter ficado facilmente para um filme da própria personagem ou uma segunda temporada da série.

    Waldron foca tanto em se manter em cima da narrativa de Wanda que diversos outros personagens ficam devendo em desenvolvimento, como é o caso do próprio Doutor Estranho. Tal decisão prejudicou o andar da trama e até mesmo a abordagem mais significativa do Multiverso, com pequenas passadinhas aqui e alí, na verdade o filme se mantém em apenas dois universos. Diferente de Homem-Aranha: Sem volta para Casa, que trazia visitantes de outros universos, Multiverso da Loucura tinha a missão de transportar os personagens recorrentes do universo regular para outros mundos e mostrar mais possibilidades do que de fato mostrou.

    O desenrolar da trama, mesmo que batido, ainda vai bem mas algumas motivações, justificativas, conveniências e saídas fáceis só reforçam que esse é um erro comum de todas as produções dessa fase até agora, incluindo séries e filmes; talvez o único que tenha se saído bem tenha sido a própria WandaVision e Eternos.

    Crítica | Doutor Estranho no Multiverso da Loucura acerta em alguns pontos mas ressalta os erros da fase 4
    Doutor Estranho no Multiverso da Loucura | Marvel Studios

    Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é bom, mas isso está longe de ser suficiente para um filme que deveria ter proporções muito maiores e consequências permanentes. O conceito de Multiverso no geral, tema dessa nova fase, é incerto e confuso. até aqui tivemos três produções que abordaram o conceito, mas as produções em sí não se conectam realmente para dar uma resposta definitiva de quem é o responsável pelo caos multiversal. Mesmo que algumas declarações dadas por Kevin Feige revelem a origem, é necessário mostrar essa conexão em tela e fazer jus a fama de bom planejador. No fim fica parecendo que querem concertar furos de roteiro com entrevistas e apresentações em painéis de festivais.

    Ainda sim, assim como Eternos, o longa de Sam Raimi é a prova de que a Marvel já pode trazer uma nova fórmula para seu universo e focar em diferentes gêneros para tonar a experiência do espectador mais diversificada e fazer valer as idas ao cinema.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer:
  • Crítica | Boneca Russa (2ª Temporada) – série mantém a qualidade inserindo viagens no tempo no caótico cotidiano de Nadia e Alan

    Passados quatro anos dos acontecimentos surreais vividos por Nadia ( Natasha Lyonne) e Alan ( Charlie Barnett) na 1ª temporada de Boneca Russa, a dupla já conseguiu fugir do constante ciclo de mortalidade que enfrentava diariamente. Mas se eles achavam que já estavam livres das artimanhas do Universo, acabaram descobrindo que era só o começo de mais uma jornada, agora com viagens no tempo via transporte público( o sonho de todos nós?), reencontro com situações vividas por seus antepassados, questões existenciais e históricas, rendendo para Boneca Russa atuações impecáveis e uma nova e sensacional trilha sonora presente também nesta 2ª temporada.

    Nadia( interpretada pela atriz e uma das criadoras da série Natasha Lyonne) segue caminhando sem rumo certo por sua vida nada comum, agora como aliada de Alan( Charlie Barnett) no segredo comum entre eles: vivenciar as distorções e ironias da linha de tempo de suas vidas da forma mais psicodélica possível. Antes presos no looping de reviver diariamente o dia em que eles morreram, agora estão há anos bem vivos e aparentemente sãos, seguindo sua rotinas como se fossem pessoas normais.

    Passados quatro anos dos acontecimentos surreais vividos por Nadia ( Natasha Lyonne) e Alan ( Charlie Barnett) na 1ª temporada de Boneca Russa, a dupla já conseguiu fugir do constante ciclo de mortalidade que enfrentava diariamente. Mas se eles achavam que já estavam livres das artimanhas do Universo,  acabaram descobrindo que era só o começo de mais uma jornada, agora com viagens no tempo via transporte público( o sonho de todos nós?), reencontro com situações vividas por seus antepassados, questões existenciais e históricas, rendendo para Boneca Russa atuações impecáveis e uma nova e sensacional trilha sonora presente também nesta 2ª temporada.
    Boneca Russa |NETFLIX

    Quando a aparente calmaria dá lugar à uma nova manobra do Universo para inserir Alan e Nadia em outro contexto igualmente perturbador mas amplamente divulgado em produções que tanto eles como nós, os telespectadores, conhecemos muito bem: a viagem no tempo. Nadia( Natasha Lyonne) se vê transportada para o passado através do metrô de Manhattan e a partir dali passa a reviver momentos marcantes da vida de sua mãe Lenora( Chloë Sevigny) enquanto Lenora estava grávida de…Nadia. Sim, se você acha que voltar no tempo no corpo de sua mãe já seria um tanto quanto surreal, imagine voltar na época em que você ainda morava no ventre dela. Se tratando de Boneca Russa, esse é só o começo.

    Após a confusão inicial, de Nadia e dos telespectadores, ela passa a tentar conseguir alguma vantagem deste bilhete único temporal e aí que a temporada começa. O que acontece a partir das escolhas de Nadia e de Alan, qualquer cinéfilo com referências suficientes em filmes sobre viagem no tempo seria capaz de antecipar. Mas nenhum deles conseguiria demonstrar com tanto empenho, o desenvolvimento de Nadia e Alan como personagens através dessa experiência incomum e profunda. Experiência essa que até se alinha melhor com o conceito de Boneca Russa, a bonequinha de várias camadas e tamanhos que se une mesmo sendo várias. As diversas camadas da boneca russa aqui diretamente representadas pela ancestralidade dos personagens, que influenciou em quem eles são.

    Passados quatro anos dos acontecimentos surreais vividos por Nadia ( Natasha Lyonne) e Alan ( Charlie Barnett) na 1ª temporada de Boneca Russa, a dupla já conseguiu fugir do constante ciclo de mortalidade que enfrentava diariamente. Mas se eles achavam que já estavam livres das artimanhas do Universo,  acabaram descobrindo que era só o começo de mais uma jornada, agora com viagens no tempo via transporte público( o sonho de todos nós?), reencontro com situações vividas por seus antepassados, questões existenciais e históricas, rendendo para Boneca Russa atuações impecáveis e uma nova e sensacional trilha sonora presente também nesta 2ª temporada.
    Boneca Russa | NETFLIX

    Geralmente uma série com temática incomum que começa muito bem não encontra facilmente um caminho de volta tão empolgante para repetir o sucesso em seus retorno em novas temporadas. Quando cogitada a possibilidade de existir uma 2ª temporada de Boneca Russa, a maioria dos telespectadores que gostaram da série se perguntaram se isso era mesmo necessário. Que caminho seguiria? O Popular: por que mexer em time que já está ganhando? Acredite que o que eles encontrarão nessa nova temporada os surpreenderá de forma tão positiva que a 2ª temporada passará a também ser protegida por todos como: o que poderá vir depois disso? Será que precisa de continuação?

    Tentar explicar o sentido de tudo o que ocorre em Boneca Russa desde sua brilhante primeira temporada, é missão complicada. Por não ter explicações fáceis e o enredo se basear em um constante “aceite e siga” a emoção está bem mais em acompanhar do que simplesmente descrever. O conteúdo absorvido pelo telespectador no envolvimento com o enredo, com os personagens, bem como com os cenários e com a trilha sonora é único. A familiaridade faz o telespectador se sentir em casa e faz Nadia, Maxime(Greta Lee), Ruthie(Annie Murphy/ Elisabeth Ashley)e o resto do elenco tornarem-se velhos amigos.

    Passados quatro anos dos acontecimentos surreais vividos por Nadia ( Natasha Lyonne) e Alan ( Charlie Barnett) na 1ª temporada de Boneca Russa, a dupla já conseguiu fugir do constante ciclo de mortalidade que enfrentava diariamente. Mas se eles achavam que já estavam livres das artimanhas do Universo,  acabaram descobrindo que era só o começo de mais uma jornada, agora com viagens no tempo via transporte público( o sonho de todos nós?), reencontro com situações vividas por seus antepassados, questões existenciais e históricas, rendendo para Boneca Russa atuações impecáveis e uma nova e sensacional trilha sonora presente também nesta 2ª temporada.
    Boneca Russa | NETFLIX

    E, por mais louca que seja a história e mesmo que às vezes tenha que aceitar e seguir sem querer explicações certeiras ou óbvias do como aquilo é possível, reencontras velhos amigos para se aventurar com eles em novas histórias sempre será um prazer. A série Boneca Russa será sempre bem vinda para próximas temporadas, desde que nunca perca esse brilho psicodélico e único de ensinar muito sem explicar quase nada.

    A 2ª temporada de Boneca Russa (e a 1ª também caso não tenha assistido) está disponível na Netflix. Boa Viagem.

    Nota: 5/5
    Assista ao trailer:
    https://www.youtube.com/watch?v=poWAIW1jmlc

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  • Crítica | A Princesa da Yakuza – lutas sangrentas, máfia japonesa e ancestralidade no bairro da Liberdade

    Baseada em uma HQ brasileira, intitulada Samurai Shirô e escrita por Danilo Beiruth, o filme A Princesa da Yakuza conta a história de Akemi( MASUMI), descendente de japoneses em sua conturbada jornada de descobertas sobre a própria ascendência. Nessa busca, encontra um homem sem memória (Jonathan Rhys Meyers)que porta uma espada katana que parece pertencer à família da jovem. A história, por vezes confusa perante os olhos dos telespectadores, determina quem Akemi é e qual será seu caminho a partir de suas descobertas. Filme regado à sangue, lutas e boas atuações, A Princesa da Yakuza abre alas para o universo cinematográfico das HQS de Beiruth em grande estilo, na esperança que as adaptações não parem por aqui.

    Com a troca de perspectiva da HQ para a adaptação, modificando ligeiramente o personagem de Shirô( interpretado por Jonathan Rhys Meyers) para Akemi (Masumi) o telespectador já pega a narrativa em movimento e tenta se agarrar à qualquer explicação que o entreguem no meio do caminho, tornando Akemi o fio condutor de toda a narrativa. É importante avisar que a primeira meia hora do filme é percorrida às escuras, o que pode acabar inspirando desistência da parte de telespectadores mais afoitos. Mas a partir do momento que Akemi assume o controle, mostrando do que é capaz, a vontade de seguir descobrindo sua história também volta, com todo o sangue, as lutas e os ambientes neon que tragam junto.

    Baseada em uma HQ brasileira, intitulada Samurai Shirô e escrita por Danilo Beiruth, o filme A Princesa da Yakuza conta a história de Akemi( MASUMI), descendente de japoneses em sua conturbada jornada de descobertas sobre a própria ascendência. Nessa busca, encontra um homem sem memória (Jonathan Rhys Meyers)que porta uma espada katana  que parece pertencer à família da jovem.  A história, por vezes confusa perante os olhos dos telespectadores, determina quem Akemi é e qual será seu caminho a partir de suas descobertas. Filme regado à sangue, lutas e boas atuações, A Princesa da Yakuza abre alas para o universo cinematográfico das HQS de Beiruth em grande estilo, na esperança que as adaptações não parem por aqui.
    A Princesa da Yakuza| NETFLIX

    Os protagonistas interpretados pelo ator Jonathan Rhys Meyers(The Tudors, MatchPoint e O Som do Coração no currículo) e pela atriz Masumi em sua primeira experiência como atriz, cativam o público por razões distintas, mas ambos sempre interligados ao mistério que os ronda. Não há nenhum envolvimento direto com as características individuais de cada um, a narrativa onde tudo acontece ao mesmo tempo não permite grande intimidade. Então quase só temos acesso às suas reações a tudo que os rodeia. O que não chega a ser ruim. Mas a longo prazo uma intimidade maior com o telespectador, que não necessariamente conheça os personagens por leitura prévia de HQ, seria importante pra carimbar a vontade do público para existir uma sequência.

    O elenco de atores japoneses coadjuvantes completa o cenário perfeito para o desenrolar da narrativa, mostrando pela atuação e pelo idioma , que poderiam encenar estarem em qualquer lugar do Brasil e fazer dali uma reprodução fiel de qualquer cantinho campestre do Japão, mesmo estando em Paranapiacaba- Santo André- São Paulo. E aqui se entende a necessidade de cada um deles ter sido escalado para A Princesa de Yakuza, dando à história um quê de realidade, ainda que baseada em obra ficcional não japonesa.

