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Eduardo Coutinho: como, o maior documentarista brasileiro, continua tão presente?

Nessas duas primeiras semanas do mês de Maio, o CinePuc-Rio e a rede de cinemas Estação Net, estão reexibindo algumas das obras do documentarista Eduardo Coutinho. O diretor foi responsável por numerosas obras consideradas clássicas dentro do cenário audiovisual brasileiro, sendo uma delas referência para um dos cineastas mais reconhecidos internacionalmente no momento atual, Kleber Mendonça Filho. Sim, o autor presente está falando de “Cabra Marcado para Morrer”.

Mas como Coutinho conseguiu fazer tais obras tão impactantes, envolventes e assustadoras ao mesmo tempo? Qual o segredo? Como esse cineasta conseguia, não só conectar tanto o indivíduo ao seu ambiente, como filmar aquilo que passa despercebido no dia-a-dia pelo povo brasileiro? Eduardo Coutinho conseguia mostrar o Brasil, da forma que só um brasileiro entende tal sentimento. Isso existe, e persiste, em quase toda sua cinegrafia.

“Edifício Master”: filme onde Coutinho decide filmar e entrevistar alguns moradores de um edifício em Copacabana, mostra como cada apartamento carrega uma história, e como essas histórias se conectam a um bairro que esconde suas entrelinhas com a imagem turística. Sendo idosos isolados, prostitutas, até mesmo artistas desconhecidos convivem em um mesmo espaço, que a cidade “maravilhosa” faz de tudo para isolar. Enquanto Coutinho, enfatiza em mostrar, as multifaces do que significa a cidade do Rio de Janeiro.

Eduardo Coutinho foi um documentarista brasileiro, responsável por muitos clássicos do cinema nacional. Alguns de seus filmes voltaram a ser exibidos na rede Estação Net no mês de Maio(2023).
Cabra Marcado Para Morrer | Globo Play

Claro que o grito de Coutinho não fica apenas em um filme. O diretor enfatiza o grito de existência de uma população abandonada do Rio de Janeiro em mais filmes, como: “Santa Marta: Duas Semanas no Morro” e “Santo Forte”, filmes em que o diretor cria uma conexão forte dos indivíduos, com o espaço em que eles se encontram.

Mesmo Coutinho sabendo de sua habilidade impecável de mostrar realidades e vidas na qual a mídia brasileira, e outros, tentam colocar embaixo do tapete, o diretor não fica relaxado ao se aventurar em um outro estilo de cinema documental. Fazendo um filme em que Coutinho captura, durante algumas horas, oque se passa no cotidiano da TV aberta brasileira. Fazendo uma de suas obras mais assustadoras, “Um dia na Vida”.

Com “Um dia na Vida”, Coutinho mostra a gangrena que se prolifera tão facilmente de forma explicita sobre a sociedade brasileira, seja o espetáculo da violência, o machismo explicito e propagandas sobre estética, que se repetem de hora em hora. O grotesco indireto que existe em “Brazil” de Terry Gilliam, é explícito na obra de Coutinho.

Eduardo Coutinho foi um documentarista brasileiro, responsável por muitos clássicos do cinema nacional. Alguns de seus filmes voltaram a ser exibidos na rede Estação Net no mês de Maio(2023).
Edifício Master | VideoFilmes

Eduardo Coutinho não fincou sua potência em apenas filmar aquilo que estava a sua frente, mas em sua atitude de pesquisa, de saber quem eram aquelas pessoas que compunham o cenário. Nessa atitude filosófica, o diretor fazia questão de ouvir com paciência, calma e respeito, cada um de seus personagens. É possível ver como o diretor faz isso, utilizando até mesmo da metalinguagem, como foi feito em “Jogo de Cena”.

Não os utilizando como uma vitrine de sofrimento e vendendo para o exterior, mas em capturar suas risadas, choros e até mesmo a vontade de cantar em certas cenas, tornando todos aqueles presentes em humanos. Eduardo Coutinho, conseguia fisgar a humanidade dentro de muitos cenários apocalípticos, escondidos pelos cenários de históricos de cada momento no Brasil.

O autor do texto não faz questão de resumir a importância de Coutinho na cultura cinematográfica brasileira em um texto, até porque essa ação é impossível. Mas faz questão de enfatizar: Eduardo Coutinho se mostra presente a todo momento, principalmente na imaginação de seu espectador. Se Coutinho estivesse vivo, que mundo esquecido, por nós brasileiros, ele faria questão de mostrar?

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