CRÍTICA | Round 6 Mantém o mesmo nível de qualidade da primeira temporada, o que é raro.

Round 6

Round 6 não se torna paródia da primeira temporada, mesmo utilizando situações já vistas antes.

Muitas séries quando ganham renovações dos estúdios, acabam se tornando paródias de suas temporadas anteriores. Isso pode ser visto em Game of Thrones, Lost, Prison Break e até mesmo na série brasileira 3%, utilizando arcos e situações similares de forma tão repetitiva que se tornam maçantes de assistir. Felizmente, esse não é o caso da segunda temporada de Round 6, por pouco.

O criador da série Hwang Dong-hyuk é o roteirista e diretor de todos os episódios e sabe bem como evoluir a série, flertando com ela mesma, mas sem se deixar levar. Logo no primeiro episódio ele nos colocar a par do que aconteceu com os personagens através de diálogos nem um pouco sutis do policial Hwang Jun-ho com um colega de trabalho e o protagonista Gi-Hun com um funcionário.

A série mantém o humor da primeira temporada, mas dessa vez, é através desses personagens secundários que vemos essa leveza e não do protagonista. O Gi-Hun visivelmente abalado por todas as mortes que presenciou nos jogos, tem um pesar enorme. O ator, Lee Jung-jae traz não somente para o rosto, mas para o corpo (com ombros caídos e postura curvada) um Gi-Hun exausto e angustiado. Olhando para ele, nem parece o mesmo personagem vívido da primeira temporada.

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Round 6 | Netflix

Os episódios vão nos trazendo aos poucos de volta para aquele universo, abordando o recrutador e mostrando mais da personalidade daquele individuo, é através dele que o Gi-Hun entra em contato com o Front Man e consequentemente volta aos jogos. Chegando nos jogos somos apresentados á uma bela edição, mais frenética e com cortes diferentes da primeira temporada.

Batatinha frita 1,2,3 é o único jogo que se repete com uma sensação de Deja vú, estamos no mesmo jogo, está tocando a mesma música, Fly Me To The Moon, e é o mesmo slow motion, o que diverge e nos da essa sensação, é que a música tem um ritmo diferente, a fotografia nos mostra ângulos não vistos antes e as situações não são iguais as mostradas da primeira vez, mas são similares a ponto de você reconhecer e pensar “parecido com o que aconteceu da outra vez”.

Essa sensação é perceptível ao longos da série, mesmo os jogos não se repetindo, um bom exemplo disso é no episodio 4, em que o capítulo termina no meio do jogo, remetendo ao episodio 4 da primeira temporada, em que o jogo do cabo de guerra também tem sua conclusão no capítulo 5.

Nessa temporada, ao final de cada jogo, os jogadores participam de uma votação para decidir se continuam os jogos ou não, essa é uma escolha excelente do criador Hwang Dong-hyuk, pois dialoga perfeitamente com a proposta da série, o ser humano banaliza sua própria vida e a vida do outro à ganho próprio. Nós somos apresentados a personagens cativantes com historia que trazem identificação ao público e entendemos o motivo de estarem ali, mas, também vemos o momento em que muitos deles abandonam a humanidade que tem para continuar os jogos.

Somos mostrados que mesmo com a escolha de irem embora com dinheiro, a ganância por mais, na maioria dos personagens vai prevalecer, mesmo que muito precisem morrer para isso. Ao assistir, muitos falam: eu jamais faria isso. Mas será que não? Desesperado, devendo, com fome. Através dos personagens a série nos faz refletir sobre até onde nós iriamos se estivéssemos na mesma situação financeira que eles.

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Round 6 | Netflix

O líder disfarçado entre eles, tal como um lobo em pele de cordeiro, tem uma atuação tão convincente do Lee Byung-hun, que em certos momentos você esquece que ele que está comandando tudo aquilo. Reforçando fatos da vida do personagem que foram apresentados antes por sua mãe e irmão adotivos, descobrimos o seu motivo para sumir e entrar nos jogos, mesmo que pouco, mas temos um vislumbre de humanidade ao sermos contextualizados de sua vida.

A segunda temporada sabe criar terreno para a terceira que chega dia 27 de Junho desse ano. Ela nos introduz sem pressa a vida dos personagens dentro dos jogos, nos faz refletir sobre suas escolhas e leva o espectador pelo braço até a rebelião no episodio final em uma cena de ação longa, mas não cansativa.

Os novos episódios expandem a criatividade no texto, nos jogos, nas atuações, nos efeitos, na fotografia e na bela montagem dos episódios. Seu diferencial da primeira temporada é a originalidade, a primeira nos pega desprevenido e nos arremata de forma única, justamente porquê nunca vimos nada igual antes. A segunda cumpre seu papel em multiplicar à altura aquilo que já nos foi apresentado e deixar um gancho para uma conclusão satisfatória, que virá em breve creio eu.

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