    Baseada em uma HQ brasileira, intitulada Samurai Shirô e escrita por Danilo Beiruth, o filme A Princesa da Yakuza conta a história de Akemi( MASUMI), descendente de japoneses em sua conturbada jornada de descobertas sobre a própria ascendência. Nessa busca, encontra um homem sem memória (Jonathan Rhys Meyers)que porta uma espada katana  que parece pertencer à família da jovem.  A história, por vezes confusa perante os olhos dos telespectadores, determina quem Akemi é e qual será seu caminho a partir de suas descobertas. Filme regado à sangue, lutas e boas atuações, A Princesa da Yakuza abre alas para o universo cinematográfico das HQS de Beiruth em grande estilo, na esperança que as adaptações não parem por aqui.
    A Princesa da Yakuza | NETFLIX

    Em um filme que mistura máfia japonesa, ancestralidade e ação, A Princesa da Yakuza mostra a potencialidade das HQS nacionais em gerar grandes produções cinematográficas brasileiras quando se tem o cuidado de caracterizar personagens com contextos comportamentais e linguísticos fiéis à história contada nas páginas. Ao ambientar a história em um bairro tão conhecido por tantos brasileiro mas o retratar de forma quase lúdica, como um personagem a mais, a direção de Vicente Amorim mostra a versatilidade do Brasil como cenário de grandes produções de tipos diversos, além das já exploradas pela indústria nacional.

    Só deixa a desejar na parte de não ter escalado como protagonista um atriz nipo-brasileira, o que certamente seria uma enorme honra, posto que as produções nacionais raramente privilegiam atrizes com traços e descendência oriental.

    Baseada em uma HQ brasileira, intitulada Samurai Shirô e escrita por Danilo Beiruth, o filme A Princesa da Yakuza conta a história de Akemi( MASUMI), descendente de japoneses em sua conturbada jornada de descobertas sobre a própria ascendência. Nessa busca, encontra um homem sem memória (Jonathan Rhys Meyers)que porta uma espada katana  que parece pertencer à família da jovem.  A história, por vezes confusa perante os olhos dos telespectadores, determina quem Akemi é e qual será seu caminho a partir de suas descobertas. Filme regado à sangue, lutas e boas atuações, A Princesa da Yakuza abre alas para o universo cinematográfico das HQS de Beiruth em grande estilo, na esperança que as adaptações não parem por aqui.
    A Princesa da Yakuza| NETFLIX

    E analisando pela escassa procura por atores nipo brasileiros em produções nacionais, o lamento se apresenta não só em relação à protagonista, como também em relação ao resto do elenco, com participações pequenas e pontuais de atores brasileiros(sendo estes não descendentes, em papéis de coadjuvante). O resultado ficou excelente, levando em conta os diálogos em japonês e a excelência do trabalho de cada um deles. Mas certamente o filme A Princesa da Yakuza ficaria melhor se contasse com a presença de brasileiros não só na direção, na produção e na fonte da história, mas também na frente das câmeras.

    O mais interessante de tudo é analisar que, apesar da ambientação feita no bairro da Liberdade, em São Paulo, poucas são as vezes que o telespectador ouvirá o português ser falado no filme( e na maior parte dessas vezes, será utilizando palavrões), isso tudo em meios à diálogos alternados, hora falados em inglês e hora em japonês. Isso faz com que às vezes esqueçamos que o filme é brasileiro e baseado em uma HQ nacional. Se isso ajudar na comercialização do filme através da plataforma de streaming é até perdoável. Mas senti falta do nosso idioma para ao menos personalizar o bairro da Liberdade para além da vitrine hipnótica que ele se tornou sob a direção de Vicente Amorim.

    Baseada em uma HQ brasileira, intitulada Samurai Shirô e escrita por Danilo Beiruth, o filme A Princesa da Yakuza conta a história de Akemi( MASUMI), descendente de japoneses em sua conturbada jornada de descobertas sobre a própria ascendência. Nessa busca, encontra um homem sem memória (Jonathan Rhys Meyers)que porta uma espada katana  que parece pertencer à família da jovem.  A história, por vezes confusa perante os olhos dos telespectadores, determina quem Akemi é e qual será seu caminho a partir de suas descobertas. Filme regado à sangue, lutas e boas atuações, A Princesa da Yakuza abre alas para o universo cinematográfico das HQS de Beiruth em grande estilo, na esperança que as adaptações não parem por aqui.
    A Princesa da Yakuza| NETFLIX

    A Princesa da Yakuza, novo filme da Netflix é baseado na HQ do brasileiro Danilo Beiruth intitulada “Samurai Shirô” e dirigido por Vicente Amorim( diretor de Motorrad, Corações Sujos e a Divisão).

    A Princesa da Yakuza está disponível na Netflix.

    Nota : 4/5

    Assista ao trailer:

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  • Crítica | Metal Lords – Uma maravilhosa comédia de amor ao Metal

    Metal Lords, nova comédia da Netflix apresenta um ritual de iniciação e louvor ao Metal contando a história de Kevin(Jaeden Martell) e Hunther(Adrian Greensmith), dois amigos que sofrem as rejeições do ensino médio mas estão empenhados na busca da popularidade através da música, montando uma banda de Post Death Metal Thrash. A iniciativa vem principalmente de Hunter, que deseja a todo custo influenciar seu melhor amigo no gosto musical e no empenho em se tornar um exímio baterista, servindo como guia e mentor de iniciação no mundo do gênero que tanto ama. A trilha sonora não poderia ser diferente, repleta de grandes sucessos de bandas do gênero como Metallica, Judas Priest, Black Sabbath entre outras. Uma comédia excelente para metaleiros e não metaleiros.

    Ambientada no período de colegial a comédia Metal Lords trata das inseguranças, dos amores, dos conflitos familiares e da individualidade na adolescência de forma pouco profunda mas até que bastante respeitosa e insere o gênero musical como o refúgio dos deslocados, que não tem certeza de onde podem se encaixar. Mas dramas como os que vemos no roteiro são facilmente entendidos por quem está passando ou já passou por essa época. Os sofrimentos de Hunter, as dores de Emilly e a resiliência de Kevin são mostrados de forma subentendida sem que sejam descartados. Não importa o que os levou até o Metal, importa só o que farão dali em diante.

    Metal Lords, nova comédia da Netflix apresenta um ritual de iniciação e louvor ao Metal contando a história de Kevin(Jaeden Martell) e Hunther(Adrian Greensmith), dois amigos que sofrem as rejeições do ensino médio mas estão empenhados na busca da popularidade através da música, montando uma banda de metal pós trash. A iniciativa vem principalmente de Hunter, que deseja a todo custo influenciar seu melhor amigo no gosto musical e no empenho em se tornar um exímio baterista, servindo como guia e mentor de iniciação no mundo do gênero que tanto ama. A trilha sonora  não poderia ser diferente, repleta de grandes sucessos de bandas do gênero como Metallica, Judas Priest, Black Sabbath entre outras. Uma comédia excelente para metaleiros e não metaleiros.
    Metal Lords | NETFLIX

    A escolha do elenco principal foi espetacular. Jaeden Martell, mais conhecido pelo seu papel em IT: A Coisa, trouxe para Kevin um misto de doçura e responsabilidade, contrapondo-se com o personagem do ator Adrian Greensmith em seu primeiro filme e já mostrando a que veio na pele do caótico Hunter. A atuação entre os dois atores em Metal Lords fluiu de forma tão natural que era como se estivéssemos acompanhando uma amizade da vida real como combo virtudes e defeitos completo e escancarado na nossa frente.

    E a atuação do novato Adrian foi tão significativa que ele até nos convence a, ao mesmo tempo que condenamos suas atitudes na maior parte do enredo, continuar a torcer pelo seu sucesso. O amor pelo que ele faz e a luta pelo que ele é passa a ser contagiante ao telespectador. E no final acabamos nos tornando também, amigos do inconsequente, dramático, grosso, sexista e caótico Hunter, espelho de muitos amigos que já passaram por nós ou continuam em nossas vidas, na vida real.

    Metal Lords, nova comédia da Netflix apresenta um ritual de iniciação e louvor ao Metal contando a história de Kevin(Jaeden Martell) e Hunther(Adrian Greensmith), dois amigos que sofrem as rejeições do ensino médio mas estão empenhados na busca da popularidade através da música, montando uma banda de metal pós trash. A iniciativa vem principalmente de Hunter, que deseja a todo custo influenciar seu melhor amigo no gosto musical e no empenho em se tornar um exímio baterista, servindo como guia e mentor de iniciação no mundo do gênero que tanto ama. A trilha sonora  não poderia ser diferente, repleta de grandes sucessos de bandas do gênero como Metallica, Judas Priest, Black Sabbath entre outras. Uma comédia excelente para metaleiros e não metaleiros.
    Metal Lords | NETFLIX

    Outro acerto na escolha do elenco foi a atriz Isis Hainsworth, que interpretou Emily , a Yoko Ono no meio da pretensa formação da nova banda de metal dos sonhos de Hunter. Emily é o exato equilíbrio entre Kevin e Hunther, tendo um pouco das características de cada um mas trazendo também problemas que só ela tem. E sua aparência que transita entre a beleza e a estranheza combina perfeitamente com a personagem. Mesmo que não esteja nos planos originais do roteirista e do direto, a “química de milhões” dos três atores renderia facilmente um segundo filme, como é feito de praxe pela Netflix.

    Aqui reservo um espaço especial para falar do personagem principal do roteiro de Metal Lords, que esteve presente em cada um dos momentos, em pôsteres no quanto de Hunter, nas indicações feitas a Kevin, nos vídeos mostrados, nos ensaios, na trilha sonora e no título do filme. O metal em todas as suas nuances esteve presente neste filme, que pode ser considerado uma reverência cinematográfica atemporal ao gênero musical. E ver o metal ser destrinchado, como filosofia, como atitude, com suas boas músicas e bandas e com a representatividade de parte de seus expoentes musicais em participações especialíssimas no decorrer da história foi muito bonito.

    Metal Lords, nova comédia da Netflix apresenta um ritual de iniciação e louvor ao Metal contando a história de Kevin(Jaeden Martell) e Hunther(Adrian Greensmith), dois amigos que sofrem as rejeições do ensino médio mas estão empenhados na busca da popularidade através da música, montando uma banda de metal pós trash. A iniciativa vem principalmente de Hunter, que deseja a todo custo influenciar seu melhor amigo no gosto musical e no empenho em se tornar um exímio baterista, servindo como guia e mentor de iniciação no mundo do gênero que tanto ama. A trilha sonora  não poderia ser diferente, repleta de grandes sucessos de bandas do gênero como Metallica, Judas Priest, Black Sabbath entre outras. Uma comédia excelente para metaleiros e não metaleiros.
    Metal Lords| NETFLIX

    Reservaram até um trecho da história para atacar o preconceito velado do próprio Hunter, fazendo-o rever seus conceitos no decorrer da história baseando-se também no gênero que tanto amava, mas que ele se negava a enxergar. Metal Lords descontruiu a aparência monstruosa que o Metal costuma demonstrar perante outros gêneros musicais, plantando a sementinha necessária para que novos fãs possam surgir a partir de seus próprios interesses, anotando o nome das bandas, ouvindo a trilha sonora e se reconhecendo parte daquele mundo, se quiser. Para fãs de Metal e para quem ainda não é fã do gênero, o filme é excelente!

    O roteiro de Metal Lords foi escrito por D.B. Weiss, roteirista de Game Of Thrones, bem antes da série da HBO ser lançada, mas felizmente pode ver seu roteiro ganhar vida pela Netflix, sob a direção de Peter Sollett(Nick & Norah: uma noite de amor e música) e produção de David Benioff (também responsável pelo roteiro de Game of Thrones).

    A história teve participação especial de Rob Holford( vocalista da banda Judas Priest), Tom Morello(que foi também produtor musical do filme mas é membro da banda Rage Against The Machine e já foi parte da banda Audioslave), Kirk Hammett( guitarrista da banda Metallica) e Scott Ian ( co-fundador e baterista da banda de trash metal Anthrax). A playlist oficial do filme Metal Lords está disponível no Spotify e conta com sucessos dessas e de outras bandas para a alegria de entusiastas do gênero.

    Metal Lords já está disponível na Netflix.

    Nota: 5/5
    Assista ao trailer:

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  • Crítica | Granizo – Uma maravilhosa comédia dramática sobre conflito de gerações, relações familiares, fama e “cancelamento”

    O que aconteceria na vida de um famoso meteorologista quando, após 20 anos de acertos em previsões climáticas, errasse uma previsão na noite de estreia de seu novo programa de tv? Embora a resposta seja óbvia, analisando o ocorrido sob a ótica das redes sociais e da prática constante de “cancelamentos” quando pessoas queridas cometem erros, o enredo de “Granizo” e a história de Miguel Flores vai muito além de expor o outro lado dessa prática tão comum nas mídias sociais e na sociedade. O filme “Granizo” trata conflitos de gerações relações familiares, fama e suas consequência e sobre os temidos ” cancelamentos”, se mostrando uma maravilhosa surpresa entre os lançamentos recentes da Netflix.

    Miguel Flores(interpretado brilhantemente pelo ator Guillermo Francella) faz parte da velha guarda da Meteorologia. Formado nas ciências meteorológicas e respeitadíssimo pelo público fiel de Buenos Aires, Argentina, se orgulhava de ser um profissional metódico que seguia e confiava em suas próprias previsões, muitas vezes desdenhando a nova tecnologia de aplicativos de previsão de tempo e , claro, sempre valorizando sua profissão sempre que podia, em conversas com a nova geração. Seu público era fiel à ele, enchendo-o de elogios nas ruas e defendendo-o por onde estivessem.

