Star Wars | Quando o “Presente” presta tributo ao “Passado”
Não existe no mundo uma pessoa sequer que não tenha visto algum trecho da franquia Star Wars. São 44 anos desde o lançamento do primeiro filme — Uma Nova Esperança. Na última década, o renascimento da saga dos Jedi trouxe uma nova trilogia que expandiu a mitologia iniciada em 1977. Logo, O Despertar da Força, Os Últimos Jedi e A Ascensão Skywalker assumiram a missão de apresentar o universo criado por George Lucas para uma nova geração.
Vivemos uma época onde muitas ideias na indústria do cinema são baseadas em reboots ou remakes. Reiniciar ou recriar uma história já contada é uma tarefa extremamente difícil, dado que o público-alvo é composto pelo fã saudosista, apegado ao material original, e o espectador em potencial, que pode ou não conhecer a fonte de origem. É nesse momento que o diretor e o roteirista precisam fazer um “malabarismo criativo” para construir uma história que honre o clássico.
O ano de 2015 foi propício para que o passado voltasse à tona. Antes da estreia de Star Wars: O Despertar da Força, outras franquias ressuscitaram nos cinemas. Jurassic Park, a aventura mais perigosa de Steven Spielberg, teve Jurassic World. A ficção científica oitentista, O Exterminador do Futuro, ganhou O Exterminador do Futuro: Genesis e a insana jornada distópica de Mad Max reviveu através de Mad Max: Estrada da Fúria.
E assim como seus amigos clássicos, Star Wars fincou sua bandeira no terreno chamado: Refilmagem. No entanto, diferente dos filmes citados no parágrafo acima, a legião (lê-se fãs ávidos) de “Guerra nas Estrelas” possuem uma força — desculpe o trocadilho — que transcende os limites da Cultura Pop. E não é preciso ser nenhum expert da 7ª Arte para enxergar e reconhecer o tamanho desse fã-clube e sua paixão.
Todos sabem que Stars Wars é um legado. Então, como J.J. Abrams e Rian Johnson moldariam a nova trilogia? Há um fator que se repete na visão de ambos os cineastas, refletindo-se na jornada da Finn, Rey, Poe e Kylo Ren: usar o “Presente” para homenagear o “Passado”. Portanto, iremos dissecar algumas “reverências” e “referências” feitas.
A tríade de filmes clássicos possuíam três heróis “puxados” para dentro da aventura. E assim como muitos animes, desenhos, séries e filmes, o peso do protagonismo foi diluído em três figuras. Logo, podemos concluir que Leia, Luke e Han Solo foram a gênese que culminou na existência de Rey, Finn, e Poe.
Cartaz de Star Wars: Uma Nova Esperança Cartaz de Star Wars: A Ascensão Skywalker
A linguagem não-verbal está no DNA de Star Wars. Símbolos tornaram-se uma presença constante na caracterização visual dos filmes. Tomando isso como uma herança de referências imagéticas, os novos capítulos reiteraram esse elemento crucial. Desde as insígnias marcadas nos capacetes da Aliança Rebelde até o emblema da Primeira Ordem disseminado em bandeiras, propagandas e uniformes.
Há um elemento externo ao roteiro, mas que influencia a emoção dos fãs e críticos. Sem ela, não existiriam os arrepios causados pelas notas musicais, a calmaria que antecede o clímax e a chama passada do personagem para o espectador. Estou falando, é claro, da Trilha Sonora composta por John Williams. Arrisco-me a dizer que 40% da identidade de toda a saga é fruto da composição musical. Portanto, recrutar Williams para dar alma a sonoridade da nova trilogia é preservar o que não se pode ver, mas que todos podem sentir. Esse é o poder do maestro de Star Wars, criar melodias e cultivar temas que se tornaram familiares.
Vale lembrar que o compositor não ficou apenas “atrás” das câmeras, pois ele deu o ar de sua graça em A Ascensão Skywalker (uma participação mais que especial).
A estética visual da trilogia iniciada em 2015 emulou o antigo, incorporando figurinos, penteados e cores como um eco. Diversas “Rimas Visuais” (elementos atuais que remetem ao passado da própria narrativa) estão distribuídas ao longo da trilogia. Mais que um apelo nostálgico, esses momentos mostram que toda a parte técnica do filme também foi concebida a partir do original.
Figuras do passado trilharam um longo caminho — o famoso arco de personagem. A trajetória de alguns voltou a ser lapidada por novos e velhos rostos. Luke Skywalker, seguiu à risca sua “Jornada do Herói” através dos treinamentos. Mais tarde, em Os Últimos Jedi, ele assumiu o papel de mestre e treinou Rey.
Na trilogia primordial, Darth Vader, por baixo do ar vilanesco, era um pai cujo laço parental com o filho estava por um fio. E anos depois, a sina do paternalismo à beira do abismo se repetiu com Han Solo tentando alcançar seu filho, Kylo Ren.
“Ciclo”! Essa é a palavra-chave que define melhor essa homenagem do moderno ao clássico. Star Swars se consagrou como um patrimônio da Cultura Pop, nada mais lógico que o sucesso também ser cíclico.
Enfim, o trunfo é a coisa mais básica de tudo: não esquecer a origem. Ainda que arrisque um experimento aqui e novos conceitos acolá, o que surgiu pós Capítulo VII transpareceu autenticidade, sem jamais perder a essência do tradicional.
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