Crítica | Turma da Mônica – Lições
Segundo live-action da turminha, Turma da Mônica – Lições expande o universo Maurício de Sousa e brilha ao abordar assuntos sérios sem deixar a nostalgia e a emoção de lado
Um ícone da cultura pop brasileira, Maurício de Sousa sempre esteve presente na vida de milhares de pessoas. Desde a década de 60, suas obras fazem parte do cotidiano de crianças e adultos, tornando a tarefa de encontrar alguém que talvez não tenha aprendido a ler e escrever com os gibis da Turma da Mônica e todo o universo da MSP praticamente impossível.
Suas recentes apostas para o mundo das HQs ( histórias em quadrinhos) são as Graphic Novels, que trazem uma história um tanto quanto mais madura para seus personagens, sem fazer com que eles percam a essência que os fizeram ser o sucesso que são desde seus lançamentos. A partir das graphics, a turma mais amada do Brasil se tornou real, ganhando seu primeiro live-action em 2017 com Turma da Mônica – Laços, que foi baseada na Graphic Novel de Victor e Lu Cafaggi, que fizeram parte do projeto Graphic MSP, que convida artistas brasileiros para dar uma nova “cara” aos personagens já conhecidos.
Turma da Mônica – Laços foi dirigido por Daniel Rezende (Bingo: O Rei das Manhãs) com o roteiro de Thiago Dottori. A história segue os quatro amigos: Mônica (Giulia Benite), Magali (Laura Rauseo), Cebolinha (Kevin Vecchiatto) e Cascão (Gabriel Moreira) que embarcam em uma aventura para salvar o Floquinho, em um tom completamente nostálgico, dando a impressão de que o filme se passa nos anos 80. Assim como tudo que sai da MSP, o filme se tornou um grande sucesso.
Não demorou muito para que o projeto para o segundo filme começasse. Turma da Mônica – Lições é a segunda Graphic da turminha que, apesar de ser uma história infantil, carrega uma carga emocional gigantesca, que faz qualquer valentão chorar.
Turma da Mônica – Lições começa com os quatro amigos tentando fugir da escola por não terem feito o dever de casa, o que resulta em um acidente onde a Mônica, eterna dona da rua, acaba quebrando o braço. O acidente, junto com o flagra da fuga, faz com que a diretora chame os respetivos pais, que já estão cansados de todas as confusões que os amigos se metem e decidem separar de vez a turminha, ocupando eles com atividades depois da escola e, no caso da líder do grupinho, mudando ela de escola.
Nessas novas atividades, Magali tenta controlar sua ansiedade e compulsão alimentar indo em aulas de culinária. Cebolinha acaba indo parar no fonoaudióloga, para ver se resolve de vez seu problema de trocar o “R” pelo “L”. Cascão é colocado para fazer natação e Mônica vai para uma escola de período integral e longe do Bairro do Limoeiro. Toda essa distância dos amigos acaba arruinando os planos para a peça de Romeu e Julieta que o grupo estava preparando para o Festival do Bairro do Limoeiro.
Com dificuldades de se enturmar na nova escola, e sofrendo bullying por carregar o Sansão para todos os cantos, Mônica acaba caindo no dilema do crescimento, sendo -de algum modo- obrigada a amadurecer, deixando pontos da sua infância de lado, e até mesmo o seu fiel companheiro. Mas nem só de péssimos momentos se faz uma mudança drástica no dia-a-dia da turminha. Frequentando lugares diferentes, os amigos acabam conhecendo outras pessoas, o que é o gatilho para apresentar outros personagens do Universo Maurício de Sousa, como: Marina (Laís Villela), Milena (Emilly Nayara),Humberto (Lucas Infante), Do Contra (Vinícius Higo), Tina (Isabelle Drummond), Rolo (Gustavo Merighi), Zecão (Fernando Mais) e Pipa (Camila Brandão).
Ao longo da trama, a discussão sobre o amadurecimento vai se aprofundando e trazendo pensamentos de que você não precisa mudar para amadurecer. Essa é uma das muitas lições deixadas pelo filme.
A trama, diferente do primeiro filme, carrega uma carga emocional gigantesca, os diálogos não são fáceis, e os assuntos abordados também não. Falar sobre a dependência emocional, sendo de amigos ou de um coelho de pelúcia, em uma produção para o público infantil não é para qualquer um, assim como abordar a ansiedade em crianças. Mas, Daniel Rezende, que continua assinando a direção dos live-actions da Turma da Mônica, conseguiu trazer esses assuntos de uma maneira leve, mas dando aquela cutucada para chamar a atenção, fazendo todos no cinema se emocionarem.
Turma da Mônica – Lições tem absolutamente de tudo: ação, superação, comédia e emoção, além de ser absurdamente nostálgico, o que chama atenção de todas as gerações. O trabalho do elenco, assim como no primeiro filme, foi impecável. Os atores souberam muito bem carregar toda a energia necessária pra desenvolver seus personagens e a carga da história que cada um carrega, fazendo com que brilhassem tanto juntos, quanto individualmente.
Como um bom Stan Lee brasileiro, Maurício de Sousa não deixou faltar referências de seus trabalhos no longa. Existem algumas que são bem óbvias, e outras que você precisa ser um fã de carteirinha para descobrir, mas nada disso faz você deixar de se emocionar com essa história. E claro, não podia faltar uma cena pós crédito. Então, nada de sair do cinema antes da hora.
Impecável e emocionante, e mais um monte de adjetivos que poderiam explicar a sensação que é assistir toda essa história criar vida e ir para os cinemas. Impossível não terminar o filme querendo mais, com o desejo de acompanhar diversas histórias dessa turma e de todos que, de alguma forma, fizeram parte da nossa infância. Turma da Mônica – Lições faz jus ao título, trazendo lições como: “a gente nunca para de crescer”.
Turma da Mônica – Lições estreia dia 30 de dezembro nos cinemas.
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