O legado de Dark no mundo das séries
Dark vem se consolidando como uma das melhores séries não só do catálogo da Netflix como de todas as séries em geral. Geralmente as séries de maiores sucessos demoram um tempo para embalar, como por exemplo depois de algumas temporadas, mas Dark logo na primeira temporada conquistou os corações dos fãs.
Criada por Baran bo Odar e Jantje Friese, a série traz uma trama bem construída, escalação de elenco muito caprichada, fotografia e trilha sonora impecáveis e é um deleite para os amantes de sci-fi e de dramas policiais. Mas além disso tudo, a série mostra que existem boas coisas além dos grandes estúdios de Hollywood, o que abre caminho para novas produções originais e independentes de pequenos estúdios e outros países.
O grande mistério entregue no inicio de Dark é “Onde Está Mikkel?” e a série transforma esse mistério em “Quando Está Mikkel?“. A série abre uma questão e para responder essa questão abre outra questão, bem no estilo “Lost“. A resposta para esse primeiro mistério vem do terceiro episódio da série, e levanta ainda mais perguntas – sobre viagens no tempo, encobrimentos oficiais e não oficiais. Também complica o significado de mistérios menores espalhados por toda a série. Dark não menospreza seu publico, a série faz você pensar sem te dar tudo de bandeja
Mas, como em Twin Peaks, Dark é mais uma atração para a estética de pesadelo, a sensação de horror que paira sobre esse mundo super bem elaborado. Os personagens de Dark não são tão extravagantes e esquisitos quanto os de David Lynch. Há uma luxúria frustrada acontecendo na cidade. Winden parece um pouco uma novela em andamento, cheia de segredos e mentiras. Um elenco forte, cheio de personagens que demonstram “angústia e insatisfação”, contribui bem para a sensação de um mundo inquieto e não confiável.
A segunda temporada consegue ser ainda mais corajosa do que a primeira, alternando entre três linhas do tempo – 2020, 1987 e 1954 – e adicionando mais duas linhas do tempo em 1921 e 2053 ( na última linha do tempo trazendo outro tema inesperado, um mundo pós-apocalíptico).
No fundo, Dark se preocupa principalmente com determinismo e livre arbítrio, como muitas histórias de viagens no tempo. Assim como a série de ficção cientifica de quatro temporadas, 12 Monkeys, transformou essas idéias em um entretenimento surpreendente, Dark as transforma em um quebra-cabeça complicado que você, espectador, deve resolver.
Dark não é uma série sobre pássaros mortos e crianças mortas, e a questão do que os liga. É sobre o que liga o passado e o presente e a facilidade com que as pessoas abandonam as promessas e as premissas da juventude e ficam velhas e cansadas. Grande parte de Dark, é uma mensagem sombria, apresentada com uma astúcia que se torna bela – e inevitavelmente viciante. Com Dark, a Netflix tem uma série que é impossível de parar de assistir.
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