O Festival de Cinema de Vassouras encerra hoje, 24 de junho (2023) com sua noite de premiação. A noite vai contar com inúmeros artistas e no mesmo espaço onde foram exibidos os filmes ao longo do Festival. Filmes de produções independentes, até documentários biográficos, artísticos, filmes experimentais e filmes focados no turismo em cima do Vale do Café.
O Centro de Convenções se mostrou organizado, tendo muitos espaços para a imprensa, além de fazer algo importantíssimo que outros festivais deveriam aprender a fazer. Todos os dias do Festival, a sala de exibição estava cheia de turmas escolares das mais diversas escolas públicas da região, querendo enfatizar o contato das crianças, algumas pela primeira vez, com uma tela de cinema.
Os Talkshows tiveram um grande número de convidados, a maioria da área audiovisual, abordando o tema sobre a democratização do cinema, a nova geração de cineastas, e fazendo questão de expandir o debate sobre aumento de produções audiovisuais depois do último governo, que atrapalhou a execução de um grande número de projetos audiovisuais. Além de o Festival de Cinema de Vassouras entregar um fácil acesso, ao público e à imprensa, dos convidados e dos responsáveis por obras cinematográficas. Conseguindo criar uma atmosfera humanizada e familiar para aqueles que estão frequentando um Festival de cinema pela primeira vez, seja na cobertura ou como espectador.
Festival de Cinema de Vassouras | Adriano Jabbour
Mesmo sabendo de que essa é apenas a Segunda Edição do Festival de Cinema de Vassouras, é necessário apontar um ponto problemático, que não seria tanto chamativo se não fosse pela principal proposta: O Festival apresentou problemas na exibição dos filmes em competição em inúmeras sessões. Seja da forma mais absurda com descanso de tela aparecendo durante a exibição do Capitão Astúcia, à não ter o filme Tromba Trem no seu primeiro dia de exibição até ter um dos filmes mais fortes da premiação, Horizontes, com problema de arquivo, ocasionando o fim da sessão antes da conclusão do filme.
Quem vos escreve esse artigo, não só é crítico de cinema, como cineasta. Ser um cineasta e ver alguma de suas obras não ser bem executada em um Festival que demonstra ser de grande porte, e preparado em muitos quesitos para futuras edições, deixa uma dor no peito e um sentimento de tristeza pessoal para os fazedores de tais obras, como para os espectadores que são da área audiovisual, ou não.
Mesmo que o Festival consiga entregar todo o resto de sua proposta de forma madura e até mesmo surpreendente por ser apenas a sua segunda edição, é necessário os reparos para que esses erros não aconteçam. Até pelo fato de que estamos falando de um Festival de Cinema, o último problema que deveria acontecer é a exibição das obras que estão dentro e fora de competição. Principalmente em querer trazer uma experiência cinematográfica para qualquer espectador que quisesse ir ao Festival. Enfatizo aqui a importância do Festival ter um acesso GRATUITO para assistir os filmes, o que é importantíssimo para ser um Festival diverso de moradores da cidade de Vassouras e os de fora dela.
Festival de Cinema de Vassouras | Adriano Jabbour
O Festival de Cinema de Vassouras carrega uma grande potência para a região, aumentando o turismo e mostrando filmes específicos da própria região. Dando importância a obras de todos os lugares do Brasil, e a própria cidade. Mesmo com seus problemas técnicos, o Festival se provou em segunda edição, como pode se tornar algo grandioso nas próximas que vão acontecer nos próximos anos.
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Cavi Borges é um diretor e produtor conhecido no meio audiovisual, principalmente por seus inúmeros trabalhos independentes, por sua distribuidora e produtora “Cavídeo” e pelo seus projetos na rede de cinema Estação Net. Cavi Borges estava na coletiva de imprensa do Festival de Cinema de Vassouras e, além de responder algumas perguntas, ele comentou sobre a sua história desde seu começo como lutador de judô, até atualmente. Além de que, um dos seus filmes foi exibido no festival, chamado “Não Sei Quantas Almas eu Tenho” dirigido por ele e pela Patrícia Niedermeier, que também é a protagonista da obra.
Eu pude fazer uma pergunta para o Cavi Borges, sobre a relação dele com a rede de cinemas Estação Net, e como funciona a conversação da nova programação que tem acontecido na rede na qual ele faz em conjunto com a geração mais nova de cinéfilos da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro.
Adriano Jabbour: Eu queria saber como é para você estar fazendo a nova programação do Estação Net em conjunto com cinéfilos e cineastas da nova geração?
Festival de Cinema de Vassouras | Adriano Jabbour
Cavi Borges: Eu já fui um dos filhos do Estação, agora vemos os “netos” do Estação, e acho que é algo necessário renovar o olhar, do mesmo jeito que o próprio cinema vai mudando. Acho que eu chamar um garoto de 20 anos para me ajudar a montar a programação de cinema é algo revolucionário, por ser algo que ninguém faz. Quando a dona da rede Estação Net me colocou para fazer a programação, e depois a Joann e o Gabriel Carvalho, ela falou da necessidade de uma renovação para a rede.
Borges fala da importância da nova geração por também trazer novos filmes que nem ele mesmo conhecia para sessões da meia noite no Estação Net, que acontecem nas Sextas e nos Sábados.
Cavi Borges: Muitos dos filmes que são trazidos pela Joann e pelo Gabriel, são obras que eu nunca ouvi falar. Para eles o clássico é o “Psicopata Americano”, para mim o clássico é Fellini, é Glauber Rocha. Mais um motivo de ser algo de tamanha importância, pois a rede Estação Net recebia um público mais idoso. Agora, por conta dessa nova curadoria, vemos jovens entre 14 à 20 anos fazendo parte daquele espaço, meio que um nascimento de uma nova geração cinéfila.
