A Netflix causou um enorme burburinho entre os seus assinantes com o filme O Poço. O longa que é repleto de alegorias narrativas e polêmicas, gerou diversos comentários e múltiplas interpretações por parte do público. Com um final “aberto” e muitas indagações sobre os personagens, o filme tomou conta das redes sociais nas últimas semanas, gerando longos debates e discussões sobre o que era real ou não.
A líder dos streamings divulgou um vídeo para esclarecer alguns detalhes e explicar as metáforas que compõe a história do filme.
Confira o vídeo divulgado pela Netflix:
Sobre O Poço:
O filme conta a história de um lugar misterioso, uma prisão indescritível, um buraco profundo. Dois reclusos que vivem em cada nível. Um número desconhecido de níveis. Uma plataforma descendente contendo comida para todos eles. Uma luta desumana pela sobrevivência, mas também uma oportunidade de solidariedade.
Não há como negar; O Poço é um dos lançamentos mais intrigantes e originais de 2020. A ficção científica de Galder Gaztelu-Urrutia estreou, originalmente, no Festival Internacional de Cinema de Toronto, em 2019, onde venceu o People’s Choice Midnight Madness Award e garantiu imediatamente um acordo de exclusividade global com a Netflix. Quando chegou às salas do grande público, o sucesso foi imediato. Não demorou para que a internet se mostrasse em polvorosa à procura de teorias e explicações para o que acabava de presenciar.
No filme, diversas pessoas estão confinadas em uma torre dividida por níveis, através dos quais uma única plataforma abarrotada de alimentos transita verticalmente. Duas pessoas dividem cada nível. Acontece que a comida disponível na plataforma não parece ser suficiente para todos, principalmente pela conduta dos habitantes mais privilegiados, os “de cima”. Além disso, uma vez por mês, os internos são transferidos, aleatoriamente, para um andar diferente. A história segue Goreng, um voluntário ao confinamento que testemunha a decadência atroz da natureza humana quando confrontada com fome e incerteza.
Netflix
O Poço surpreende por manter um ritmo constante durante os 95 minutos de sua duração, mesmo explorando uma única dinâmica em um único cenário. Também chama a atenção por seu estudo social, feito ao extrapolar a dita dinâmica. Não é perfeito, mas é, sem dúvidas, memorável.
Não são tão numerosos os filmes que exploram esse tipo de narrativa, onde uma única forma de interação move toda a trama enquanto escancara a sordidez de seus personagens. Mas eles existem. Portanto, considerando a ânsia do público por mais filmes como O Poço, fizemos a lista que segue. Nela, um grupo de pessoas e uma única locação são suficientes para que união e debates desandem à paranoia e violência.
5 – Dia de Trabalho Mortal
Metro-Goldwyn-Mayer
Aqui temos as tensões de um escritório comum elevadas à última potência. Em Dia de Trabalho Mortal, 80 funcionários da Belko Industries, empresa situada em um campo remoto, são instruídos por uma voz misteriosa a matarem uns aos outros. As ordens são claras; caso 30 pessoas não sejam assassinadas dentro de duas horas, 60 morrerão. A assimilação racional da situação não passa de uma tentativa. Em pouco tempo, os personagens, presos no prédio, recorrem à violência (e até mesmo ao sadismo, em certo nível) para garantir algumas horas extras de sobrevida.
Dia de Trabalho Mortal é uma espécie de Batalha Real de escritório; um filme simples, violento e eficiente, que propõe um breve estudo sobre hierarquia e tribalismo.
4 – Cubo
Trimark Pictures
O clássico cult dirigido por Vincenzo Natali é frequentemente apontado como a maior fonte de inspiração de O Poço. No filme, seis pessoas (um policial, um ladrão, uma matemática, uma psicóloga, um arquiteto e um garoto autista) acordam, uniformizadas, dentro de uma estrutura de alta tecnologia no formato de um cubo. Elas não sabem como ou por que estão ali, apenas que encontram-se privadas de qualquer bebida ou alimento, tornando a fuga uma necessidade ainda mais urgente. Entre uma tentativa e outra, o grupo percebe que o lugar é um labirinto repleto de armadilhas.
3 – Exame
Hazeldine Films
Exame é mais um thriller que extrapola o ambiente profissional em busca de rachaduras na moral humana. Oito candidatos concorrem ao único cargo disponível em uma poderosa corporação. Na última fase do processo seletivo, é realizado um exame. A eliminação dos candidatos tem como critério o descumprimento das seguintes regras: é proibida a comunicação com o guarda da sala ou com o instrutor da prova; é proibido deixar a sala; é proibido qualquer tipo de rasura no papel disponibilizado pela empresa. O grupo tem 80 minutos para descobrir a resposta de uma pergunta que, a princípio, sequer foi feita. Eventualmente, a motivação dos candidatos é exposta, jogando no ralo qualquer vestígio de cooperação e altruísmo entre eles.
2 – Circle
FilmBuff
Dos cinco filmes listados, o mais simples. 50 pessoas acordam de pé em uma imensa câmara, dispostas em um círculo e impedidas de se moverem. Atordoadas e sem qualquer ideia de como foram parar ali, elas se deparam com um misterioso dispositivo no centro da sala que, a cada dois minutos, executa um membro aleatório do grupo. Acontece que a descoberta seguinte muda completamente a já conturbada interação entre eles: a escolha das vítimas depende exclusivamente de uma votação realizada pelo próprio grupo, nos intervalos entre as execuções.