    O que aconteceria na vida de um famoso meteorologista quando, após 20 anos de acertos em previsões climáticas, errasse uma previsão na noite de estreia de seu novo programa de tv? Embora a resposta seja óbvia, analisando o ocorrido sob a ótica das redes sociais e da prática constante de "cancelamentos" quando pessoas queridas cometem erros, o enredo de "Granizo" e a história de Miguel Flores vai muito além de expor o outro lado dessa prática tão comum nas mídias sociais e na sociedade. O filme "Granizo" trata conflitos de gerações relações familiares, fama e suas consequência e sobre os temidos " cancelamentos", se mostrando uma maravilhosa surpresa entre os lançamentos recentes da Netflix.
    Granizo | NETFLIX

    Mas a estreia de sucesso de Miguel Flores como apresentador do primeiro programa sobre meteorologia da história de Buenos Aires é ofuscada por um gravíssimo erro em sua previsão de tempo. E, tão logo acorda de sua noite de esteia, Miguel tem que lidar com uma onda considerável de cancelamentos por parte de seus admiradores, da mídia e até de seu próprio chefe. Com uma carreira de sucesso arruinada por conta de uma chuva de granizo não prevista , como Miguel poderia se reerguer?

    A partir desse ponto o telespectador acompanha todos os passos de Miguel, sofrendo junto com ele não só as consequência de um cancelamento injusto mas que trouxe , sim, consideráveis prejuízos para quem dava credibilidade à tudo que o profissional veiculava na televisão. O enredo conseguiu captar muito bem a reação do público apaixonado se sentindo traído e reagindo das piores formas. Não que precisasse, já que somos testemunhas oculares de “cancelamentos” quase que diariamente nas redes sociais e na mídia. Mas ao olharmos de perto como é estar do outro lado, uma lição começa a se formar: é realmente necessário reagir assim?

    O que aconteceria na vida de um famoso meteorologista quando, após 20 anos de acertos em previsões climáticas, errasse uma previsão na noite de estreia de seu novo programa de tv? Embora a resposta seja óbvia, analisando o ocorrido sob a ótica das redes sociais e da prática constante de "cancelamentos" quando pessoas queridas cometem erros, o enredo de "Granizo" e a história de Miguel Flores vai muito além de expor o outro lado dessa prática tão comum nas mídias sociais e na sociedade. O filme "Granizo" trata conflitos de gerações relações familiares, fama e suas consequência e sobre os temidos " cancelamentos", se mostrando uma maravilhosa surpresa entre os lançamentos recentes da Netflix.
    Granizo | NETFLIX

    O filme também trata, timidamente e com muito bom humor, a recente valorização de influenciadores digitais, que não precisaram necessariamente serem formados em determinada área ou passar anos trabalhando em profissão distintas para terem suas vagas garantidas em um programa de televisão ou na substituição de um renomado meteorologista que sofre cancelamento.

    Mas é nas relações familiares que se encontra a cereja do bolo do filme “Granizo”. Certos detalhes da vida de Miguel, revelados ainda na abertura do filme e aos poucos, na convivência com a filha Carla( interpretada pela atriz Romina Fernandez) a quem ele procura em sua fuga do ódio generalizado, abrilhantam ainda mais a narrativa e revelam como foi o caminho para ele chegar onde chegou e explicam a razão dele precisar retroceder para poder se reencontrar. A fama lhe tinha custado caro demais.

    O que aconteceria na vida de um famoso meteorologista quando, após 20 anos de acertos em previsões climáticas, errasse uma previsão na noite de estreia de seu novo programa de tv? Embora a resposta seja óbvia, analisando o ocorrido sob a ótica das redes sociais e da prática constante de "cancelamentos" quando pessoas queridas cometem erros, o enredo de "Granizo" e a história de Miguel Flores vai muito além de expor o outro lado dessa prática tão comum nas mídias sociais e na sociedade. O filme "Granizo" trata conflitos de gerações relações familiares, fama e suas consequência e sobre os temidos " cancelamentos", se mostrando uma maravilhosa surpresa entre os lançamentos recentes da Netflix.
    Granizo | NETFLIX

    É necessário avisar que o início do filme dá a ligeira sensação de dèjá vu a la Up- Altas Aventuras , momento no qual você se questiona se leu mesmo na descrição do filme que se tratava de uma comédia. E ao voltar e perceber que se trata sim de uma comédia, mas dramática, você aceita a existência daquele início e segue a narrativa esperando que a situação melhore e se surpreende positivamente logo depois. Não desistam de cara.

    Parte do mérito do sucesso do filme se deve à leveza de seu roteiro, com construção de personagens maravilhosos e diálogos certeiros em cada momento da história. É raro que tudo se encaixe com tanta maestria, mas foi exatamente o que aconteceu com “Granizo”. Desde o protagonista até os coadjuvantes, todos tiveram momentos cômicos e dramáticos em cada momento da narrativa e todos marcaram o filme de alguma forma. O humor não atrapalhou o drama e o drama não atrapalhou o humor. Parabéns ao diretor Marcos Carnevale, ao roteirista Nicolás Giacobone e ao elenco que conquista os telespectadores à primeira vista.

    Granizo está disponível na Netflix.

    Nota 4,5/5
    Assista ao trailer:
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  • Crítica | A Bolha – Comédia alfineta problemáticas da indústria cinematográfica mas é menos engraçada do que pretendia ser

    O filme A Bolha aborda, com muito humor, a situação de muitas produções cinematográficas realizadas em época de pandemia ao contar a história de um grupo de atores que foram contratados, durante o período pandêmico sem vacinas, para filmar a sequência de uma franquia de sucesso, enquanto estivessem confinados em um hotel, nomeado pelo produtor da produção como “A Bolha”. Mas o que parecia ser uma boa ideia se torna um verdadeiro caos, o que leva a equipe e os atores a se perguntar se é mesmo possível que o filme seja finalizado. A pergunta transcende o enredo do filme e chega ao telespectador que pode até se perguntar: esse filme foi finalizado?

    No material de divulgação da comédia A Bolha muitos se questionavam sobre o que seria o filme. Trechos de cenas com dinossauros e títulos evocando um provável sexto filme de uma franquia conhecida chamada Cliff Beasts eram veiculados e confundiam os telespectadores, que aguardavam um novo filme de dinossauros. Isso até confunde no início, levando-nos a questionar se essa franquia realmente existe. Mas, apesar do material promocional de trailers fictícios e de alguns posteres com o elenco, devo alertar: não existem! A franquia é fictícia, mas com inspirações bem conhecidas, já que o próximo filme da franquia real Jurassic Park demorou para ser finalizado pelas constantes paralizações nas filmagens em tempos de covid.

    O filme A Bolha aborda, com muito humor, a situação de muitas produções cinematográficas realizadas em época de pandemia ao contar a história de um grupo de atores que foram contratados, durante o período pandêmico sem vacinas, para filmar a sequência de uma franquia de sucesso, enquanto estivessem confinados em um hotel, nomeado pelo produtor da produção como "A Bolha". Mas o que parecia ser uma boa ideia se torna um verdadeiro caos, o que leva a equipe e os atores a se perguntar se é mesmo possível que o filme seja finalizado. Parece drama, mas o diretor Judd Apatow conseguiu tratar do assunto com muita leveza e humor, garantindo boas risadas.
    A Bolha | NETFLIX

    Ao utilizar o contexto pandêmico de fundo para apresentar a história, o ambiente, ou “A Bolha” como eles próprios definem passa a se tornar não apenas um ambiente de trabalho , mas uma espécie de Big Brother, acarretando problemas de convivência, conflitos de egos, condições abusivas de trabalho e constantes reclamações sobre o roteiro péssimo do novo filme. Esses assuntos sendo tratados com certos toques de ironia e humor nos faz refletir sobre a similaridade daquele ambiente com o ambiente de estúdios de gravação pelo mundo afora e essa sacada faz o filme ser considerado mais interessante do que diretamente engraçado. Embora tenha seus momentos de humor inseridos na narrativa de forma espaçada.

    O elenco é digno de blockbuster, característica comum dos últimos lançamentos da Netflix. Nomes como Pedro Pascal( The Mandalorian), Karen Gillan ( Guardiões da Galáxia/Doctor Who), Maria Balalova( Vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por Borat 2), David Duchovny( Arquivo X) são alguns dos destaques, mas conta também com participações de Daisy Ridley( Star Wars), Benedict Cumberbatch(Doctor Strange) e James McAvoy(Fragmentado). Podemos dizer que todos tem boletos a pagar, pois certamente não aceitariam fazer parte de um filme assim em circunstâncias normais. Ou talvez só quisessem se divertir. Certamente os bastidores foram divertidos para os atores, o que nem sempre resulta em um filme excelente.

    O filme A Bolha aborda, com muito humor, a situação de muitas produções cinematográficas realizadas em época de pandemia ao contar a história de um grupo de atores que foram contratados, durante o período pandêmico sem vacinas, para filmar a sequência de uma franquia de sucesso, enquanto estivessem confinados em um hotel, nomeado pelo produtor da produção como "A Bolha". Mas o que parecia ser uma boa ideia se torna um verdadeiro caos, o que leva a equipe e os atores a se perguntar se é mesmo possível que o filme seja finalizado. Parece drama, mas o diretor Judd Apatow conseguiu tratar do assunto com muita leveza e humor, garantindo boas risadas.
    A Bolha | NETFLIX

    Dente o elenco de estrelas, um dos que mais se destaca é Pedro Pascal e seu desvairado Dieter Bravo. É impressionante que o Pascal sempre consiga entender o papel quando lhe é dado, seja em uma comédia pastelão, seja em uma série spin off de Star Wars, seja como vilão de filme de super heroína. E em cada um deles ele consegue entregar tudo de si. No filme A Bolha ele mais uma vez deixa sua marca nas cenas mais absurdas possíveis. E ele sempre está ali, encarando aquilo como se fosse o papel da vida dele.

    Boas notícias para os temerosos com o futuro trabalho dele como Joel no filme live action do jogo The Last Of Us: não se preocupem, ele com certeza vai encarnar o papel como deve ser.

    O filme A Bolha aborda, com muito humor, a situação de muitas produções cinematográficas realizadas em época de pandemia ao contar a história de um grupo de atores que foram contratados, durante o período pandêmico sem vacinas, para filmar a sequência de uma franquia de sucesso, enquanto estivessem confinados em um hotel, nomeado pelo produtor da produção como "A Bolha". Mas o que parecia ser uma boa ideia se torna um verdadeiro caos, o que leva a equipe e os atores a se perguntar se é mesmo possível que o filme seja finalizado. Parece drama, mas o diretor Judd Apatow conseguiu tratar do assunto com muita leveza e humor, garantindo boas risadas.
    A Bolha | NETFLIX

    Entre os atores não tão conhecidos pelo público, o destaque é do ator Harry Trevaldwyn( Gunther), que no filme é o responsável por se certificar que todos que estivessem confinados n’ A Bolha estiverem seguros e em perfeito estado de saúde. Ele sozinho e complementando a atuação dos demais foi responsável por cenas cômicas memoráveis.

    Apesar da contextualização bem atual e das tiradas cômicas sarcásticas sobre diversos temas da indústria cultural, cinematográfica ou não, o filme é relativamente longo e poderia cortar metade de algumas cenas desnecessárias à continuidade da narrativa para que pudesse manter o telespectador interessado na história. Mas compensa os excessos fazendo piada de si mesmo e não se levando tão a sério. No final da história os personagens até comentam: um final bom às vezes compensa o meio do filme ser ruim. Sim, eles mesmos dizem isso. Admitiram o erro, mas entregaram o filme. Se a moda pegar, teremos discursos assim com muita frequência, não só em lançamentos de streamings mas em filmes de grandes estúdios.

    O filme A Bolha está disponível na Netflix.

    Nota 2/5
    Assista ao trailer:
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  • Crítica | Não Confie em Ninguém: A Caça ao rei da Criptomoeda – documentário sobre golpe envolvendo Bitcoins serve como alerta ao público

    “Não Confie em Ninguém : A Caça ao rei da Criptomoeda” é o novo documentário da Netflix que conta parte da trajetória de aparente sucesso do fundador de uma plataforma de Criptomoedas , chamado Gerry Cotten, ao mesmo tempo em que se utiliza de depoimentos de vítimas do golpe arquitetado por ele para revelar a investigação paralela em grupos de Telegram e entre profissionais da imprensa para desvendar sua suposta morte. O título já adianta parte do desfecho deste e de muitos casos envolvendo investidores afoitos em busca de lucro em um mercado de plena expansão e desconfiança como o mercado das criptomoedas. Nos telejornais como na vida real das vítimas de Gerry Cotten, o conselho é sempre o mesmo: Desconfie!

    O mercado de criptomoedas ainda é um assunto tratado com muita desconfiança pelo mercado financeiro e pelos investidores, sejam eles experientes ou amadores. E o novo documentário da Netflix ” Não Confie em Ninguém: A Caça ao rei da Criptomoeda” colabora com esta desconfiança contando aos telespectadores sobre um golpe arquitetado por um rapaz aparentemente prodígio na área das tecnologias que surpreendeu à todos com a sua solução inovadora de facilitar a movimentação de investimentos em Bitcoin, um tipo de criptomoedas.