Festival de Cinema de Vassouras | Adriano Jabbour
Cavi Borges confirmou estar fazendo um filme sobre essa nova geração de cinéfilos que vem aumentando com as mudanças da rede de cinema Estação Net, com o nome de “A Novíssima Geração Estação”. Borges também acentuou ao longo de outras perguntas o quão é importante a sua relação do esporte com o cinema, e de como o seu começo como produtor e diretor foi de grande dificuldade por conta do baixo apoio financeiro que o mesmo conseguia. Usando como exemplo, a sua primeira produção mais reconhecida, chamada “O Balconista”, que tinha a participação do ator Matheus Solano.
Uma grande surpresa aconteceu em meio a coletiva de imprensa quando o responsável pelo festival, Bruno Saglia, chamou de surpresa Cavi Borges para a próxima edição do Festival de Cinema de Vassouras, e anunciou que ano que vem, também acontecerá no Festival uma amostra de filmes produzidos e dirigidos pelo Cavi Borges. Logo depois de tamanha surpresa para a imprensa e para o próprio Cavi Borges, foi encerrada a coletiva de imprensa.
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Festival de Cinema de Vassouras tem promovido nos seus dias pós abertura um grande número de palestras ligadas ao audiovisual e a linguagem crítica ao mesmo. Os responsáveis pelo Festival nessa edição acertaram em cheio com as seguintes escolhas: Cavi Borges e Roberto Sadovski. Enquanto Borges fazia questão de enfatizar sobre sua história como cineasta e sobre as dificuldades dentro do meio audiovisual, Sadovski fazia questão em se aprofundar em um debate sobre a importância do filme para o espectador e a importância da crítica sobre o meio audiovisual.
Tive a oportunidade de fazer uma pergunta para Sadovski no TalkShow do Festival de Cinema de Vassouras, e ele fez questão de falar sobre o dever de ser crítico e de criticar os novos críticos que estão aparecendo nas redes e mídias sociais.
Adriano Jabbour:Sadovski, oque o senhor acha, como crítico, sobre a nova geração de críticos cinematográficos que estão em numero crescente nas mídias e redes sociais? Você tem algo a dizer sobre essa nova geração ou algo importante para dizer a essa nova leva de profissionais?
Festival de Vassouras de CInema | Adriano Jabbour
Roberto Sadovski: Hoje em dia todo mundo tem espaço, todo mundo tem voz. Porém, nem todo mundo sabe do que está falando. Então considero que as mídias e as redes sociais democratizaram bastante a produção de vários discursos, para o bem e para o mal. Acho que tem muita gente nova que tem dificuldade em saber o que é o cinema, e não estou falando apenas no sentido técnico. Canso de ouvir “…ah, mas a fotografia é ótima…” mas quando pergunto o que é uma fotografia ótima a pessoa parece que fica com uma “tela azul” no rosto na hora de responder.
Sadovsiki enfatiza sobre a importância da democratização do acesso ao conhecimento para a nova leva de críticos que buscam escrever como um objetivo profissional.
Roberto Sadovski: Existe um espaço muito maior para adquirir conhecimento, bagagem, para saber o que você vai escrever. Eu tive a sorte de ter conseguido andar em “ombros de gigantes”, nos quais debatíamos e conversávamos sobre cinema. Gigantes que me levaram a conclusão de que toda crítica é como se fosse uma tese, na qual você pega uma obra e você desenvolve uma visão e uma interpretação sobre tal, sendo ela positiva ou negativa, e que você tem que defender qualquer que for uma dessas posições.
Festival de Cinema de Vassouras | Adriano Jabbour
Sadovski carregou elogios sobre outros críticos, antigos e contemporâneos, e sobre o novo filme do Homem Aranha: Através do Aranhaverso, falando que é “um espetáculo audiovisual de encher os olhos. Ao citar o último filme do Homem Aranha, Sadovski fala de forma humorada como outro colega de crítica teve uma visão completamente oposta sobre a obra, mas que conseguiu comprovar seus pontos um por um e com argumentos, tornando a diferença de posições críticas, em ambos sentidos, plausíveis pelos argumentos.
Roberto Sadovski: Não é achismo, não é “…eu acho…”, porquê se fosse assim, seria algo muito fácil. E isso que falo serve para basicamente tudo, por exemplo: eu odeio futebol, não sei nada de futebol. Como eu sentaria em uma mesa redonda para falar sobre tal assunto. Eu até gosto de falar sobre política, especificamente com que vive no Brasil, mas quando começa a se aprofundar em certos pontos, tenho que admitir que não sei como falar sobre e devo estudar. Até porque, são coisas muito importantes. Você tem que entender o que você está falando, você tem que estudar sobre oque está falando, você tem que ler sobre isso.
Roberto então volta a nascente da pergunta sobre oque seria considerável falar para a nova leva de críticos que vem aparecendo aos poucos pelas redes sociais e em outros formatos.
Festival de Cinema de Vassouras | Adriano Jabbour
Roberto Sadovski: “Oque eu devo fazer para ser um bom crítico de cinema?” Para começar: leia muito e veja muito filme. “Mas oque eu leio?”, tudo cara. Leia livros sobre cinema, ficção, fotografia, leia biografias, leia ensaios, sabe? Leia roteiros, leia oque puder para colocar na sua cabeça. Porque, quando você for escrever, vai aparecer uma referência para você na hora da execução do texto. O importante é que estudem. Infelizmente, boa parte dessa turma nova de críticos que vem aparecendo, não faz isso.
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O Festival de Cinema de Vassouras deste ano (2023) abriu com homenagem à lenda da atuação do cinema brasileiro Antônio Pitanga. Ator que fez parte de filmes que foram para Cannes, e foram reexibidos no Festival de Cinema de Vassouras, como “Casa de Antiguidades” (2020), até mesmo dos clássicos filmes que fizeram parte do movimento Cinema Novo (Barravento, A Idade da Terra, Os Fuzis, etc), fez questão de expor a importância da luta contra o racismo dentro da área audiovisual e contou a coletiva de imprensa sobre a importância de conversar com a nova geração, algo que foi expandido ao longo do debate junto ao júri do Festival que fizeram questão de reafirmar o discurso de Pitanga.