Circle é breve, modesto, mas também extremamente cativante. As discussões sobre moral, valor e redenção envolvem o suspense da obra de forma suficientemente provocante. O filme também conta com um final bastante inusitado.
1 – A Sala de Fermat
Brunbro Entertainment
Assim como O Poço, A Sala de Fermat também é um suspense espanhol. Nele, quatro matemáticos que anteriormente resolveram um enigma proposto por Fermat, uma figura oculta, recebem um convite: um encontro para a solução do maior problema matemático de todos os tempos. Uma vez no local combinado, os quatro se encontram presos em uma sala que encolhe com o passar do tempo. Suas vidas agora dependem da capacidade que têm de resolver enigmas, ao mesmo tempo que tentam descobrir quem é Fermat e por que faria questão de colocá-los onde estão.
E aqui concluímos nossa lista. Outros filmes poderiam ajudar a compor uma sequência ainda mais longa de títulos, mas, por mais próximos que fossem em termos de estrutura, muitos provavelmente deixariam a desejar quando comparados à potencia deontológica dos seis que citamos hoje.
O Poço, filme que chegou no último dia 21 de fevereiro, no catálogo da Netflix tem sido aprovado pela crítica do Internet Database (IMDb). A produção de suspense e terror alcançou a primeira posição da categoria de filmes mais populares do momento com nota 7,0/10.
O longa já conta com mais de 52 mil avaliações no portal, além de ganhar as primeiras posições entre as categorias de horror, sci-fi e thriller. A produção conseguiu derrubar do topo filme “Contágio” que teve seu lançamento em 2011, mas ficou em evidência por cerca de três semanas após a pandemia do Coronavírus.
O drama dirigido por Steven Soderbergh caiu para segunda posição com nota 6,7/10, tendo cerca de 243 mil votos.
O Poço apesar de esta sendo visto e requisitado nos últimos dias foi lançado em 2019, em Taiwan. O longa já alguns alguns prêmios como o Prêmio Goya de Melhores Efeitos Especiais e Gaudí Award for Best Visual Effects.
Além das indicações de Prêmio Goya de Melhor Diretor Revelação, Melhor Roteiro Original, Prêmio Gaudí de Melhor Roteiro Original, Filme em Língua Não Catalã e Prêmio Gaudí de Audiência Especial de Melhor Filme.
O suspense de Galder Gaztelu-Urrutia se passa em uma grande instalação no estilo de torre, onde os moradores, que são trocados periodicamente aleatoriamente entre os andares, são alimentados por meio de uma plataforma, inicialmente cheia de comida, que desce gradualmente pelos níveis da torre. É um sistema claramente destinado a causar conflitos, pois os presos nos níveis mais altos têm a chance de comer o máximo que podem em um determinado período de tempo, deixando cada vez menos para os que estão abaixo.
Confira as cinco primeiras posições dos filmes mais populares do site;
O Poço, uma produção original espanhola da Netflix, que fala sobre indivíduos que precisam sobreviver em uma plataforma que possui centenas de andares e dependendo de sua posição na estrutura, o nível de seu sofrimento será maior ou menor, vem acumulando muitos fãs, mas além disso o longa vem dando o que falar entre os assinantes do streaming por ter um final aberto para diversas interpretações.
Em entrevista ao Digital Spy, o diretor fez uma analise sobre o final ambíguo para acabar de vez com as dúvidas, na entrevista Galder Gaztelu- Urrutia disse: “Após Goreng perceber que não seria possível despertar a solidariedade nos participantes do ‘poço’, ele resolve mandar uma mensagem para os administradores do local, com a ajuda de Baharat”.
Sobre a virada na trama sobre o quão falho pode ser os sistemas econômicos o diretor ressaltou: “Eu acredito que haja uma melhor forma de distribuir as riquezas do que as que conhecemos atualmente. Depois disso, nós também mostramos Goreng e Baharat tentando fracionar os alimentos. Este é o momento em que eles tentam colocar o socialismo para funcionar. Mas como vocês puderam ver, as consequências de agir por este raciocínio acabaram matando metade das pessoas na plataforma”.
Netflix
No fim percebemos que de fato o objetivo é mostrar as falhas de nossas ideologias políticas e econômicas. “No final, o problema só aumenta quando eles tentam obrigar todos a colaborar. Ele até consegue atingir seu objetivo final chegando ao andar mais baixo do poço com a menina e a panacota, mas não muda o pensamento de ninguém com isso”, continua.
Galder também disse que em alguns momentos do filme os acontecimentos podem ter sido apenas a interpretação de Goreng. “Para mim, Goreng já estava morto antes mesmo de chegar ao nível mais baixo. O que nós vimos a partir de certo ponto, é apenas a sua interpretação sobre o que deveria ter acontecido”.
Netflix
A ideia inicial seria de um final diferente. Nele, veríamos a menina chegando à administração. Mas, no corte final, a cena foi deletada, o objetivo do diretor com esse final foi deixar aberto á interpretação do público. “Nós chegamos a filmar um final diferente, que mostra a menina chegando ao primeiro nível, mas tiramos do filme. O que acontece lá eu deixo para a imaginação de vocês”
Falando mais sobre o fim do filme, o diretor disse que além de mostrar as nossas falhas ideológicas o mais importante é abordar a forma em que nos comportamos em situações de pressões, onde não há escapatória. “É sobre os limites da solidariedade, e o quão fácil é ser bom no nível 10, e o quanto pode ser difícil ter uma postura benevolente no nível 182” , completou o diretor.