    "Não Confie em Ninguém : A Caça ao rei da Criptomoeda" é o novo documentário da Netflix que conta parte da trajetória de aparente sucesso do fundador de uma plataforma de Criptomoedas , chamado Gerry Cotten, ao mesmo tempo em que se utiliza de depoimentos de vítimas do golpe arquitetado por ele para revelar a investigação paralela em grupos de Telegram e entre profissionais da imprensa para desvendar sua suposta morte. O título já adianta parte do desfecho deste e de muitos casos envolvendo investidores afoitos em busca de lucro em um mercado de plena expansão e desconfiança como o mercado das criptomoedas. Nos telejornais como na vida real das vítimas de Gerry Cotten, o conselho é sempre o mesmo: Desconfie!
    Não Confie em Ninguém: A Caça ao rei das Criptomoedas | NETFLIX

    O golpista em ascensão na época do boom das criptomoedas se chamava Gerry Cotten, jovem canadense recém formado em Administração que viu na nova descoberta uma chance de ganhar dinheiro. Só não deixou claro para os investidores que só ele ganharia. Com a promessa de lucro certo sem depender dos mandos e desmandos da economia e das taxas exorbitantes de bancos, as criptomoedas prometiam muito e Gerry resolveu converter alguns dólares para Bitcoin e ao perceber a alta cotação e valorização tratou de fundar uma empresa de corretagem que prometia ser um elo de soluções entre investidores e Criptomoedas. A empresa se chamou QuadrigaCX e em menos de cinco anos se tornou a maior bolsa de criptografia do Canadá.

    Mas, como esperado, em um mercado de rápida ascensão há consideráveis e repentinas chances de queda e a partir do momento em que as criptomoedas perdiam sua valorização, muitos investidores da QuadrigaCX buscaram uma forma de salvar seu dinheiro. Foi a partir daí que a credibilidade da empresa começou a diminuir pois as transações não completavam, deixando muitas pessoas furiosas com Cotten e sua empresa. Algumas dessas pessoas formam um quadro curioso e variado de interlocutores que colabora com a narrativa do documentário “Não Confie em Ninguém” ao contarem o maior golpe que já sofreram neste recente mercado de criptomoedas. A narrativa conta também com auxílio dos jornalistas que trabalharam nas reportagens sobre Gerry Cotten e a empresa Quadriga CX.

    "Não Confie em Ninguém : A Caça ao rei da Criptomoeda" é o novo documentário da Netflix que conta parte da trajetória de aparente sucesso do fundador de uma plataforma de Criptomoedas , chamado Gerry Cotten, ao mesmo tempo em que se utiliza de depoimentos de vítimas do golpe arquitetado por ele para revelar a investigação paralela em grupos de Telegram e entre profissionais da imprensa para desvendar sua suposta morte. O título já adianta parte do desfecho deste e de muitos casos envolvendo investidores afoitos em busca de lucro em um mercado de plena expansão e desconfiança como o mercado das criptomoedas. Nos telejornais como na vida real das vítimas de Gerry Cotten, o conselho é sempre o mesmo: Desconfie!
    Não Confie em Ninguém: A Caça ao rei das Criptomoedas | NETFLIX

    A investigação que é apresentada ao telespectador a partir deste primeiro erro percebido pelos investidores da empresa de Gerry é o que faz o documentário ser divertido de assistir. Não há qualquer oficialidade nas constatações de cada uma das vítimas do golpe da Quadriga CX, então qualquer nova informação é uma pista, qualquer nova descoberta é uma linha de raciocínio diferente em busca de resposta. De certa forma é até divertido traçar este caminho sob o olhar de cada um deles, levando em consideração o que sofreram de prejuízos financeiros ao acreditar em Garry Cotten.

    "Não Confie em Ninguém : A Caça ao rei da Criptomoeda" é o novo documentário da Netflix que conta parte da trajetória de aparente sucesso do fundador de uma plataforma de Criptomoedas , chamado Gerry Cotten, ao mesmo tempo em que se utiliza de depoimentos de vítimas do golpe arquitetado por ele para revelar a investigação paralela em grupos de Telegram e entre profissionais da imprensa para desvendar sua suposta morte. O título já adianta parte do desfecho deste e de muitos casos envolvendo investidores afoitos em busca de lucro em um mercado de plena expansão e desconfiança como o mercado das criptomoedas. Nos telejornais como na vida real das vítimas de Gerry Cotten, o conselho é sempre o mesmo: Desconfie!
    Não Confie em Ninguém: A Caça ao rei das Criptomoedas | NETFLIX

    E o meio que se comunicavam, através da plataforma Telegram, tão discutida nos últimos dias por ser considerada uma plataforma que até a última exigência da justiça, não respeitava leis dos países em que funciona é até um modo diferente de analisar o uso dessa plataforma em mobilizações em curso, seja para qual motivação for.

    No início percebemos o sentimento mútuo de solidariedade entre os integrantes do grupo de vítimas do golpe e laços de colaboração para tentar encontrar formas de desvendar mistérios, de condenar culpados. Mas a partir de um certo momento, chega o comportamento dos integrantes chega a se tornar bastante prejudicial por falta de limites. É mais um alerta de “Não Confie em Ninguém”: nem sempre o que você acredita ser verdade, é a verdade.

    "Não Confie em Ninguém : A Caça ao rei da Criptomoeda" é o novo documentário da Netflix que conta parte da trajetória de aparente sucesso do fundador de uma plataforma de Criptomoedas , chamado Gerry Cotten, ao mesmo tempo em que se utiliza de depoimentos de vítimas do golpe arquitetado por ele para revelar a investigação paralela em grupos de Telegram e entre profissionais da imprensa para desvendar sua suposta morte. O título já adianta parte do desfecho deste e de muitos casos envolvendo investidores afoitos em busca de lucro em um mercado de plena expansão e desconfiança como o mercado das criptomoedas. Nos telejornais como na vida real das vítimas de Gerry Cotten, o conselho é sempre o mesmo: Desconfie!
    Não Confie em Ninguém: A Caça ao rei das Criptomoedas | NETFLIX

    De uma forma geral o documentário ” Não Confie em Ninguém: A Caça ao rei da Criptomoeda” é importante não só como um relato sobre um golpe que já aconteceu no Canadá e teve um desfecho nada esperado por suas vítimas, mas também como um alerta para as pessoas não confiarem em qualquer proposta lucrativa que encontrarem por aí. No Canadá como no Brasil, os casos de golpes financeiros não só são frequentes como diários. Uma produção assim, ainda que fale de um mercado específico, ajuda a conscientizar sobre o nível de desconfianças que devemos ter ao tratar de dinheiro. Utilidade Pública das melhores. Ponto para a Netflix.

    “Não Confie em Ninguém: A Caça ao rei da Criptomoeda” está disponível na Netflix.

    Nota: 5/5
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  • Crítica | Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore

    Crítica | Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore

    Terceiro filme da franquia Animais Fantásticos apresenta novas histórias, um universo ainda mais expandido e novos animais incrivelmente fofos

    A franquia Animais Fantásticos é detestada por poucos e amada por muitos, mas não é segredo que ela consegue se consolidar apenas por trazer uma nostalgia ao público, principalmente em momentos em que a trilha sonora lembra Harry Potter  e Hogwarts aparece. Em seu terceiro filme Animais Fantásticos : Os Segredos de Dumbledore, vemos um mundo bruxo novo, e entramos cada vez mais no cotidiano deles que, antigamente, havíamos conhecido somente na escola.

    Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore acompanha o professor Alvo Dumbledore (Jude Law) contra o poderoso mago das trevas Gellert Grindelwald (Mads Mikkelsen), que está se movimentando para assumir o controle do mundo mágico. Incapaz de detê-lo sozinho, ele pede para que Newt Scamander (Eddie Redmayne) lidere uma intrépida equipe de bruxos e um corajoso padeiro trouxa em uma missão perigosa. Na nova aventura, eles encontram velhos e novos animais e entram em conflito com a crescente legião de seguidores de Grindelwald.

    Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore
    Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore | Divulgação

    Com um tom um pouco mais maduro do que os filmes anteriores, Os Segredos de Dumbledore finalmente aborda, de forma simples mas profunda, o amor entre Dumbledore e Grindelwald. De resto, a trama que se alonga mais do que o suficiente, não consegue encontrar um outro ponto que seja tão interessante quando explorar a relação dos dois grandes bruxos. Os segredos mesmo de Dumbledore ficaram em segundo plano.

    Porém, apesar da história parecer fraca num primeiro momento, principalmente pelo roteiro nada hollywoodiano de JK Rowling, o filme não se torna ruim. Os momentos em que entramos no mundo mágico e descobrimos mais sobre o cotidiano das pessoas que estão fora de Hogwarts são um verdadeiro prato cheio para quem acompanha o universo de Harry Potter.

    Além do mais, as partes nostálgicas do filme onde o castelo de Hogwarts aparece, e a trilha sonora da o tom de que estamos vendo algo relacionado ao Harry Potter, são realmente sensacionais, de arrepiar.

    Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore
    Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore | Divulgação

    Um filme da franquia de Animais Fantásticos não poderia deixar de ter: animais realmente fantásticos! Os animais, como sempre, deram um show a parte. São criaturas extremamente carismáticas, muito bem feitas e que preenchem -muito bem- com o seu tempo de tela.

    Um outro ponto que eu considero bom em Os Segredos de Dumbledore é a forma como, mesmo tendo protagonistas, o filme procura dar um tempo de tela necessário para cada personagem se desenvolver e apresentar, de forma clara, a sua história. Isso acontece quando conhecemos mais a fundo a família Dumbledore.

    No mais, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore continua sendo um filme de encher os olhos, não se esperava menos de algo vindo do universo de HP. Mas, em relação ao roteiro, a história poderia ter sido bem mais desenvolvida, sem tantos momentos de piadas fora de hora e cenas longas, mas não deixa de ser um bom filme.

    Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore estreia dia 14 de abril nos cinemas brasileiros.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer:

  • Critica | Morbius – Definitivamente um dos filmes já feito

    Critica | Morbius – Definitivamente um dos filmes já feito

    O novo longa do Aranhaverso da Sony Pictures, Morbius, estrelado por Jared Leto, o filme que acabou sendo adiado diversas vezes, finalmente chega aos cinemas na próxima quinta (31/03).

    Na trama do filme, o ator vencedor do Oscar, Jared Leto vive o Dr. Michael Morbius, um bioquímico que se transforma em vampiro durante um experimento em que tentava curar uma doença sanguínea. O longa é a nova aposta da Sony para seu universo cinematográfico de vilões do Homem-Aranha.

    Critica - Morbius | Definitivamente um filme já feito
    Foto: Morbius | Sony Pitcures

    A Sony vem tentado embarcar esse universo há um bom tempo, tudo começou lá em 2014, quando O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro estreava. Desde o lançamento, era clara a tentativa de emplacar um filme em que o Amigão da Vizinhança iria enfrentar o tão falado Sexteto Sinistro, infelizmente com o cancelamento da continuação, e o acordo com a Marvel esse projeto foi cancelado. Ou pelo menos engavetado.

    Dessa forma, tivemos o lançamento e sucesso de bilheteria do primeiro Venom, mesmo que a critica ainda tenha sido bem contraditória a isso, o filme do simbionte garantiu logo sua sequencia, Tempo de Carnificina. Que também rendeu uma ótima bilheteria.

    Sendo assim, era a hora de continuar a empreitada de trazer mais vilões para esse universo, e assim criar uma ligação para junta-los em algum momento do futuro. Ou pelo menos, era o que parecia.

    Morbius tem um grande problema, na verdade tem vários, mas o principal é: o filme não sabe qual história ele quer contar. O longa mira em algumas direções, é uma história de origem, um filme de ação e em alguns momentos tenta ser um terror. O problema é que ele não consegue acertar em nenhum desses pontos.

    Critica - Morbius | Definitivamente um filme já feito
    Foto: Morbius | Sony Pictures

    Dito isso, o longa peca muito em seu ritmo, prolongando demais a origem do vampiro em um Jared Leto que se leva muito a sério. O ator que é um dos meus preferidos da atualidade, tenta dar camadas ao seu personagem, mas o roteiro não ajuda. Levando o personagem a lugar nenhum.

    Outra coisa que é muito perceptível é como o filme aparenta ser produto de umas duas décadas passadas, como se fosse um filme do final dos anos 90 e inicio de 2000. Mesclando uma trama desinteressante, com uma edição confusa e um CGI ruim o filme acaba se tornando sem sentido. Você se pega pensando, aonde eles querem chegar diversas vezes.

    Sem falar no desperdício de atores, Adria Arjona interpreta a Dra. Martine, parceira de Michael e interesse amoroso. Jared Harris interpreta Emil Nikos e Tyrese Gibson dando vida ao Agente Simon Stroud. Os três personagens tem algo em comum, eles são desnecessários no enredo. Todos os três aparentam ter algo a ser mostrado no filme, porém, são deixados de lado, um deles com a promessa de ser importante para uma possível sequencia.