A proposta do Festival, de acordo com o júri e os responsáveis pelo evento (Bruno Saglia e Jane Saglia) foi de dar maior espaço a produções de menores orçamentos e a produções vindas exclusivamente do Vale do Café, oque é notado pelos filmes selecionados para o Festival neste ano. Além dos filmes protagonizados pelo ator Antônio Pitanga, muitos curtas metragens, curtas documentários, curtas e longas de animação entraram na grade de exibição.
Mesmo a proposta do Festival de Cinema de Vassouras ser algo ativista sobre tópicos como a luta antirracista e o respeito a diversidade, o tapete vermelho, em seu dia de abertura, começou polêmico pela contradição de discursos propostos por realizadores que faziam parte de alguns filmes que foram exibidos logo no dia seguinte. Explicitamente, o ator Carlos Vereza fez questão de enfatizar um discurso, em entrevista a Rede Tv, transfóbico. Além de persistir em falar sobre “crianças trans não existem” e que é “inaceitável” levar crianças para uma passeata LGBT+, seus 2 curtas-metragens “FrankFurt” e “Dinho da Morte” foram exibidos um dia após a homenagem de Antônio Pitanga.
Festival de Cinema de Vassouras | Adriano Jabbour
Seus curtas, além de terem uma produção e uma direção que são pendulares em serem categorizadas como vergonha alheia ou amadoras (oque é bastante disputado entre o quesito técnico e o de condução narrativa), o filme faz questão de ser um discurso multifacetado em várias vias reacionárias e antiprogressistas, seja com a utilização do discurso direto transfóbico com o personagem que o mesmo atua, e com utilização de vídeos manipulados contra as mulheres e contra a comunidade LGBT+.
O autor presente precisa comunicar que é formado como Cineasta, além de ser um ativista progressista em muitas pautas sociais, principalmente as citadas nesse artigo. Necessito perguntar ao leitor, para tal debate ser levado aos seguintes festivais de cinema que pretendem acontecer em território brasileiro: Como um Festival de Cinema, que abre o evento com falas sobre progresso e luta por respeito igualitário, seja sexual e racial, e dá espaço para discursos tão baixos, antidemocráticos e contrários a tudo aquilo que podemos chamar de Arte?
Oque autores como Gracilicano Ramos e o diretor cinematográfico de “Memórias do Cárcere”, Nelson Pereira dos Santos, pensariam sobre oque foi a exibição de tais curtas que desrespeitam toda sua obra? Oque Antônio Pitanga deve sentir ao estar no mesmo espaço de outro ator que diz que seu discursos e aquilo pelo que ele luta é uma mentira sobre uma “nova ordem mundial”?
Festival de Cinema de Vassouras | Adriano Jabbour
Proponho esse debate a realizadores de filmes, de arte em seu contexto geral. É necessário entrar em um consenso, seja da imprensa e do meio artístico, sobre oque é plausível e respeitável aparecer em uma tela de cinema. Faço questão de acentuar que não abordo aqui uma censura, mas um mínimo de respeito àqueles que produzem obras para questionar e para fazer questão de colocar os outros e a nós mesmos a pensar sobre o momento que vivemos agora como nação brasileira. Um país comprovadamente racista e o que MAIS MATA pessoas LGBT+ necessita da provocação audiovisual. Provocação à sociedade e a política que a mesma permite acontecer.
Festival de Cinema de Vassouras começa carregado com discurso progressista e na luta de respeito e igualdade a todos, mas acaba perdendo o cuidado em permitir obras como as de responsabilidade da figura pública Carlos Vereza, que se mostra contra tudo aquilo que o evento está propondo.
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Nessas duas primeiras semanas do mês de Maio, o CinePuc-Rio e a rede de cinemas Estação Net, estão reexibindo algumas das obras do documentarista Eduardo Coutinho. O diretor foi responsável por numerosas obras consideradas clássicas dentro do cenário audiovisual brasileiro, sendo uma delas referência para um dos cineastas mais reconhecidos internacionalmente no momento atual, Kleber Mendonça Filho. Sim, o autor presente está falando de “Cabra Marcado para Morrer”.
Mas como Coutinho conseguiu fazer tais obras tão impactantes, envolventes e assustadoras ao mesmo tempo? Qual o segredo? Como esse cineasta conseguia, não só conectar tanto o indivíduo ao seu ambiente, como filmar aquilo que passa despercebido no dia-a-dia pelo povo brasileiro? Eduardo Coutinho conseguia mostrar o Brasil, da forma que só um brasileiro entende tal sentimento. Isso existe, e persiste, em quase toda sua cinegrafia.
“Edifício Master”: filme onde Coutinho decide filmar e entrevistar alguns moradores de um edifício em Copacabana, mostra como cada apartamento carrega uma história, e como essas histórias se conectam a um bairro que esconde suas entrelinhas com a imagem turística. Sendo idosos isolados, prostitutas, até mesmo artistas desconhecidos convivem em um mesmo espaço, que a cidade “maravilhosa” faz de tudo para isolar. Enquanto Coutinho, enfatiza em mostrar, as multifaces do que significa a cidade do Rio de Janeiro.
Cabra Marcado Para Morrer | Globo Play
Claro que o grito de Coutinho não fica apenas em um filme. O diretor enfatiza o grito de existência de uma população abandonada do Rio de Janeiro em mais filmes, como: “Santa Marta: Duas Semanas no Morro” e “Santo Forte”, filmes em que o diretor cria uma conexão forte dos indivíduos, com o espaço em que eles se encontram.
Mesmo Coutinho sabendo de sua habilidade impecável de mostrar realidades e vidas na qual a mídia brasileira, e outros, tentam colocar embaixo do tapete, o diretor não fica relaxado ao se aventurar em um outro estilo de cinema documental. Fazendo um filme em que Coutinho captura, durante algumas horas, oque se passa no cotidiano da TV aberta brasileira. Fazendo uma de suas obras mais assustadoras, “Um dia na Vida”.
Com “Um dia na Vida”, Coutinho mostra a gangrena que se prolifera tão facilmente de forma explicita sobre a sociedade brasileira, seja o espetáculo da violência, o machismo explicito e propagandas sobre estética, que se repetem de hora em hora. O grotesco indireto que existe em “Brazil” de Terry Gilliam, é explícito na obra de Coutinho.
