Oscar 2021 | O Som do Silêncio — Quando o “Design de Som” cria imersão
No cinema, o silêncio foi de extrema importância para inúmeros gêneros, passando pelo drama, terror e ação. Um Lugar Silencioso, Moonlight: Sob a Luz do Luar e O Babadook são títulos que abraçaram a quietude como elemento fundamental para narrar o filme. Neste ano, o indicado ao Oscar, O Som do Silêncio (Sound of Metal, no inglês) entra na lista de longas que transformaram o Silêncio um dos personagens principais.
Muitos fãs do Cinema apaixonaram-se por filmes devido ao efeito positivo causado por algum diálogo ou monólogo. Conversas são como uma janela. O público vai lá, abrindo-as para conhecer um personagem ou entrar de cabeça na ambientação. Quentin Tarantino, mestre em escrever diálogos, mostrou que as falas, quando bem arquitetadas no roteiro, são o gancho perfeito para desenvolver contexto.
Mas, e quando acontece o contrário? E quando um filme não usa diálogos ou falas para construir uma trama? A resposta para tais perguntas podem ser conferidas nos filmes citados. Inclusive, estão no cerne de O Som do Silêncio, disponível no catálogo do Prime Video.
Imagine o seguinte cenário. As baquetas são uma extensão do seu corpo, ou seja, você é um baterista e sua vida gira em torno da música. Ela é o seu sustento, seu sonho e sua válvula de escape. E da noite para o dia, sua audição começa a se deteriorar, obrigando-o a abandonar uma parte de si. Lutar contra sua nova realidade ou aceitá-la de uma vez por todas? É um maldito beco sem saída, de fato.
Esse dilema cai no colo de Ruben, interpretado com uma sinceridade visceral no olhar, em virtude do talento de Riz Ahmed, indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator (vitória quase certa para o saudoso Chadwick Boseman, mas isso é assunto para outro dia!).
Para os cinéfilos de plantão que adoram se aventurar no “Bolão do Oscar”, creio que uma grande parcela tenha apostado as fichas em O Som do Silêncio, como ganhador da estatueta de Design de Som (ou Melhor Som). Se no dia 25 de abril essa profecia não se cumprir, nunca mais apostarei em bolões. Confesso que disse a mesma coisa ano retrasado, quando Roma não venceu a principal categoria da noite. Portanto, não me leve a sério.
Vale lembrar que recentemente a Academia alterou as regras, unindo Edição e Mixagem de Som em uma só; criando uma nova nomenclatura: Melhor Som.
Mas, afinal de contas, o que é “Melhor Som”? Uma rápida pesquisa no Google me levou a uma explicação prática, feito pelo Youtuber Max Valarezo, no canal Entre Planos. Em um dos seus vídeos, ele explica: “Se a Edição de Som determina ‘o que‘ a gente vai ouvir, a Mixagem de Som determina ‘o como‘ a gente vai ouvir“. Em síntese, é isso.
Em suma, O Som do Silêncio é uma obra que explora os ruídos, a ausência de som e a interferência na qualidade sonora, tudo dentro de um pacote, cujo objetivo é nos colocar na pele do personagem. O resultado é uma experiência inesquecível e realista. Todo o mérito ao diretor Darius Marder e os profissionais Nicolas Becker (engenheiro de som) e Abraham Marder (compositor). Graças a eles, O Silêncio ganhou o protagonismo de forma totalmente inovadora.
A cerimônia do Oscar acontecerá neste domingo, 25 de abril. No Brasil será transmitido, ao vivo, na TV fechada (canal TNT) e TV aberta (Globo).
O Som do Silêncio recebeu 6 indicações ao Oscar: Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Ator, Melhor Filme, Melhor Montagem, Melhor Roteiro Original e Melhor Som (prêmio garantido, se não “der Zebra“).
Assista ao trailer:
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