    Mas por incrível que parece a melhor coisa do filme é Matt Smith, no momento em que introduzem seu personagem na trama o filme fica bem mais divertido de assistir. Isso porque o ator se entregou a galhofa, você se diverte assistindo ele se divertir no papel. Definitivamente, ele é o melhor atrativo do longa.

    Morbius realmente aparenta ser um filme lançado fora de sua época, infelizmente o longa acaba se tornando desinteressante. Sinto que Michael é aquele personagem que em um filme de equipe, em cinco minutos que explicassem a história dele o publico já entenderia e compraria a ideia, não era realmente necessário um filme origem do personagem.

    Claramente a intenção da Sony, é conectar esses filmes para os vermos juntos em próximos longas, contudo após as duas cenas pós créditos, fica difícil de entender qual caminho eles querem levar.

    NOTA: 2/5

  • Crítica | Bridgerton – Segunda temporada chega à Netflix com algumas polêmicas

    Estreia da aguardada segunda temporada de Bridgerton encanta muitos, porém gera polêmica e discussões entre os fãs

    Começou mais uma temporada de bailes e noivados! Na última sexta-feira (25) estreou a tão aguardada segunda temporada do sucesso “Bridgerton”. Para quem não sabe, a série é baseada em uma coletânea de livros que contam a história da família Bridgerton, formada por Violet e seus oito filhos. Eles são uma família aristocrata inglesa e, a cada história, acompanhamos os bailes, as debutantes e os noivados que surgem ao longo da temporada.

    Nesta temporada, é a vez de Anthony Bridgerton, o Visconde e primogênito da família, escolher sua noiva, enquanto sua irmã Eloise debuta. Acontece que Eloise despreza esse mundo, não quer debutar nem arrumar um noivo, então se esquiva de todas as formas que pode. Mas ela ainda se surpreenderia muito (em vários sentidos) enquanto tenta desvendar quem é a famosa Lady Whistledown.

    Anthony é um homem fechado, que pode parecer (e às vezes é) arrogante e machista. Mas a história explica: ele estava com o pai quando este faleceu inesperadamente, e ele acompanhou todo o luto por qual sua mãe passou. Por esse motivo, prometeu nunca se casar por amor. Dessa forma, acompanhamos a mudança do personagem, que aprendeu valiosas lições sobre amor e família.

    CRÍTICA | Bridgerton - Segunda temporada chega à Netflix com algumas polêmicas
    Bridgerton | Netflix

    Na atual temporada de bailes há uma família que é a novidade do momento: as Sharma. Composta pela matriarca e pelas irmãs, Kate e Edwina, elas ficam sob a proteção da já conhecida Lady Danbury enquanto tentam fazer com que Edwina consiga um bom noivado. Acontece que esta não será tarefa fácil, já que o pretendente de Edwina deve atender às exigências de Kate.

    Enquanto os bailes acontecem, todos aguardam que a rainha finalmente escolha “o diamante”, a moça que será destaque e, consequentemente, objeto dos melhores cortejos. A rainha tem grande destaque nesta temporada também. Vemos um lado mais humano, além de suas tentativas de demonstrar poder ao tentar acabar de uma vez por todas com a Lady Whistledown.

    Na segunda temporada de Bridgerton, a família Featherington também ganha grande destaque. Após vermos ainda muita futilidade vindo da maioria das mulheres da família, a matriarca acaba por surpreender e mostra o que é ser mãe, ao tentar de várias formas sustentar a família após o falecimento de seu marido (fim da primeira temporada).

    CRÍTICA | Bridgerton - Segunda temporada chega à Netflix com algumas polêmicas
    Bridgerton | Netflix

    Kate e Anthony se estranharam desde que se conheceram. No entanto, quando Edwina passa a despertar o interesse dos jovens, ele decide que esta será sua noiva. Kate não suporta a ideia, pois faz questão que a irmã se case por amor e sabe que Anthony não poderá dar à menina o futuro que ela merece.

    Em uma época de casamentos por conveniência, será um casamento por amor algo impossível? Será que Kate é exigente demais ou ela estava certa no fim das contas?

    CRÍTICA | Bridgerton - Segunda temporada chega à Netflix com algumas polêmicas
    Bridgerton | Netflix

    Nesse ponto pode conter pequenos spoilers junto com a crítica! 

    Bom, se você não leu os livros, provavelmente vai ter uma ideia errada da Kate, o que é lamentável, pois é uma ótima personagem que não foi muito bem trabalhada na série. No livro não rola aquilo de uma irmã “roubando” o marido da outra, a Edwina nunca foi apaixonada pelo Anthony e eles jamais chegam a noivar. Mas como colocaram na série pareceu uma traição… Estragaram a relação entre as irmãs.

    Fora que a famosa cena da abelha que acontece nos livros era alvo das maiores expectativas dos fãs, principalmente pelo o que se desenrola dela. E simplesmente nada acontece na série! Realmente era um marco nesta história.

    Quanto à Lady Whistledown/Penélope, acho que podemos esperar uma boa reviravolta para a próxima temporada!

    CRÍTICA | Bridgerton - Segunda temporada chega à Netflix com algumas polêmicas
    Bridgerton | Netflix

    Por fim, o casal (Kathony) tem muita química e isso fica evidente desde o início. Mas o jeito como fizeram eles se aproximarem na série chegou a ser desconfortável às vezes. Em suma, é uma boa continuação para a primeira temporada, mas não é uma adaptação tão boa assim para os fãs da história.

    Ah! A fotografia e as músicas continuam impecáveis, assim como na temporada passada. Desta vez, podemos ver músicas de Mandonna, Rihanna, Alanis Morissette, P!nk, Miley Cyrus, dentre outras bem famosas!

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer:

    https://www.youtube.com/watch?v=SEBUt-BjGf8&ab_channel=NetflixBrasil

    E você, gosta de Bridgerton? Já leu os livros ou é fã só da série? Gostou da temporada atual? Até breve 😉

    Veja também: Crítica| O Projeto Adam- Novo filme da Netflix emociona e brinca com referências

  • Crítica | Infiltrado – Um filme de ação previsível mas eficaz

    Já disponível na Amazon Prime Vídeo, Infiltrado traz Jason Statham fazendo novamente o mesmo papel que costuma fazer sempre: O cara nervoso que bate em todos e no final triunfa; Porém dessa vez de uma maneira muito bem feita, graças ao roteiro e ao trabalho excepcional do diretor Guy Ritchie.

    Filmes com Jason Statham costumam ter uma premissa básica: Um cara britânico e elegante de poucas palavras, que apanha bastante em dois terços do filme e no final surra todo mundo, mata os bandidos, faz algumas piadinhas e sai com a mocinha.
    Eu não falo isso como se fosse uma coisa ruim, é algo que ele faz muito bem inclusive. É um clássico caso de atores que quase sempre fazem o mesmo papel, tem praticamente a mesma premissa e etc.

    Porém dessa vez, o diretor Guy Ritchie, diretor de filmes muito bem consagrados como Sherlock Holmes 1 e 2, consegue fazer algo diferente com uma premissa muito previsível: Traz uma trama envolvente e com certos momentos que realmente ficamos na ponta da cadeira, mesmo sendo em mais um filme de ação\assalto que teria tudo para ser apenas mais um exemplo genérico dessas obras.
    O diretor consegue pegar uma história com um roteiro relativamente simples e fazer algo muito bem feito, com sub-tramas interessantes, alguns mistérios no ar, personagens carismáticos e usando o recurso dos ”FLASH-FORWARDS” de uma maneira primordial.

    O Infiltrado
    Infiltrado | Imagem Filmes

    O filme tem seus problemas, como alguns personagens caricatos demais e com a história em si sendo um pouco previsível, porém os acertos compensam esses pequenos deslizes.
    A direção mantém a história com um bom ritmo, começando de uma maneira mais leve contando com calma todos os detalhes e apresentando os personagens de uma maneira orgânica, com muita calma e aos poucos vai indo mais a fundo para mostrar o verdadeiro motivo de todo o plot.

    O elenco se sai bem: Josh Hartnett, Holt McCallany, Jeffrey Donovan e Eddie Marsan entregam bons personagens, porém o personagem de Scott Eastwood, é realmente bem forçado e caricato, fazendo com que fique um abismo entre ele e o restante do elenco.
    Jason Statham está fazendo o que faz de melhor: Ser Jason Statham em um filme de ação, com ótimas cenas de combate e tiroteio.
    O restante do elenco mantém um trabalho razoável, sem muitos destaques ou pontos negativos que destoem do filme como um todo.

    Infiltrado
    Infiltrado | Imagem Filmes

    O roteiro do filme faz a diferença ao contar uma história que a princípio é básica, mas mostrando os vários pontos de vista dos personagens: Do protagonista, da empresa, dos vilões e mais alguns. A motivação do protagonista também é justa e compreensível, porém temos que nos deixar levar pela fada das coincidências em alguns momentos, nada que atrapalhe a experiência.

    O motivo dos ”vilões” do filme também é bem compreensível, não são pessoas más que fazem coisas ruins apenas pelo prazer disso, pelo contrário: Eles possuem famílias e motivos realmente interessantes que fazem com que a gente compre a ideia do porque fazem aquilo, e é nesse ponto que eu volto a bater na tecla Scott Eastwood, que faz um personagem extremamente caricato e que destoa demais do restante de seu grupo, mas enfim, alguém tem que ser o vilão em um filme de ação do Jason Statham.

    Finalizando, é um filme de ação e assalto previsível com personagens caricatos, porém vale a pena dar uma olhada pois a história é extremamente bem conduzida e muito bem contada, fazendo com que o público consiga ficar preso na história e querer saber o desfecho final, mesmo já tendo uma ideia do que vai acontecer.
    É um ótimo exemplo de que as vezes não é a história em si, mas o JEITO que ela é contada que faz toda a diferença.

    NOTA 3,5/5

    Assista ao trailer:

    Infiltrado | Amazon Prime Vídeo

  • Crítica | Alemão 2 traz a realidade de uma guerra interna que não tem fim

    Crítica | Alemão 2 traz a realidade de uma guerra interna que não tem fim

    Retratando a marginalização e violência nas comunidades do Rio de Janeiro, Alemão 2 estampa a guerra que acontece debaixo dos nossos narizes onde, a grande parte das vítimas, são moradores que só querem um dia de paz 

    Que uma guerra acontece há anos dentro de um dos maiores morros do Rio de Janeiro, isso já não é novidade para ninguém. Quantas vezes assistimos aos jornais toda a ocupação feita pela polícia, operações e trocas de tiro com traficantes? Será que realmente entendemos o que se passa lá dentro? Alemão 2, segundo filme sobre o morro feito por José Eduardo Belmonte mostra a realidade assistida de dentro, os principais causadores e, infelizmente, as principais vítimas.

    A trama acompanha os policiais em uma operação no Complexo do Alemão, com o objetivo de prender o dono do morro, Soldado (Digão Ribeiro), que anos atrás conseguiu escapar de uma operação liderada por Machado (Vladimir Brichta). Com a novata Freitas (Leandra Leal) e o cabeça quente Ciro (Gabriel Leone), Machado terá que lidar com os imprevistos e com um inimigo oculto para conseguir fazer com que as buscas pelo chefe do crime seja o mais limpo possível.

    Alemão 2
    Alemão 2 | Divulgação

    O roteiro do segundo filme, diferente do primeiro, trouxe diversos momentos de reflexão sobre as verdadeiras vítimas dessas operações, os principais responsáveis pelo derramamento de sangue, as burocracias e políticas que não investem o suficiente para defender a população e, em grande momento do longa, apresenta o lado psicológico -extremamente afetado e problemático- dos policiais, onde muitos não estão preparados para enfrentar e lidar com a rotina e pressão oferecidas pelo cargo.

    Apesar de não ter sido gravado de dentro do morro, como foi no primeiro, Alemão 2 conseguiu trazer para a tela a sensação de estarmos dentro da comunidade, além de mostrar a dificuldade dos polícias em operar lá dentro, por conta das vielas e lugares de difícil acesso. Isso também dificulta na hora de prestar algum socorro. Mais um item a ser refletido após a reprodução.

    Alemão 2
    Alemão 2 | Divulgação

    Alemão 2 dá gatilho para a exploração de diversos assuntos, que podem ser desenvolvidos em outras produções. O envolvimento policial com o tráfico e a questão mais aprofundada do “o que leva a pessoa a entrar na vida do crime” são ótimos pontos a serem tocados nos próximos filmes de José Eduardo Belmonte.

    Por fim, Alemão 2 é um tapa na cara vindo diretamente da realidade que, por muitas vezes parecer distante da nossa, uma hora acaba nos afetando de alguma maneira. Produções que contam a história da triste realidade que muitos brasileiros vivem são muito bem vindas, mesmo que sejam feitas como forma de protesto político ou documentário. Alemão 2 é um ótimo filme, com bons atores e a ação necessária.