Edifício Master | VideoFilmes
Eduardo Coutinho não fincou sua potência em apenas filmar aquilo que estava a sua frente, mas em sua atitude de pesquisa, de saber quem eram aquelas pessoas que compunham o cenário. Nessa atitude filosófica, o diretor fazia questão de ouvir com paciência, calma e respeito, cada um de seus personagens. É possível ver como o diretor faz isso, utilizando até mesmo da metalinguagem, como foi feito em “Jogo de Cena”.
Não os utilizando como uma vitrine de sofrimento e vendendo para o exterior, mas em capturar suas risadas, choros e até mesmo a vontade de cantar em certas cenas, tornando todos aqueles presentes em humanos. Eduardo Coutinho, conseguia fisgar a humanidade dentro de muitos cenários apocalípticos, escondidos pelos cenários de históricos de cada momento no Brasil.
O autor do texto não faz questão de resumir a importância de Coutinho na cultura cinematográfica brasileira em um texto, até porque essa ação é impossível. Mas faz questão de enfatizar: Eduardo Coutinho se mostra presente a todo momento, principalmente na imaginação de seu espectador. Se Coutinho estivesse vivo, que mundo esquecido, por nós brasileiros, ele faria questão de mostrar?
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Investimento ainda faz parte dos orçamentos de 2021 e 2022
Está definida a primeira parte do capital para o setor audiovisual brasileiro no ano que vem. Em suma, a Agência Nacional de Cinema (Ancine) estipula um investimento de R$ 250 milhões no primeiro semestre de 2023. O valor ainda faz parte dos orçamentos dos anos de 2021 e 2022 destinados à categoria.
Investimento da Ancine
Segundo informação publicada na coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, próximo ao fim de janeiro, a Ancine lançará o edital. A princípio, o montante inicial é de R$ 163 milhões para a área de cinema. Já em maio, a agência vai publicar outro edital, no valor de R$ 90 milhões, destinado a produções para a TV.
A medida acompanha a onda de renovação na agência. Como publicado anteriormente pelo portal Cinerama, a Ancine já havia anunciado também trocas na sua gerência e maior comprometimento com algumas pautas específicas. Dentre elas, o reforço do combate à pirataria em filmes nacionais no próximo ano.
A diretoria da Ancine se reunirá em março. O objetivo é aprovar o orçamento de 2023. É provável que o número de editais aumente, muito por causa da volta da arrecadação da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine). O imposto é responsável por financiar o Fundo Setorial de Audiovisual.
Contudo, se engana quem pensa que os investimentos param por aí. Ainda em março, a agência vai divulgar o resultado de nove editais. Ao todo, vão trazer investimento de R$ 645 milhões em produções para cinema, TV e streamings.
A última grande estreia do cinema nacional
O cinema nacional não para. A última grande estreia de uma produção brasileira aconteceu no último dia 22. A obra de comédia romântica “O Amor dá Voltas”, de Marcos Bernstein, está em cartaz nas telonas do país com Cléo Pires, Igor Angelkorte e Juliana Didone no elenco.
A produção nacional retrata a vida pessoal e profissional do cantor à frente da banda Charlie Brown Junior.
O documentário sobre a vida do vocalista da banda de rock Charlie Brown Junior chegou hoje (08) à Netflix. Intitulado de Chorão: Marginal Alado, o filme é um retrato da vida pessoal e carreira do cantor brasileiro, que se tornou ídolo para muitos jovens no país. O documentário foi dirigido por Felipe Novaes e traz depoimentos da família, ex-colegas e amigos próximos de Chorão, que faleceu em 2013 após uma overdose de cocaína.
O filme foi lançado em 2019 e recebeu o prêmio de melhor documentário nacional na 43° Mostra de Cinema de São Paulo no mesmo ano. Chorão: Marginal Alado estreou para o público geral em abril de 2021 via “on demand” e também foi exibido pela MTV. Contudo, agora os fãs podem assistir ao documentário também na Netflix. A produção também está disponível, em formato de minissérie, no Prime Video.
Chorão: Marginal Alado
O documentário percorre as várias facetas de Chorão, passando por sua carreira, família, amigos, sua paixão pelo skate e até mesmo seu vício em cocaína, que marcou o fim de sua vida. Na obra, pessoas próximas e que conviveram com o vocalista dão seus depoimentos a respeito de quem era o homem à frente da banda Charlie Brown Junior dentro e fora dos palcos.
Para a produção Novaes conseguiu várias imagens e vídeos de arquivo de Chorão, inclusive conseguiu uma entrevista histórica de Champignon, antigo membro do Charlie Brown Junior, que morreu no mesmo ano do cantor. Pelo o que aparece no documentário, os dois viviam uma relação controversa e delicada.
Filme sobre advogado negro teve seu trailer lançado na segunda (19)
O longa que narra sobre a vida de Luiz Gama, Doutor Gama, teve seu primeiro trailer divulgado ontem (19). O filme é uma cinebiografia nacional sobre o advogado brasileiro que libertou mais de 500 pessoas da escravidão. Luiz Gama viveu entre os anos de 1830 e 1882 e foi escravizado no Brasil. A obra foi dirigida por Jeferson De (“M8: Quando a morte socorre a vida”) e tem previsão de estreia para o dia 5 de agosto deste ano.
Doutor Gama
Gama era filho de uma mulher africana com um português. Com 10 anos foi vendido por seu pai para mercadores e mandado para São Paulo. Aos 18, ele conquista sua liberdade e aprende a ler com um estudante de direito. Mesmo sem ter tido acesso ao ensino superior, Gama prova ter os conhecimentos necessários para começar a advogar e exerce, então, a profissão. Sua missão como advogado era libertar pessoas da escravidão brasileira e criar leis para frear o sistema escravocrata no país.
