Pinóquio consiste na história que a maioria já conhece pelas várias adaptações, sendo a mais popular a da Disney(1940), porém, com muitas mudanças narrativas e de textura com o formato de execução da obra. A própria jornada melancólica do personagem Gepetto(dublado pelo ator David Bradley) consegue fisgar o espectador para essa aventura de 2 horas.
A obra não tem aquela atmosfera densa e esverdeada da maioria dos filmes do mesmo diretor, mas, mesmo assim, o filme não é isento de personagens com áureas macabras, como os personagens antagonistas: Conde Volpe(dublado pelo ator Christoph Waltz) e o Podestá(dublado pelo ator Ron Perlman).
A ambientação criada em conjunto com uma paleta de cores amarelada cria um clima entristecido, expressando os tempos de guerra presentes, e as figuras místicas são caracterizadas quase como criaturas bíblicas. Sendo fadas que parecem caracterizadas de forma angelicais belas, mas bizarras.
Tendo a mistura de asas com vários olhos, e a mistura de corpos animalescos. A dublagem da atriz Tilda Swinton ajuda bastante na construção dessas figuras citadas.
A dublagem, e a construção narrativa, do personagem protagonista, Pinóquio(dublado por Gregory Mann), não é o ponto forte do filme, mesmo não sendo esse o foco da obra. Mostra uma figura inocente, em formato de madeira, e sem pintura alguma, mostrando o lado mais fantasioso do personagem em comparação com as outras versões criadas.
Porém, a forma que trabalham o protagonista como uma criança que não faz questão de se enquadrar no cenário fascista da Itália de Mussolini e ainda criticá-lo cara a cara ao que seria o líder supremo na época, dá uma potencia fenomenal em sua jornada. Dando um peso a mais para esse filme não ser apenas mais uma adaptação para um publico infantil, mas para fazer eles entenderem como o assunto “guerra” e “manipulação” é algo de extrema seriedade, sem perder o tom de aventura.
Mesmo a obra possuindo cenas musicais, que não são muito orgânicas junto a narrativa, “Pinóquio” é uma obra que carrega uma forte importância de ser apresentada e apreciada para ambos os públicos. Del Toro se aventura, e acerta na sua maioria, em algo for a de sua zona de conforto, e entrega um belo espetáculo poético no formato audiovisual.
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