    Alemão 2 estreia dia 31 de março nos cinemas.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Amor, Sublime Amor – remake de Spielberg valoriza representatividade e apresenta musical de 1957 para novas gerações

    Ao escolher “reimaginar” o musical Amor, Sublime Amor( West Side Story), Steven Spielberg trouxe para si e para sua equipe a responsabilidade de honrar uma história contada na Broadway em 1957 e nas telonas em 1961, história essa livremente adaptada de um clássico Shakesperiano: Romeu e Julieta. E o diretor fez o que melhor sabe fazer, encantando a todos com o seu cuidado com o material original, sua preocupação em escolher atores e cantores nascidos em Porto Rico para que a representatividade de personagens porto-riquenhos não se mostrasse caricata e claro: deu ao musical o toque Spielberg, o toque de midas que encanta o público que ele deseja atingir.

    Parte do elenco e até o próprio diretor comentam sobre essa “reimaginação” do diretor sobre o material que já existia sobre a história de Amor, Sublime Amor. Ele poderia simplesmente seguir o script e fazer da mesma forma que há anos atrás, só inserindo seu jeito de pensar a história. Mas Spielberg fez mudanças fundamentais para a melhora do filme e até alterou a locação de certos trechos memoráveis do filme anterior, fazendo com que as cenas se tornassem mais reais, mais ricas em conteúdo e imersão.

    Ao escolher "reimaginar" o musical Amor, Sublime Amor( West Side Story), Steven Spielberg trouxe para si e para sua equipe a responsabilidade de honrar uma história contada na Broadway em 1957 e nas telonas em 1961, história essa livremente adaptada de um clássico Shakesperiano: Romeu e Julieta.  E o diretor fez o que melhor sabe fazer, encantando a todos com o seu cuidado com o material original, sua preocupação em escolher atores e cantores nascidos em Porto Rico para que a representatividade de personagens porto-riquenhos não se mostrasse caricata e claro: deu ao musical o toque Spielberg, o toque de midas que encanta o público que ele deseja atingir.
    Amor, Sublime Amor |20th Century Studios

    Em alguns momentos parece até que, com o reconhecimento por sua carreira consolidada como grande diretor detentor de muitos prêmios e com filmes inesquecíveis no currículo, Spielberg conseguira fechar parte de Nova York e fazê-la voltar no tempo para que os atores e os figurinos estivessem inseridos da forma mais natural possível no contexto da história. Esse cuidado é percebido em cenas como a que Anita sai cantando as vantagens de estar onde está, na conhecida canção America, que no filme de 1961 é cantada no terraço de um prédio e no filme de Spielberg é cantada e dançada por uma multidão, nas ruas de uma Nova York em seus tempos antigos em meados do ano de 1950.

    Outras mudanças neste novo Amor, Sublime Amor estão nos detalhes. As falas em espanhol não são legendadas, fazendo com que o telespectador sinta o que é viver em um contexto bilíngue. Claro que são falas curtas e de fácil entendimento se formos nos basear na ligeira semelhança entre algumas palavras em português e em espanhol.

    Ao escolher "reimaginar" o musical Amor, Sublime Amor( West Side Story), Steven Spielberg trouxe para si e para sua equipe a responsabilidade de honrar uma história contada na Broadway em 1957 e nas telonas em 1961, história essa livremente adaptada de um clássico Shakesperiano: Romeu e Julieta.  E o diretor fez o que melhor sabe fazer, encantando a todos com o seu cuidado com o material original, sua preocupação em escolher atores e cantores nascidos em Porto Rico para que a representatividade de personagens porto-riquenhos não se mostrasse caricata e claro: deu ao musical o toque Spielberg, o toque de midas que encanta o público que ele deseja atingir.
    Amor, Sublime Amor |20th Century Studios

    A escolha do elenco principal foi maravilhosa, assim como a escolha dos coadjuvantes. Com destaques como a escolha de Ariana DeBose como a memorável personagem Anita, papel que já lhe rendeu alguns importantes prêmios como Globo de Ouro, o BAFTA, o Critics’ Choice o SAG e o prêmio do Sindicato dos Atores. DeBose está concorrendo ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por sua Anita em Amor, Sublime Amor e tem chances altíssimas de levar a premiação.

    Tão memorável quanto Ariana é a atriz Rita Moreno, a que primeiro interpretou a personagem Anita na versão de 1961 de Amor, Sublime Amor. Rita venceu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por sua Anita e o diretor Steven Spielberg quis também homenageá-la criando um personagem para ela nesta nova versão do filme que lhe trouxe tantas alegrias. Agora, a atriz interpreta Valentina, viúva de Doc, um personagem que apareceu na primeira versão do filme. Apesar das poucas cenas em que é inserida, Rita Moreno encantou mais uma vez provando que continua sendo uma maravilhosa atriz. A emoção de participar desta releitura é até perceptível, mesmo que ela atue bem e consiga mascarar inserindo a emoção na sua participação na história.

    Ao escolher "reimaginar" o musical Amor, Sublime Amor( West Side Story), Steven Spielberg trouxe para si e para sua equipe a responsabilidade de honrar uma história contada na Broadway em 1957 e nas telonas em 1961, história essa livremente adaptada de um clássico Shakesperiano: Romeu e Julieta.  E o diretor fez o que melhor sabe fazer, encantando a todos com o seu cuidado com o material original, sua preocupação em escolher atores e cantores nascidos em Porto Rico para que a representatividade de personagens porto-riquenhos não se mostrasse caricata e claro: deu ao musical o toque Spielberg, o toque de midas que encanta o público que ele deseja atingir.
    Amor, Sublime Amor |20th Century Studios

    Outros acertos técnicos do elenco estão, claro, nos protagonistas. Não tanto a ponto de terem suas atuações reconhecidas em premiações mas pelo fato de serem promissores sucessos em musicais, já que é só o primeiro que participam. Rachel Zegler interpreta uma Maria insossa, mas com forte potência vocal e com a graça necessária para dar ao número “I Feel Pretty” uma releitura pomposa. Ansel Elgort , com seu Tony, provou que sabe cantar e dançar( ainda que de forma meio desengonçada) o que pode lhe render futuros papéis em musicais.

    O talento completo do combo atuação, dança e canto em “Amor, Sublime Amor” ficou com o grupo de atores que fizeram parte do grupo dos desordeiros nomeados como Jets. A cena deles na delegacia entoando em coro a música “Gee, Officer Krupke” faz o telespectador até esquecer que eles devem ser recriminados ao invés de admirados. O integrante dos Shaks, Bernardo ( interpretado pelo ator David Alvarez) também merece todos os elogios. A química entre ele a a atriz Ariana DeBose trouxe cenas maravilhosas entre Anita e Bernardo.

    Ao escolher "reimaginar" o musical Amor, Sublime Amor( West Side Story), Steven Spielberg trouxe para si e para sua equipe a responsabilidade de honrar uma história contada na Broadway em 1957 e nas telonas em 1961, história essa livremente adaptada de um clássico Shakesperiano: Romeu e Julieta.  E o diretor fez o que melhor sabe fazer, encantando a todos com o seu cuidado com o material original, sua preocupação em escolher atores e cantores nascidos em Porto Rico para que a representatividade de personagens porto-riquenhos não se mostrasse caricata e claro: deu ao musical o toque Spielberg, o toque de midas que encanta o público que ele deseja atingir.
    Amor, Sublime Amor |20th Century Studios

    “Amor, Sublime Amor” é uma história atemporal que trata de paixões e amores avassaladores ao mesmo tempo em que retrata o péssimo e condenável hábito dos seres humanos em reagir ao que lhes é diferente com ações e comportamentos preconceituosos e hostis. Temas tão atuais que, se for feito um futuro remake nos próximos 60 anos, ainda estaremos tratando das mesmas situações e dos mesmo tipos de conflito. A luz que Spielberg tenta mostrar, além da clara homenagem aos que construíram esse enredo ainda em formato de musical da Broadway, é bem óbvia: o amor tem a força de superar todo tipo de hostilidade, ódio e diferenças.

    O filme foi indicado ao Oscar 2022 pelas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Fotografia, Melhor Mixagem de Som e Melhor Atriz Coadjuvante.

    Amor Sublime Amor já está disponível na plataforma de streaming Disney Plus, que conta também um pouco dos bastidores do remake de Spielberg no especial “Something’s coming: West Side Story 2020“, também disponível na plataforma.

    Nota: 4,5/5
    Assista ao trailer:
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    Crítica | Doze é Demais (2022) – Remake inova nas problemáticas de enredo, mas veio cedo demais

  • Crítica | Doze é Demais (2022) – Remake inova nas problemáticas de enredo, mas veio cedo demais

    Remake de um filme muito conhecido do público, o novo Doze é Demais, lançamento da plataforma Disney Plus até tenta inovar inserindo problemáticas de preconceito racial, novas configurações de família e novas formas de lidar com a educação de crianças e jovens, juntos em uma mesma casa. Mas, apesar do carisma inegável do novo elenco, o remake não tem o mesmo brilho e a mesma graça dos filmes antecessores e acaba se mostrando desnecessário.

    A responsabilidade de fazer um remake de um filme tão querido pelo público era enorme. Apesar dos dois filmes da franquia Doze é Demais terem sido lançados há mais de 15 anos, o filme é tão conhecido e aclamado que até hoje gera vídeos em trends de antes e depois em aplicativos, com parte do elenco brincando de relembrar seus famosos papéis como integrantes da divertida família Baker.

    Remake de um filme muito conhecido do público, o novo Doze é Demais,  lançamento da plataforma Disney Plus até tenta inovar  inserindo problemáticas de preconceito racial, novas configurações de família e novas formas de lidar com a educação de crianças e jovens, juntos em uma mesma casa. Mas, apesar do carisma inegável do novo elenco, o remake não tem o mesmo brilho e a mesma graça dos filmes antecessores e acaba se mostrando desnecessário.
    Doze é Demais ( 2022) | Disney Plus

    Como atualizar um filme considerado como preferido na lista de tanta gente sem gerar comparações? Sem desmerecer o esforço do elenco atual? A nova direção e o novo elenco até tentaram, mas em comparação com as produções antigas, o enredo e o desenvolvimento dos personagens ficou um pouco inferior e as problemáticas inseridas não são tão bem trabalhadas e tudo acaba se resolvendo de forma muito fácil, quase que desmerecendo a importância do assunto em si.

    O ambiente familiar fica mais dinâmico pois nesta nova história a família Baker é uma somatória de filhos só do pai Paul Baker(Zack Braff), filhos só da mãe Zoey Baker(Gabrielle Union), filhos do casal, primo paterno, e ex esposa Kate ( Erika Christensen) e ex marido Dom Clayton (Timon Kyle Durrett) do casal principal. E apesar dessa somatória ser bastante construtiva, eles não conseguem definir muito bem o papel de cada um e são raras as cenas memoráveis e engraçadas entre os integrantes da família, marcas registradas da família Baker que fizeram tanto sucesso nos filmes de Doze é Demais (2003) e Doze é demais 2 (2005).

    Remake de um filme muito conhecido do público, o novo Doze é Demais,  lançamento da plataforma Disney Plus até tenta inovar  inserindo problemáticas de preconceito racial, novas configurações de família e novas formas de lidar com a educação de crianças e jovens, juntos em uma mesma casa. Mas, apesar do carisma inegável do novo elenco, o remake não tem o mesmo brilho e a mesma graça dos filmes antecessores e acaba se mostrando desnecessário.
    Doze é Demais (2022) | Disney Plus

    Os atores que fazem os filhos dão um show de carisma e simpatia, mas até eles tem poucas chances de desenvolverem seus personagens. E chega a ser até injusto sempre ficar comparando os ” Doze é Demais” de antigamente com o remake, mas é difícil analisar individualmente porque certas situações se repetem: conflitos sobre quem tem que cuidar da casa enquanto o outro precisa cuidar do sustento da família, a questão do enriquecimento que promove uma maior comodidade para a família mas também traz apreensão entre os filhos e agora também a mãe por não se “encaixarem”. Situações parecidas, soluções parecidas, finais parecidos. Para que um remake, então?

    O que a maioria das pessoas não sabe é que o livro ” Cheaper by the dozen” escrito pelos irmãos Ernestine Gilbreth e Frank B. Gilbreth Jr. e lançado no ano de 1948 já teve bem mais do que as três adaptações cinematográficas da Disney. Há uma adaptação em filme com o nome original do livro e nome brasileiro traduzido como O Papai Batuta, que foi lançado no ano de 1950. E há até adaptações da continuação do livro de Ernestine e Frank, com o nome original de Belles on Their Toes, título traduzido como A família do gênio, filme lançado em 1952. Ou seja: até os mais conhecidos filmes “Doze é Demais” são remakes de uma história já contada há mais de 70 anos.