Confira o trailer oficial abaixo:
Além de Jeferson De na direção, Doutor Gama conta com César Mello no papel principal, Teka Romualdo, Johnny Massaro, Mariana Nunes, Romeu Evaristo, Sidney Santiago, Dani Ornellas, Erom Cordeiro, Nelson Baskerville, Zezé Motta e Isabél Zuaa no elenco.
Com a chegada do Dia das Mães, as pessoas em geral voltam as suas atenções para estas mulheres especiais de suas vidas. Seja em um encontro pessoal para um almoço, levando um presente, uma ligação para quem mora distante ou mesmo para quem já não tem sua mãe presente, mas deseja fazer uma homenagem, a data é sempre um momento especial para muitas famílias.
Partindo do ponto de que as pessoas e famílias são diferentes em suas essências, no jeito de demonstrar afeto e se relacionar, escolhemos alguns filmes brasileiros que retratam a figura da mãe de diferentes formas para mostrar que mãe é mãe independente da forma como escolhe vivenciar a maternidade.
Foram escolhidos três filmes que destacam o papel da mãe: Como Nossos Pais (2017, de Laís Bodanzky), Que Horas Ela Volta? (2015, de Anna Muylaert) e Benzinho (2018, de Gustavo Pizzi). A escolha se deu principalmente por conta da distinção de classe, vivências passadas e o recorte em que a personagem está inserida durante o filme, o que pode ser capaz de influenciar diretamente na forma de enxergar o mundo e por consequência a forma que será experimentada a maternidade.
Como nossos pais ou diferente deles?
Rosa (Maria Ribeiro) e Clarice (Clarisse Abujamra) em Como Nossos Pais | Globo Filmes/Gullane Filmes
O filme Como Nossos Pais oferece um panorama sobre a vida de Rosa (Maria Ribeiro), uma jornalista que trabalha em um empresa de aço, mas que sonha em viver sua verdadeira paixão: ser dramaturga. A mulher tem ainda outro emprego em tempo integral: ser mãe. Com um marido que está sempre viajando e que não lhe dá auxilio nas tarefas necessárias da casa e no cuidado com as duas filhas, a mulher vive uma rotina estressante e desafiadora para manter o equilíbrio entre tantas tarefas.
Rosa, que é filha de dois intelectuais da classe média brasileira, tem uma relação tensa com a mãe, Clarice(Clarisse Abujamra), e a obra é interessante justamente por mostrar paralelamente os conflitos entre Rosa e a mãe, que tem um estilo de vida totalmente diferente do que a agitada filha gostaria, mas que é uma peça importante trazendo reflexões para sua vida; e entre Rosa e as duas filhas, que estão entrando na fase da pré-adolescência e naturalmente passam a ter suas próprias vontades e questionar os pais, situação que causa alguns conflitos.
Clarice é uma personagem chave na história por conter dois segredos que mudarão totalmente a vida de Rosa: o primeiro é a revelação logo no início do filme de que Rosa na verdade não é filha do homem que a criou como pai, mas de um político importante que vive em Brasília. Mas a segunda revelação é ainda mais importante para o recorte deste artigo: Clara possui um câncer avançado em decorrência do tabagismo e está a beira da morte.
A descoberta da doença ocorre na parte final do filme, mas ali a mãe já tinha cumprido o seu propósito para com a filha, a orientando pontualmente em questões que ela mesma gostaria de ter emergido, uma vez que também foi uma mulher sofrida em um casamento sem equidade. Revelou Clarisse em uma entrevista na época para o site Papo de Cinema: “Pra dizer a verdade, acho que as pessoas ficaram um pouco nessa questão da força da personagem, e esqueceram que ela não é só aquilo, aquele momento. Ela é uma mulher vivida e sofrida. Passou por um casamento que não deu certo, teve um amante que… nem amante foi, ela mesmo diz, “tive uma trepada com um cara em Cuba”. Ponto. E mesmo assim precisou segurar isso por sei lá quanto tempo. E por mais avançada que ela seja, isso tudo aconteceu em uma outra época, milhões de anos atrás. Então, acho que a força dessa mulher traz junto o preço que as mulheres ainda têm que pagar até hoje, de ter a culpa do mundo nas costas. Por mais forte que ela pareça, ela também se sente culpada. Tem essa filha, que quer defender, mesmo que aos trancos e barrancos, com a personalidade dela. Até porque ser da maneira que ela é não lhe foi fácil.“
Em termos gerais, a necessidade de querer falar por tanto tempo, mas a impossibilidade de poder, uma vez que precisava criar os filhos de uma forma estável junto com Homero, seu marido por muitos anos, foi a escolha feita por Clarisse, mas que a machucou por dentro até o momento em que acreditou que precisava falar. E é esse desejo que ela tenta transmitir para a filha: fale, viva, mesmo que isso cause uma reviravolta e instabilidade em sua vida e em sua família.
O longa-metragem se encerra com uma Rosa mais feliz, após o fim do relacionamento com Dado e novas descobertas que fez para tirar o imenso peso que sentia, tudo isso graças a uma revelação feita pela mãe que também precisava tirar de si um grande fardo. A produção é uma análise profunda dos sacrifícios que mães fazem por suas famílias, muitas vezes se doando totalmente para garantir que os filhos possam crescer de forma menos atribulada e terem uma boa vida. Embora Clarice seja uma mãe que não está dentro do estereótipo visto pela sociedade como o padrão, ela cuida da filha de sua própria forma, a ajudando a encontrar o seu caminho e lhe oferecendo uma visão de como lidar com as suas duas filhas.
Retrato de uma ausência ou de uma necessidade?
Val (Regina Cazé) e Jéssica (Camila Márdila) em cena de Que Horas Ela Volta? | África Filmes/Globo Filmes
O filme “Que Horas Ela Volta?” é uma produção que gira em torno da vida da doméstica Val (Regina Cazé), uma pernambucana que decidiu vir para São Paulo tentar melhores condições de vida para ela e sua família. A mulher então vive com uma família onde trabalha em tempo integral, cuidando da casa e de Fabinho, filho dos patrões.
