“Tubarão: Mar de Sangue” mira em uma história séria, mas acerta em uma narrativa rasa
O longa tenta criar uma narrativa dramática, mas não apresenta os recursos necessários.
Filmes de desastres causados por animais marinhos, como tubarões e piranhas, estão presentes na história do cinema. Inclusive, essa estética de terror fez bastante sucesso nos anos 70. “Tubarão: Mar de Sangue”, dirigido por James Nunn (Tiro Certo), entra em uma esfera parecida com essa e entrega um roteiro semelhante às outras obras do gênero. Contudo, em 2022, talvez essas tramas não façam mais sentido para o público, ainda mais quando a narrativa tenta ser levada a sério.
A história não poderia ser mais clichês, cinco amigos estão de férias em uma praia e, então, o grupo resolve pegar jet-skis e passear no mar. O óbvio acontece, os jovens sofrem um acidente e ficam ilhados no meio do oceano enquanto um tubarão os persegue, procurando presas para se alimentar. Para completar a tragédia, um dos personagens machuca a perna e deixa um rastro de sangue no mar. Assim como em outros filmes do gênero, o vilão é o animal, que parece estar possuído por alguma coisa e sedento por sangue. Dessa forma, o grupo precisa achar uma maneira de se manterem vivos e retornarem para a costa.
A maior parte das cenas de ação do filme são bem fantasiosas, fora de qualquer realidade. O que seria comum em uma obra dos anos 70 ou 80, mas em 2022, esse estilo é batido e não pega o público da mesma forma. Claro que nem todos os longas são feitos para serem levados a sério, podemos citar “Sharknado” aqui. Mas no caso de “Tubarão: Mar de Sangue”, a premissa do diretor parece fazer uma narrativa convincente e, até mesmo, chocante para o público. Isso torna o filme, mais uma vez, falho.
Tentar criar uma história séria em cima de uma obra rasa não funciona. As atuações não são boas, mas os papéis dados aos atores também são superficiais e toscos, o que torna quase impossível entregar um bom trabalho. Nenhum personagem tem uma história ou qualquer profundidade ao longo da trama. São cinco universitários, mas nem mesmo o curso de cada um deles é descrito. O filme entrega apenas um pequeno dilema romântico (e clichê), que também é mal explorado. Até mesmo os adolescentes de “American Pie” são mais bem escritos e conseguem passar certo carisma aos telespectadores.
Crítica Tubarão: Mar de Sangue
O filme não ultrapassa nada além de universitários que foram em uma viagem para curtir, mas acabaram se envolvendo em uma situação fatal. Nenhum diálogo é interessante e nenhuma parte da obra passa qualquer drama, embora a situação seja extremamente dramática, pois todos correm risco de vida. Ainda assim, não é sequer possível sentir empatia por ninguém na trama. Durante a trama, existem momentos tensos e bastantes sangrentos, alguns com CGI bem feito, outros não. Mas nem nessas horas o telespectador consegue se envolver na trama, por ser muito rasa.
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Além disso, o ritmo da obra também é massante, os jovens se perdem em meio ao oceano antes dos 20 minutos de tela. A partir daí, a trama apenas se repete e não sai do lugar até os momentos finais. A melhor parte é que o longa não ultrapassa uma hora e meia, pois a história é cansativa e parece andar em círculos até a última cena.
Pode ser que esse estilo de filme não caiba mais nos dias atuais, já é quase impossível fazer um bom longa nesse gênero, que seja convincente e dramático, temos alguns exemplos medianos, como “Águas Rasas”, mas que não saem da média também. Talvez a ideia de jovens atacados por animais marinhos deva ficar no passado ou se manter nos padrões mais “toscos” do cinema.
Mas a realidade é que “Tubarão: Mar de Sangue” se prestasse apenas a ser um terror tipo B, um filme trash ou até mesmo um besteirol, como “Todo Mundo em Pânico”, talvez a obra fosse mais convincente. O problema é tentar levar a história a sério, o que James Nunn estava claramente tentando ao conduzir a história. Portanto, o maior erro do longa foi, talvez, ter se prestado a uma seriedade, que não pôde ser conduzida ou construída ao longo da trama. Embora o filme se passe em alto mar, com o perdão do trocadilho, a história é mais rasa que qualquer praia.
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