CRÍTICA (FESTIVAL RIO)| Todo o Tempo que Temos é feito sob medida para emocionar
Dirigido por John Crowley, Todo o Tempo que Temos segura o elenco, porém, não traz novidades ao gênero.
O gênero da comédia romântica é mais antigo do que o próprio cinema. No século XVI, William Shakespeare já havia escrito Sonho de Uma Noite de Verão , Muito Barulho por Nada e outras peças do gênero, porém, mesmo naquela época não era considerado original pois os gregos já haviam produzidos peças que inspiraram Shakespeare, e por consequência inspiram cineastas até hoje, em uma espécie de Atlas Mnemosyne.
Recentemente, graças em grande parte à NETFLIX e outros serviços de streaming, estamos vivendo uma nova era de comédias românticas, um gênero que é reinventado a cada 10 ou 15 anos. Todo o Tempo que Temos se encontra nesta fase mais recente, uma fase que se baseia em pegar dois atores de renome, no caso Andrew Garfield e Florence Pugh, e colocá-los para vivenciar todas as aventuras e desaventuras de um casal, desde o clássico meet cute, a briga desnecessária, a reconciliação, a batalha entre emprego e amor, a vida familiar, entre outras.
Todo o Tempo que Temos apresenta uma narrativa não linear para contar a história da chef de cozinha Almut, Florence Pugh, e do recém-divorciado Tobias, Andrew Garfield. O diretor John Crowley, juntamente com o roteirista Nick Payne, orquestram uma narrativa que nos diverte, porém, não acrescentando nada novo ao gênero. Na superfície aparenta ser uma novidade, porém, isto só se mantém por conta da química de Garfield e Pugh, dois excelentes atores muito confortáveis dentro do papel.
Florence Pugh em cena de “Todo o Tempo que Temos”- Foto divulgada pelo Festival do Rio
Todo o Tempo que Temos levou grande parte da audiência que assistiu este filme no 26º Festival do Rio, a cair em lágrimas, algumas a soluçar. Isto acontece por conta do filme ter sido feito sob medida para nos fazer chorar, incluindo o, já batido, arco narrativo de um membro do casal apresentar câncer, algo já visto em produções como A Culpa é Das Estrelas (2014), O Amor Pode Dar Certo (2006), entre outras inúmeras produções dos últimos 20 anos, sendo na maioria das vezes a mulher que apresenta a doença, porém, câncer é uma doença tão pesada e discutida, que aterroriza até mesmo os mais corajosos, gerando a empatia do público para com o casal principal.
Apesar de interessante em algumas cenas, Todo o Tempo Que Temos é uma comédia romântica decente, porém, somente isso, não acrescentando nada de novo ao lore já existente, seguindo uma estrutura segura e feita para emocionar, assim, garantindo o sucesso do filme por meio de um trailer que emociona mais do que o filme em si, e o marketing de dois grandes atores do cinema contemporâneo, que se torna mais interessante e inovadora do que a história do filme em si.
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