O recorte do filme ocorre quando a filha de Val, que cresceu no Pernambuco, distante da mãe, deseja vir para São Paulo para prestar vestibular. Os patrões compadecidos com a história da família aceitam que a garota venha morar no quartinho dos fundos junto com a mãe, mas diferente de Val, Jéssica (Camila Márdila) não é tão subserviente como a sua mãe aprendeu a ser, causando alguns conflitos na mansão.
Duas grandes questões estão presentes na narrativa: a primeira é a relação de Val e Fabinho, que foi criado pela mulher como uma verdadeira mãe, uma vez que a sua própria mãe é retratada como uma pessoa cheia de compromissos e que nunca preencheu a necessidade de carinho e amor que o garoto tinha. Esse papel foi cumprido pela doméstica e o próprio garoto a enxerga deste jeito. Prova disso é quando Val decide ir embora da casa da família gerando um sentimento de rompimento desse laço, questão muito mais importante para Fabinho do que para os seus pais, que veem Val somente como uma prestadora de serviços que está com eles há muitos anos.
O segundo ponto é a relação de Val e Jéssica, que tem certo ressentimento com a mãe por não ter sido criada por ela. Isso se reflete principalmente na diferença geracional e na forma de enxergar a vida, enquanto Val mantinha certo temor em relação aos patrões, acatando algumas situações que beiravam o absurdo, Jéssica é mais questionadora e não aceita determinadas situações sem expor seu ponto de vista.
Cabe ressaltar que embora seja compreensível a chateação de Jéssica, tudo que Val fez foi para que a filha pudesse ter uma vida melhor. Centenas e centenas de mulheres precisaram e precisam migrar todos os anos para garantir o sustento de suas famílias, e colaboram com isto diversas causas: homens que têm um filho e desaparecem deixando a mãe e a criança desassistidas, a falta de colaboração governamental para pessoas desfavorecidas financeiramente, entre outras razões.
No final do filme, Val tem a chance de se redimir, quando Jéssica, que consegue passar no vestibular, engravida de uma criança e Val se demite para cuidar do neto e garantir que sua filha possa estudar. A pernambucana pode ser vista como um retrato de diversas mulheres que não são mães biológicas, mas que são mães por conta do amor, do carinho e do cuidado com uma criança, garantindo que ela tenha o suporte necessário para crescer e viver.
Meu filho, meu benzinho
Irene (Karine Teles) em cena de Benzinho | Bubbles Project/Baleia Filmes
Provavelmente o filme menos conhecido desse trio, Benzinho retrata a história de Irene (Karine Teles), uma mãe de 4 filhos que está tentando terminar o ensino médio enquanto cuida de sua família. O conflito do longa-metragem é gerado quando seu filho mais velho, de 16 anos de idade, destaque do time de handebol do colégio, recebe um convite para ir estudar e jogar na Alemanha. Feliz com a oportunidade que o filho recebeu, Irene terá pouco tempo para se conformar com a partida do filho.
As demandas do dia a dia são alucinantes na vida de Irene: o negócio de seu marido Klaus (Otávio Müller) vai mal, a obrigando a dar um jeito de ter uma renda suplementar, os problemas financeiros geram instantaneamente uma reação nos outros três filhos, que se veem mais distantes da mãe. Somado a isso, a sua irmã (Adriana Esteves) está sendo agredida pelo marido e cabe a Irene tentar ajudar na situação.
Tudo parece muito instável na vida de Irene, e talvez essa seja a maior dificuldade na vida da mulher para lidar com a partida de Fernando (Konstantinos Sarris), já que ela não tem nem mesmo tempo de parar e absorver os acontecimentos da vida do filho, e como uma mãe que tem uma relação próxima, essa tarefa se torna ainda mais complexa.
A conhecida “síndrome do ninho vazio” é uma situação associada a diversos pais (não necessariamente ocorre somente com a mãe), que tem dificuldades em superar a saída de casa dos filhos. Este é um processo natural, uma vez que em diversas famílias os pais dedicam boa parte da vida e dão razão a sua existência a partir da relação com seus filhos, e embora Irene tenha mais três filhos, a situação com Fernando é quase um presságio do que pode vir no futuro.
O abafamento da felicidade pelo sucesso filho com tantos problemas a sua volta é talvez a reflexão mais interessante do filme, colocando ela em uma posição extremamente humanizada em que mesmo sendo uma mãe apegada e amorosa, também pode se sentir confusa e angustiada por pensar em si própria e em sua felicidade em detrimento de pensar primeiro no coletivo.
Mães são mulheres reais
Embora a sociedade tenha perpetuado por muitos anos um estereótipo de ações e padrões sobre o que seria uma boa e uma má mãe, alguns filmes, e não devemos deixar de notar que em sua grande maioria são produções dirigidas por mulheres, tem ajudado a difundir a ideia que mães são, afinal, mulheres comuns como quaisquer outras, que tem sonhos, necessidades, erros, acertos e são parte de uma sociedade viva e flexível, que vai se adequando a cada época de acordo com novas práticas.
Ser mãe vai muito além de gerar uma criança, e claro que condições financeiras, regionais e familiares ajudam muito na vivência da maternidade, mas sobretudo é necessário expressar que essa condição é um desafio e que ninguém nasce formada em ser mãe, não existe um manual para direcionar e ensinar, somente quem vive é capaz de ir se adequando de acordo com a sua própria experiência para ser o melhor que puder ser.
Paulo Gustavo está internado com coronavírus desde 13 de março, e agora ele precisou ser colocado em um novo tratamento após uma piora nos pulmões.
O pastor José Olímpio, da igreja evangélica Assembleia de Deus de Alagoas, causou polêmica ao se manifestar contra a recuperação do ator e humorista PauloGustavo.
Na legenda da foto, o pastor escreveu: “Esse é o ator Paulo Gustavo que alguns estão pedindo oração e reza. E você vai orar ou rezar? Eu oro para que o dono dele o leve para junto de si”.
Isso motivou 30 entidades que lutam pelos direitos LGBTQIA+ a ir contra as palavras dele em uma carta aberta.
Além disso, o Grupo Gay de Alagoas diz que vai entrar com uma representação contra ele no Ministério Público do estado.