    Remake de um filme muito conhecido do público, o novo Doze é Demais,  lançamento da plataforma Disney Plus até tenta inovar  inserindo problemáticas de preconceito racial, novas configurações de família e novas formas de lidar com a educação de crianças e jovens, juntos em uma mesma casa. Mas, apesar do carisma inegável do novo elenco, o remake não tem o mesmo brilho e a mesma graça dos filmes antecessores e acaba se mostrando desnecessário.
    Doze é Demais (2022) | Disney Plus

    Então qual foi o problema do mais recente remake de uma história tão reproduzida pelo cinema? O fato de ter sido feito cedo demais a ponto de não esquecermos completamente dos antigos filmes e a tendência em repetir a história sem se preocupar em cativar de forma única, posto que passou muito superficialmente pelos lugares e narrativas onde deveria ter investido. Esse erros, se não existissem, dariam um motivo para a nova história da família Baker ser valorizada como única e distinta da família que já conhecíamos.

    Mas sejamos justos, se o público mais novo conhecer a história por esta nova família sem a referência dos filmes antigos, conseguirá se encantar. Talvez o que vicie o novo filme seja essa película de proteção que costumamos criar ao redor de nossos filmes preferidos a ponto de se tornarem intocáveis a qualquer reformulação ou remake. Isso só os novos telespectadores poderão dizer.

    O remake de Doze é Demais já está disponível na plataforma de streaming Disney Plus.

    Nota: 2/5

    Assista ao trailer:
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  • Crítica | 3 Toneladas: Assalto ao Banco Central – documentário da Netflix detalha como foi o furto mais audacioso do Brasil

    O documentário 3 Toneladas- Assalto ao Banco Central é mais um lançamento da Netflix do gênero ” true crime” baseado em um crime real que movimentou os noticiários e a polícia brasileira no ano de 2005 e nos meses seguintes ao acontecimento. Através de um túnel, ladrões invadiram o cofre do Banco Central do Brasil localizado em Fortaleza, no Ceará, e roubaram mais de 160 milhões de reais. Com depoimentos inéditos, inclusive de alguns integrantes do grupo de ladrões, esta série documental detalha como foi o assalto histórico , bem como os passos da polícia a desvendá-lo e mostra as consequências reais de um furto cinematográfico.

    A plataforma de streaming Netflix já conta com variados títulos próprios de produções baseadas em crimes reais, a grande maioria em forma de documentários. Esse gênero instiga variadas discussões e atrai muitos telespectadores, alguns que já são fãs do gênero e outros por se mostrarem interessados por alguns crimes em específico.

    O furto ao Banco Central de Fortaleza, mostrado no Documentário 3 Toneladas pode ser considerado um acontecimento digno de atenção e da repercussão tanto na época, como agora quando o documentário está disponível aos telespectadores por duas razões: os moldes do crime se assemelham bastante ao enredo de uma famosa série da Netflix chamada La Casa de Papel e o fato dessa semelhança inspirar certos sentimentos conflituosos de admiração e censura.

    O documentário 3 Toneladas- Assalto ao Banco Central é mais um lançamento da Netflix do gênero " true crime" baseado em um crime real que movimentou os noticiários e a polícia brasileira no ano de 2005 e nos meses seguintes ao acontecimento. Através de um túnel, ladrões invadiram o cofre do Banco Central do Brasil localizado em Fortaleza, no Ceará, e roubaram mais de 160 milhões de reais. Com depoimentos inéditos, inclusive de alguns integrantes do grupo de ladrões, esta série documental detalha como foi o assalto histórico , bem como os passos da polícia a desvendá-lo e mostra as consequências reais de um furto cinematográfico.
    3 Toneladas- Assalto ao Banco Central | NETFLIX

    E a semelhança é tanta que desde a estreia de La Casa de Papel, em 2017, as pessoas já comentavam em tom brincalhão que a inspiração tinha sido o Assalto ao Banco Central de Fortaleza, ocorrido em 2005. O interessante da plataforma de streaming ser a responsável pela série L a Casa de Papel e por voltar a comentar sobre o crime real do Assalto, relatado em “3 Toneladas” é a facilidade de acesso às duas produções e a inevitável comparação de comportamentos entre uma situação hipotética fictícia e um caso real e todos os seus personagens e desdobramentos.

    Após conhecer as duas histórias e analisar as motivações dos personagens principais desse enredo real, bem como acompanhar o trabalho incansável da polícia, percebemos que a a arte nem sempre imita a vida. E que o Brasil definitivamente não é para amadores.

    O documentário cumpre seu papel ao seguir cada passo dos responsáveis pelo furto e de detalhar a participação de cada um a cada captura após meses de muita investigação e caçada. Um dos integrantes do bando até aceitou prestar depoimento para que seu relato constasse nos registros do documentário, preservando a sua identidade na hora da fala ao mesmo tempo em que a produção revela a identidade de todos os envolvidos no decorrer do documentário. E é interessante analisar as falas deste integrante para contrapor e até complementar com o relato minucioso dos responsável pela investigação e pelas prisões, que também acrescentam seus relatos à narrativa documentada.

    O documentário 3 Toneladas- Assalto ao Banco Central é mais um lançamento da Netflix do gênero " true crime" baseado em um crime real que movimentou os noticiários e a polícia brasileira no ano de 2005 e nos meses seguintes ao acontecimento. Através de um túnel, ladrões invadiram o cofre do Banco Central do Brasil localizado em Fortaleza, no Ceará, e roubaram mais de 160 milhões de reais. Com depoimentos inéditos, inclusive de alguns integrantes do grupo de ladrões, esta série documental detalha como foi o assalto histórico , bem como os passos da polícia a desvendá-lo e mostra as consequências reais de um furto cinematográfico.
    3 Toneladas- Assalto ao Banco Central| NETFLIX

    E o cuidado com a narrativa foi tanto que a produção do documentário 3 Toneladas ainda se preocupou com a veracidade cenográfica para filmar simulações enquanto a história é contada. O túnel foi reconstruído em parte para poder mostrar a verdadeira dimensão de como eram as intalações e a passagem do túnel original, respeitando até as métricas originais. Nesta parte de recompor parte da atmosfera do túnel a produção também se preocupou com a cenografia, pondo nos lugares certos objetos que os policiais relataram ter encontrado enquanto percorreram o claustrofóbico caminho do cofre do Banco Central de Fortaleza até o esconderijo dos assaltantes. Tudo muito bem pensado para auxiliar na narrativa e na imersão do telespectador ao evento ali narrado.

    Em alguns momentos, ao assistir o documentário, o telespectador pode se encontrar elogiando e até admirando a esperteza inicial do plano. Uma das pessoas chamadas a compor o quadro de profissionais a contar a história até menciona o quanto isso é extravagante. Mas estamos acostumados a assistir situações assim em séries com narrativas dispostas a nos conectar com o responsável e de certa forma entender a necessidade dele em cometer aquilo. No Documentário 3 Toneladas, por mais que tenham vezes em que a esperteza dos responsáveis é digna de admiração, assistir a história ser contada por quem ajudou a desvendá-la e participou da prisão dos envolvidos nos faz voltar à realidade. Não há glamourização do crime, há consequências.

    O documentário 3 Toneladas- Assalto ao Banco Central é mais um lançamento da Netflix do gênero " true crime" baseado em um crime real que movimentou os noticiários e a polícia brasileira no ano de 2005 e nos meses seguintes ao acontecimento. Através de um túnel, ladrões invadiram o cofre do Banco Central do Brasil localizado em Fortaleza, no Ceará, e roubaram mais de 160 milhões de reais. Com depoimentos inéditos, inclusive de alguns integrantes do grupo de ladrões, esta série documental detalha como foi o assalto histórico , bem como os passos da polícia a desvendá-lo e mostra as consequências reais de um furto cinematográfico.
    3 Toneladas- Assalto ao Banco Central| NETFLIX

    O documentário “3 Toneladas- Assalto ao Banco Central” se divide em três episódios e não se resume em apenas detalhar o que aconteceu no Assalto ao Banco Central de Fortaleza, como também detalha os passos dos assaltantes antes e depois do crime, as operações policiais e as consequências jurídicas que cada envolvido sofreu, dando ao telespectador não só um documentário interessantíssimo sobre um crime nacional mas um retrato do crime organizado, um recorte de como ocorrem as operações policiais brasileiras e uma certa noção de Direito Penal.

    Vale a pena assistir. O Documentário 3 Toneladas- Assalto ao Banco Central já está disponível da Netflix.

    Nota 5/5

    Assista ao trailer:
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  • Turma da Mônica: Lições – Um presente para a velha e a nova geração

    Turma da Mônica: Lições já está disponível no Amazon Prime Vídeo, e é uma prova de que quando uma produção é feita com carinho, consegue emocionar pais e filhos da mesma forma. Assim como o primeiro filme, é uma excelente opção para assistir, curtir, rir e se emocionar.

    Tive uma infância foi muito feliz e uma das coisas que guardo com carinho era a minha mania por gibis, coisa que puxei de meu pai. Tínhamos todo um ritual durante as refeições, era almoço e janta na mesa, e ao lado uma pilha de gibis que meu velho colecionava desde o seu tempo de guri. Era Tio Patinhas, Zé Carioca, Donald e etc, mas o que eu realmente gostava eram as histórias da Turma da Mônica, histórias de fácil entendimento, muito bem escritas, coloridas, e afinal eram histórias brasileiras, o que acabava fazendo a gente se identificar muito com o que estávamos lendo na época. Turma da Mônica foi o meu primeiro contato com histórias em quadrinhos e realmente é algo que tenho muito carinho e guardo na memória até hoje.

    Minha filha assim como eu também AMA Turma da Mônica, assistimos juntos os desenhos, e também o primeiro filme: Turma da Mônica Lições, e adoramos, estava tudo lá, quase que tirado direto dos quadrinhos para a tela, os personagens, as piadas, as histórias, tudo. Então quando soubemos que um próximo filme viria, ficamos muito contentes, afinal o primeiro filme é muito bacana, e mesmo sendo focado nas crianças, existem muitas surpresas e referências para que nós, os pais das crianças consigam captar no ar.

    Turma da Mõnica: Lições mais uma vez cumpre o que promete; É um filme feito por pessoas que entendem de fato os personagens, com um elenco que gosta e sabe o peso que estão carregando, a história flui de uma maneira muito natural e que ao mesmo não foge ao que conhecemos dos quadrinhos. Além disso, o filme passa uma bela mensagem para as crianças que estão crescendo e vendo as coisas ao seu redor mudarem, como os sentimentos, seus amigos, seus pais enfim, é uma história de amadurecimento e como as crianças reagem as mudanças que a vida traz.

    Turma da Mônica Lições
    Turma da Mônica | Amazon Prime Vídeo

    O elenco principal do filme, é extremamente bem trabalhado: Mônica, Magali, Cebolinha e Cascão são personagens que são tratados com um roteiro primoroso e muito bem escrito, além disso as crianças entregam bem DEMAIS nas atuações. No primeiro filme, ”Laços” eu já havia achado que as crianças foram escolhidas a dedo para os papéis, e na continuação elas reafirmam o profissionalismo e a competência, e novamente entregam um trabalho magistral.

    Outro destaque é o elenco adulto que dessa vez ganha um pouco mais de tempo de tela no filme, em especial aos pais da Mônica e do Cebolinha, que ganham ares de Capulettos e Montecchios da obra ” Romeu e Julieta ”, paralelo esse, que é feito durante o filme e é usado mais tarde durante o ato final. Os atores entregam bem os papéis, além da caracterização estar muito boa e parecendo demais como os quadrinhos, ao mesmo tempo também ficam muito verossímeis.

    A produção não teve medo de enfiar personagens secundários antigos e novos no filmes, apenas para o agrado dos fãs de longa data. Se isso fosse feito de maneira gratuita ou mal feita, seria algo completamente sem graça, porém como havia dito antes, esse filme é feito por pessoas que tem carinho pelo projeto. As participações são ótimas, os atores também estão muito bem e parece que nada é feito sem planejamento, tudo é colocado de uma maneira que agrada tanto a criançada, quanto os adultos que estão juntos e lembrando de sua infância.

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    Turma da Mônica: Lições | Amazon Prime Vídeo

    Hoje em dia vivemos em um mundo aonde todo mês temos pelo menos 1 grande lançamento de filme ou série baseado em Hq’s, desde as maiorais Marvel e DC, até as menores. Porém, é visível que muitos desses trabalhos são feitos por executivos que só querem ver o retorno financeiro, e por muitas vezes o projeto é feito sem amor, sem aquele carinho que os fãs tanto gostariam, apenas um caça níqueis para os cofres dos grandes estúdios.

    Esse nem de longe é o caso de Turma da Mônica: Lições; O filme comandado por Daniel Rezende é feito com carinho, a trilha sonora é incrível, o elenco é ótimo, as participações são boas, os pais das crianças, e tem também até o próprio Maurício de Sousa, criador da Hq fazendo uma ponta á lá Stan Lee. O roteiro é uma linda mensagem de amadurecimento ao mesmo tempo que nos lembra que pra isso não devemos abandonar as nossas raízes. Uma história muito bem contada, amarrada e bem feita, que consegue fazer algo difícil: Superar o primeiro filme, que já havia sido feito com extrema competência e carinho.