Depois disso tudo o pastor José Olímpio da Silva Filho, pediu desculpas em uma carta destinada ao ator e humorista Paulo Gustavo.
“Peço desculpa, pois nunca foi intenção do meu coração ferir, ofender ou machucar a nenhum dos ofendidos (que são aos milhares), a começar do ator Paulo Gustavo, que foi atingido diretamente, passando por seus familiares, amigos, admiradores e muitos fãs, pois o mesmo é uma pessoa querida no mundo artístico”, escreveu.
“A minha insensatez foi tentar defender a honra de meu Deus, muitas vezes ultrajada de muitos modos e de muitas maneiras e por muitas pessoas, esquecendo-me eu, de que Deus, o Criador do céu e da terra não precisa de quem defenda a sua honra”.
Nesta sexta (29), o perfil oficial da Vinitre Filmes no Twitter confirmou que “Bacurau” (2019), por conta de seu lançamento tardio nos EUA e o grande sucesso que ganhou com a crítica especializada de lá, está elegível para o próximo Oscar. O filme pode concorrer em todas as categorias de ficção, tirando Melhor Filme Internacional e com destaque para Melhor Filme, Direção, Atriz Coadjuvante, Ator Coadjuvante e Roteiro Original.
É oficial! Nos EUA, Bacurau está elegível para o Oscar 2021! 💥
O filme entrou nesta semana na Academy Screening Room, plataforma de acesso exclusivo aos membros da Academia votantes do Oscar. pic.twitter.com/PVMGmQNuMG
Dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, “Bacurau” se tornou um sucesso de crítica e público pelo mundo todo, já tendo ganho o prêmio do Júri no Festival de Cannes. O filme pode ser assistido pelo Telecine Play, assim como o making-off, que recebeu o título de “Bacurau no Mapa“.
Sinopse: Os moradores de Bacurau, um pequeno povoado do sertão brasileiro, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, eles percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade. Quando carros são baleados e cadáveres começam a aparecer, Teresa, Domingas, Acácio, Plínio, Lunga e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Agora, o grupo precisa identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.
O curta-metragem independente Umbrella, de Helena Hilario e Mario Pece, será o único representante de animação do Brasil na disputa para uma vaga no Oscar. Em caso de indicação, será o primeiro filme brasileiro do gênero a chegar na fase final, na qual se disputa a estatueta.
A animação Umbrella gira em torno do jovem garoto Joseph, morador de um orfanato. Um dia, mãe e filha vão fazer uma doação para o orfanato e entre os diversos objetos, há um guarda-chuva amarelo, a chave de toda a trama e que instigará uma revisita do passado sofrido do garoto. O roteiro é baseado em uma história real da irmã de Helena, que ao fazer uma doação em um orfanato de Los Angeles, ouviu de uma criança um relato parecido.
O curta-metragem estará disponível para acesso no Youtube da Stratostorm, estúdio de criação independente da dupla, a partir de quinta-feira, 7 de janeiro; e permanece acessível até 21 de janeiro. Umbrella é o primeiro filme de grande divulgação do estúdio, a pré-produção com o autofinanciamento da obra começou em 2016 e somente em 2018 a produção em si teve início.
Cena de Umbrella | Stratostorm
“Somos o único curta brasileiro qualificado para os membros da Academia. Como toda a produção do filme, estamos numa campanha independente, mas acredito que existem chances por ser de um país como o Brasil, que nunca teve uma indicação nessa categoria”. Refletiu Helena. A animação que tem um tom melancólico e empático tem oito minutos e é roteirizado por Helena e Mario.
Anteriormente, O Menino e o Mundo (2016) também foi uma das animações nacionais que ganhou grande projeção e foi pré-indicada ao prêmio na categoria Melhor Longa de Animação. A partir desse primeiro ponto, os diversos filmes passam pela curadoria que seleciona os melhores para a premiação. “Sempre são indicados filmes independentes e de estúdio”. Explicou Heloisa, que citou o produtor e animador brasileiro Carlos Saldanha como uma das grandes referências nacionais no gênero.
A equipe de produção contou ainda com o diretor de computação gráfica, Allan Prado, e com o diretor de arte Dhiego Guimarães. A pré-lista da Academia sairá em 9 de fevereiro, enquanto as indicações finais sairão em 15 de março. Fica a torcida pela produção brasileira!
A Academia Brasileira de Cinema escolheu por meio do seu Comitê de Seleção que “Babenco —Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou“, da diretora Bárbara Paz, vai representar o Brasil na disputa por uma vaga na categoria Melhor Filme Internacional do Oscar.
Após o anúncio, Bárbara comemorou a indicação em seu Instagram. “Meu Deus! Emocionada, Hector sorrindo lá em cima”. A diretora e Hector Babenco foram casados durante quatro anos, após a separação em 2014, os dois continuaram parceiros profissionais e grandes amigos até a morte do diretor em 2016.
Cena de Babenco – Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou |
Em entrevista ao G1, a diretora e atriz comentou sobre o momento e a representatividade do longa-metragem.“O mais bonito disso tudo é que as pessoas tenham interesse em ver o filme, em ver o documentário, em assistir os filmes dele de novo e manter a chama de Babenco acesa. Só tenho a agradecer. O Brasil vai estar muito bem representado.“
Babenco — Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou retrata a história do diretor argentino Hector Babenco a partir de relatos e entrevistas que refletem e rememoram momentos marcantes de sua vida, além de destacar sua atuação como cineasta. Erradicado no Brasil, Hector foi responsável por filmes ilustres do cinema brasileiro como Pixote, a Lei do Mais Fraco (1980), Carandiru (2003) e OBeijo da Mulher Aranha (1985).
Após ter estreia adiada em abril de 2020 por conta da pandemia de COVID-19, o documentário deve estrear nos cinemas brasileiros em 26 de novembro de 2020.
Você sabia que em junho comemoramos o mês do Cinema Brasileiro? Com tantos blockbusters hollywoodianos para assistir, muita gente acaba se esquecendo dos filmes nacionais. Contudo, há muitas obras sensacionais que foram feitas por aqui e são reconhecidas até mesmo no exterior.
Dentre alguns clássicos, que a maioria das pessoas já assistiu, podemos destacar “Cidade de Deus”, “O Auto da Compadecida” e “Central do Brasil”. Este último, inclusive, rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz, para Fernanda Montenegro. Mas, além desses, há muitos outros que vale a pena conferir.
Hoje, muitas desses filmes já estão nos serviços de streaming ou podem ser acompanhados nos canais da TV aberta ou por assinatura, de acordo com a grade de canais. Ainda, você pode conferir muitos destes planos e ficar por dentro de todas as informações com a ajuda de sites que comparam e facilitam a escolha de serviços de entretenimento oferecidos por diversas operadoras.
Além das programações diárias e serviços como os da Netflix, Amazon Prime e outros, um ótimo exemplo disso é o próprio NOW, a plataforma de streaming da Claro, que está incluso na assinatura de vários de seus produtos.
Mas chega de papo! Para comemorar o nosso Cinema Brasileiro e ainda apresentar um pouco do que você pode encontrar no NOW, nós separamos seis títulos de grandes obras brasileiras para você assistir:
Orfeu Negro (1959)
O clássico mito grego de Orfeu e Eurídice é transportado para uma favela do Rio de Janeiro, durante o Carnaval. O casal se apaixona, mas precisa lidar com a noiva de Orfeu e com um homem misterioso, que persegue Eurídice.
Orfeu Negro (1959)
O filme foi dirigido pelo diretor francês Marcel Camus e foi elogiado no mundo inteiro, inclusive ganhando o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (representando a França). Personalidades como o ex-presidente Barack Obama e o diretor de cinema sul-coreano Bong Joon-ho (de “Parasita”) já declararam publicamente serem fãs do filme. A banda canadense Arcade Fire usou cenas de “Orfeu do Carnaval” no clipe da música “Afterlife”.
Em 1999, a história ganhou uma nova versão — intitulada apenas como “Orfeu” — com Toni Garrido e Patrícia França vivendo o casal principal e trilha sonora de Caetano Veloso.
O Pagador de Promessas (1962)
Embora tenha ficado mais conhecido pelas novelas que escreveu na Rede Globo — como “Roque Santeiro” e “O Bem-Amado” — Dias era um homem do teatro. Poucos dramaturgos sabiam criar histórias simples, mas que retratavam tão bem o Brasil, quanto ele. Esse é o caso de “O Pagador de Promessas”, filme baseado em uma de suas peças, que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1962 e foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro do ano seguinte.
O Pagador de Promessas (1962)
O filme conta a história de Zé do Burro, um homem humilde do interior da Bahia, apegado ao seu burro Nicolau. Quando o animal adoece, Zé faz uma promessa a uma mãe de santo em um terreiro de candomblé: se Nicolau melhorar, ele carregará uma pesada cruz até uma igreja em Salvador. Mas, como a promessa foi feita em um terreiro, Zé precisa enfrentar muitas pessoas na igreja para cumpri-la.
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)
Um dos filmes mais elogiados da história do cinema nacional, o longa dirigido por Glauber Rocha é protagonizado por Geraldo del Rey e Yoná Magalhães, como o casal de sertanejos Manuel e Rosa. Eles fogem depois que o marido mata o coronel que os explorava e acabam se refugiando no grupo do beato Sebastião, até que novos problemas se desenrolam.
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)
Outro ótimo retrato dos conflitos religiosos e políticos do Brasil rural daquela época.
Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976)
Essa comédia foi o filme brasileiro de maior bilheteria — levando 10 milhões de pessoas aos cinemas — por mais de 30 anos, quando foi superado por “Tropa de Elite 2”.
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)
O roteiro é baseado no livro de Jorge Amado e conta a história de Dona Flor (Sônia Braga), que fica viúva de Vadinho (José Wilker) e se casa novamente. O novo marido (Mauro Mendonça) é um bom homem, mas não é um bom amante, como o falecido. Isso faz com que Flor invoque o espírito de Vadinho e passe a viver com seus dois maridos sob o mesmo teto, gerando muitas situações divertidas.
No Claro NOW, também é possível encontrar a nova versão do filme, lançada em 2017 e com Juliana Paes no papel título.
Que Horas Ela Volta? (2015)
Saindo dos clássicos e indo para um filme mais recente, “Que Horas Ela Volta?” já comoveu muitas pessoas e se tornou um dos mais assistidos do cinema nacional, desde seu lançamento. Se você ainda não viu, vale a pena conferir. Em primeiro lugar, pela brilhante atuação de Regina Casé, no papel principal: mais conhecida por seus trabalhos como apresentadora, ela dá um show como a empregada doméstica Val.
Que Horas Ela Volta? (2015)
O filme parece simples, se passando inteiro dentro da casa onde Val trabalha e mostrando os conflitos que acontecem quando a filha dela, Jéssica, vem de Pernambuco para prestar vestibular em São Paulo. Contudo, nas entrelinhas, “Que Horas Ela Volta?” retrata muitas questões importantes das relações entre classes sociais no Brasil.
Bingo: O Rei das Manhãs (2017)
Além dos filmes que retratam a história do Brasil ou discutem questões da nossa sociedade, o cinema nacional também tem títulos que homenageiam nossa cultura pop. “Bingo”, por exemplo, é uma viagem no tempo ao Brasil dos anos 80.
Bingo: O Rei das Manhãs (2017)
Embora alguns detalhes precisassem ser modificados, por questões de direitos autorais, como o próprio nome do palhaço, o filme conta a história real de um dos homens que viveu o palhaço Bozo na TV. Uma das únicas pessoas que topou ser retratada no filme com seu nome real foi a cantora Gretchen, vivida pela atriz Emanuelle Araújo.
O filme foi bastante elogiado pela crítica, pela ótima reconstrução da época, pela forma como retrata os dramas do ser humano por trás do palhaço, bem como por suas atuações. O destaque, como se poderia imaginar, vai para Vladimir Brichta, que vive o personagem que dá título ao filme.