    Turma da Mônica: Lições, conta com o elenco de: Giulia Benite, Laura Rauseo, Kevin Vecchiatto, Gabriel Moreira, Emilly Nayara, Vinícius Higo, Lucas Infante, Mônica Iozzi, Paulinho Vilhena, Giovani Donato, Laís Villela, Fafá Rennó, Malu Madder, Isabelle Drummond, Eliana Fonseca entre outros.

    Turma da Mônica: Lições já está disponível na Amazon Prime Vídeo.

    Assista ao trailer:
    Turma da Mônica: Lições

  • Crítica | Os Caras Malvados – DreamWorks acerta mais uma vez com animação subestimada

    Crítica | Os Caras Malvados – DreamWorks acerta mais uma vez com animação subestimada

    A Dreamworks segue fazendo um ótimo trabalho com suas animações e dessa vez traz Os Caras Malvados, uma animação que poucos ouviram falar mas que merece destaque por sua originalidade em diversos aspectos.

    Sinopse: Na nova comédia de ação da DreamWorks Animation, baseada na série de livros best-sellers do New York Times, uma tripulação criminosa de animais fora-da-lei está prestes a tentar seu golpe mais desafiador: tornar-se cidadãos-modelo.

    Nunca houve cinco amigos tão infames quanto Os Caras Malvados – o arrojado batedor de carteiras Sr. Lobo (com a voz do vencedor do Oscar® Sam Rockwell, de Três Anúncios Para Um Crime, na versão original), o arrombador de cofres Sr. Cobra (com a voz de Marc Maron, de GLOW, na versão original), o mestre do disfarce, Sr. Tubarão (com a voz de Craig Robinson, da franquia Hot Tub Time Machine, na versão original), o “”músculo”” baixinho, Sr. Piranha (com a voz de Anthony Ramos, de Em Um Bairro de Nova York, na versão original) e a hacker especialista com língua afiada Srta. Tarântula

    Crítica | Os Caras Malvados - DreamWorks acerta mais uma vez com animação subestimada
    Os Caras Malvados | DreaWorks Animation – Universal Pictures

    Assim como muitos dos lançamentos da DreamWorks, Os Caras Malvados segue numa linha de marketing mais contida apostando no boca a boca que sempre dá certo e de fato aqui também tem tudo pra dar. Pouco se vê do filme por ai, com exceção de alguns comerciais na TV e material promocional virtual. Mas isso tudo seria para abafar uma bomba? A resposta é: Claro que não, muito pelo contrário!

    A nova animação do estúdio das franquias ‘Shrek‘, ‘Madagascar‘ e ‘Como Treinar Seu Dragão‘ acerta em cheio em um lançamento que vai agradar tanto o público infantil quando os papais e mamães que acompanharem seus filhos nas sessões. Os Caras Malvados vem com uma trama inocente e sutil, que aborda questões essenciais para o desenvolvimento humano, uma delas, o estereótipo e como ele pode moldar a vida de alguém, mas ao mesmo tempo uma acidez com os mesmos assuntos atraindo o espectador adulto para o filme, tornando a experiência muito além de só estar ali para a companhia de seu pequeno.

    À primeira vista, a animação parece incoerente em inserir animais selvagens interagindo com humanos de forma natural, mesmo que isso seja normal em filmes desse tipo, mas ao passar do tempo podemos notar que isso é mais que proposital e faz parte da grande moral do filme. “Nem tudo é o que parece!”

    Crítica | Os Caras Malvados - DreamWorks acerta mais uma vez com animação subestimada
    Os Caras Malvados | DreaWorks Animation – Universal Pictures

    Os Caras Malvados é bem original em seus traços e estilo de animação, coisa que é muito comum na DreamWorks, diferente de suas concorrentes. A equipe criativa do filme apostou em um visual mais cartunesco e deixa o longa como se fosse um gibi em forma de filme, algo que se assemelha muito ao ‘Homem-Aranha no Aranhaverso‘ da Sony Pictures. Isso torna o filme mais atrativo e leve para os olhos cansados de quem sempre costuma ver mais do mesmo.

    Coisa que poucos sabem, é que o estúdio apostou em uma nova tecnologia da Lenovo para ajudar na criação do filme e isso fica nítido. A DremWorks substituiu seu antigo servidor que já tinha 22 anos de uso e isso rendeu um trabalho visual excepcional. A forma como a câmera se movimenta e os ângulos que aplicam parece muito com o que se costuma fazer em filmes live action.

    Assim como na versão original, a versão nacional da animação tem um elenco estelar de vozes. O trabalho de Romulo Estrela, Agatha Moreira, Babu Santana, Sérgio Guizé, Luis Lobianco e Nivy Estephan é um show a parte de interpretação, provando mais uma vez o incrível trabalho da dublagem brasileira. Assim como apostaram no estilo de animação mais original a Universal apostou na originalidade também das vozes, optando por sair dos padrões de vozes graves, fugindo do estereótipo.

    Crítica | Os Caras Malvados - DreamWorks acerta mais uma vez com animação subestimada
    Elenco de Os Caras Malvados | Reprodução: DreaWorks Animation – Universal Pictures

    Os Caras Malvados é um mix de tudo que pode dar certo para um filme que vai atrair todas as faixas etárias. Tem piadas com peido, sátiras de filmes de assalto, originalidade, quebra da quarta parede e muito bom humor. O filme da DreamWorks é daqueles que te prende e quando acaba você acha que ele tem bem menos do que sua duração real. Um filme que merece destaque e um bom desempenho para garantir uma sequência que com certeza é mais que merecida.

    Nota: 4/5

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  • Crítica | Red: Crescer é uma Fera – Pixar surpreende e encanta com história sobre amadurecimento

    Red: Crescer é uma Fera, nova animação da Pixar em parceria com os Estúdios Disney, conhecemos Mei Lin uma menina de 13 anos que, de uma hora para outra começa a se transformar em um panda vermelho fofo e grande, quando suas emoções se descontrolam, tornando sua adolescência mais complicada do que já estava. A sinopse simples e imaginativa não revela de forma imediata as problemáticas que a história de Mei Lin nos oferecerá. Mas Pixar é Pixar e, como todos sabemos, sempre arranja a melhor forma de nos surpreender e conquistar.

    A história de Mei Lin em “Red- Crescer é uma Fera” se confunde com a história de todas as meninas de sua faixa etária. Aos 13 anos a adolescência já é uma realidade e os jovens tentam se desvencilhar a todo custo da imagem que seus pais tentaram impor a eles durante os anos de infância, para poder adquirir personalidades com as quais mais se identifiquem. Mei Lin segue o mesmo desejo, mas as expectativas em cima de seu futuro são mais exigentes por ser responsável em cuidar do templo de sua família e por ter uma mãe extremamente controladora.

    "Red- Crescer é uma Fera", nova animação da Pixar em parceria com os Estúdios Disney, conhecemos Mei Lin uma menina de 13 anos que, de uma hora para outra começa a se transformar em um panda vermelho fofo e grande, quando suas emoções se descontrolam, tornando sua adolescência mais complicada do que já estava. A sinopse simples e imaginativa não revela de forma imediata as problemáticas que a história de Mei Lin nos oferecerá. Mas Pixar é Pixar e, como todos sabemos, sempre arranja a melhor forma de nos surpreender e conquistar.
    RED- CRESCER É UMA FERA| Disney/Pixar

    A situação piora quando, após mais um episódio de exagerada super proteção por parte de Ming, mãe de Mei Lin, a adolescente começa a se transformar em um panda gigante vermelho. Depois do desespero inicial os pais de Mei Lin tentam acalmar o temperamento e as emoções da adolescente para que ela não revele sua fera interior diante dos olhos da população.

    A transformação de Mei Lin cabe em toda e qualquer alusão que possa ser feita com o período da puberdade, mas o filme não se restringe à esse recorte específico como se só os mais jovens tivessem seus pandas vermelhos indomáveis cravados dentro de si. E é isso que o faz tão genial e acaba fazendo com que o telespectador se veja naquela ou em outras situações sem necessariamente ter 13 anos de idade.

    "Red- Crescer é uma Fera", nova animação da Pixar em parceria com os Estúdios Disney, conhecemos Mei Lin uma menina de 13 anos que, de uma hora para outra começa a se transformar em um panda vermelho fofo e grande, quando suas emoções se descontrolam, tornando sua adolescência mais complicada do que já estava. A sinopse simples e imaginativa não revela de forma imediata as problemáticas que a história de Mei Lin nos oferecerá. Mas Pixar é Pixar e, como todos sabemos, sempre arranja a melhor forma de nos surpreender e conquistar.
    RED- CRESCER É UMA FERA| Disney/Pixar

    O medo do julgamento, a luta em busca da aceitação da família, dos amigo e da sociedade; a liberdade de procurar abandonar expectativas alheias para seguir o próprio caminho encontram-se na vontade humana em qualquer idade. E é isso que a Pixar tem de mais valoroso, além do belo trabalho de suas animações. A qualidade de enredo Pixar capaz de encantar crianças, adolescentes e adultos que com certeza entenderão de um modo único, a cada época da vida, está muito presente aqui. E ao mesmo tempo que isso só reafirma a qualidade das duas empresas, A temática aceitação vem em um momento delicado, diante das últimas manchetes envolvendo o nome Disney.

    É contrastante perceber o impacto que uma narrativa assim representa após o problemático apoio da Disney à um projeto de lei chamado “Don’t Say Gay” que tem como objetivo proibir que professores reconheçam a existência de pessoas LGBTQ+. Após a divulgação deste apoio, funcionários da Pixar se pronunciaram em carta, acusando a Disney de interferir e sempre censurar personagens LGBTQ+ em filmes.

    Agora que temos a certeza que a censura de fato existe, pelo menos quando depender da aprovação do CEO da Walt Disney Company, Bob Chapek, qualquer narrativa PIXAR revelará ser mais profunda do que aparenta ser. E sabemos que em termos de Pixar, é sempre mais profundo do que possa parecer. As temáticas de amadurecimento, aceitação, redes de apoio e incentivo da pessoa se aceitar como ela é são totalmente opostas ao posicionamento da grande empresa, liderada por Chapek. O que mostra que o esforço da Pixar em se contrapor contra este discurso criminoso se mostra não só na carta mas também nas entrelinhas de todas as suas produções.

    "Red- Crescer é uma Fera", nova animação da Pixar em parceria com os Estúdios Disney, conhecemos Mei Lin uma menina de 13 anos que, de uma hora para outra começa a se transformar em um panda vermelho fofo e grande, quando suas emoções se descontrolam, tornando sua adolescência mais complicada do que já estava. A sinopse simples e imaginativa não revela de forma imediata as problemáticas que a história de Mei Lin nos oferecerá. Mas Pixar é Pixar e, como todos sabemos, sempre arranja a melhor forma de nos surpreender e conquistar.
    RED- CRESCER É UMA FERA| Disney/Pixar

    Todos os personagens da animação “Red- Crescer é uma Fera” são encantadores. A família de Mei Lin, o vizinho que participa dos rituais da família, as melhores amigas da escola e até o vigia que persegue a mãe de Mei Lin em suas intromissões no ambiente escolar. É impossível não se encantar com cada um deles.

    Outro ponto positivo foi o retrato fiel das família orientais que, mesmo quando estão fora de seus países de origem, costumam honrar suas tradições de forma bem atuante e isso não foi deixado de lado no enredo de “Red: Crescer é uma Fera”. Vemos a família de Mei Lin cuidando com muito respeito e dedicação do templo ancestral de sua linhagem, bem como cumprindo todos os seus rituais.

    "Red- Crescer é uma Fera", nova animação da Pixar em parceria com os Estúdios Disney, conhecemos Mei Lin uma menina de 13 anos que, de uma hora para outra começa a se transformar em um panda vermelho fofo e grande, quando suas emoções se descontrolam, tornando sua adolescência mais complicada do que já estava. A sinopse simples e imaginativa não revela de forma imediata as problemáticas que a história de Mei Lin nos oferecerá. Mas Pixar é Pixar e, como todos sabemos, sempre arranja a melhor forma de nos surpreender e conquistar.
    RED- CRESCER É UMA FERA| Disney/Pixar

    Esse cuidado com os detalhes se deve em parte pela animação ter como diretora a profissional chinesa Domee Shi, responsável por dirigir e desenhar storyboards e grande vencedora do Oscar na categoria de Melhor Curta de Animação pelo fofíssimo Bao. Esse cuidado em retratar famílias tradicionais é muito bem vindo nos países homenageados.

    “Red- Crescer é uma Fera” é um espetáculo em forma de animação, se tornando mais um acerto da Pixar em parceria com a empresa Walt Disney Studios. Acerto que vem em hora certa propícia, até como uma forma indireta de aliviar os últimos acontecimentos, sem fazer com que o público esqueça da atitude preconceituosa da empresa Disney. Ainda que o investimento maior seja da Disney, a criatividade e o empenho provém de profissionais que não concordam com o posicionamento do CEO e , portanto, não merecem boicote.

    Nota: 5/5
    Assista ao trailer:

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